sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Vendas de títulos soberanos é limitada

O rebaixamento do rating do Brasil para grau especulativo pela Fitch Ratings, a segunda agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do país, deve provocar uma venda de bônus soberanos em dólar em fundos passivos. O impacto, contudo, deve ser limitado no caso das posições detidas pelos estrangeiros na dívida pública local.
O BofA Merrill Lynch calcula que fundos passivos de índices podem realizar vendas forçadas entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão em ativos soberanos brasileiros, após o rebaixamento feito pela Fitch.
Já o Barclays prevê que cerca de US$ 1,6 bilhão em bônus soberanos brasileiros pode sofrer "vendas forçadas" por fundos passivos do exterior após o corte.
O BNP Paribas calcula que a exclusão do Brasil dos fundos de índices como o Agregado Global e Agregado Global Estados Unidos do Barclays poderia significar um fluxo, pela venda forçada dos ativos, entre US$ 4,5 bilhões a US$ 5,5 bilhões em papéis de dívida soberana denominados em moeda forte, como o dólar.
O Barclays diz que, se esses investidores tivessem uma posição mais forte no mercado de dívida brasileira, a exclusão do Brasil de índices de fundos dedicados a ativos com grau de investimentos poderia significar a venda de cerca de US$ 5,2 bilhões em bônus soberanos em moeda forte.
O contraponto disso, segundo o Barclays, é que fundos "high yield", que investem em ativos com grau especulativo, teriam de fazer compras forçadas de cerca de US$ 1,4 bilhão em ativos soberanos brasileiros. Nas contas do banco, a posição líquida de venda seria de US$ 3,9 bilhões. "Contudo, acreditamos que investidores 'high yield' estão com ampla posição 'underweight' [abaixo da média do mercado] em Brasil", diz o Barclays. "Considerando uma posição 43% menor do que o peso do 'benchmark', estimamos que a venda forçada fique em US$ 1,6 bilhão."
Já o BNP Paribas calcula que os investidores globais de papéis "high yield" podem ser obrigados a comprar, dependendo do peso do Brasil no mercado, cerca de US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, o que resultaria numa venda líquida de US$ 3 bilhões a US$ 3,5 bilhões.
O BNP lembra que os fundos que investem recursos de fundos de pensão, fundos soberanos e seguradoras tendem a não adicionar mais dívida brasileira em seus portfólios, mas também não têm, necessariamente, que vender as posições atuais.
Segundo o BofA Merrill Lynch, a "vasta maioria" dos fundos é ativa e muitas dessas carteiras já estão com posição "underweight" [abaixo da média do mercado] para a dívida soberana brasileira. Isso ocorre tanto porque esses fundos preferem dívida corporativa com o mesmo status, mas pagando juros maiores, quanto porque já haviam reduzido as alocações, ficando com uma posição menor ou vendendo tudo em antecipação ao rebaixamento do rating soberano.
Os principais detentores de dívida brasileira são fundos dedicados a emergentes, que podem aplicar em papéis com rating abaixo do grau de investimento.
No caso dos investimentos em títulos soberanos locais, o BNP Paribas estima que a exclusão do Brasil implicaria em uma saída potencial de US$ 1,425 bilhão nesses papéis, o que é pouco se comparado ao total de US$ 128 bilhões detidos por investidores estrangeiros na dívida pública brasileira em moeda local.
O banco aponta que uma parte substancial dos eventos recentes está embutida nos preços. O real, e os títulos públicos como a Nota do Tesouro Nacional - série F (NTN-F) e série B (NTN-B) já negociam como instrumentos de crédito abaixo do grau de investimento.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4362984/vendas-de-titulos-soberanos-e-limitada

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