quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Bancos desaceleram captação em meio a cenário de crédito fraco

Sem perspectiva de uma retomada do crédito nos próximos anos, os bancos brasileiros pisaram no freio na captação de recursos no mercado local. Houve também uma mudança na composição do funding, com um ganho de velocidade da emissão de letras financeiras, instrumento voltado para investidores institucionais, que conta com um prazo mínimo de dois anos. Diante da fraca demanda por crédito e do aperto no orçamento das famílias, a aposta das instituições financeiras é que a tendência se repita no ano que vem.
Ao todo, considerando os diversos tipos de instrumentos, o saldo dos recursos captados pelos bancos no país cresceu apenas R$ 25 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, com base nos balanços mais recentes das instituições e dados do Banco Central, BM&FBovespa e Cetip. É uma fração do que foi captado em todo o ano passado, quando o funding local aumentou em R$ 275 bilhões. Como grande parte desse estoque é valorizado a uma taxa equivalente à Selic, na prática os bancos mais devolveram do que levantaram dinheiro novo com os clientes.
A conta inclui desde recursos obtidos com certificados de depósitos bancários (CDB) e poupança até as operações compromissadas, depósitos judiciais e letras de crédito e financeira. Todo esse universo de instrumentos totaliza um estoque próximo de R$ 2,2 trilhões em recursos captados de clientes no país, já descontada a parcela que fica retida no BC - o recolhimento compulsório. O funding total, incluindo emissões externas, é da ordem de R$ 4 trilhões.
A redução das captações é reflexo direto do menor apetite dos bancos para emprestar. "Como o crédito não cresce, parte dos recursos dos clientes é direcionada para fundos de investimento", afirma o executivo de um grande banco de varejo. A demanda de investidores institucionais, incluindo as gestoras de fundos que pertencem aos próprios bancos, pelas letras financeiras, tem colaborado para o crescimento mais rápido desses papéis mesmo em um cenário de desaceleração das captações.
Em novembro, o saldo de letras financeiras era de R$ 421 bilhões, um aumento de 20,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais.
Ao mesmo tempo, fontes mais tradicionais de dinheiro para os bancos têm perdido recursos, uma vez que o aperto crescente no orçamento das famílias diminui a capacidade de poupar. A subida da taxa básica de juros (Selic) também torna menos atraente o rendimento dessas aplicações, contribuindo para aumentar os resgates.
É o caso da caderneta de poupança, cujo saldo apresenta redução de 3% até novembro, depois de acumular resgates de R$ 58 bilhões durante o ano. A mesma tendência ocorre com os certificados de depósito bancário (CDB), cujo estoque também cai 3% até novembro. Mas o maior impacto da estratégia dos bancos de diminuir a captação no varejo ocorreu nos depósitos à vista (o dinheiro que fica na conta corrente), que tiveram uma redução de 22% no saldo desde o fim do ano passado.
"O crescimento do crédito no ano que vem vai ser bem reduzido, então não há necessidade de funding. Ao mesmo tempo, os bancos têm se mantido bastante líquidos", diz Alexandre Albuquerque, analista da agência de classificação de risco Moody's. Para ele, o crescimento da letra financeira é uma forma de os bancos alongarem o prazo médio de suas captações, além de acabar reduzindo a participação de fontes de varejo na captação em prol de investidores institucionais. Nas contas da Moody's, a participação de instrumentos de captação de varejo no funding dos bancos recuou de 68% em 2011 para 61% em 2015.
"Há uma relação entre o alongamento de prazo da captação e a migração de recursos para fundos de investimento", afirma. Segundo a Anbima, o patrimônio dos fundos de investimento do país aumentou em R$ 283 bilhões até novembro - bem acima da captação bancária.
Na visão de Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil, tanto a captação via CDB como pela poupança devem apresentar um desempenho um pouco melhor em 2016. "Houve alguma recuperação na demanda pelo CDB, em especial por quem está buscando uma aplicação com liquidez imediata, em caso de imprevistos", afirma. Neste ano, o Banco Central (BC) ampliou os prazos mínimos de resgate das letras de crédito, o que acabou direcionando para o CDB quem queria investir sem abrir mão de liquidez, diz.
Mesmo na poupança o executivo vê a possibilidade de uma modesta recuperação. "É possível que no ano que vem até a captação líquida da caderneta cresça um pouco", diz. "Desde maio deste ano temos tentado aumentar a captação via poupança, com algum sucesso."

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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

CVM terá mais rigor contra informação privilegiada

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passará, nas investigações sobre possíveis negociações de investidores de posse de informação privilegiada, a instaurar inquéritos em vez de formular apenas termos de acusação. Na prática, a diferença é que o inquérito permite avaliações mais minuciosas, com tomada de depoimentos e produção de provas, que deverão também levar mais tempo de análise.

Segundo a CVM, esta é uma das medidas que estão sendo adotadas pela autarquia a partir de sugestões de um grupo interno que se dedica a pensar formas de aprimorar as investigações e reações da instituição à prática do chamado "insider trading" (negociação com informação privilegiada) no mercado brasileiro. Medidas estão em preparação e devem ser anunciadas em 2016. O que está por trás do trabalho é fazer com que a autarquia tenha "filtros adequados" para esses casos, para que não se perca tempo com acontecimentos que não merecem tanta atenção. O combate ao "insider trading" é um dos principais pontos do plano estratégico da CVM lançado em 2013 e que tem objetivos a serem perseguidos no prazo de dez anos.

Nos casos de "insider" levados a julgamento pelo colegiado da CVM, os advogados de defesa sempre questionam a qualidade dos termos de acusação. Queixam-se por vezes da falta da observação do padrão de negociação de acusados, e muitas vezes de pequenos valores negociados - sobre este aspecto, a CVM tem sido muito clara de que, independentemente de ganhos ou perdas, a autarquia está atenta à intenção de quem negociou as ações.

A questão é que a prova num caso de negociação com informação privilegiada é muito difícil de ser obtida. Dessa forma, as acusações são feitas com base em indícios, mas que precisam ser suficientemente fortes para apontar para a atuação irregular e configurar uma acusação. Além disso, o chamado "insider primário", cometido por pessoa que tem dever de sigilo perante a informação, gera um processo penal.

"Para acusar com base em indícios, você precisa demonstrar que eles são consistentes e fazem sentido. Sem inquérito, é possível que se comece a fazer suposições, a achar sem demonstrar nexo", avalia Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM. Cantidiano esteve presente no último julgamento da autarquia de 2015, em que cinco acusados foram absolvidos da acusação de negociar com ações da Sanepar de posse de informação privilegiada.

A base da acusação era a tese de que as pessoas e gestoras envolvidas se conheciam e que a suposta informação privilegiada teria circulado entre todas. Ao final, o colegiado da CVM avaliou que a acusação não conseguiu comprovar nem o acesso à informação não divulgada ao mercado, nem o fato de ela ter circulado entre os acusados.

Cantidiano atuou na defesa de um dos acusados e, ao se manifestar no julgamento, se disse preocupado com acusações da CVM "com base em suposições".

"Me preocupa acusação com base em suposições, tais como fulano conheceu sicrano em tal lugar e provavelmente tinha conhecimento da informação sem avaliar se a informação era relevante e impactaria volume e preço, transferindo para os acusados o ônus difícil de tentar demonstrar que não houve insider, quando na verdade caberia à autarquia apresentar prova concreta do ilícito. Acusação de insider deveria ser objeto de processo com inquérito e análise de prova, para que possa se basear em termos concretos e não em ilações e coincidências", afirmou.

Também atuando na defesa de um acusado no caso Sanepar, Luiz Antonio de Sampaio Campos, sócio do escritório Barbosa Müssnich Aragão (BMA), "acompanhou integralmente" a manifestação de Cantidiano. "O processo de insider tem consequências muito graves, uma vez que a prática pode ser considerada crime. O acusador deveria tomar redobrado cuidado na instrução probatória. No processo de insider, é permitida a prova indiciária, mas ela não pode ser muleta", afirmou Campos.

Na ocasião, o advogado avaliou que a acusação da CVM havia se utilizado "do que pensou ser indícios" para acusar sem realizar investigação adequada. O advogado queixou-se ainda que, se tivesse praticado a negociação com informação privilegiada, seu cliente seria um insider secundário, aquele que não tem dever de sigilo perante a informação e que não pode ser punido por lei. Mas, mesmo assim, a CVM fez uma comunicação sobre o caso ao Ministério Público.

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Balança deve ter superávit de US$ 33 bi em 2016

Considerado um dos poucos indicadores positivos no atual cenário econômico, o superávit da balança comercial brasileira deve praticamente dobrar em 2016 na comparação com este ano. Segundo estimativa média de 23 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor, o saldo positivo das trocas de bens com o exterior será de US$ 33,4 bilhões no próximo ano, bem acima dos US$ 16,6 bilhões registrados de janeiro até a terceira semana de dezembro deste ano. Se confirmado, esse será o melhor resultado para o indicador desde 2007.
Segundo o presidente da Associações de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a substituição de importações, por conta do real desvalorizado, pesará na diminuição das compras externas, que deve ocorrer em todas as categorias de uso. O que vai fazer a maior diferença, porém, será a retração da economia. Em suas estimativas, os desembarques de matérias-primas e bens intermediários vão cair 7,9% sobre este ano. Bens de capital terão queda de 11,8% e bens de consumo, 7,8%.


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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Light reforça sua operação para enfrentar período de chuvas e vento

A Light divulgou pacote com ações para prevenir a queda na transmissão de energia e de emergências para minimizar os efeitos das tempestades de verão. Para a distribuidora que atende o Rio de Janeiro e outras 30 cidades no Estado, o El Niño deve trazer temperaturas e eventos climáticos extremos, o que pode provocar rajadas de vento, derrubar árvores e outros objetos sobre a rede.
"No verão do Rio de Janeiro naturalmente as ocorrências sobem, com o El Niño a tendência é que tenham uma severidade maior e isso traz uma preocupação maior", afirmou superintendente de distribuição da Light Dalmer Alves.
Nessa estação do ano, o consumo de energia no Rio aumenta cerca de 35% e, segundo Alves, "há uma série de ligações clandestinas que sobrecarregam a rede e faz com que ela se desligue". A concessionária calcula que a conta de luz poderia ser até 17% mais barata caso as ligações clandestinas fossem reduzidas. Atualmente, 40% da energia distribuída aos consumidores de baixa tensão é perdida por causa de furtos.
O Plano Verão 2016 conta com aumento de 40% no número de pessoas em campo e 60%, nos atendentes do call center. O plano de crise divulgado por Alves tem seis níveis de contingência. Em dias críticos, quando ocorrências de chuva forte estão previstas, o número de equipes em campo pode ir de 205 (turno nos dias normais) para 287 times alocados em pontos estratégicos. A gestão em tempo real dos serviços recebeu reforço de 30%, disse a Light.
Entre outras iniciativas estão o uso do Waze para estabelecer o caminho mais rápido dos técnicos para chegar até a ocorrência e atendimentos por moto, nesse caso, porém, o técnico nem sempre consegue fazer todos os reparos.
Questionado por jornalistas, Alves afirmou que não há previsão de racionamento de energia no verão. Na abertura da apresentação do Plano Verão para a imprensa, a nova presidente da Light, Ana Marta Horta Velloso, disse que "tudo indica que o pior do regime hidrológico já passou", mas evitou se aprofundar no assunto.
Para 2016, "esperamos ter energia mais em conta na compra, e ocorrendo isso a agência reguladora vai repassar [o preço menor] para o consumidor", disse Ana Marta, lembrando que as tarifas dependem de autorização da Aneel.

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Assessoria identifica aumento do interesse de europeus pelo Brasil

As dificuldades enfrentadas por empresários locais de menor porte, diante da turbulência econômica, e a depreciação do real em relação ao dólar e ao euro têm favorecido estrangeiros que querem entrar no país por meio de compras de outras companhias, de fusões ou parcerias. A assessoria financeira Athos Finance, braço do private banking francês Hottinguer, registrou um aumento de 25% nas consultas de empresas internacionais interessadas em negócios locais neste semestre.
Fundada há quatro anos, a Athos atende pequenas e médias empresas europeias, com faturamento entre R$ 30 milhões a R$ 100 milhões por ano. "Apesar de a depreciação cambial ter tornado os negócios mais interessantes para os estrangeiros, o desaquecimento econômico deixou a estimativa de retorno imprevisível", pondera Virgínia Resende, sócia da consultoria.
Há dois meses, a Athos passou a fazer parte da Terra Corporate Finance Alliance, uma associação de 14 assessorias financeiras independentes presentes em 30 países. É um atalho para achar sócios estratégicos para empresas que querem ampliar os negócios por meio da aquisições.
A Athos fechou recentemente dois negócios. O primeiro foi uma joint-venture entre uma empresa europeia, com faturamento de € 100 milhões, e uma companhia nacional para a construção de uma nova planta que vai produzir material cirúrgico como bolsas de sangue e cateter. Outra transação, de R$ 50 milhões, envolveu a compra de uma fábrica de embalagens por uma empresa europeia. "Os europeus, que tinham desistido de fazer negócios há dois anos, estão voltando depois que os empresários locais aceitaram vender as empresas por valores mais razoáveis", diz Virgínia.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vendas de títulos soberanos é limitada

O rebaixamento do rating do Brasil para grau especulativo pela Fitch Ratings, a segunda agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do país, deve provocar uma venda de bônus soberanos em dólar em fundos passivos. O impacto, contudo, deve ser limitado no caso das posições detidas pelos estrangeiros na dívida pública local.
O BofA Merrill Lynch calcula que fundos passivos de índices podem realizar vendas forçadas entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão em ativos soberanos brasileiros, após o rebaixamento feito pela Fitch.
Já o Barclays prevê que cerca de US$ 1,6 bilhão em bônus soberanos brasileiros pode sofrer "vendas forçadas" por fundos passivos do exterior após o corte.
O BNP Paribas calcula que a exclusão do Brasil dos fundos de índices como o Agregado Global e Agregado Global Estados Unidos do Barclays poderia significar um fluxo, pela venda forçada dos ativos, entre US$ 4,5 bilhões a US$ 5,5 bilhões em papéis de dívida soberana denominados em moeda forte, como o dólar.
O Barclays diz que, se esses investidores tivessem uma posição mais forte no mercado de dívida brasileira, a exclusão do Brasil de índices de fundos dedicados a ativos com grau de investimentos poderia significar a venda de cerca de US$ 5,2 bilhões em bônus soberanos em moeda forte.
O contraponto disso, segundo o Barclays, é que fundos "high yield", que investem em ativos com grau especulativo, teriam de fazer compras forçadas de cerca de US$ 1,4 bilhão em ativos soberanos brasileiros. Nas contas do banco, a posição líquida de venda seria de US$ 3,9 bilhões. "Contudo, acreditamos que investidores 'high yield' estão com ampla posição 'underweight' [abaixo da média do mercado] em Brasil", diz o Barclays. "Considerando uma posição 43% menor do que o peso do 'benchmark', estimamos que a venda forçada fique em US$ 1,6 bilhão."
Já o BNP Paribas calcula que os investidores globais de papéis "high yield" podem ser obrigados a comprar, dependendo do peso do Brasil no mercado, cerca de US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, o que resultaria numa venda líquida de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões.
O BNP lembra que os fundos que investem recursos de fundos de pensão, fundos soberanos e seguradoras tendem a não adicionar mais dívida brasileira em seus portfólios, mas também não têm, necessariamente, que vender as posições atuais.
Segundo o BofA Merrill Lynch, a "vasta maioria" dos fundos é ativa e muitas dessas carteiras já estão com posição "underweight" [abaixo da média do mercado] para a dívida soberana brasileira. Isso ocorre tanto porque esses fundos preferem dívida corporativa com o mesmo status, mas pagando juros maiores, quanto porque já haviam reduzido as alocações, ficando com uma posição menor ou vendendo tudo em antecipação ao rebaixamento do rating soberano.
Os principais detentores de dívida brasileira são fundos dedicados a emergentes, que podem aplicar em papéis com rating abaixo do grau de investimento.
No caso dos investimentos em títulos soberanos locais, o BNP Paribas estima que a exclusão do Brasil implicaria em uma saída potencial de US$ 1,425 bilhão nesses papéis, o que é pouco se comparado ao total de US$ 128 bilhões detidos por investidores estrangeiros na dívida pública brasileira em moeda local.
O banco aponta que uma parte substancial dos eventos recentes está embutida nos preços. O real, e os títulos públicos como a Nota do Tesouro Nacional - série F (NTN-F) e série B (NTN-B) já negociam como instrumentos de crédito abaixo do grau de investimento.

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Alta de juro preocupa emergentes

O aumento do juro anunciado ontem pelo banco central americano (Fed) - de 0/0,25% para 0,25%/0,50% - alimenta temores de uma nova onda de turbulência em mercados emergentes, já abalados por crises financeiras, altos níveis de endividamento e demanda anêmica.
Os investidores já sacaram US$ 500 bilhões desses mercados em 2015, o que marca a primeira saída anual de capital desses países em décadas. A questão agora é se a decisão do Fed provocará uma debandada do capital estrangeiro.
O fortalecimento do dólar induzido pelas políticas do Fed poderia agravar os problemas de países como Brasil, Turquia e Rússia, onde empresas acumulam um enorme nível de dívidas na moeda americana. Com as moedas locais enfraquecidas, fica muito mais difícil pagar as dívidas em dólar. Muitas companhias já estão sob pressão com o temor dos investidores a respeito da situação dessas economias.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Fed põe fim à era do juro baixíssimo

A provável decisão do banco central americano (Fed) de elevar hoje os juros nos empréstimos de curto prazo vai encerrar uma era de taxas baixíssimas. Foi um período de extraordinária experimentação de políticas monetárias que geraram resultados conflitantes.
Apesar dos seus esforços agressivos para impulsionar a economia desde a crise de 2008, o Fed não entregou nem a expansão vigorosa desejada nem o desastre previsto pelos críticos. No processo, o banco central emergiu menos como uma força suprema e mais como tantas outras instituições que, nos últimos anos, têm penado para acompanhar eventos além de seu controle.
O Fed manteve sua taxa básica próxima a zero por sete anos. Ao incentivar os investimentos e gastos, os juros baixos ajudaram a sustentar uma expansão econômica que já dura 78 meses. Mas o crescimento da produção e da renda ainda decepciona. Em um setor sensível aos juros, o de automóveis, as vendas estão crescendo. Em outro, dos imóveis residenciais, a recuperação é lenta.

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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Emergentes racham e EUA pressionam contra Doha

Os emergentes chegam rachados e sob pressão na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que começa hoje em Nairóbi (Quênia), situação pouco confortável em meio às incertezas na área comercial.

Brasil e Índia, antes fortes aliados, ficaram em trincheiras opostas na área agrícola, em encontro bilateral na capital queniana.

O Brasil ainda tenta arrancar alguma medida para promover exportações agrícolas (eliminação de subsídios, controle de garantia de crédito, disciplina na ajuda alimentar e dos monopólios agrícolas estatais). Já a Índia só pensa em obter proteção contra importações, com potencial para afetar o ritmo de expansão de exportações agrícolas brasileiras.

O G-20 agrícola, que foi liderado pelo Brasil e já estava em hibernação, voltou a se reunir, mas foi só. Os ministros sequer tentaram fazer um comunicado diante das enormes diferenças entre exportadores e importadores. "Foi melhor nem tentar, para não causar mais estresse", afirmou uma fonte.

Ao mesmo tempo, China, Brasil e Índia voltaram a entrar na mira dos EUA para o que pode ocorrer no rastro da reunião de Nairóbi.

O principal negociador comercial americano, Michael Froman, abriu fogo antes de chegar a Nairóbi, assinando um artigo de opinião no jornal "Financial Times" em que alerta os parceiros que "é hora de sermos honestos, estamos no fim da linha sobre Doha". A mensagem não era nova, até porque o embaixador americano junto à OMC não cessou de repetir isso ao longo dos últimos meses, como o Valor reportou várias vezes.

A surpresa foi mais por Wa-shington publicar um artigo na véspera da reunião, visivelmente procurando implodi-la de vez. Os americanos deixaram claro que não dá mais para continuar com a Rodada Doha de liberalização de comércio no modelo de negociação atual, que não entregou os resultados esperados. Os EUA acenam continuar a negociar os mesmos temas, e incluir outros, mas sob outro modelo de negociação.

Se nada mudar, o recado dos americanos foi claro: intensificarão soluções fora da OMC, "levantando questões sobre sua relevância em negociações comerciais".

Na prática, para os EUA, discutir em novas bases significa que China, Índia e Brasil, principalmente, seriam levados a fazer mais concessões de abertura de seus mercados do que o grupo dos países em desenvolvimento em geral. A China tampouco poderia tentar se esquivar com o argumento de que já pagou caro com a abertura de seu mercado quando entrou na OMC.

Para aumentar as suspeitas de certos negociadores de emergentes, de que os EUA apostam na África para rachar mais o mundo em desenvolvimento, o jornal "Business Day", de Nairóbi, que não é especializado em negociação multilateral, apareceu ontem com artigo sugerindo o que a África deveria visar nas negociações da OMC nesta semana: pressionar pela reclassificação de China, Índia e Brasil para fora do grupo dos países em desenvolvimento. E isso deveria ocorrer levando em conta o percentual deles no comércio mundial, e não a renda per capita.

Além dessa "sugestão" não interessar aos emergentes, foi ainda rechaçada por especialistas como o professor Timothy Wise, do Global Development and Environment Institute, da Universidade Tufts University (EUA). Ele lembrou que somente a Índia tem mais pessoas na pobreza do que todos os (54) países mais pobres do mundo, e isso não pode ser ignorado.

A opção multilateral se apresenta pouco confortável para o Brasil. E as perspectivas em Nairóbi continuam sombrias. Ainda assim a delegação brasileira, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, trouxe especialistas em concorrência nas exportações e ao longo dia sugeriu várias alternativas técnicas para tentar superar as dificuldades. O clima, porém, não está para acordo.

A delegação brasileira deixou claro, sobretudo aos emergentes protecionistas, que não aceitaria a criação de uma salvaguarda para aumentar barreiras nas importações agrícolas, como querem a Índia e o resto do G-33, grupo que conta também com a China.

Na verdade, até o que é dado como um sucesso em Nairóbi passa por dificuldades. Trata-se do Acordo de Tecnologia de Informação (conhecido pela sigla ITA), com participação de 50 membros. É o primeiro compromisso de corte de alíquotas em 17 anos na entidade.

Neste ano, foi anunciada a lista dos produtos para liberalização. O acordo deveria ser fechado de vez em Nairóbi, com a conclusão do cronograma dos cortes tarifários. Ocorre que a China jogou quase todos as linhas tarifárias que aceita liberalizar só para o último prazo, após sete anos. Os parceiros estão irritados e pressionam Pequim, que, no entanto, não demonstra interesse em mudar a sua posição.

"A coisa não vai bem, não está claro se o acordo será confirmado aqui", disse uma fonte tarde da noite na capital queniana.

Esse seria um golpe mais duro para a OMC, no cenário atual. O comércio envolvido no ITA é estimado em US$ 1,3 trilhão por ano. Equivale a todo o comércio mundial do setor automotivo. A expectativa entre certos negociadores é que o ITA possa estimular o PIB mundial com algo próximo de US$ 190 bilhões por ano, por meio de baixa de tarifa, aumento de consumo, correção de ineficiências etc. No total, seriam liberalizados 90% dos produtos de tecnologia da informação.

Também o Acordo de Facilitação de Comércio não começará a vigorar a partir de Nairóbi, porque até agora apenas 57 países o ratificaram, a metade do exigido.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Inovação a jato

A brasileira Embraer saiu na frente e automatizou o processo de montagem das asas da sua nova família de E-Jets E2 com uma tecnologia revolucionária. Trata-se de algo perseguido e ainda não dominado pelos grandes fabricantes de aeronaves do mundo - Boeing, Airbus e Bombardier.
Assim como a linha de produção da indústria automotiva, as asas agora são montadas em uma linha móvel, equipada com robôs que fazem o processo de rebitagem completo (furos e inserção de prendedores), incluindo a inspeção de qualidade.
"Cada asa do E2 tem por volta de 15 mil furos. O robô não erra. O nível de qualidade do processo chega a ser mil vezes melhor do que se fosse feito manualmente", afirma o vice-presidente de suprimentos da Embraer, Francisco Soares.
O desafio envolvido nesse novo processo que a Embraer começou a colocar em prática recentemente, segundo Soares, é muito grande, pois quando se tem uma linha móvel qualquer problema que surge no meio da operação pode paralisar a produção e atrasar a entrega dos aviões durante o mês. "Para que isso não aconteça é preciso ter uma linha disciplinada. Ela só anda se todo o processo que suporta suas operações estiver em perfeita sintonia", explica.
A Embraer capacitou a linha de montagem do E2 para produzir aproximadamente 10 aviões por mês, mas este número pode avançar um pouco mais caso haja demanda. Atualmente, a Embraer conta com dois gabaritos móveis (ferramental) de 40 toneladas cada um para fazer a montagem da asa do E2, que possui 18 metros de comprimento.
Até 2018, quando serão iniciadas as entregas dos primeiros jatos E2 no mercado, a fabricante pretende instalar 6 gabaritos móveis de montagem de asa na linha de produção dos novos aviões.
O uso de ferramentas digitais inteligentes para executar diferentes processos de produção têm auxiliado a Embraer a desenvolver e a fabricar seus aviões num tempo cada vez menor e com mais qualidade. Os grandes fabricantes, segundo Soares, estão investindo pesado em automação e na Embraer não é diferente.
"Estamos estudando processos onde conseguimos ter maior qualidade com a aplicação de automação, principalmente aqueles que envolvam tarefas repetitivas, que são mais sujeitas a erros", disse. A linha de pintura de peças primárias (componente da montagem), por exemplo, é outro exemplo recente do uso de robôs.
O desenvolvimento de cada avião da empresa é todo feito em ambiente digital Catia. A partir de 2011, com a produção dos jatos executivos Legacy 450 e Legacy 500, essas informações de projeto passaram a ser interligadas com a área de manufatura por meio da ferramenta MES (Manufacturing Execution System), que recebe todo o conteúdo do projeto.
A partir daí, a sequência da operação de montagem é visualizada em tablets pelo operador da linha de fabricação dos jatos. "O operador acessa a informação em tempo real. Se tem alguma mudança ao longo do processo, consegue agir imediatamente", diz.
Ao contrário da indústria automotiva, os fabricantes de aviões têm grande variedade de peças e pequena quantidade unitária (de uma mesma peça). "Por este motivo o nosso objetivo é ter uma automação flexível que possa ser adaptada para diferentes peças", esclarece o vice-presidente.
Do ponto de vista de automação, segundo o executivo, a Embraer atingiu o mesmo nível de competitividade das grandes fabricantes Airbus e Boeing. A companhia americana, recentemente até visitou a brasileira para conhecer de perto o funcionamento dos gabaritos móveis, utilizados na produção das asas do E2.
Em Évora (Portugal), a Embraer construiu dois centros de excelência na produção de estruturas metálicas e compósitos. "Essas duas plantas fazem os revestimentos da asa do E2. A Embraer implantou em Évora o estado da arte em automação", ressaltou Soares.
Os jatos da nova geração E2 são o terceiro grande projeto que a Embraer aplica novas tecnologias de automação e fábrica digital. "O Legacy 500 foi o primeiro projeto que gente conseguiu conciliar os benefícios da automação com o produto. Depois veio o KC-390 onde avançamos um pouco mais e agora com o E2 estamos cada vez mais próximos do conceito de fábrica 4.0", comentou o executivo.
Na chamada manufatura digital ou fábrica 4.0, segundo Soares, todas as máquinas e sensores da fabricação irão conversar entre si. " As máquinas vão dar uma informação em tempo real do que está acontecendo na produção e a Embraer já está indo nessa direção", afirmou.

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A arma da eficiência energética

Alguém pode imaginar - depois de anos com foco no aquecimento global - que já tivessem sido adotadas todas as medidas de fácil implementação para a redução das emissões de gases de efeito estufa. E, enquanto os governos discutem na 21ª Conferência anual sobre mudanças climáticas (CoP-21), surpreendentemente, alguns frutos continuam esperando para ser colhidos.

Aliás, não penso nos pequenos frutos. Estou falando de grandes frutos, de alto rendimento. Considere isto: eficiência energética na montagem de motores elétricos em todas as bombas e ventiladores com dispositivos para regularem a sua velocidade economizariam 3.338 TWh (3,3 milhões GWh), equivalentes, aproximadamente, à quantidade de energia elétrica produzida na União Europeia (UE) em 2013*.

A oportunidade é muito grande porque os motores elétricos estão entre os maiores consumidores de energia. Eles alimentam todo tipo de equipamento e representam cerca de 40% de toda a eletricidade consumida no mundo inteiro. Na UE, eles são responsáveis por cerca de 12% do total das emissões de CO2, ficando atrás apenas dos produtos para o aquecimento de ambientes**.

De todas as ações tomadas para limitar as emissões de carbono, nenhuma promete mais do que a melhoria da eficiência energética. Existem inúmeras medidas que podem ser postas em prática imediatamente sem prejudicar o crescimento econômico

Nos últimos anos, a UE, juntamente com vários outros países, como Estados Unidos e China, impôs novas regras que exigem que motores mais antigos, grandes consumidores de energia, sejam descartados ou substituídos gradualmente. Essas regras, conhecidas como Minimum Energy Performance Standards (MEPS), especificam os níveis mínimos aceitáveis de eficiência de um produto, definindo quais podem ser comercializados e vendidos. Normalmente, com o passar do tempo, essas MEPS tornam-se mais rigorosas. Na UE, por exemplo, regras que exigem uma classe de motores de maior eficiência entraram em vigor em janeiro de 2015.

As MEPS na Europa, e seus equivalentes em outros países, acabarão por levar à modernização da base instalada de motores elétricos. No entanto, no ritmo atual de implementação, levando em conta as lacunas e problemas de aplicação, provavelmente eles ficarão aquém das economias de energia necessárias para atingir as metas do clima, em especial porque o consumo mundial de energia deverá aumentar em 30% nos próximos 15 anos.

Uma razão para isso é que as MEPS especificam a eficiência de produtos individuais, motores elétricos neste caso, ao invés da eficiência dos sistemas do motor. Não importa o quão eficiente é um motor se ele não puder regular sua velocidade de acordo com a carga, porque sempre estará operando em potência máxima. A legislação está mudando gradualmente para atender essa demanda - por exemplo, as regras da UE, que entraram em vigor em janeiro de 2015, especificam que determinados motores (menos eficientes) devam ser capazes de ajustar sua velocidade. Mas apenas cerca de 10% dos motores em serviço em todo o mundo estão equipados com inversores de frequência que lhes permita fazer isso, ainda que a economia de energia possa ser substancial - de 50% em alguns casos*.

Outro desafio é estabelecer MEPS comuns, globalmente. Novamente, estão sendo feitos progressos nessa área, com mais e mais países se voltando a normas mais harmoniosas; mas há ainda muito a ser feito. Um recente estudo encomendado pela Comissão Europeia*** concluiu que, se a mais rigorosa das MEPS para a eficiência energética de um produto fosse harmonizada hoje, o consumo global final de energia no mundo seria 9% inferior e o consumo de energia devido especificamente a produtos seria 21% mais baixo. Isso economizaria 8.950 TWh de eletricidade, o equivalente ao fechamento de 165 centrais elétricas alimentadas a carvão, ou a tirar de circulação 132 milhões carros.

O tempo está correndo em relação à mudança climática. O peso da opinião científica é que não temos muito mais tempo para inverter o curso das emissões; caso contrário, não será possível limitar o aquecimento global a dois graus acima dos níveis pré-industriais, que é considerada o limite máximo de temperatura que podemos sustentar sem desencadear eventos climáticos potencialmente catastróficos.

De todas as ações que podem e estão sendo tomadas para limitar as emissões de carbono e de mitigação dos efeitos da mudança climática, nenhuma promete mais do que a melhoria da eficiência energética. Existem inúmeras medidas que podem ser postas em prática imediatamente, sem medo de prejudicar o crescimento econômico; com efeito, desde que a maioria dos investimentos em tecnologia em eficiência energética retorne em um ano ou dois, por meio de custos mais baixos em energia, elas podem aumentar significativamente a competitividade e, substituindo o velho equipamento, gerar atividade econômica adicional. O fruto não será mais baixo do que este.

* O cálculo baseia-se na base instalada de drives (acionamentos com velocidade variável da ABB), que cobre cerca de 20% do mercado global, e estima-se que esteja economizando cerca de 445 TWh de eletricidade, anualmente.

** Fonte: Comissão Europeia

*** "Savings and benefits of global regulations for energy efficient products" ("Economia e vantagens das regulações globais para produtos com eficiência energética"), União Europeia, setembro de 2015

Ulrich Spiesshofer é presidente e CEO da ABB, empresa especializada em tecnologias de energia e de automação.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/internacional/4349696/angela-merkel-e-eleita-personalidade-do-ano-pela-revista-time

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Moody’s coloca rating do Brasil em observação para possível corte

A agência de classificação de risco Moody’s colocou o rating soberano do Brasil em revisão para possível rebaixamento, citando a piora na governabilidade e o aumento do risco de uma paralisação política. A agência agora irá se focar em analisar a trajetória da dívida pública, levando em consideração a evolução do processo de impeachment.

A Moody’s também citou a rápida e significativa deterioração econômica e fiscal e a pequena probabilidade de uma reversão nos próximos dois ou três anos. A nota do país é “Baa3” e estava em perspectiva estável.

“Durante a revisão a Moody’s irá avaliar a probabilidade de deterioração adicional na posição fiscal do governo em relação às premissas básicas da agência que suportam o rating atual Baa3, e a perspectiva de uma alta mais rápida e significativa na trajetória da dívida do governo, no contexto de maior incerteza política, queda na confiança do investidor e recessão mais profunda que a esperada”, diz a agência em comunicado.

Na avaliação da agência, uma reviravolta no desempenho econômico e fiscal do Brasil em 2016 parece improvável e as projeções da Moody’s para a economia agora parecem estar sob risco.

“A iniciação do processo de impeachment contra a presidente no início de dezembro coloca dúvidas adicionais sobre a perspectiva de cooperação entre o Congresso e a presidente para aprovar medidas significativas de consolidação fiscal em 2016.”

Processo

Pela metodologia da Moody’s, quando um determinado rating é colocado em revisão para possível rebaixamento, o processo é “tipicamente” concluído entre 30 e 90 dias. A informação consta no documento “Rating Symbols and Definitions”, que apresenta a metodologia da agência.

Há, porém, um outro cenário em que a conclusão da revisão depende se determinados “eventos específicos vão ou não ocorrer”, de acordo com a agência. Nesses casos, a revisão pode levar entre 90 e 180 dias ou até mais. O exemplo, no mundo corporativo, é uma fusão de empresas, afirma a agência.

Durante o processo de revisão do rating do Brasil, a Moody’s espera que o Congresso aprove o Orçamento de 2016 e algumas medidas do lado da receita para conter o déficit fiscal.

“Tomando o Orçamento de 2016 como ponto de partida, nossa análise irá se focar nas análises dos cenários macroeconômicos e fiscais para avaliar a trajetória da dívida pública sob diferentes cenários, levando em consideração a evolução do processo de impeachment”, afirma a agência em nota.

A Moody’s também “buscará formar uma fotografia mais acurada da extensão do déficit fiscal para 2016 para averiguar o ponto de partida para a trajetória fiscal e da dívida”.

A classificação de um rating em “revisão para possível rebaixamento” é diferente da “perspectiva negativa” porque a última considera o médio prazo e, nesses casos, em geral uma ação sobre o rating é tomada dentro de aproximadamente um ano.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4350210/moody%3Fs-coloca-rating-do-brasil-em-observacao-para-possivel-corte

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Geração eólica atinge 6% da matriz energética brasileira no fim deste ano

A capacidade instalada de energia eólica no Brasil chegará a 8,44 gigawatts (GW) no fim deste ano, afirmou ontem a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum. Segundo ela, a fonte responde hoje por 6% do parque gerador brasileiro.

"Estamos com 8,2 [gigawatts]. Devemos encerrar o ano com 8,44 [gigawatts] de capacidade instalada", disse a executiva, durante evento de lançamento do Caderno de Energias Renováveis Complementares da FGV Energia, no Rio de Janeiro. "Estamos em torno de 6% da matriz elétrica nacional. E a perspectiva do PDE [Plano Decenal de Energia] é que a eólica alcance uma posição ainda mais favorável, chegar a 2024 com cerca de 12% de participação na matriz. Nosso número de mercado traz essa participação [de 12%] para 2022", afirmou Elbia.

A presidente da Abeeólica destacou que, no dia 2 de novembro, a produção de energia eólica atingiu 10% da carga do sistema nacional e 46% da carga do sistema do Nordeste. "O El Niño está fazendo com que os ventos continuem gerando fora da safra [que começa em junho e alcança o pico entre setembro e outubro]", afirmou a executiva.

Elbia destacou também que o Brasil alcançou, em 2014, a 10ª posição do ranking mundial de capacidade eólica, com 5,96 GW. Naquele mesmo ano, segundo ela, foram investidos R$ 18 bilhões no setor eólico brasileiro. "O Brasil já pode dizer que tem uma indústria em alto estágio de desenvolvimento", completou.

A executiva, porém, reafirmou que o encarecimento e a falta de recursos para financiamento de novos projetos eólicos e problemas regulatórios com relação à transmissão de energia pode dificultar a expansão da fonte eólica nos próximos anos.

"Hoje o fator que realmente nos provoca preocupação é a transmissão. Realmente temos que repensar a transmissão, seja do ponto de vista financeiro seja de regulação", disse Elbia.

A presidente da entidade lembrou que o fato de as eólicas serem obrigadas a ter o ponto de transmissão definido para participar dos leilões de energia tem limitado a concorrência de projetos do tipo nessas licitações. "Essa ideia é boa, mas estamos num processo de transição", afirmou.

Elbia também destacou como preocupante a baixa quantidade de lotes negociados no último leilão de linhas de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "Vamos ter de colocar a criatividade para funcionar. O que o setor elétrico e eólico vão fazer em 2016 é recriar modelos de transmissão e de financiamento."

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Oposição tem vitória arrasadora na Venezuela

A oposição venezuelana conquistou uma vitória expressiva nas eleições parlamentares da Venezuela. Resultados preliminares apontam que a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) conquistou mais de dois terços das 167 cadeiras da Assembleia Nacional (AN).

Ao divulgar o primeiro boletim por volta da 0h30 (3h de Brasília), a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibsay Lucena, afirmou que, com 74,25% dos votos, a MUD já havia garantido 99 cadeiras de maneira "irreversível", contra 46 do PSUV do presidente Nicolás Maduro.

Restavam ainda 19 cadeiras a terem seus votos finalizados. Opositores vinham postando em suas contas no Twitter que conquistaram 113 deputados ao final da contagem.

Visivelmente abatido, Maduro foi à TV em cadeia nacional logo após a divulgação dos resultados. Disse que aceitaria os resultados e voltou a acusar a oposição de promover uma "guerra econômica" contra o seu governo.

"Reconhecemos e aceitamos esses resultados adversos e dizemos que a Constituição foi cumprida na Venezuela", disse Maduro. "Chamo nosso povo a reconhecer em paz esse resultado."

Segundo Maduro, foi graças à Constituição elaborada pelo ex-presidente Hugo Chávez que a oposição conseguiu eleger uma maioria para a AN. "Administrem muito bem esse triunfo e cessem a guerra econômica contra a economia e contra o nosso povo", afirmou.

Para ele, os "danos humanos e políticos dessa guerra econômica que criou essa oposição" explicam a derrota de seu partido na eleição de domingo.

"Eu me sinto tranquilo com a minha consciência e com a minha alma. Porque fiz tudo o que poderia ter feito para proteger o nosso povo e fomos leais ao nosso comandante Hugo Chávez", afirmou.

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fiat projeta estabilidade das vendas em 2016

O presidente do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para América Latina, Stefan Ketter, prevê uma continuidade nos níveis de vendas de automóveis no país em 2016 com alguma "esperança" de melhora a partir do segundo semestre. "Esse mercado precisa de definições políticas e econômicas rápidas, mas no momento em que elas forem feitas, a retomada será muito rápida", afirmou o executivo ao Valor.
As vendas de veículos no Brasil devem recuar 27,4% este ano segundo projeção da Anfavea, entidade que representa as montadoras do país. A Fiat é a montadora que mais perde vendas - a participação de mercado da empresa recuou de 21,5% para 18,2% de janeiro a setembro na comparação anual.
Ketter, que assumiu o comando das operações do grupo FCA no mês passado no lugar do executivo Cledorvino Belini, afirmou que está fazendo uma "gestão à vista, mas sustentável e de olho no longo prazo" dos negócios da montadora no Brasil. Ele não descarta a possibilidade da empresa recorrer ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e ao "layoff" (suspensão temporária dos contratos de trabalho) para adequar os custos trabalhistas. "Avaliamos todas as possibilidades e tomamos as decisões quando forem necessárias", disse.
No entanto, na avaliação do executivo, a empresa precisa estar preparada para o momento da recuperação das vendas. Diferentemente de outras montadoras no Brasil, a Fiat vem administrando a ociosidade da indústria com férias coletivas e paradas pontuais até agora. Para Ketter, isso só está sendo possível porque a Fiat já tinha uma gestão "muito enxuta e competitiva", com grande concentração da sua produção em uma única unidade em Betim (MG). "É uma fábrica muito flexível, que faz 14 modelos em paralelo".
O executivo, que tocou por dois anos a implantação da unidade da Jeep em Pernambuco, esteve no Recife ontem para a inauguração de um centro dedicado à concepção e desenvolvimento de softwares para controle de motores e transmissão. O centro, que fica localizado no polo de inovação e tecnologia Porto Digital, é um dos quatro integrantes do novo centro de pesquisa, desenvolvimento, inovação e engenharia automotiva da FCA, que está recebendo investimento de R$ 140 milhões para ser concluído até meados do próximo ano. Quando for finalizado, o centro deve empregar cerca de 500 pessoas.
Na unidade de softwares, a Fiat vai desenvolver programas de eficiência energética, redução do consumo de combustível e emissão de gases e melhoria da dirigibilidade dos veículos. "Estamos empenhados em verticalizar mais no Brasil", afirmou.
Segundo Ketter, a unidade da Jeep em Pernambuco deve iniciar as exportações do SUV Renegade para a Argentina "logo mais" e, em seguida, dar prosseguimento ao plano de vendas para todo continente americano.
Orçada em mais de R$ 7 bilhões, a unidade da Jeep em Pernambuco, localizada no município de Goiana, foi o projeto de expansão de capacidade do grupo FCA incluído no orçamento de R$ 15 bilhões de investimentos no Brasil de 2013 até 2016. O restante dos investimentos será destinado aos lançamentos de novos automóveis no Brasil.

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

OCDE prevê pressão maior sobre fabricantes

As pressões por reestruturação mais profunda na indústria siderúrgica global devem aumentar "significativamente" no curto e médio prazo, avalia o Comitê de Aço da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE), em Paris.

Em sua analise periódica da conjuntura, o comitê, formado por países produtores e consumidores, concluiu que é preciso que os países tomem ações imediatas para enfrentar o problema persistente de excesso de capacidade.

A situação se agravou com a desaceleração da economia global nos últimos meses. A queda na atividade tem sido particularmente forte nos emergentes, pesando na produção industrial e no comércio global. Nas economias desenvolvidas, investimento e produtividade crescem modestamente.

O consumo de aço tem sido negativo nas principais economias neste ano. O uso aparente de aço acabado é agora projetado para declinar 1,7% em 2015 e só se recuperar 0,7% no ano que vem.

A baixa nas projeções da OCDE reflete a contração maior que esperada na China, na América do Sul e em economias do antigo bloco soviético. Mas alguns países da Africa, a India e tambem no Oriente Médio estão crescendo.

Após crescimento de 1,2% em 2014, a produção mundial de aço caiu 2,5% nos dez primeiros meses deste ano. Isso ocorreu em quase todas as regiões do mundo. Em alguns países, produtores locais ajustam a produção diante da maior concorrência das importações mais baratas.

Conforme a OCDE, o efeito combinado de maior oferta, demanda menor, mais importações em várias economias e baixa no custo de siderúrgicas tem levado a forte declínio nos preços este ano.

Apesar da fragilidade do mercado, a capacidade do setor é projetado para continuar crescendo em 2015-2017. Nos países desenvolvidos deve ser manter inalterado. Mas na Ásia, apesar de alguns projetos terem sido suspensos, a capacidade se expande. Na região, ainda há importação líquida de aço.

"A demanda fraca associada com mais aumento na capacidade nos próximos anos, num ambiente já de baixo preço do aço, lucratividade insustentável e aumento da dívida, sugere que as pressões por ajuste podem crescer significativamente no curto e médio prazo", diz a OCDE.

Para a entidade, subsídios governamentais estão contribuindo para o excesso de capacidade. Medidas protecionistas crescem paralelo a desequilíbrios estruturais. Para a OCDE, a experiência passada pode servir para o novo cenário no setor.

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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Eletrobras assina acordo para importação de energia do Uruguai

O fechamento agitado de novembro já indicou que dezembro será um mês movimentado para os investidores do mercado financeiro. Em novembro, os fundos de investimentos imobiliários lideraram os rendimentos, com ganho de 1,60%.

O Ibovespa, que vinha se recuperando, perdeu 1,63% no mês. O dólar ganhou 0,63% no período e sobe 46,08% no ano.

Não bastassem as turbulências políticas, a surpreendente falta de unanimidade na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central movimentou as expectativas em relação ao futuro da taxa básica de juros. Apesar da confirmação da manutenção da Selic no patamar de 14,25% ao ano, dois diretores votaram pelo aumento dos juros, para 14,75%. As atenções, portanto, estão agora voltadas para a ata, a ser divulgada na quinta-feira.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Crédito público desacelera mais

A carteira de crédito dos bancos públicos fechou outubro com o menor ritmo de crescimento desde o começo de 2002, última vez que essas carteiras encolheram. A taxa de expansão, medida em 12 meses, foi de 12,5% no mês passado, totalizando R$ 1,760 trilhão, ou 56% do mercado, que soma R$ 3,156 trilhões.
Mesmo crescendo acima da média do mercado, que é de 8,1% também em 12 meses, tal comportamento deixa claro o desmanche ou esgotamento da política de usar os bancos públicos como motor do crédito e alavanca para o crescimento econômico.
Segundo dados do Banco Central, no fim de 2008, quando essas instituições foram chamadas a fazer política anticíclica, a taxa de crescimento da carteira, sempre na medição em 12 meses, beirava os 40%. Durante todo o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o ritmo médio de crescimento foi de 24%.
O menor ímpeto dos bancos públicos se verifica em qualquer métrica, considerando ou não a fatia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atualmente é de cerca de 35%. De fato, o BNDES puxa a média para baixo.
Essa perda de força capta não só a piora do quadro econômico, que começa em 2014 e se agrava de forma aguda em 2015, mas toda a deterioração fiscal que eliminou o espaço para a realização de novos aportes de capital nas instituições seja por emissão de títulos ou instrumentos híbridos de capital e dívida. Entre 2008 e 2014, mais de R$ 500 bilhões foram injetados no BNDES, Caixa Econômica Federal e outras instituições.
Medida em 12 meses até outubro, a carteira do BNDES tem crescimento de 10,1%, somando R$ 623,303 bilhões. Esse é o menor crescimento desde o começo da série disponibilizada pelo BC apenas sobre o BNDES, que começa em março de 2007. Em meados de 2009, o banco de fomento mostrava taxas de expansão de quase 50% na sua carteira, nas medições em 12 meses.
Considerando os bancos públicos, mas tirando o BNDES da conta, a carteira cresce 13,9% nos 12 meses até outubro, também o menor ritmo da série histórica disponibilizada pelo BC. A média do primeiro mandato de Dilma foi de 19%, com picos de expansão de 40% em 12 meses no fim de 2012.
Olhando os bancos privados, o quadro é mais desanimador. O crescimento em 12 meses é de 3,1%, menor desde setembro de 2003, quando as carteiras encolheram. Abrindo por controle de capital, a carteira de crédito dos bancos privados nacionais tem expansão de 1,5% nos 12 meses encerrados em outubro, somando R$ 940,529 bilhões, menor ritmo desde o começo dos anos 2000. Entre os estrangeiros, o crescimento, na mesma base de comparação é de 6,5%, concentrando R$ 455,819 bilhões.
Com tal desempenho de bancos privados e públicos, é natural que o movimento seja de desaceleração geral do crédito, que encolheu 0,1% em outubro. Os dados do mês têm influência da greve dos bancários, que dificultou a tomada de crédito em linhas, como consignado e imobiliário, e também pode ter impedido o pagamento de compromissos em dia.
Mas independentemente disso, esse quadro de retração da economia, do emprego e da renda deve levar o BC a rever para baixo a projeção de crescimento para o estoque de crédito, que está em 9% para 2015, quando atualizar suas projeções em dezembro.
Esses mesmos vetores fazem a autoridade monetária acreditar em continuidade do movimento de alta na inadimplência. "É esperado algum aumento da inadimplência em função do ciclo econômico que temos hoje", disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha, ao apresentar os dados de outubro na sexta-feira.
"Mas ela está moderada em comparação com períodos anteriores", disse, lembrando que um dos pontos que explica essa moderação é a postura dos bancos, que estão mais rigorosos na concessão de crédito em comparação com anos anteriores.
"Esse moderado crescimento da inadimplência encontra um sistema financeiro capitalizado e provisionado, sem que traga impactos em termos de solidez e estabilidade do sistema financeiro", disse.
A inadimplência média do sistema subiu de 3,1% para 3,2% no mês passado, maior taxa desde julho de 2013. Em dezembro, o percentual era de 2,7%. Considerando os recursos livres, a taxa de calotes da pessoa física subiu a 5,8% no mês passado, maior desde novembro de 2013. No encerramento de 2014, o percentual era de 5,3%. Mas entre maio e outubro de 2012, essa taxa esteve acima de 7%.
No segmento pessoa jurídica, a inadimplência total subiu de 2,4% para 2,5%, maior da série. Com recursos livres, o percentual subiu de 4,1% para 4,3%, também maior da série.

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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Para economistas, vem aí a 'hora da verdade'

O primeiro trimestre de 2016 é aguardado com ansiedade por analistas econômicos e políticos. Será uma espécie de "hora da verdade". Nesse período, o mercado de trabalho mostrará plenamente os efeitos da recessão, os preços estarão ainda altos e a "dominância política" deverá persistir, impedindo que a agenda fiscal avance no Congresso.
Com esse cenário, a "sensação térmica" da população sobre a economia pode piorar sensivelmente no início do ano, avaliam economistas do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima, que se reuniram ontem no Valor: Luiz Fernando Figueiredo, Fernando Honorato Barbosa, Carlos Kawall, Marcelo Carvalho e Denise Pavarina.
Eles consideram que esse cenário será importante tanto para o Banco Central quanto para o quadro político. Quando a sensação de bem-estar da população efetivamente se deteriorar, restará ver de que forma isso afetará os preços e os ânimos. Entre os que acompanham a política, existe a sensação de que, se o governo superar o primeiro trimestre, a hipótese de impeachment da presidente Dilma Rousseff perderia força.

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terça-feira, 24 de novembro de 2015

ONU acelera mudanças em energia, diz IBP

A ambiciosa meta global de limitar o aquecimento do planeta em dois graus Celsius, traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU), pode provocar a redução, de 81% para 73%, da participação dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) na matriz energética mundial até 2030. A mesma meta possibilitará a antecipação da fatia das fontes renováveis, da 14% para 17%, em 2025. No cenário normal, esse percentual seria alcançado apenas em 2030.

As projeções fazem parte do estudo "Tendências para o Setor de Energia no Longo Prazo", do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), desenvolvido pela consultoria Catavento e divulgado ontem, às vésperas da 21ª Conferência do Clima (COP-21), que começa na segunda-feira, em Paris.

"Se as políticas governamentais oriundas da COP-21, e do que vier depois, forem levadas a cabo, anteciparemos em cinco anos, pelo menos, a penetração de renováveis na matriz energética global e, ao mesmo tempo, reduziremos o ritmo do aumento da demanda por energia", afirma Clarissa Lins, economista e sócia da Catavento.

De acordo com o estudo, caso o teto de aumento do aquecimento global em dois graus Celsius seja alcançado, metade das emissões de gases do efeito estufa evitadas serão provenientes da redução do consumo de energia. Dessa forma, o consumo global de energia em 2025 será de 15 bilhões de toneladas de óleo equivalente (Btoe), contra 15,9 bilhões, no cenário de referência.

O documento, elaborado a partir da pesquisa com 23 especialistas do setores de energia e meio ambiente e do levantamento de dados de 35 instituições mundiais, ressalta o esforço que a indústria mundial de petróleo e gás terá de fazer para se adaptar ao novo contexto global. O fato é que a recente redução do preço do petróleo não inviabilizará investimentos em fontes de energia mais limpas, ainda que mais caras. O motivo é que existe uma pressão da sociedade por energia mais limpa e eficiente.

Cristina destaca que, apesar de a participação do petróleo permanecer relevante na matriz mundial, na margem, a fonte indica uma fatia menor em relação às outras alternativas energéticas. Na área de energia elétrica, por exemplo, a participação de combustíveis fósseis em capacidade adicional de geração cairá de 49,6%, em 2013, para apenas 18,7%, em 2030, de acordo com projeções indicadas no estudo setorial.

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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Bandeira verde pode dar alívio maior para inflação em 2016

A demanda menor por energia, aliada a uma possível melhora do regime de chuvas no próximo verão, pode ajudar na recuperação dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, permitindo o desligamento de mais termelétricas em 2016 e, consequentemente, a redução dos preços de energia. Mesmo entre economistas que esperam novo estouro do teto da meta de inflação em 2016, a percepção é que as contas de luz serão um alívio importante ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, depois de terem subido mais de 50% em 2015.

Para saber a magnitude da queda, é preciso saber qual a bandeira tarifária (ver reportagem Cor de bandeira tarifária para dezembro será definida dia 27), que vai vigorar após o verão. Se for amarela, como esperam muitos analistas macroeconômicos, a alta da tarifa de energia elétrica no próximo ano deve ficar bem mais modesta: a previsão mais pessimista é de avanço de 12%. Se São Pedro colaborar, algo que não ocorreu nos últimos três verões, a bandeira pode ficar verde, como apostam alguns especialistas do governo e do setor. Neste caso, a ajuda aos preços seria bem maior: o acréscimo extra a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos passaria dos atuais R$ 4,50 para zero.

O cenário tarifário só não é mais favorável por causa da seca no Nordeste, que reduziu fortemente o nível dos reservatórios da região, e da relicitação de 29 hidrelétricas marcada para o fim deste mês, cujo bônus de outorga a ser pago pelos investidores, de R$ 17 bilhões, será repassado ao consumidor, ao longo da concessão, de 30 anos.

A previsão de Wilson Ferreira Junior, presidente da CPFL Energia, é que as tarifas de energia terão queda real de 8% nos próximos dois anos. Uma redução nominal das tarifas dos consumidores do mercado cativo não deve acontecer no curto prazo, mas o mercado livre já deve contar com preços mais baixos de energia já a partir de 2016, avalia.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê uma queda média de 2,5% no consumo de energia em novembro na comparação anual. "Essa redução está contribuindo para um reequilíbrio mais rápido da relação entre oferta e demanda de energia", afirma João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia.

As pressões de baixa no consumo de energia "podem pedir um acionamento menor das termelétricas, supondo que os reservatórios se recuperem a partir de abril", afirma Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil.

É o desligamento das termelétricas que deve permitir a mudança nas bandeiras. "Hoje é pessimista acreditar que as bandeiras não vão mudar de cor no ano que vem", diz Fabio Romão, da LCA Consultores. Romão estima que a inflação das contas de luz vai diminuir de 52% para 4,1% entre 2015 e 2016. A desaceleração será influenciada pelo "El Niño", que vai trazer chuvas mais intensas aos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste, e pela continuidade da recessão, que reduz o consumo de energia.

Esses dois fatores devem fazer com que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mude a bandeira tarifária de vermelha para amarela no início do segundo trimestre, diz Romão. Caso o sinal para o consumo migre para verde, a projeção da LCA para a alta de eletricidade no próximo ano ficaria menor, assim como a do IPCA, atualmente em 6,03%, mas o economista ressalta que ainda é preciso incorporar nos números os efeitos da Medida Provisória 688, que prevê repasses ao consumidor dos custos com o chamado déficit hidrológico (risco de falta de geração de energia que é coberto pelas geradoras hidrelétricas).

Marcio Milan, da Tendências Consultoria, também ainda não incluiu os possíveis impactos da nova regra -- já aprovada na Câmara e que será avaliada pelo senado - em sua estimativa de alta de 12% para a eletricidade residencial no próximo ano, mas avalia que o impacto é de alta. Com a MP, diz, passivos que hoje são das geradoras devem ser repassados às distribuidoras e chegar ao consumidor.

Aprovada pela Câmara dos Deputados na última semana, a MP 688, que trata da repactuação do risco hidrológico, determina que, a partir de 2016, a conta das bandeiras tarifárias vai arcar com parte do custo do déficit de geração hídrica das hidrelétricas (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). Na prática, na hipótese de um regime de chuvas desfavorável neste verão, aliado a um reaquecimento da economia e do consumo de energia, os consumidores arcarão com o custo do déficit das hidrelétricas, por meio das bandeiras tarifárias.

No começo deste mês, porém, Tiago Correia, diretor da Aneel, afirmou que a bandeira verde deve ser acionada no início do período seco de 2016, entre abril e maio, quando será possível contar com a recuperação dos reservatórios de grandes hidrelétricas se confirmada as expectativas de chuvas. Segundo Correia, é possível que o sinal mude diretamente de vermelho para verde.

Tatiana Pinheiro, do Santander, trabalha com cenário de inflação pressionada em 2016, de 7% - 0,5 ponto percentual acima do teto da meta, de 6,5% - mas observa que os preços de energia não serão os responsáveis. Em seus cálculos, as contas de luz terão alta de 6,5%, previsão que considera a passagem da bandeira vermelha para amarela no começo do ano. "Talvez em algum momento do segundo semestre possamos ter bandeira verde", cogita.

Para que a bandeira verde seja acionada antes disso, é necessária uma combinação entre um período de chuvas mais farto e temperaturas mais brandas no verão. De qualquer forma, diz, a tarifa de eletricidade terá uma variação mais alinhada com a inflação no próximo ano, quadro bem diferente de 2015.

O triênio de forte ajuste para baixo da economia deve contribuir para esse cenário, comenta Fabio Silveira, diretor de pesquisas econômicas da GO Associados. "O ano de 2015 foi de ajuste dos preços administrados. O de 2016 começará sob novas bases, com as tarifas de energia elétrica já corrigidas". Por isso, diz, a alta desses preços observada no próximo ano deve ser residual, podendo ficar abaixo da sua estimativa atual para a variação do IPCA no período, em 6,2%.

Para o professor Nivalde Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel/UFRJ), a bandeira tarifária deve mudar de cor em 2016, devido à queda da demanda, mas que isso pode não se traduzir em redução da conta de luz já no próximo ano, por causa das complexidades da tarifa brasileira. Ele teme ainda que as bandeiras sejam usadas para outros fins além daquele previsto inicialmente: sinalizar ao consumidor que termelétricas mais caras foram acionadas devido a uma menor oferta de energia hidrelétrica.

Em entrevista recente ao Valor, Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel, disse que as tarifas deverão variar "dentro da normalidade" em 2016. Segundo ele, como boa parte do custo de geração de termelétricas mais caras já foi repassado ao consumidor, não há volume significativo desse custo a ser aplicado nas tarifas das distribuidoras no ano que vem.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/brasil/4325252/bandeira-verde-pode-dar-alivio-maior-para-inflacao-em-2016

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aneel planeja grande leilão de transmissão

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende realizar o "maior leilão de transmissão da história" em fevereiro de 2016, licitando projetos que envolvem de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões em investimentos, afirmou ontem José Jurhosa, diretor da agência.

Os montantes envolvidos podem ainda ser maiores, uma vez que alguns dos oito lotes que não tiveram interessados ontem podem ser adicionados à lista.

O leilão de transmissão realizado ontem teve interessados em apenas quatro lotes, dos doze disponibilizados. Os investimentos previstos nos projetos eram da ordem de R$ 7,5 bilhões, mas só foram licitadas obras envolvendo cerca de R$ 3,5 bilhões.

Apesar da falta de interesse na disputa, a Aneel não pretende melhorar as taxas de retorno oferecidas, que já considera atrativas. A agência não considera também facilitar o financiamento, apesar da reclamação dos agentes de que este foi um dos principais impedimentos no certame de ontem. Haverá uma revisão da composição e dos prazos dos lotes.

"A Aneel continua entendendo que o leilão não foi sucesso total, porque não vendemos tudo, mas não deixou de ser, pois vendemos cerca de 50% do oferecido", afirmou Jurhosa.

leia mais em: http://www.valor.com.br/brasil/4321848/medidas-comecam-dar-algum-alento-economia

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Brasil se encontra em dominância fiscal?

Uma das principais discussões e motivo de controvérsia entre os economistas nas últimas semanas é se o Brasil está ou não em dominância fiscal. Antes de responder a esta pergunta, é fundamental definir o que os economistas têm chamado de dominância fiscal, pois divergências quanto à definição têm gerado confusão no debate econômico.

A definição original aplicada ao Brasil sobre dominância fiscal remete ao artigo de Olivier Blanchard de 2004, "Fiscal Dominance and Inflation Targeting: Lessons from Brazil". Em uma situação normal, um aperto de política monetária reduz a inflação e um dos canais é a apreciação real do câmbio, dado que o diferencial de juros estimula a entrada de capital. Sob dominância fiscal, por outro lado, uma elevação dos juros acaba causando uma depreciação cambial. Isto ocorre em resposta ao aumento do risco decorrente da elevação da dívida pública. Na sequência, o efeito inflacionário via câmbio é maior que do que a desinflação via contração da atividade econômica. O resultado final é que uma elevação dos juros causa aumento da inflação.

De fato, observamos ao longo de 2015 um aperto monetário razoável, elevação do risco país, elevação da dívida pública, forte depreciação cambial e elevação da inflação. Todas estas características remetem a um quadro de dominância fiscal em sua versão original. Entretanto, para que a dominância fiscal se verifique desta forma, a causalidade dos fatos é muito relevante. E há algumas evidências que nos mostram que não foi o aperto monetário que causou esta dinâmica.

Não podemos atribuir ao aperto monetário a piora do risco país e a consequente depreciação cambial

Primeiro, a dinâmica de aumento do risco país e de depreciação do câmbio tem relação direta com a política fiscal. Foi depois das revisões da meta de superávit primário em 22 de julho e 31 de agosto, com suas consequências sobre a dinâmica da dívida, que o risco país subiu, trazendo consigo a depreciação do real. Ou seja, não podemos atribuir ao aperto monetário a piora do risco e a consequente depreciação cambial.

Segundo, a elevação atual da inflação é um fenômeno de ajuste de tarifas públicas e não de repasse cambial. Os preços administrados em doze meses passaram de uma alta 1,5% ao final de 2013, ano em que houve contenção de tarifas, para 5,3% em dezembro de 2014, e para 16% no último dado disponível, de setembro de 2015. A inflação dos preços livres, que é onde a política monetária atua, está andando de lado. Foi de 7,3% em 2013, 6,7% em 2014 e está em 7,6% no último dado. Estimativas com o Simulador 4CAST indicam que os preços livres estariam em 6,5% não fosse o atual choque de preços administrados.

Adicionalmente, um ponto relevante colocado por Blanchard é que países com alta parcela de suas dívidas atreladas à moeda estrangeira têm maior probabilidade de estar em dominância fiscal. Apesar dos mais de US$ 100 bilhões em swap cambial e dos US$ 70 bilhões em dívida pública em moeda estrangeira, temos US$ 370 bilhões em reservas, o que faz do Brasil um credor líquido em moeda estrangeira. Neste caso, uma depreciação do real melhora a solvência do setor público, apesar da elevação do déficit nominal pelo pagamento dos swaps.

A maior parte dos economistas concorda que não há dominância fiscal em sua versão original. Ao menos não por enquanto.

A outra definição de dominância fiscal é que a dinâmica da dívida entra no conjunto de variáveis relevantes observadas pelo Banco Central. Com isso, como um aumento dos juros causa aumento da dívida pública, o Banco Central aumenta os juros numa magnitude menor do que ele deveria aumentar. Sob este conceito, é mais difícil afirmar se o país vive ou não sob dominância fiscal, o que explica a divergência de diagnóstico entre alguns economistas.

Algumas evidências nos sugerem que, mesmo sob este conceito, parece que o Brasil não está em dominância fiscal.
iStock/Getty Images

O aperto monetário conduzido pelo Banco Central de outubro de 2014 a julho de 2015 foi maior e mais intenso do que os economistas previam no seu início. Em outubro do ano passado, o mercado esperava uma elevação dos juros para 12% ao longo de 2015, mas a taxa Selic subiu para 14,25%. Em termos de atividade, o mercado previa expansão do PIB de 1% em 2015 e de 2% em 2016, e agora as projeções são de retração de 3,1% e 2% respectivamente, uma mudança em nível de mais de 8 pontos percentuais. Quanto a inflação, o mercado previa 6,33% para 2015 e 5,5% para 2016, e agora projeta 10,04% e 6,5% respectivamente.

É fato que nas últimas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) o Banco Central manteve a taxa de juros estável, mesmo com elevação das expectativas de inflação para 2016, que agora ameaçam o cumprimento da banda. Este comportamento poderia fazer supor que estamos sob dominância fiscal neste segundo conceito. Entretanto, o comportamento da atividade econômica justifica plenamente esta ação por parte do Banco Central. O mercado projeta atualmente que o PIB vai se contrair por dois anos consecutivos, sendo a pior recessão desde a década de 1930, quando o PIB se retraiu 2,1% em 1930 e 3,3% em 1931.

Nestas condições, é razoável que o Banco Central não imponha ainda mais custos para a atividade econômica, e que, portanto, a convergência da inflação à meta seja feita de uma forma mais lenta. É verdade que o Banco Central poderia ser mais explícito em seus comunicados, mas isso é em parte o que ele quer dizer quando diz que a atual taxa de juros, e não uma taxa de juros maior, "é necessária para a convergência da inflação à meta no horizonte relevante da política monetária".

O sistema de metas de inflação é suficientemente flexível para reagir a situações conjunturais como a atual. A adoção de metas de inflação ajustadas, como feito em 2003 e 2004, poderia ajudar neste processo de convergência da inflação e de ancoragem das expectativas em horizontes mais longos, como 2017, para a qual as expectativas já começaram a se descolar do centro da meta.

Juan Jensen é sócio da 4E Consultoria e professor do Insper (jensen@4econsultoria.com.br).

Leia mais em : http://www.valor.com.br/opiniao/4318334/o-brasil-se-encontra-em-dominancia-fiscal

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

G-20 vê conflito global contra Estado Islâmico

O G-20, que reúne as 20 maiores economias do planeta, passou de diretório econômico a uma espécie de conselho de guerra durante a cúpula da Turquia iniciada ontem. Os líderes prometeram combate sem trégua ao terrorismo, no rastro dos atentados que, na sexta-feira, mataram 132 pessoas em Paris, ferindo outras 350, das quais, 99 estão em estado crítico.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi um dos primeiros a se manifestar. Ele prometeu "redobrar esforços" para "eliminar" o Estado Islâmico (Isis). Para Obama, os atentados do grupo em Paris "foram um ataque ao mundo civilizado". O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também foi enfático.
As declarações se sucederam no jantar de ontem entre os líderes, com todos afirmando que é preciso ter uma reação porque não foram ataques somente contra a França, mas, sim, contra o mundo ocidental. Na prática, os líderes do G-20 reconheceram que o conflito com o Isis deixou de ser regional e passou a ser global.
Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o ataque a Paris mostra uma fase "inquietante e problemática" do terrorismo global. Somente nos últimos dias, o Isis assumiu os atentados da capital francesa, de Beirute (43 mortos) e de Bagdad (18), além da derrubada de avião russo no Egito (224).
O Valor apurou que Putin chegou a revelar aos colegas no G-20 fotografias que mostram longas filas de tanques de guerra do Isis na Síria, evidenciando a facilidade com que o grupo consegue se armar. A questão mais difícil no G-20 é como os países vão conseguir se unir para coordenar uma resposta também militar contra a organização terrorista. Entre negociadores habituados a discutir temas econômicos, o que está na mesa são medidas para impedir o financiamento do terrorismo, um tema que vem sendo tratado desde 2001. O Isis controla fatias de territórios na Síria e no Iraque, de onde obtém, com a venda de petróleo, renda mensal estimada em US$ 50 milhões.
Obama e Putin se reuniram por 35 minutos para discutir uma solução para o conflito na Síria. Um porta-voz informou que os dois concordaram sobre a necessidade de discussões de paz mediadas pelas Nações Unidas, entre o regime do ditador Bashar al-Assad e seus opositores, além de um cessar-fogo e uma transição política a ser conduzida pelos sírios.
Ontem, a França voltou a guerrear alvos do Isis na Síria. O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse que a conferência do clima das Nações Unidas, a CoP-21, que começa dia 30, está mantida. O presidente François Hollande quer ampliar por até três meses o estado de emergência.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/internacional/4316912/g-20-ve-conflito-global-contra-estado-islamico

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Dólar tem mínima em um mês ante real

O dólar comercial começou os negócios desta quarta-feira em queda livre, batendo mínima em um mês frente ao real, de R$ 3,7275. Os negócios no segmento à vista de ajustam à forte queda ocorrida no dólar futuro ontem, após notícia do Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, sobre uma aproximação do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles de líderes governistas, o que poderia abrir caminho para que Meirelles substituísse Joaquim Levy na chefia do Ministério da Fazenda.
Segundo a matéria, Meirelles está conversando com líderes políticos governistas sobre cenários econômicos para o Brasil. A aproximação de Meirelles ocorre com o apoio do ex-presidente Lula, e as conversas têm sido interpretadas por interlocutores como sondagens sobre um eventual ingresso de Meirelles no governo, substituindo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Meirelles é bem visto pelo mercado e seria uma garantia de que a condução da política econômica não voltaria a ser heterodoxa como no período imediatamente anterior à liderança de Levy na pasta. Além disso, Meirelles é tido como mais habilidoso politicamente do que Levy, o que facilitaria a aprovação no Congresso Nacional de medidas de ajuste fiscal vistas por investidores como essenciais para a retomada da confiança e do crescimento econômico.
Esse cenário se desenha em um momento em que investidores estrangeiros voltam a olhar para ativos brasileiros, na esteira de uma trégua na crise política, de busca por pechinchas e de um ambiente menos arisco para mercados emergentes de forma geral. Mais recentemente operadores têm citado fluxos pontuais que têm ajudado a amparar o real, mesmo dias de maior estresse no exterior. Por ora, esse movimento não é visto como ligado a melhora de fundamentos, mas sim de caráter tático, visando ganhos com o juro alto oferecido pelo Brasil, praticamente certos pela queda da volatilidade .
Às 9h33, o dólar comercial recuava 1,58%, a R$ 3,7325. O dólar para dezembro tinha alta de apenas 0,03%, a R$ 3,7695.
O real é a moeda de melhor desempenho ante o dólar nesta sessão, considerando as principais divisas globais. Mas outras moedas emergentes também mostram ganhos. A lira turca subia 0,7% em relação ao dólar, o peso mexicano avançava 0,19%, e o rand sul-africano tinha valorização de 0,16%.
O “efeito Meirelles” influencia ainda o mercado de juros futuros, que vê firme redução nos prêmios de risco.
O DI janeiro de 2017 caía a 15,440% ao ano, ante 15,520% no último ajuste. O DI janeiro de 2018 recuava a 15,660%, frente a 15,770% no ajuste de ontem.
Na ponta mais longa, o DI janeiro de 2021 cedia a 15,550%, em relação a 15,720% no ajuste da véspera. O DI janeiro de 2025 marcava também 15,550%, ante 15,740% no ajuste anterior.
(José de Castro | Valor)

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4311178/dolar-tem-minima-em-um-mes-ante-real

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Mercado já espera recessão de quase 2% em 2016

Pela quinta semana consecutiva, os analistas do mercado financeiro ampliaram a estimativa de queda para a atividade econômica no país no ano que vem. Eles também reduziram a previsão, pela 17ª semana, para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. Na pesquisa, são coletadas semanalmente as projeções de cem analistas financeiros para indicadores chave da economia nacional.

A mediana das projeções para o PIB em 2016 teve queda acentuada, de retração de 1,51% para recuo de 1,90%. Para 2015, a queda saiu de 3,05% para 3,10%.

Na semana passada, a recessão deu sinais de piora. O IBGE informou que a produção industrial caiu 1,3% em setembro, fechando o terceiro trimestre com queda mais acentuada (-9,5%) que o segundo (-6,5%) na comparação com o mesmo período do ano passado. A estimativa do mercado para a produção industrial em 2015 também piorou, indo de retração de 7% para 7,40% de uma semana à outra. Para 2016, a projeção seguiu em diminuição de 2%.

Inflação

Segundo o Focus, os analistas elevaram as estimativas para o IPCA em 2015, de 9,91% para 9,99% e,em 2016, de 6,29% para 6,47%. Ou seja, já esperam inflação no teto da meta (6,5%) no próximo ano.

Entre os analistas Top 5 - os que mais acertam as previsões -, a expectativa do IPCA deste ano subiu de 10,03% para 10,16%, mas a de 2016 caiu de 7,33% para 6,98%.

Os analistas também elevaram a estimativa para o IPCA em 2018 de 4,91% para 5% e continuam a ver a convergência da inflação para a meta de 4,5% apenas em 2019. Para 2017, a mediana das estimativas de inflação permaneceu em 5%.

Juros

Diante da inflação cada vez mais alta e de um discurso mais duro do Banco Central, a expectativa dos analistas do mercado financeiro é de que o juro básico da economia não vai recuar tanto em 2016 quanto o esperado há algumas semanas.

De acordo com o boletim, a mediana das estimativas para a taxa Selic no fim do ano que vem subiu novamente, desta vez de 13% para 13,25%. Há um mês, a expectativa era de que o juro terminasse o ano em torno de 12,50%. A média das estimativas para a Selic, que subiu de 13,95% para 14,06%, mostra como aumentou a expectativa do mercado em geral para o juro no próximo ano. Os analistas Top 5 também elevaram sua aposta, de 12,75% para 13% (mediana de médio prazo).

Para 2015, ambos os grupos - geral e Top 5 - mantiveram a avaliação de que a autoridade monetária vai manter a Selic em 14,25% na última reunião do ano, a ser realizada no fim deste mês.

Na semana passada, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, deixou claro que o BC fará o necessário para levar a inflação à meta de 4,5% em 2017, não importa o cenário econômico. Na ata da última reunião do Copom, o colegiado não havia citado data para a convergência da inflação. O BC disse que não vê o IPCA estourando teto da meta, de 6,5% em 2016, embora muitas estimativas do mercado já estejam acima disso.

O BC decidiu reforçar o recado sobre o juro diante dos chamados “eventos não econômicos”. Entre eles, as medidas de ajuste, que seguem emperradas no Congresso, e a falta de clareza quanto à meta fiscal de 2015 e 2016.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/brasil/4307164/mercado-ja-espera-recessao-de-quase-2-em-2016

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Poucas e boas

Elas estão em minoria, representam apenas 14 ações de um grupo de 63 que compõem o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. Mas fazem a diferença. Em um ano de juros básicos no patamar de 14,25%, o maior em nove anos, não tem sido nada fácil atrair o interesse de investidores para a renda variável.
Esses 14 papéis têm se destacado, contudo, ao apresentar um desempenho superior à variação de 10,77% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), referencial das aplicações conservadoras, neste ano. O risco, nesses casos, foi compensado pelo retorno. E quatro das 14 ações foram recomendadas para a Carteira Valor de novembro. São elas: Raia Drogasil ON, novidade deste mês, com valorização anual de 59,5%; Klabin Unit (53,4%); Suzano Papel e Celulose PNA (48,5%); e Ambev ON (20,1%).

"O investidor procura quem tem geração de caixa futuro previsível, principalmente empresas de serviços financeiros e de alimentos e bebidas, ou receita dolarizada com custo em real", diz Leonardo Milane, estrategista da Santander Corretora.
Roberto Indech, analista da área de estratégia da Rico Corretora, endossa. "Quais são os setores que se beneficiam neste ano na bolsa? São os das exportadoras." Nessa lista, além das companhias de papel e celulose, destacam-se em 2015 nomes como Braskem e JBS, com alta da ordem de 30%, e Embraer, com avanço de 16,3%.
Apesar da perda de 0,16% no mês passado, a Carteira Valor segue com ganho de 1,79% em 2015, portanto acima do Ibovespa, que cai 8,28% no ano, embora tenha subido 1,8% em outubro.
Além de Raia Drogasil, entraram no portfólio deste mês as ações ordinárias da Cetip e da Hypermarcas. Com quatro votos cada, lideram as recomendações de novembro, ao lado de Cetip, Itaú Unibanco PN, Ambev ON, BB Seguridade ON e Valid ON. Cielo ON e Suzano Papel e Celulose PNA foram as apostas de três corretoras cada, enquanto as units da Klabin receberam dois votos, mesmo número de Raia Drogasil e Hypermarcas.

Ainda que defenda uma das melhores opções de investimento em 2015, as ações da Suzano pesaram em outubro, com queda de nada menos que 14,2%. Ao fim de outubro, a empresa, segunda maior produtora mundial de celulose de eucalipto, informou que a escassez de chuvas no sul da Bahia a levou a antecipar em uma semana a parada programada para manutenção da linha 1 da fábrica de Mucuri.
Apesar da baixa no mês passado, a Guide Investimentos incluiu os papéis em seu portfólio. O analista Rafael Ohmachi diz enxergar uma forte demanda por papel e celulose vinda do mercado externo, com destaque para Europa, e vê no processo de desalavancagem um fator positivo para a Suzano. Para ele, a queda das ações foi exagerada e o cenário segue favorável.
Já a equipe da Citi Corretora preferiu continuar com as units da Klabin na carteira. Dentre os aspectos positivos, a casa menciona a aceleração no crescimento da receita nos últimos três trimestres e a expectativa de forte crescimento para o Ebitda nos próximos três anos, por conta do início das operações de sua nova planta de celulose em 2016.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/financas/4299348/poucas-e-boas

terça-feira, 3 de novembro de 2015

BM&FBovespa e Cetip conversam sobre possível fusão e ações disparam

A BM&FBovespa mantém “tratativas preliminares” com a Cetip para uma possível fusão, informou a Bolsa nesta terça-feira. O objetivo das conversas é formular uma proposta de combinação das duas companhias aos conselhos de administração, para posterior avaliação dos acionistas.
“Não se pode assegurar que tais tratativas resultarão em uma oferta ou transação de qualquer natureza”, acrescentou a BM&Bovespa. “Não existe, neste momento, qualquer proposta sobre a estrutura econômica ou societária ou sobre outros termos e condições de uma eventual transação.”
A fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip deve ocorrer com aporte de capital e também com troca de ações. Segundo uma fonte de mercado, provavelmente ficará no mercado a ação da BM&F e será oferecida uma relação de troca para os acionistas da Cetip. Para fechar o negócio, a BM&FBovespa utilizará os R$ 450 milhões que entraram em caixa após a venda, no mês passado, de 20% da fatia que a bolsa detinha no CME Group, principal mercado de derivativos do mundo.
As ações da Cetip e da BM&FBovespa estavam entre os destaques de alta do Ibovespa nesta manhã. Enquanto o índice da Bolsa paulista subia  1,43% às 10h38, Cetip ON ganhava 7% e BM&FBovespa avançava 6%.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/financas/4298056/bmfbovespa-e-cetip-conversam-sobre-possivel-fusao-e-acoes-disparam

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Panamá e outros 'paraísos' aderem ao pacto antievasão

O movimento global contra a evasão fiscal vai aumentar nesta sexta-feira, chegando a mais de 90 jurisdições que prometem adotar a troca automática de informações entre os fiscos - o que significa o fim próximo do sigilo bancário. O Valor apurou que o Panamá vai se comprometer com a troca automática após forte pressão internacional. A expectativa é que outro paraíso fiscal particularmente hostil às regras internacionais, as Ilhas Cook, acompanhe a decisão.

Outros anúncios devem ser feitos em reunião do Fórum Global sobre Transparência e Troca de Informações para Fins Tributários, com a participação de 128 países, em Barbados, tornando menor o espaço internacional para os sonegadores de impostos.

Três jurisdições que haviam sido consideradas pouco cooperativas em reunião anterior - Luxemburgo, Chipre e Seychelles - agora vão receber a avaliação de que as mudanças em suas regras de segredo bancário são "amplamente compatíveis" com o padrão internacional. Luxemburgo estava sob pressão dos membros da União Europeia, sobretudo da Alemanha, quanto à opacidade de seu setor financeiro de € 3 trilhões.

Outras jurisdições entre as mais secretas no mundo e com forte indústria bancária "offshore" - Barbados, Belize, Bulgária, Granada, Ilhas Marshall, Niue, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Samoa, além do Japão - também vão assinar o acordo multilateral que pavimenta o terreno para a troca de informações.

A coleta de dados financeiros começará em 1º de janeiro de 2016 em cerca de 50 jurisdições. Para isso, os governos estão mudando as legislações nacionais para cada banco reportar as contas de todos os clientes não residentes e, de forma automática, enviar as informações a partir de 2017 aos países de origem desses clientes.

O Brasil só participará da troca automática de informações após o Congresso ratificar o Acordo de Cooperação Mútua na área tributária.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4294116/panama-e-outros-paraisos-aderem-ao-pacto-antievasao

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ação dos EUA expõe disputa estratégica com a China na Ásia

A rivalidade entre as grandes potências no Mar do Sul da China chegou a um momento crucial. A retórica dos EUA contra a provocadora reivindicação chinesa de soberania marítima na área se transformou ontem em ação militar.

Ao enviar um navio de guerra para as 12 milhas náuticas de uma ilha artificial da China, os EUA sinalizaram o início de uma disputa aberta sobre o futuro da região. As águas em disputa são uma rota importante, por onde passa mais da metade do comércio marítimo mundial, conectando países ricos em petróleo do Oriente Médio às poderosas economias do Pacífico.

Além disso, o desafio americano se refere a uma disputa muito mais ampla que vai durar décadas.

As tais ilhas artificiais têm um valor militar apenas limitado, embora várias delas contenham pistas longas o suficiente para receber aviões de combate chineses. O mais importante é que elas são símbolos do esforço de Pequim para subverter uma ordem regional liderada pelos EUA que prevalece desde a Segunda Guerra Mundial.

As ilhas proclamam a intenção da China de romper o que o país considera um cerco americano - um sistema de alianças que forma um amplo arco a partir da península coreana, passando pelo Japão e as Filipinas. Elas também simbolizam o fortalecimento do nacionalismo chinês sob o governo do presidente Xi Jinping.

Em um comentário contundente, a agência de notícias estatal chinesa Xinhua afirmou que os EUA transformaram o Mar do Sul da China em "águas turbulentas", acrescentando que "o povo chinês não tem medo de problemas". O Ministério das Relações Exteriores chinês expressou seu "forte descontentamento e resoluta oposição" à ação americana.

Para os EUA, as apostas são igualmente altas: seu futuro como potência marítima na Ásia e Oceania, a credibilidade de suas garantias de segurança aos aliados - todos preocupados com o crescente poderio militar da China - e o princípio de que disputas territoriais devem ser resolvidas com base no direito, não na coerção.

A Casa Branca levou meses para se decidir sobre essa manobra militar, chamadas de Liberdade de Navegação, apesar de o Secretário da Defesa americano, Ash Carter, ter prometido que os EUA "vão voar, navegar ou operar em qualquer lugar em que a lei internacional permita". A demora em combinar palavras duras com ações ameaçava fazer os EUA parecerem um tigre de papel. Por fim, a Marinha americana optou por despachar não uma flotilha, ou uma combinação de navios e aviões, mas um único destróier com mísseis guiados, o USS Lassen, para as proximidades do recife Subi.

Isso transmitiu a Pequim uma mensagem dura, mas ainda assim contida, embora o Pentágono tenha deixado claro que esse exercício militar será repetido.

A ação americana ocorreu sem incidentes, segundo o Pentágono. O Ministério das Relações Exteriores da China disse que as autoridades chinesas acompanharam e alertaram o navio de guerra americano. Aparentemente, a China não tomou nenhuma ação adicional.

Um conflito amplo continua sendo improvável, mas há sempre o risco de um incidente se navios americanos e chineses começarem a manobrar muito perto uns dos outros ao lado das ilhas Spratly.

Para começar, os EUA e a China não são inimigos. Essa não é a Guerra Fria e, apesar de as relações entre os países serem cada vez mais marcadas por uma rivalidade estratégica, forças poderosas os compelem a cooperar um com o outro. Uma delas é um comércio bilateral que atingiu US$ 592 bilhões no ano passado. Os dois países também têm a obrigação de trabalhar juntos em questões globais como mudanças climáticas, terrorismo e epidemias.

Embora as ilhas artificiais tenham se multiplicado apenas recentemente, esse momento vem sendo construído há anos.

Um divisor de águas ocorreu em 2008, quando Wall Street mergulhou o mundo em uma crise financeira. Pequim concluiu que os Estados Unidos eram uma superpotência em declínio e que tinha chegado a vez da China. Desde então, a economia americana se recuperou, mas a imagem de um EUA solapado por guerras no Oriente Médio e incapaz de solucionar seus problemas orçamentários fortaleceu a China e forçou os países asiáticos a contemplar um novo equilíbrio de poder na região.

Mas a China exagerou na dose. Sua impetuosa assertividade - da qual as ilhas artificiais são apenas um exemplo - alarmou os seus vizinhos e teve com resposta uma "virada para a Ásia" da política externa dos EUA. Washington prometeu reposicionar suas forças navais, que ficavam 60% no Atlântico e 40% no Pacífico, para uma distribuição meio a meio.

Os EUA precisam ter cuidado para não pressionar demais a China. Aliados americanos não querem se ver obrigados a tomar partido no caso de disputa. E, apesar de os EUA provavelmente prevalecerem num eventual conflito, o preço a pagar poderia ser amargo.

Da sua parte, a China tem muito a perder se as tensões se transformarem num conflito. A maior parte de suas importações de petróleo e matéria-prima passa por aquela rota de navegação. E o país depende da boa vontade de seus vizinhos para levar a cabo a política externa promovida por Xi de ampliar as rotas comerciais chinesas.

O nacionalismo, porém, é a grande incógnita. É inconcebível que Xi, um estadista rígido e popular, não reaja de alguma forma. E ele ficará sob uma forte pressão para agir caso os ânimos da opinião pública se inflamem.

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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cteep continuará longe de leilões de transmissão

O Grupo ISA, empresa estatal colombiana que controla a transmissora de energia paulista Cteep desde 2006, não pretende destinar ao Brasil nenhum centavo dos US$ 4 bilhões previstos em seu plano de investimentos, afirmou, em entrevista ao Valor, Bernardo Vargas Gibsone, presidente do grupo desde o início de julho.

Segundo o executivo, isso não vai acontecer enquanto não houver uma definição sobre as indenizações dos ativos de transmissão anteriores a maio de 2000.

A companhia pediu, com base em um laudo de avaliação elaborado por uma consultoria independente, uma indenização de R$ 5,2 bilhões. A Aneel, agência reguladora do setor, por sua vez, reconheceu o direito de indenizar a companhia em R$ 3,7 bilhões, montante 28% inferior ao defendido pela Cteep. A questão continua em discussão na Aneel.

O executivo reiterou que desde a privatização da Cteep, em 2006, o Grupo ISA investiu R$ 10 bilhões no Brasil pela controlada. Desde a publicação da Medida Provisória (MP) 579, em setembro de 2012, a empresa decidiu não investir mais enquanto não houver uma sinalização clara sobre o recebimento dessa indenização por investimentos não amortizados em ativos com contratos de concessão renovados.

"Não vamos participar do próximo leilão, não faz sentido", disse Gibsone, se referindo ao leilão de transmissão marcado para 18 de novembro. Além dessa discussão, outras de ordem jurídica preocupam a empresa colombiana e ajudam a afastar a possibilidade de um retorno dos investimentos.

Encontra-se atualmente em discussão em audiência pública na Aneel uma proposta para repassar ativos de transmissão de baixa tensão para as concessionárias de distribuição de energia - os chamados "Demais Instalações de Transmissão", ou DITs.

Os executivos da companhia questionam a proposta, que tiraria 35% da receita da transmissora, de acordo com Reynaldo Passanezi Filho, presidente da Cteep. Ele disse ainda discordar da proposta de indenização por esses ativos, por estar defasada e não utilizar a metodologia adequada.

"Quando assumimos a empresa e fizemos a reestruturação, não conhecíamos esses temas de contingência", disse Gibsone, completando ter confiança de que as autoridades brasileiras vão compreender o problema.

"Temos muita confiança de que tudo isso será resolvido com base no valor justo", disse o presidente do grupo. "Temos interesse em voltar a investir no Brasil", disse. A companhia acha importante disputar futuros leilões de transmissão que ofereçam taxa de retorno adequada, mas isso não deve acontecer sem uma definição sobre as indenizações.

"As regras do jogo não são claras, isso nos preocupa. Entramos em um contrato de transmissão de 30 anos, e as regras mudam na metade?", questionou Gibsone.

Enquanto não há uma definição, a companhia mantém conversas com o governo brasileiro.

Segundo Gibsone, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata, demonstrou estar de acordo com os pleitos da companhia, uma vez que a Cteep tem um papel importante para o segmento de transmissão de energia no país.

Além da área de transmissão de energia, o Grupo ISA também atua no Brasil com a Internexa, de transporte de dados de telefonia.

A receita da Cteep representou cerca de 20% do faturamento do Grupo ISA, que atua também no Chile e Peru, nos nove primeiros meses deste ano. O Ebitda da companhia correspondeu a 14,5%

A Cteep informou ontem, após o fechamento do mercado, que encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 276,3 milhões, alta de 97,1% na comparação com o mesmo resultado do ano passado. A receita operacional líquida da transmissora subiu 29,2%, para R$ 457,2 milhões e o Ebitda dobrou, para R$ 343,9 milhões.

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