De acordo com a Associação Brasileira
de Energia Eólica, a fonte, que começou a ser inserida de forma mais
incisiva a partir de 2009, já alcançou 7% da matriz elétrica. A
presidente executiva da entidade, Élbia Gannoum, destacou durante a
abertura da 7ª edição do Brasil Windpower, evento que é realizado no Rio
de Janeiro até a próxima quinta-feira, 1º de setembro, os diversos
números que a fonte atingiu neste período.
Entre esses está a geração de 41 mil
postos de trabalho, investimentos acumulados de R$ 60 bilhões desde
1998, recordes de geração de energia como no dia 1º de agosto às 10
horas, quando a fonte representou 10% do SIN com 6.159 MW e fator de
capacidade de 72%. E ainda que a perspectiva seja promissora já que é a
fonte que mais tem participado da expansão o sistema e cujo potencial
total do país ultrapassa os 500 GW.
“Muito em breve seremos a segunda
fonte de energia da matriz elétrica nacional. Éramos chamados de fonte
alternativa há pouco tempo, passamos a ser complementar e agora surgiu
um novo termo que é de fonte renovável moderna. A fonte eólica traz a
reposta à transformação energética pela qual o país passa e está
trazendo um novo jeito de promover investimentos no setor energético
nacional”, afirmou a executiva no principal evento de energia eólica da
América Latina.
Os principais estados em termos de
potencial instalado no Brasil são o Rio Grande do Norte com 115 parques e
3.164 MW, seguido da Bahia com 73 usinas e 1.897 MW, em terceiro está o
Rio Grande do Sul com 66 parques e 1.568 MW e, bem próximo, aparece o
Ceará com 50 usinas por onde se dividem 1.580 MW de potência instalada.
Mas, a fonte ainda enfrenta desafios. Segundo Edgard Corrochano, diretor
geral da Gamesa, em um vídeo apresentado na abertura, questões como
financiabilidade de projetos, a existência de linhas de transmissão para
o escoamento da energia e a previsibilidade e estabilidade na
contratação de projetos nos leilões A-3, A-5 e LER são fundamentais para
que o Brasil ganhe mais eficiência.
Com a marca dos 20 GW já garantidos mesmo pouco após ter alcançado os
10 GW, Élbia destacou que a terceira tranche de 10 GW é o desafio a ser
enfrentado. De acordo com ela, fatores como a demanda de energia, as
questões de financiamento e os critérios de margem de escoamento estarão
no centro das discussões. Ainda segundo ela, no curto prazo é
necessário que a demanda de energia volte com força. "Não estamos tendo
crescimento que justifique a contratação. Tem que voltar a crescer para
contratar", avisa.
O presidente do
Global Wind Energy Council (GWEC) Steve Sawyer, por sua vez, ressaltou
ainda que a América Latina será uma região onde a fonte eólica
continuará sua curva de crescimento a despeito dos desafios que fazem
frente ao setor. E ainda, que será o Brasil o a liderar esse
desenvolvimento do mercado eólico. Tanto é assim que o país foi o quarto
maior mercado de expansão eólica no mundo, atrás apenas da China,
Estados Unidos e Alemanha, segundo a entidade, com 4,3% da demanda
global da fonte.
Em sua
participação no evento, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento
Energético do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Azevedo, ressaltou
que o governo tem se esforçado em conciliar as demandas do setor
elétrico, sejam estruturais ou as conjunturais no sentido de atrair a
retomada dos investimentos na expansão para o país voltar a crescer. E
que no contexto das metas assumidas pelo país na COP-21, de ter 23% da
matriz elétrica proveniente de fontes renováveis fora a
hidroeletricidade, a eólica tem papel preponderante para que seja esse
índice seja alcançado. “A geração eólica e a indústria é um caso de
sucesso no Brasil. Sucesso que precisa ser ampliado e mantido. Há muito a
se fazer e cabe ao governo transformar os desafios em oportunidades”,
acrescentou ele.
Ainda na abertura
do evento foi entregue a Bento Koike, fundador da Tecsis, a Odilon
Camargo, presidente da Camargo Schubert, e Mário Araripe, presidente da
Casa dos Ventos, a homenagem de Embaixador do Vento pela obra dessas
personalidades e sua contribuição ao desenvolvimento do setor eólico.
“Se tivéssemos a olimpíada do vento, teríamos a velocidade dos
jamaicanos e a regularidade dos quenianos”, comparou Araripe ao receber a
honraria. Ele citou ainda a crise econômica pelo qual o Brasil passa e
suas dificuldades como a redução de carga, um fato novo em meio aos
últimos anos. “O vento pede cuidado, pois a eólica continuar a ser o
motor de retomada do crescimento do país”, discursou.
Já Odilon Camargo lembrou que
percorreu o interior dos estados brasileiros e relatou que viu muita
pobreza nessas regiões. E que a eólica promoveu uma transformação por
onde passou. “Tenho a certeza, depois de 40 anos, que a gente sempre
deve olhar é para o futuro. E a eólica ficará mais fácil, reduzirá
custos e expandirá para outros estados. As máquinas tendem a crescer. O
futuro é brilhante (...)há muita coisa para acontecer para as próximas
gerações”, finalizou.