terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Tarifa de energia indica trajetória de queda em 2017, diz consultoria

As contas de luz dos consumidores de energia terão um alívio em 2017. Cálculos realizados pela consultoria especializada Thymos Energia indicam que as tarifas das distribuidoras que passarão por processo tarifário (revisão ou reajuste) no primeiro semestre deste ano devem ter queda de, em média, 2,5%. A redução deve ser mais significativa na região Sudeste, onde a variação deve ficar na faixa de -8,75%; no Centro-Oeste, a queda deve ser de 5%, e no Nordeste, de 0,5%. As estimativas da consultoria levam em conta principalmente a diminuição de encargos setoriais prevista para o período e o custo da energia entregue por Itapu, valorada em Dólar, que apresentou redução significativa no câmbio nos últimos meses. 

No total, 29 concessionárias de todo o país passarão por processos tarifários no primeiro semestre de 2017, incluindo a Enel Distribuição Rio (RJ), Cemig (MG), Energisa Mato Grosso (MT), Energisa Mato Grosso do Sul (MS), Coelba (BA) e a Celpe (PE). Esses processos são conduzidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "Nesse primeiro semestre vamos ter uma pressão maior de queda nas tarifas de energia. Como as distribuidoras que passam por processos tarifários no segundo semestre já absorveram esses efeitos nos reajustes passados, o impacto da redução deverá ser menor na segunda metade do ano", disse Ricardo Savoia, diretor de Regulação e Gestão de Energia da Thymos.

De acordo com o especialista, a perspectiva de redução das tarifas se deve principalmente ao corte na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O encargo que cobre custos como o programa de universalização do acesso à energia elétrica e a geração de energia nos sistemas isolados deve cair de R$ 18,3 bilhões, em 2016, para R$ 14,1 bilhões, neste ano. Além disso, os processos devem considerar a reversão dos valores da CVA (Conta de Valores da parcela A) existente nas contas das distribuidoras em favor dos consumidores.

Savoia explicou que a queda do Dólar frente ao Real favorece os consumidores de energia brasileiros, uma vez que a energia entregue pela hidrelétrica Itaipu aos consumidores é valorada com base na moeda norte-americana. "Nos processos tarifários, principalmente para as empresas da região Sudeste, você tem uma pressão forte no câmbio", destacou.

A energia de Itaipu é comprada compulsoriamente pelas distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A Aneel definiu, no final de 2016, um aumento de 11,4% no custo em dólar da energia gerada pela usina. O aumento foi impulsionado por legislação que determinou que a Aneel considerasse, no cálculo do preço da energia da usina, valores não pagos pela União à Itaipu Binacional referentes a faturas vencidas no ano passado. Por outro lado, os valores previstos para o câmbio diminuíram, reduzindo a intensidade do aumento das tarifas da energia da usina.
 
Savoia explicou também que contratos de compra de energia mais caros, firmados em leilões do tipo A-1, estão sendo substituídos por contratos mais baratos, na medida em que grandes hidrelétricas como Santo Antonio, Jirau, Teles Pires e Belo Monte começam a entregar grandes blocos de energia. Além disso, o despacho térmico foi menor em 2016.

Pressões nos custos – Por outro lado, a inclusão da indenização prevista pela portaria 120/16, do Ministério de Minas e Energia na receita das transmissoras, irá pressionar as contas de luz, impedindo quedas maiores nas tarifas. É que, por decisão do governo, as tarifas passarão a incorporar a indenização sobre os investimentos feitos nas transmissoras até maio de 2000 e que não haviam sido amortizados. A expectativa é que R$ 55 bilhões sejam cobrados dos consumidores -- a partir de julho de 2017 - pelos próximos oito anos. Cabe lembrar que a indenização faz parte do processo de renovação das concessões, oficializado pela publicação da Medida Provisória 579/12, ainda durante o governo da presidente Dilma Rousseff.

Em razão do pagamento das indenizações, disse Savoia, a tarifa-fio vai aumentar entre 40% e 80%, dependendo da tensão em que o consumidor estiver conectado. "Isso é um ponto positivo para quem deseja migrar para o mercado livre." O aumento da transmissão favorece a migração, uma vez que os consumidores do Grupo A4, que contratam energia de fontes incentivadas (como eólica ou pequenas centrais hidrelétricas), têm reduções de 50% ou mais no custo do fio.

O especialista explicou que a redução das tarifas de energia não diminui a atratividade do mercado livre, que hoje tem permitido uma redução da ordem de 20% nos custos de energia das empresas. A redução dos preços futuros devido à recente revisão da carga do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que reduziu o crescimento do mercado, fez com que os custos da energia no ACL permanecem atraentes.
 
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Pedro Alves Melo, engenheiro: A Exposição Residual e as constantes de tempo do Setor Elétrico Brasileiro

Em reportagem de 20/01/2017 o Portal CanalEnergia informa que a ANEEL abre consulta pública sobre a exposição residual do MRE. O objetivo é obter subsídios para a discussão conceitual sobre a alocação das exposições residuais, atendendo requerimento administrativo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica – Apine. Destaca-se que os geradores apontam prejuízo provocado pela diferença entre o intercâmbio de energia programado para o NE e o realizado.
Que o tema é oportuno não resta qualquer dúvida, mas o problema, aumento das diferenças entre os intercâmbios programados e os intercâmbios realizados, já era esperado à medida que aumentasse o nível de penetração da geração eólica no Sistema Interligado Nacional – SIN, mais especificamente entre o Nordeste e demais regiões.  
Essas diferenças têm pouco a ver com a conjuntura hidrológica atual do rio São Francisco, mas, muito a ver com a limitada flexibilidade operacional das usinas geradoras, tanto hidrelétricas quanto termelétricas já instaladas na região. Como essas usinas não são apropriadas para acomodar de forma eficiente as variações naturais da geração eólica na própria região Nordeste, a solução indicada pelo planejamento foi a implantação de substanciais reforços nas interligações regionais. Esta não é necessariamente a melhor solução técnico-econômica. A percepção é que não houve maiores esforços para avaliar outras alternativas que poderiam acomodar o máximo possível da geração eólica na própria região, reduzindo a necessidade desses reforços. 
Cabe observar a inconsistência do planejamento pois, enquanto são leiloadas fontes geradoras como eólica e solar, que por sua natureza exigem complementariedade operacional através de fontes geradoras controláveis e flexíveis, ao mesmo tempo são leiloadas fontes inflexíveis para a mesma região. Este foi o caso do último leilão de Energia Nova A-5 em que foram leiloados para a região Nordeste 2.500 MW de termelétricas a GNL.
Como a principal característica dessas termelétricas é o elevado grau de inflexibilidade, o problema só se agravará. Espera-se que, por falta de estudos com a abrangência que que o tema exige, não saia uma solução do tipo, “cria um novo encargo e joga nas costas do consumidor final”, enquanto as instituições responsáveis pela gestão do SIN aprofundam o assunto.
Medidas que evitassem este tipo de inconsistência já deveriam estar definidas. Em 2014, isto é, há mais de 2 anos, o MME fez uma licitação internacional para contratar, com recursos do Banco Mundial, uma consultoria para estudar o tema, os impactos da crescente inserção da geração eólica na operação do SIN. O momento é oportuno para a divulgação dos resultados desses estudos para que a sociedade possa contribuir de forma proativa nesta audiência pública, subsidiando a ANEEL na regulação técnico-econômica da questão. Já a EPE informou que em 2017 iniciará estudos sobre o tema, quando em 2020 a capacidade instalada de geração eólica na região Nordeste será de quase 18.000 MW. Não é mais possível continuar esperando que os problemas apareçam para depois estuda-los. Enquanto isso, são feitos ajustes regulatórios conjunturais nos quais, na maioria dos casos, os custos só recaem nas costas do consumidor final. 

Leia mais em:http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=115692

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Carga de energia deve fechar janeiro com aumento de 6,4%, diz ONS

O Sistema Interligado Nacional (SIN) deverá registrar em janeiro carga de energia da ordem de 68.314 MW médios, crescimento de 6,4% na comparação com o mesmo mês de 2016, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) nesta quinta-feira, 26, durante reunião para apresentação do Programa Mensal de Operação (PMO) de fevereiro. O resultado é 0,7 ponto percentual superior ao estimado pelo ONS no início do ano, quando o operador apontava para um crescimento de 5,7%.

As estimativas foram superadas positivamente nos submercados Sudeste/Centro-Oeste (+2,8%) e Sul (+2%), enquanto no Nordeste o desempenho se manteve em linha com o esperado pelo ONS. O desvio da carga de janeiro só não foi maior porque o subsistema Norte performou bem abaixo do projeto pelo Operador (-7,9%), em razão das chuvas e das baixas temperaturas verificadas na cidade de Manaus. 
 
Dessa forma, janeiro deve fechar com carga de 40.613 MW médios no Sudeste, 12.191 MW médios no Sul, 10.924 MW médios no Nordeste e 5.156 MW médios no Norte. Lembrando que a carga de energia é a soma do consumo nacional de energia com as perdas da rede elétrica.

Para fevereiro, a expectativa é que o SIN apresente carga de 69.463 MW médios, aumento de 1,8% na comparação com fevereiro de 2016. ONS espera que em março a carga some 67.885 MW médios, aumento de 1% na comparação com março de 2016. Caso as previsões se concretizem, a carga de energia do primeiro trimestre do ano deverá apresentar evolução de 3%, para 69.524 MW médios, em linha com apresentado no Plano de Operação Energética 2017 (PEN).

Reservatórios - O ONS apresentou também a previsão de energia armazenada máxima para a primeira semana operativa de fevereiro. A expectativa é iniciar o mês com 36,5% de capacidade no Sudeste, 62,2% no Sul, 17% no Nordeste e 22,9% no Norte. 
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Para Choice, privatizações na distribuição trarão onda de investimentos contra perdas

As privatizações das distribuidoras da Eletrobras, pautadas para acontecer ainda este ano, devem trazer um grande volume de investimentos no setor, segundo avaliação da Choice, empresa de tecnologia para utilities. Para o CEO Denis Maia, esse processo, além de despertar o interesse de grandes grupos internacionais e nacionais, vai trazer ao país as melhores práticas no assunto adotadas no mercado global. "Vai ser um movimento positivo para o Brasil, os investimentos em perdas serão maciços nessas empresas pós-privatização. Qualquer comprador vai ter como prioridade a redução de perdas “, admite.
Para Maia, a redução de perdas traz para essas concessionárias à venda um alto potencial de transformação, o que aumenta a sua atratividade. Ainda segundo Maia, o modelo regulatório brasileiro também contempla as perdas, inseridas na composição da tarifa. A recuperação da nova receita também possibilita retorno para os acionistas das distribuidoras. Eletrobras Amazonas Energia (AM), Eletrobras Distribuição Alagoas (AL), Eletrobras Distribuição Piauí (PI), Eletrobras Distribuição Roraima, Eletrobras Distribuição Rondônia (RO) e Eletrobras Distribuição Acre (AC) historicamente tem nas perdas um problema. A Celg (GO), que estava em poder da Eletrobras e foi vendida para a Enel, também tinha índices altos de perdas de energia, devendo receber atenção especial do novo dono.
Em 2016, a solução Revenue Inteligence da Choice fez a Celpe bater sua meta de energia recuperada. A solução deu um refino nas buscas e indica os consumidores com maior probabilidade de se detectar fraudes por meio de algoritmos de inteligência artificial. Ela consegue achar a fraude que vale mais em termos de recuperação de receita. Outras distribuidoras, como Light (RJ) e AES Eletropaulo (SP) também já fazem uso de soluções da Choice.
Com atuação internacional e em mercados considerados emergentes, a Choice vê o Brasil como um dos líderes em busca de tecnologias contra perdas de energia. O aumento das perdas comercias também sinalizam que todo o setor deve aumentar seus investimentos. Ele conta que o movimento de buscas por tecnologias de inteligência para eficientização por aqui já superou a procura por tecnologias de medição. Frisando o grande potencial de mercado que o país tem nessa área, o executivo atualmente coloca a Colômbia como a maior parceira da Choice na América Latina. Contratos firmados com as Empresas Públicas de Medellín na área de água e energia a colocaram nesse patamar. Uma regulação local arrojada também favorece a atuação de empresas de tecnologia.  "A Colômbia tem uma regulação pró-redução de perdas com aspectos mais avançados que a do Brasil, como reconhecimento de soluções de softwares como investimentos a serem compensados na tarifa, o que não acontece aqui", observa.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Investimentos_e_Financas.asp?id=115642

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Leilões terão regra atraente a investidor, diz diretor-geral da ANP

A 14ª Rodada de Licitações, prevista para meados do ano com áreas do pós-sal, e o terceiro leilão do pré-sal, que deve ocorrer no fim do ano, já devem contar com novas regras de conteúdo local. Esta é a expectativa do novo diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Oddone, há um mês no cargo.
A mudança nas regras de conteúdo local é uma reivindicação antiga das petroleiras, mas enfrenta resistência da indústria. A política foi criada para estimular a utilização de fornecedores locais, mas, diante da dificuldade dos fornecedores para atender a demanda, houve um aumento nas multas aplicadas pelo órgão regulador pelo não cumprimento dos índices. O assunto está em discussão no Conselho Nacional de Política Energético (CNPE).
Em entrevista ao GLOBO, o novo diretor-geral da ANP afirmou que os quatro leilões previstos para este ano serão atraentes para os investidores privados nacionais e internacionais de pequeno, médio e grande porte.
— Acredito que o CNPE vai introduzir alterações na política de conteúdo local para essas duas rodadas (14ª e terceira do pré-sal). O conteúdo local é importante, mas desde que dê competitividade e fortaleça a indústria nacional. Tem que ser factível, a indústria nacional tem que ter objetivos ambiciosos — destacou Décio.
A chamada “rodadinha” de campos terrestres marginais (antigos) — voltada para pequenas petroleiras — será em maio e não terá conteúdo local. Já em meados do ano, o segundo leilão do pré-sal, das chamadas áreas unitizadas (contíguas a campos já em exploração), manterá os mesmos níveis de conteúdo local destas áreas que já estão sendo exploradas (Sapinhoá, Gato do Mato, Tartaruga Verde e Carcará).
‘REORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA’
A ANP ainda está selecionando as áreas no terceiro leilão do pré-sal, no fim do ano.
— A ideia é fazer uma rodada atraente para companhias de perfis diferentes, oferecendo áreas que já têm maior grau de conhecimento e outras onde o risco exploratório é maior — disse.
Segundo Oddone, a realização de quatro leilões num ano demonstra que os certames serão feitos a partir de agora com regularidade, outra reivindicação antiga da indústria de petróleo, que se ressente da falta de previsibilidade. O país ficou sem realizar novos leilões durante cinco anos, período em que se discutiu o novo regime de exploração do pré-sal e a divisão de royalties. Somente em 2013 se voltou a realizar leilões, incluindo o primeiro do pré-sal, com a concessão de Libra.
Sobre a polêmica revisão dos valores do petróleo para efeito de cálculo do pagamento de royalties, em andamento na ANP, o diretor-geral disse que é uma questão técnica.
— É a dinâmica das coisas. A composição do preço do petróleo de referência e o valor do óleo nacional mudam. Espero resolver logo — destacou.
Segundo Décio, o setor de petróleo e gás no país passa por um momento de profunda transformação, com a mudança no papel da Petrobras em setores como exploração e produção, refino e gás natural.
— É um momento de reorganização da indústria. Toda essa movimentação da Petrobras gera a responsabilidade da agência, de forma que o consumidor seja beneficiado e os os agentes econômicos tenham liberdade para atuar gerando emprego e renda.

Leia mais em: http://oglobo.globo.com/economia/leiloes-terao-regra-atraente-investidor-diz-diretor-geral-da-anp-20821887

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Impostos e a tarifa de eletricidade

A tarifa de eletricidade é tema escolhido por vários políticos, em todo o País, para a construção de suas plataformas eleitorais. Numerosos atores dos Poderes Executivo e Legislativo desenvolvem parte significativa de seus discursos de aproximação com a população criticando reajustes e revisões da conta de luz sem conhecer a lógica por trás desses mecanismos, ou seletivamente os ignorando. Curiosamente, tais autoridades dão pouca ou nenhuma atenção à carga tributária que pesa sobre o setor elétrico.

Um estudo recém-concluído que desenvolvemos em parceria com a PwC revelou que em 2015 a carga tributária consolidada de tributos e encargos do setor elétrico atingiu 51,64% da receita das empresas. A título de comparação, esse valor foi de 40,23% em 2014, o que implica um aumento de 26,3%. A metodologia adotada para o cálculo é conservadora porque, em vez de se extrapolar a carga tributária teórica com base nas alíquotas de oito tributos (federais, estaduais e municipais) e dez encargos do setor elétrico embutidos na tarifa, totaliza-se o valor efetivamente pago por 45 empresas nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de eletricidade. Os dados extraídos das demonstrações financeiras dessas empresas somaram R$ 88,1 bilhões pagos em tributos e encargos para uma receita operacional bruta de R$ 170,5 bilhões. Detalhes podem ser obtidos em www.acendebrasil.com.br/estudos.



A sociedade precisa cobrar a redução dos tributos e encargos sobre a conta de luz

Colocando uma lente de aproximação sobre a carga de 51,64%, os tributos federais responderam por 14,36%, os estaduais por 21,87%, os municipais por 0,02% e os encargos setoriais por 15,39%. Olhando de outra forma, a União e os Estados abocanharam 36,23% da conta de luz, arrecadaram R$ 61,7 bilhões e responderam por 70,1% da carga de tributos e encargos. O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz identifica algumas propriedades desejáveis de um sistema tributário, entre os quais se destacam eficiência, simplicidade e transparência. A tributação no setor elétrico revela a carência de balizamento nesses princípios, porque introduz ineficiência produtiva, castiga os consumidores e agentes da cadeia produtiva com sua altíssima complexidade e é pouquíssimo transparente em sua lógica de formação e em seu impacto sobre o preço final da energia elétrica.

Os tributos visíveis na conta de luz não refletem a carga tributária total que incide sobre os consumidores. Há vários outros tributos e encargos pagos pelas concessionárias de distribuição que não são destacados na conta de eletricidade ou são cobrados dos elos a montante da cadeia produtiva do setor elétrico. Em outras palavras, além das empresas distribuidoras, elo visível para o consumidor, também pagam impostos as empresas de geração e transmissão.

Quando se observa a evolução do sistema tributário ao longo do tempo, percebe-se que a situação atual é fruto de um "pragmatismo tributário" em que as mudanças se pautam pela necessidade de arrecadar mais fundos para o governo de maneira rápida, previsível e não transparente. Dessa forma o governo vem aumentando as alíquotas e introduzindo novos tributos sobre o setor elétrico sem uma avaliação de seus efeitos sobre o bem-estar social, considerando apenas a relativa facilidade de sua implementação e a eficácia na arrecadação. O setor elétrico é um dos alvos prediletos do fisco, porque a energia elétrica é um bem de consumo universalizado, proporcionando uma ampla base de arrecadação, o que permite arrecadar muitos recursos de maneira dispersa, de forma pouco visível, despertando pouca ou nenhuma resistência dos contribuintes.

A redução dos tributos federais e estaduais é a medida mais eficiente atualmente disponível para os governantes a fim de reduzirem a tarifa de eletricidade. No entanto, o monitoramento permanente que fazemos das iniciativas parlamentares revela que esse tipo de pleito raramente é atendido. Ao contrário, o que mais se vê são iniciativas de políticos defendendo o aumento de subsídios na conta de luz para atender a interesses de grupos de pressão. Ironicamente, esta última ação, tão simpática para alguns, provoca aumento tarifário para os que não são beneficiados pelos subsídios. É por causa do acúmulo, ao longo de décadas, dessas práticas populistas e com pouca transparência sobre os seus efeitos que atingimos o recorde de tributos e encargos sobre o setor elétrico.

Um bom exemplo dos perigos por trás desse populismo que assola o setor elétrico é o que se verificou com o aumento do encargo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), rubrica que cobre várias despesas do setor: universalização do acesso à eletricidade, subsídio ao consumidor de baixa renda, custo de combustíveis para usinas termoelétricas e outros. Esse encargo, que em 2014 consumiu cerca de R$ 1,5 bilhão (ou 0,96% da tarifa), saltou para R$ 21,5 bilhões em 2015 (ou 12,63% da conta de luz). A explicação: parte da promessa eleitoreira feita pelo governo federal em 2012, quando anunciou a redução de 20% da conta de luz, foi suportada no início com aportes da União, política que se provou insustentável. A partir de 2015 a União deixou de alocar recursos do seu Orçamento para a CDE e tais custos tiveram de voltar para a tarifa.

A carga tributária sobre o setor elétrico brasileiro é inaceitável. Como a eletricidade está na base de tudo o que se produz e consome no País, a sociedade brasileira precisa reagir, cobrando dos políticos de suas bases eleitorais medidas concretas para a redução dos tributos e encargos sobre a conta de luz. É por isso que o recente aumento do ICMS sobre a eletricidade no Rio de Janeiro representa, com todo o respeito, uma incrível falta de respeito.

Leia mais em: A tarifa de eletricidade é tema escolhido por vários políticos, em todo o País, para a construção de suas plataformas eleitorais. Numerosos atores dos Poderes Executivo e Legislativo desenvolvem parte significativa de seus discursos de aproximação com a população criticando reajustes e revisões da conta de luz sem conhecer a lógica por trás desses mecanismos, ou seletivamente os ignorando. Curiosamente, tais autoridades dão pouca ou nenhuma atenção à carga tributária que pesa sobre o setor elétrico.

Um estudo recém-concluído que desenvolvemos em parceria com a PwC revelou que em 2015 a carga tributária consolidada de tributos e encargos do setor elétrico atingiu 51,64% da receita das empresas. A título de comparação, esse valor foi de 40,23% em 2014, o que implica um aumento de 26,3%. A metodologia adotada para o cálculo é conservadora porque, em vez de se extrapolar a carga tributária teórica com base nas alíquotas de oito tributos (federais, estaduais e municipais) e dez encargos do setor elétrico embutidos na tarifa, totaliza-se o valor efetivamente pago por 45 empresas nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de eletricidade. Os dados extraídos das demonstrações financeiras dessas empresas somaram R$ 88,1 bilhões pagos em tributos e encargos para uma receita operacional bruta de R$ 170,5 bilhões. Detalhes podem ser obtidos em www.acendebrasil.com.br/estudos.



A sociedade precisa cobrar a redução dos tributos e encargos sobre a conta de luz

Colocando uma lente de aproximação sobre a carga de 51,64%, os tributos federais responderam por 14,36%, os estaduais por 21,87%, os municipais por 0,02% e os encargos setoriais por 15,39%. Olhando de outra forma, a União e os Estados abocanharam 36,23% da conta de luz, arrecadaram R$ 61,7 bilhões e responderam por 70,1% da carga de tributos e encargos. O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz identifica algumas propriedades desejáveis de um sistema tributário, entre os quais se destacam eficiência, simplicidade e transparência. A tributação no setor elétrico revela a carência de balizamento nesses princípios, porque introduz ineficiência produtiva, castiga os consumidores e agentes da cadeia produtiva com sua altíssima complexidade e é pouquíssimo transparente em sua lógica de formação e em seu impacto sobre o preço final da energia elétrica.

Os tributos visíveis na conta de luz não refletem a carga tributária total que incide sobre os consumidores. Há vários outros tributos e encargos pagos pelas concessionárias de distribuição que não são destacados na conta de eletricidade ou são cobrados dos elos a montante da cadeia produtiva do setor elétrico. Em outras palavras, além das empresas distribuidoras, elo visível para o consumidor, também pagam impostos as empresas de geração e transmissão.

Quando se observa a evolução do sistema tributário ao longo do tempo, percebe-se que a situação atual é fruto de um "pragmatismo tributário" em que as mudanças se pautam pela necessidade de arrecadar mais fundos para o governo de maneira rápida, previsível e não transparente. Dessa forma o governo vem aumentando as alíquotas e introduzindo novos tributos sobre o setor elétrico sem uma avaliação de seus efeitos sobre o bem-estar social, considerando apenas a relativa facilidade de sua implementação e a eficácia na arrecadação. O setor elétrico é um dos alvos prediletos do fisco, porque a energia elétrica é um bem de consumo universalizado, proporcionando uma ampla base de arrecadação, o que permite arrecadar muitos recursos de maneira dispersa, de forma pouco visível, despertando pouca ou nenhuma resistência dos contribuintes.

A redução dos tributos federais e estaduais é a medida mais eficiente atualmente disponível para os governantes a fim de reduzirem a tarifa de eletricidade. No entanto, o monitoramento permanente que fazemos das iniciativas parlamentares revela que esse tipo de pleito raramente é atendido. Ao contrário, o que mais se vê são iniciativas de políticos defendendo o aumento de subsídios na conta de luz para atender a interesses de grupos de pressão. Ironicamente, esta última ação, tão simpática para alguns, provoca aumento tarifário para os que não são beneficiados pelos subsídios. É por causa do acúmulo, ao longo de décadas, dessas práticas populistas e com pouca transparência sobre os seus efeitos que atingimos o recorde de tributos e encargos sobre o setor elétrico.

Um bom exemplo dos perigos por trás desse populismo que assola o setor elétrico é o que se verificou com o aumento do encargo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), rubrica que cobre várias despesas do setor: universalização do acesso à eletricidade, subsídio ao consumidor de baixa renda, custo de combustíveis para usinas termoelétricas e outros. Esse encargo, que em 2014 consumiu cerca de R$ 1,5 bilhão (ou 0,96% da tarifa), saltou para R$ 21,5 bilhões em 2015 (ou 12,63% da conta de luz). A explicação: parte da promessa eleitoreira feita pelo governo federal em 2012, quando anunciou a redução de 20% da conta de luz, foi suportada no início com aportes da União, política que se provou insustentável. A partir de 2015 a União deixou de alocar recursos do seu Orçamento para a CDE e tais custos tiveram de voltar para a tarifa.

A carga tributária sobre o setor elétrico brasileiro é inaceitável. Como a eletricidade está na base de tudo o que se produz e consome no País, a sociedade brasileira precisa reagir, cobrando dos políticos de suas bases eleitorais medidas concretas para a redução dos tributos e encargos sobre a conta de luz. É por isso que o recente aumento do ICMS sobre a eletricidade no Rio de Janeiro representa, com todo o respeito, uma incrível falta de respeito.

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3319-impostos-e-a-tarifa-de-eletricidade-o-estado-de-s-paulo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Comissão da Câmara rejeita PL sobre implantação de rede subterrânea

A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados rejeitou o Projeto de Lei 6743/13, que obriga a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a estabelecer metas de implantação de sistemas subterrâneos de distribuição de energia elétrica a serem cumpridas pelas empresas concessionárias. A proposta modifica a lei que institui a Aneel. O objetivo do autor, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), é dar solução ao problema de acidentes nas redes de distribuição aéreas, como o contato com fios desencapados. Segundo o deputado, em 2012, foram 818 acidentes, que geraram 293 mortes.
O parecer do relator, deputado Caetano (PT-BA), foi contrário à matéria. Ele reconhece que “os índices de acidentes em redes de transmissão no Brasil são alarmantes e inaceitáveis”. Porém, segundo ele, não foi demonstrada a viabilidade econômica da medida proposta. Além disso, haveria vício de iniciativa, já que a Constituição Federal estabelece competência privativa ao Presidente da República para dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal. A proposta, que tramita de forma conclusiva, será analisada agora pelas comissões de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3317-comissao-da-camara-rejeita-pl-sobre-implantacao-de-rede-subterranea-canal-energia

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Apesar de calor, recessão faz brasileiro reduzir consumo de energia



Num verão em que a sensação térmica no Rio chegou a 48,6° Celsius, a crise econômica e o aperto no orçamento estão funcionando como um freio no consumo de energia. Na avaliação do economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta nos preços “disciplinou” consumidores e empresas. Isso porque a queda de 10,66% dos preços da energia elétrica em 2016 não foi suficiente para aliviar o aumento de 49% acumulado entre 2013 e 2015. No mesmo período, a inflação como um todo, medida pelo IPCA, acumulou alta de 24,7%.

— A energia é um serviço do qual o consumidor pouco abre mão, mas a alta de preços acaba disciplinando as pessoas. Não só pelas tarifas altas, mas também pela introdução de tributos como iluminação pública e bandeira tarifária — disse Braz.


Segundo cálculos da consultoria Thymos Energia com base em dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), o consumo médio de energia elétrica nos 16 primeiros dias do ano ficou em 65.819 Megawatts (MW) médios, um pouco acima do dos 62.249 MW médios registrados em dezembro. Apesar do aumento, que o presidente da consultoria, João Carlos Mello, considera pontual, analistas avaliam que o consumo de energia do país se mantém praticamente estagnado nos mesmos patamares de 2013, antes da crise econômica.

— Dá para perceber que os valores estão estagnados desde 2013-2014. A situação do abastecimento está confortável, não há risco de problemas, porque a demanda caiu muito. A recessão está fazendo com que, neste verão, os níveis de consumo se aproximem dos de 2013. A tendência é que a carga (demanda) se mantenha ao longo do ano num perfil semelhante ao de 2013, na faixa de 63 mil MW médios — afirmou Mello.

RODÍZIO E AR-CONDICIONADO

No salão de beleza Milzana Azevedo, em Niterói, o primeiro passo foi fazer um mapeamento das despesas. Segundo Almir Azevedo, responsável pela administração, o objetivo era reduzir custos e compensar a redução no movimento de clientes:

— Todas as lâmpadas foram trocadas pelas de LED e passamos a fazer a manutenção dos aparelhos de ar condicionado mais frequentemente. Além disso, nossa voltagem passou a ser 220 volts.

A ginástica do orçamento inclui a checagem constante para evitar que todas as luzes e os cinco aparelhos de ar condicionado fiquem ligados ao mesmo tempo.

— A gente procura coordenar o funcionamento dos aparelhos para determinados horários. Isso ajudou a diminuir em quase um terço o nosso consumo de energia — disse.

De acordo com Braz, a recessão influencia o consumo de ao menos duas formas: nas empresas, reduz a produção e aumenta a capacidade ociosa, o que diminui a demanda por energia. Nas famílias, reduz o espaço no orçamento doméstico. Só em 2016, o rendimento do trabalho caiu de R$ 2.305, em janeiro, para R$ 2.029, um tombo de 11,9%, já considerando a inflação, segundo os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

O economista observa que isso acaba gerando um efeito cultural: uma vez cortado, o consumo de energia tende a ficar mais baixo, por causa da mudança de hábitos. Situação semelhante, destaca, ocorreu após o racionamento no início dos anos 2000, quando o brasileiro começou a incorporar medidas de eficiência energética.Pet shop. Débora Mannarino conseguiu reduzir conta em 22,3% com medidas de eficiência e queda no movimento - Paulo Nicolella / Paulo Nicolella

A pet shop e clínica veterinária República Animal diminuiu o consumo de energia. Em janeiro, a queda foi de 22,3% em relação a igual mês do ano passado. Débora Gondim Mannarino, sócia-proprietária, diz que conseguiu reduzir o consumo em itens como cafeteira, ventiladores e trocou o ar-condicionado por um aparelho mais econômico. A demanda um pouco menor com a crise também contribuiu para reduzir o consumo, conta Débora:

— Para o nosso negócio, é muito complicado reduzir energia. Temos três secadores, dois sopradores, que consomem da mesma forma que aspiradores de pó, e ar-condicionado na sala de tosa e banho. Nossa voltagem é de 220 volts para diminuir o consumo. No auge da alta, nossa conta subiu 40%. Agora, diminuiu um pouco, mas acredito que a bandeira verde também tenha ajudado.

Na clínica, medidas de economia também foram intensificadas, como sempre desligar o ar-condicionado quando as salas não estão em uso. O consumo caiu de 2.451 KW/h em janeiro do ano passado para 1.901 KW/h neste mês.

— A queda reflete dois fatores: nossas medidas de economia e o movimento um pouco menor — explicou Débora.

Para o economista e professor do Ibmec Gilberto Braga apesar da queda no valor da tarifa de energia elétrica no ano passado, a conta de luz ainda pesa no orçamento do brasileiro. Dessa forma, a população foi obrigada a modificar hábitos:

— Em 2015, a conta de luz aumentou significativamente. As pessoas foram obrigadas a se acostumar a economizar. Elas viram que valia a pena investir em eletrodomésticos mais modernos, que consomem menos energia, e, em alguns casos, até em placas fotovoltaicas (para energia solar).

Na lavanderia Lav&Cia, a conta caiu, mesmo sem medidas de contenção ou reestruturação de gastos. Segundo Carlos Pacheco, o fator principal foi a procura menor pelo serviço.

— Infelizmente, o movimento caiu bastante e, com isso, nossa conta de luz teve queda de 15% a 20%. Até conseguimos adiar um reajuste nos preços dos serviços — disse Pacheco.

No período de férias, até os shopping centers — destino tradicional de quem busca se distrair com as vitrines e fugir das altas temperaturas — buscaram reduzir a conta de luz. Segundo o superintendente do RioSul, Márcio Werner, janeiro é o terceiro mês de maior movimento.

— O shopping espera receber cerca de 1,5 milhão de consumidores neste mês. Isso se deve, principalmente, ao período de férias escolares e atrações especiais no período — destacou.

SEM MUDANÇA NA BANDEIRA ATÉ ABRIL

Para refrescar tanta gente e economizar na tarifa, o shopping trocou todas as torres de refrigeração, o que ajudou a reduzir o consumo:

— Como os equipamentos são bem mais modernos e eficientes que os anteriores, houve economia de cerca de 5% na energia.

O Madureira Shopping seguiu o mesmo caminho e fez uma reestruturação no consumo de energia.

— Cortamos todos os desperdícios que ocorriam, como manter a iluminação acesa fora do horário de funcionamento do shopping. Além disso, fizemos um controle rígido de eficiência dos equipamentos de ar condicionado, que correspondem a 50% do consumo total de energia do shopping — disse Gleiciane Cavalcante, gerente de Operações do shopping.

Com a cautela do consumidor e a queda na atividade econômica, está sobrando energia. Segundo Luiz Eduardo Barata, diretor-geral do ONS, não há risco de desabastecimento, mesmo com as temperaturas elevadas deste início de ano. Não há risco nem mesmo de mudança na bandeira tarifária, sistema que atribui uma taxa adicional na conta de luz quando é necessário utilizar energia de usinas termelétricas para atender aos consumidores. Atualmente, a bandeira está na cor verde, o que significa que não há cobrança extra. Segundo Barata, no ano passado, entraram mais 9.500 MW médios de potência instalada de várias usinas:

— As temperaturas estão mais elevadas do que imaginávamos para esta época do ano, mas temos folgas por causas ruins: a retração da economia garante o abastecimento sem risco em todo o país.

Dados do ONS mostram que o nível dos reservatórios das usinas no último dia 16, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, estava em 33,5%. No Sul, em 70%, no Norte, em 20,6% e, no Nordeste, onde a situação é mais crítica e a região enfrenta uma forte seca, em 17,13%. A expectativa do ONS é, dependendo do volume de chuvas, chegar a abril com nível médio de 70% dos reservatórios do Sudeste e de 10% no Nordeste. De acordo com Barata, estão sendo enviados cerca de mil MW do Sudeste e outros mil MW do Norte para o Nordeste. (*) Estagiária, sob supervisão de Janaina Lage

Leia mais em: http://oglobo.globo.com/economia/apesar-de-calor-recessao-faz-brasileiro-reduzir-consumo-de-energia-20796099

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Redes inteligentes economizam energia

s novas tecnologias que vão moldar o futuro, como o uso de robôs, carros autônomos e a internet das coisas prometem revolucionar a vida diária. No entanto, por mais fascinantes que sejam, elas de nada adiantarão se faltar energia. A preocupação com a geração e a distribuição de eletricidade é fundamental para manter o novo mundo digital em funcionamento. As redes inteligentes de energia - smart grids, em inglês - garantem uma arquitetura de distribuição elétrica mais segura, conectando todos os usuários da cadeia e proporcionando soluções mais eficientes, como geração sustentável e consumo consciente.
O conceito de rede inteligente parte do princípio de que o fluxo de energia elétrica e de informações se dá de forma bidirecional. Assim, a energia tradicionalmente gerada e distribuída a partir de instalações das concessionárias poderá, também, ser produzida e integrada às redes elétricas a partir de unidades consumidoras, como fábricas, lojas e residências. A tecnologia permite desligamentos e religamentos remotos e a detecção de falhas na rede. Com ela, as concessionárias podem oferecer tarifas diferenciadas e flexíveis, dispensar os leituristas e eliminar ligações clandestinas.
Para Raul Colcher, especialista do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), a implementação de smart grids está em fase inicial no Brasil, mas já existem investimentos privados no desenvolvimento de medidores, que são dispositivos essenciais à viabilização de redes inteligentes de distribuição. "Ainda há necessidade de regulamentar as tarifas, que sinalizam os custos de capacidade das redes. Elas são a base de mudança do comportamento das pessoas para que haja consumo consciente de energia", afirma.
Na opinião de Gadner Vieira, gerente-geral da Silver Spring Networks no Brasil, o país passa por um momento de transformação. "Os avanços começaram pela energia porque ela é cada vez mais escassa e importante", diz. "Começou nos medidores, depois passou para transmissão, permitindo aplicações em veículos elétricos, painéis solares. E vem migrando para outras aplicações. As cidades estão se tornando inteligentes, com novos conceitos de iluminação pública, equipamentos led e dimerização (diminuição da intensidade conforme a necessidade para economizar energia)", explica.
Vieira destaca que foi a partir das redes inteligentes que a internet das coisas (IoT, sigla em inglês para Internet of Things) se materializou, utilizando a mesma tecnologia em eletrodomésticos, sensores que cuidam de irrigação de jardins, latas de lixo que avisam quando estão cheias, câmeras que mandam alarmes e outras inovações. "A smart grid foi a primeira aplicação em cima da filosofia da internet das coisas, porque os medidores falam com outros equipamentos e tomam decisões."
O uso se intensificou na véspera da Copa do Mundo no Brasil, com o desafio de garantir que não faltasse luz nas cidades-sede. "Foram feitos testes, com a colocação de 700 pontos. Depois dos benefícios, a rede foi ampliada para mais de 3,7 mil pontos", ressalta Vieira. No Brasil, a Silver Spring Networks trabalhou em conjunto com a CPFL, por três anos, para automatizar chaves e sensores de distribuição de energia.
Como a infraestrutura de distribuição é antiga no país, quando consumidores passam a gerar energia a partir de painéis solares, a medição se torna um problema para as concessionárias. "É preciso identificar quando ele está injetando e quando está consumindo energia. Além disso, é necessário haver controle para que a injeção não cause distúrbio para os vizinhos, afetando tensão e a corrente", assinala. Só com uma rede inteligente, como as que já existem em Paris, Estocolmo, Copenhagen, Glasgow e Miami, é possível gerenciar tudo isso e ainda agregar o controle da iluminação pública e dos semáforos.
"A smart grid foi a primeira aplicação da internet das coisas, porque os medidores falam com outros equipamentos e tomam decisões."
Gadner Vieira, gerente-geral da Silver Spring Networks no Brasil

Custos em queda
O diretor da empresa de projetos luminotécnicos AMX Brasília, Márcio Simas, explica que as redes inteligentes permitem a automação da iluminação dos ambientes ou escritórios, fábricas, aeroportos, trazendo benefícios ao meio ambiente e contribuindo diretamente com a eficiência energética.  "Com o aumento da utilização dessa tecnologia em escala mundial e a expansão da oferta por mais fornecedores, os custos dos equipamentos estão caindo", diz Simas. A aplicação em indústrias, grandes empreendimentos e até em residências é cada vez mais viável, estimulando a procura das pessoas por sistemas mais ecológicos.
Instalações obsoletas
A tecnologia de redes inteligentes é ótima, mas o Brasil ainda precisa evoluir muito nesse campo, segundo Marco Afonso, especialista em infraestrutura da CGI. "As redes básicas do país têm 40 ou 50 anos. A maioria nem sequer tem bom isolamento, haja vista que qualquer chuvinha abala o fornecimento de energia. Precisamos primeiro vencer a obsolescência das nossas redes básicas para mitigar as interrupções", alerta.
Para Afonso, o governo precisa regulamentar e definir qual será a estratégia de remuneração das concessionárias que investirem em redes inteligentes. "O investimento é alto e não pode ser repassado integralmente de uma vez só para os consumidores", adverte. E o Brasil, assinala, está muito atrasado. "Não dá para imaginar uma substituição maciça de medidores num país em que as empresas de energia estão extremamente endividadas", ressalta.
A tecnologia está sendo largamente difundida em países da Europa, onde o número de veículos elétricos cresce de forma exponencial. "Isso implica recarregar os carros. Hoje, a gente monitora mais de 8 mil eletropostos na Escandinávia. O nosso sistema inteligente faz toda a medição, inclusive descontando o pagamento na conta de energia do cliente. Mas essa realidade vai demorar para chegar ao Brasil", lamenta Afonso.

Pioneirismo
Em meio ao atraso brasileiro, a cidade paulista de São Luiz do Paraitinga saiu na frente e recebeu um moderno sistema de iluminação, semelhante ao que existe em Paris. A iniciativa engloba medição inteligente, geração distribuída, uso de veículos elétricos e iluminação pública, com a adoção de luminárias led e sistema de telegestão. A novidade vai permitir uma redução de 54%, para os cofres públicos, nos custos de manutenção e de consumo de energia. Além disso, o sistema tem menor impacto ambiental que o das redes tradicionais.
O projeto inclui a instalação de painéis solares para a geração de eletricidade em prédios públicos e de 6 mil medidores inteligentes em todo o município, que permitirão aos clientes acompanhar o consumo pela internet.  Todos os pontos de iluminação pública são monitorados em tempo real, por meio de um controlador instalado nas luminárias. O sistema de gerenciamento permite ligar, desligar e verificar a situação de cada ponto da rede, além da possibilitar a elaboração de relatórios sobre o consumo.

De olho na sustentabilidade
O cuidado com o meio ambiente é uma preocupação que deve se intensificar no futuro. Ter uma casa totalmente sustentável era o plano do assessor técnico Pedro Paranaguá, 39 anos, da Eco Casa Solar. Sozinho, ele projetou todos os sistemas da sua residência. Durante o dia, não é preciso ligar nenhuma lâmpada da casa, que tem três quartos, uma suíte, closet e escritório. "Desde criança, sou ligado à sustentabilidade. Projetei a casa para receber luz natural durante todo o dia, e também tenho placas para gerar energia elétrica", conta.
Todos os materiais escolhidos por Pedro foram pesquisados cuidadosamente. Os tijolos de adobe e as telhas shingle, usados na construção, por exemplo, são feitos de barro e não emitem gás carbônico na atmosfera, além de contribuir para manter a temperatura no interior. "Nos dias quentes, o ar dentro da casa é fresco, já que a terra demora mais para absorver e liberar calor. À noite, a temperatura permanece, mesmo que lá fora esteja frio, por ser uma área de muitas árvores", explica.
A casa possui placas de energia solar para aquecer água e também as fotovoltaicas, ligadas à rede da CEB, para geração de energia elétrica. Todos os eletrodomésticos e lâmpadas, geladeira, ferro de passar, máquina de lavar, liquidificador, torradeira e televisão funcionam movidos pela luz solar. O investimento foi de R$ 8 mil, há dois anos. Pedro paga apenas o valor mínimo da conta. "Não tenho o aparelho que mede a quantidade acumulada, porque meu sistema é pequeno. Mas sei que não gasto mais do que estou gerando. O que pago de condomínio e taxa, em um ano, é mais do que gastei para instalar o sistema", argumenta. Pensando em um consumo consciente, ele escolheu uma geladeira média, com freezer interno, e optou por uma máquina de lavar pequena, que só é usada duas vezes por semana.
Toda a água utilizada na casa é reaproveitada. O que é usado nas pias, chuveiros, máquina de lavar e tanque, cerca de 80% do total consumido na residência, vai para o jardim, em um sistema de irrigação por gotejamento. Os demais 20% são da chamada água negra dos vasos sanitários, que alimentam saudáveis bananeiras, por meio de uma fossa manual construída por Pedro, já que a casa não possui rede de esgoto.
Entre as energias do futuro, as fontes solar e eólica são as comercialmente mais fortes, no entender de Álvaro Quadrado, engenheiro da FTP Green. Ele lembra que há fontes como biogás, que utiliza substâncias poluentes, como dejetos de animais, para a geração de energia. Apesar do efeito estufa, ela é considerada renovável. "O biogás é economicamente viável, mas o incentivo é pequeno porque o Brasil é atrasado. Algumas usinas já utilizam essa fonte na Alemanha. Aqui, ainda temos vários aterros sanitários e lixões a céu aberto que poderiam proporcionar geração de energia", diz.
*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo
R$ 8 MIL
Investimento feito por Pedro Paranaguá na compra e montagem dos equipamentos

Abatimento na conta
Charles Renato Barbosa, 26 anos, engenheiro da Luz Soluções Energéticas, explica que, entre as vantagens ecológicas da energia solar, está a diminuição ou mesmo dispensa do fornecimento de rua. Com isso, diminui a necessidade de linhas de transmissão ou de ligação de usinas termoelétricas, poluentes ao meio ambiente. "É uma energia limpa, que exige um investimento um pouco alto, mas é um produto que se paga e se torna viável no futuro", diz.
Na própria casa, Barbosa adotou o sistema solar fotovoltaico offgrid, que consiste numa rede isolada com abastecimento de uma bateria. Ele é recomendável para lugares com frequentes faltas e picos de luz. "É uma forma de gerar energia silenciosa, em vez de utilizar o gerador, que é poluente e barulhento. Com a energia armazenada nas baterias, eu consigo suprir algumas lâmpadas e tomadas para manter um conforto mínimo", afirma.
O engenheiro planeja instalar também o sistema solar fotovoltaico ongrid, em que a empresa ou a residência produz energia e transmite para a rede da concessionária, recebendo, em troca, um abatimento na conta de luz. "Vale lembrar que o mecanismo não zera o valor da fatura. Mesmo se o consumo for menor que a geração, o responsável precisa pagar uma taxa mínima", observa. Quando se instala o sistema, o medidor tradicional é substituído por um biodirecionável, que mensura quanta energia se produziu e quanta se consumiu. "O leitor que vai fazer a conferência compensa automaticamente. Se há produção acima do consumo, o proprietário fica com créditos", afirma Barbosa. Ele explica ainda que a energia eólica e a solar são complementares às demais fontes.
Fontes como o movimento das marés também são ecológicas, mas com pouca eficiência, ressalta Álvaro Quadrado, engenheiro da FTP Green. "Ela é sustentável porque utiliza uma força natural para produzir energia, mas é pouco desenvolvida ainda", diz. Ele afirma que, para disseminar essas novas fontes, são necessários financiamentos com juros baixos. "O ganho ambiental é o que essas energias têm de melhor."

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3305-redes-inteligentes-economizam-energia-correio-braziliense

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Otávio Rezende, especialista: novo governo vai provocar mudanças no setor

Vendo o ministério de Minas e Energia com disposição para investir em autoprodução e o financiamento como desafio para todo o setor elétrico, Otávio Rezende, que em dezembro o deixou a presidência do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia, conta em entrevista à Agência CanalEnergia que fontes renováveis como a solar e a eólica podem ocupar um lugar na autoprodução e que o investimento na modalidade é antídoto para conter a alta dos custos com energia. Rezende - que foi um dos idealizadores da associação e ocupou a presidência da Votorantim Energia de 2002 a 2015 - recorda no começo da entrevista que a fundação da associação veio da necessidade de se criar um meio de comunicação com o governo para que fossem mostrados os benefícios dos investimentos em autoprodução. "Foi criado um canal e o governo entendeu", conta.

Rezende pede evolução na questão dos riscos e sinais para ações de longo prazo. “Estamos vivendo uma época que todo mundo está variando a manchete da semana e quando você está falando de ativos intensivos de capital você tem que pensar na manchete daqui a cinco, dez anos”, avisa.

Agência CanalEnergia: Como surgiu a ideia de criar a Abiape?
Otávio Rezende: Ela surgiu pela necessidade de que existia da indústria de aumentar a sua geração própria, de criar um canal que pudesse falar permanentemente com o governo como um grupo de investidores. Na época, precisávamos clarear algumas regras, o que seria bom e incentivar ainda mais. Nada mais foi do que mostrar ao governo que "não estamos aqui pedindo energia mais barata, mas apenas a oportunidade de ter a nossa própria energia e queremos investir nisso” e foi nesse sentido que foi criada a Abiape. Foi criado um canal e o governo entendeu.

Agência CanalEnergia: Como vê o atual momento para a autoprodução de energia?
Otávio Rezende: O governo tem manifestado intenção de investir em autoprodutores. Durante um período ele não tinha essa visão, estava mais preocupado coma oferta para o mercado cativo. Agora recentemente mudou. Acho que essa mudança de governo vai provocar uma mudança também no setor de energia, principalmente em relação ao financiamento dos projetos, provavelmente o BNDES não vai suprir toda a expansão.
É a hora que você precisa contar com grandes grupos fazendo investimentos para garantir a expansão. No fundo tanto faz, qual a origem da energia, energia entrando no sistema é bom para todo mundo. Eu sou autoprodutor, estou entrando e não está consumindo tudo e está aliviando todo o sistema.

Agência CanalEnergia: Como vê o financiamento para autoprodução?
Otávio Rezende: Não é só para autoprodução. O setor elétrico é muito calcado no BNDES, acho que outra coisa que a tendência natural é que as taxas do BNDES se aproximem das taxas do mercado, não deve existir mais a diferença que existia no passado e com isso, outras fontes surgem naturalmente. O governo deve trabalhar um pouco mais na parte de regulação, para afastar o risco de mercado e atrair novos bancos, tem muito banco anunciando.
Energia, como é superintensivo em capital, você precisa de banco de fomento mesmo, o banco que era mais competitivo que tinha no mercado era o BNDES. Agora não é que não vá ter o BNDES, vai ter, só que junto com outra fonte. Vai ter que passar de novo o que tivemos no passado, indexação também em dólar, parte da energia vai ser indexada em dólar para poder atender ao banco que vai entrar no sistema. Acho que vão flexibilizar para todo mundo que vai investir em infraestrutura poder emitir debênture incentivada, a estrutura de capital também está se flexibilizando, poderá ter um leque de opções para e fazer a expansão.
Agência CanalEnergia: O senhor vê espaço para a entrada de renováveis na autoprodução?
Otávio Rezende: O problema da renovável é que ela não é uma energia flat, é sazonal. Ela necessita de um complemento. Um dos assuntos que tem sido falados no governo é poder usar as hidrelétricas para estocar energia das eólicas para autoprodução. Naquele período que tem mais vento, gera mais, não consome tudo aquilo e depois usa essa energia que fica estocada no sistema. É um modo de dar atratividade para as fontes renováveis, que têm esse problema, não tem energia firme. A própria Votorantim está investindo em renováveis e tem outros grupos que estão estudando. Com um pouco mais de flexibilidade em regulação, acho que vão investir sim.
Para o mercado da autoprodução, seria necessário ter um mecanismo que permitisse isso. Acho que está sendo estudado. No passado isso já foi feito na época que a Petrobras não tinha gás para despachar as térmicas, ela quando tinha gás gerava e guardava a água e quando precisava ela estocava a água. Acho que é uma possibilidade que é bem viável, ajuda o sistema e temos que pensar em todas as oportunidades que tragam energia para a expansão.
Acho que vamos acabar com aquela referência de preço de leilão, do custo marginal de expansão, porque ele não tem nada a ver com preço do leilão, o preço do leilão é indicativo de uma concorrência, mas não é o custo final da energia, que é quando eu tenho o despacho térmico. Devem procurar um modelo de eficiência aonde a energia mais barata firme que entrar vai ser a prioritária.

Agência CanalEnergia: Como fazer com que o grande consumidor invista na autoprodução quando ele pode apenas comprar a energia no mercado livre?
Otávio Rezende: A diferença é que quando a energia estiver muito cara e o mundo estiver produzindo energia mais barata, ele vai ter dificuldade de exportar. Ele como produtor está gerenciando o seu custo. Quando ele pensa em longo prazo, um projeto de dez anos ou mais, ele tem que levar isso em consideração. Se ele não ficar competitivo no Brasil, dá para exportar. Não está competitivo, não dá para exportar. Reconquistar o mercado não é rápido.

Agência CanalEnergia: Qual a sua visão para a autoprodução para os próximos anos?
Otávio Rezende: O autoprodutor investe quando ele vê o custo marginal da expansão muito elevado em relação a necessidade dos preços da commodity de energia na sua atividade fim. O único modo de você travar esse custo é você investir parte do seu dinheiro em geração própria. Quando você está apontando com um custo marginal de energia, ele é sempre ascendente. O modo de você gerenciar o seu custo só tem um, é investindo. Se você tem em energia um fator relevante no seu custo de produção, o modo de você proteger a sua atividade é investir em energia. Principalmente quem trabalha com produtos que são commodities mundiais, competem com custos de energia de países mais eficientes.

Agência CanalEnergia: O senhor vê uma melhora do ambiente de negócios?
Otávio Rezende: Tem que evoluir um pouco na questão da regulação em alguns riscos. Um dos riscos que já está sendo visto é o que não tem sentido ter em determinados momentos do ano um PLD tremendamente baixo. Se os nossos reservatórios viraram anuais e todo ano vai despachar térmica, não tem sentido, você em uma época desestocar a água muito barata, para três meses depois estar comprando água a um preço de térmica.
Essa época de PLD baratos tem que começa a acabar. Ter um sinal mais ou menos real do uso da energia, isso vai mudar um pouco o mercado, vai todo mundo querer começar a alongar o contrato. Ninguém vai querer ficar em contrato de um ano, vai ter mudanças. O custo de transmissão, eles não colocam corretamente na expansão esse custo. Tem que se discutir a competitividade: o autoprodutor é aquele que busca a competitividade ao seu negócio.
Falta o sinal do longo prazo para temas como gás e cogeração. É que estamos vivendo uma época que todo mundo está variando a manchete da semana e quando você está falando de ativos intensivos de capital você tem que pensar na manchete daqui a cinco, dez anos.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=115455