A brasileira Embraer saiu na frente e automatizou o processo de
montagem das asas da sua nova família de E-Jets E2 com uma tecnologia
revolucionária. Trata-se de algo perseguido e ainda não dominado pelos
grandes fabricantes de aeronaves do mundo - Boeing, Airbus e Bombardier.
Assim como a linha de produção da indústria automotiva, as asas agora
são montadas em uma linha móvel, equipada com robôs que fazem o
processo de rebitagem completo (furos e inserção de prendedores),
incluindo a inspeção de qualidade.
"Cada asa do E2 tem por volta de 15 mil furos. O robô não erra. O
nível de qualidade do processo chega a ser mil vezes melhor do que se
fosse feito manualmente", afirma o vice-presidente de suprimentos da
Embraer, Francisco Soares.
O desafio envolvido nesse novo processo que a Embraer começou a
colocar em prática recentemente, segundo Soares, é muito grande, pois
quando se tem uma linha móvel qualquer problema que surge no meio da
operação pode paralisar a produção e atrasar a entrega dos aviões
durante o mês. "Para que isso não aconteça é preciso ter uma linha
disciplinada. Ela só anda se todo o processo que suporta suas operações
estiver em perfeita sintonia", explica.
A Embraer capacitou a linha de montagem do E2 para produzir
aproximadamente 10 aviões por mês, mas este número pode avançar um pouco
mais caso haja demanda. Atualmente, a Embraer conta com dois gabaritos
móveis (ferramental) de 40 toneladas cada um para fazer a montagem da
asa do E2, que possui 18 metros de comprimento.
Até 2018, quando serão iniciadas as entregas dos primeiros jatos E2
no mercado, a fabricante pretende instalar 6 gabaritos móveis de
montagem de asa na linha de produção dos novos aviões.
O uso de ferramentas digitais inteligentes para executar diferentes
processos de produção têm auxiliado a Embraer a desenvolver e a fabricar
seus aviões num tempo cada vez menor e com mais qualidade. Os grandes
fabricantes, segundo Soares, estão investindo pesado em automação e na
Embraer não é diferente.
"Estamos estudando processos onde conseguimos ter maior qualidade com
a aplicação de automação, principalmente aqueles que envolvam tarefas
repetitivas, que são mais sujeitas a erros", disse. A linha de pintura
de peças primárias (componente da montagem), por exemplo, é outro
exemplo recente do uso de robôs.
O desenvolvimento de cada avião da empresa é todo feito em ambiente
digital Catia. A partir de 2011, com a produção dos jatos executivos
Legacy 450 e Legacy 500, essas informações de projeto passaram a ser
interligadas com a área de manufatura por meio da ferramenta MES
(Manufacturing Execution System), que recebe todo o conteúdo do projeto.
A partir daí, a sequência da operação de montagem é visualizada em
tablets pelo operador da linha de fabricação dos jatos. "O operador
acessa a informação em tempo real. Se tem alguma mudança ao longo do
processo, consegue agir imediatamente", diz.
Ao contrário da indústria automotiva, os fabricantes de aviões têm
grande variedade de peças e pequena quantidade unitária (de uma mesma
peça). "Por este motivo o nosso objetivo é ter uma automação flexível
que possa ser adaptada para diferentes peças", esclarece o
vice-presidente.
Do ponto de vista de automação, segundo o executivo, a Embraer
atingiu o mesmo nível de competitividade das grandes fabricantes Airbus e
Boeing. A companhia americana, recentemente até visitou a brasileira
para conhecer de perto o funcionamento dos gabaritos móveis, utilizados
na produção das asas do E2.
Em Évora (Portugal), a Embraer construiu dois centros de excelência
na produção de estruturas metálicas e compósitos. "Essas duas plantas
fazem os revestimentos da asa do E2. A Embraer implantou em Évora o
estado da arte em automação", ressaltou Soares.
Os jatos da nova geração E2 são o terceiro grande projeto que a
Embraer aplica novas tecnologias de automação e fábrica digital. "O
Legacy 500 foi o primeiro projeto que gente conseguiu conciliar os
benefícios da automação com o produto. Depois veio o KC-390 onde
avançamos um pouco mais e agora com o E2 estamos cada vez mais próximos
do conceito de fábrica 4.0", comentou o executivo.
Na chamada manufatura digital ou fábrica 4.0, segundo Soares, todas
as máquinas e sensores da fabricação irão conversar entre si. " As
máquinas vão dar uma informação em tempo real do que está acontecendo na
produção e a Embraer já está indo nessa direção", afirmou.
Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4355430/embraer-sai-na-frente-e-automatiza-linha-de-asas
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