quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Energia eólica é responsável por 50% do abastecimento do Nordeste

A estiagem que há mais de seis anos atinge a Região Nordeste do Brasil, com forte impacto nas usinas da Bacia do São Francisco e afetando a geração de energia hidroelétrica, levou a fonte eólica a responder por mais de 50% da energia fornecida à região.

A afirmação foi feita pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata.

O diretor lembrou que até 2008/9 todo o suprimento energético do Nordeste decorria de fontes hidroelétricas fornecidas pelas usinas da Bacia do São Francisco.

“Com a redução das chuvas e das afluências, tivemos que buscar nova fonte e foi aí a que apareceu a fonte eólica. O resultado tem sido excepcional, até porque a região é acometida por ventos excepcionais e razoavelmente constantes, o que proporciona uma capacidade de geração que se situa entre as melhores do mundo”, explicou.

Para Luiz Eduardo, é exatamente em decorrência da forte estiagem na Bacia do São Francisco que hoje a energia eólica tem “importância capital para a Região Nordeste, situação que deverá continuar por muito tempo, uma vez que não vislumbramos, a curto prazo, uma mudança das característica atuais”.

Ele disse, ainda, que é possível imaginar que, no futuro, com a chegada de outras fontes de energia, como a térmica, por exemplo, o sistema poderá oferecer alternativas e responder mais rapidamente ao principal problema decorrente da forte dependência da geração eólica que, por depender dos ventos, e, portanto, ser intermitente, precisa de outras fontes que compensem as variações dos ventos.

“A geração termoelétrica de rápida resposta é uma fonte boa, assim como a hidroelétrica, só que a estiagem está travando a fonte hídrica em razão da falta de chuva na região. Com a recuperação da cascata do São Francisco, que só será possível no médio e no longo prazos, poderemos usá-la como mitigador da intermitência da fonte eólica”, afirmou.


Luiz Eduardo, no entanto, garantiu que o fornecimento da energia para o Nordeste está assegurado. Embora hoje a solução de maior garantia para a região passe pela energia eólica, há ainda, segundo disse, uma contribuição significativa da energia hidroelétrica importada do Norte e do Sudeste.

“Hoje podemos dizer que o abastecimento do Nordeste, na maior parte do tempo, está sendo garantido pelos mais de 50% da energia eólica produzida na região. Depois, entra aí nesta equação a fonte térmica, além da energia hídrica que vem do Norte e Sudeste. Mas é evidente que embora assegurado, a complexidade da operação para viabilizar o abastecimento aumentou bastante”, acentuou.


O diretor do ONS disse que a energia proveniente de fonte eólica já responde em torno de 6% da capacidade da matriz energética brasileira, percentual que tende a se expandir até chegar em torno de 10% a 12% em 2021. “Este percentual deverá expandir dos atuais 10 mil megawatss para algo em torno de 14 a 15 mil megawats em 2021, o que é um crescimento significativo”, opinou.

No último dia 16 de julho, a energia eólica respondeu por 12,6% de toda a energia demandada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). No Nordeste, um novo recorde: 64,2% da energia consumida na região, no último dia 30 de julho, foram provenientes dos ventos.

Leia mais em: https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2017/08/energia-eolica-e-responsavel-por-50-abastecimento-nordeste/32444

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Energia eólica atinge 12 GW de capacidade acumulada no Brasil

A fonte de geração de energia eólica atingiu 12 gigawatts (GW) de capacidade acumulada no Brasil. O patamar foi anunciado na abertura da 8ª edição do Brazil Windpower, o maior evento de energia eólica da América Latina, que até quinta-feira (31), vai reunir investidores e representantes do segmento, no centro do Rio de Janeiro. O encontro é promovido pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) e pelo Grupo CanalEnergia.
Com a capacidade acumulada de 12GW, o Brasil passou de 10º para a 9º lugar no ranking mundial dos principais países geradores de energia eólica e ultrapassou a Itália. Do ano passado para este houve um acréscimo de 2GW e o país ficou em quinto lugar mundial em nova capacidade instalada.
No ano passado, o setor eólico investiu US$ 5,4 bilhões. Para a presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, o setor não chegou a ser afetado pela crise econômica porque a evolução se baseia em decisões que tinham sido tomadas anteriormente. “O que está acontecendo em 2017 foi, geralmente, decisão de 2014 e 2015. Em 2018, a gente já vai sentir um pouquinho as decisões de 2015 e 2016. A expansão de 2019, provavelmente, vai ser um pouco menor, só que, por outro lado, a gente já vai estar com retomada. Então, no final das contas, a gente sofreu o efeito da economia, mas foi reduzido pelo fato das decisões serem anteriores”, disse.
Leilões
Elbia Gannoum disse que, com a retomada dos leilões de geração no primeiro trimestre de 2018 para a oferta de energia a partir de 2022, o setor vai novamente ganhar perspectivas de investimentos. “A gente vai recuperar a curva de crescimento com esses leilões, que segundo o governo serão razoáveis e, a partir de 2018, a retomada em um ritmo mais acelerado”.
A energia eólica tem, atualmente, mais de 450 parques instalados no país, No ano passado, abasteceu, por mês, cerca de 18 milhões de residências, com aproximadamente 54 milhões de habitantes. “Estamos com uma Belo Monte espalhada nos estados do Nordeste e do Sul do país”, disse a presidente, em comparação com a capacidade de produção de energia da usina hidrelétrica construída no Pará.
Pelos cálculos da ABEEólica, levando em consideração os projetos já assinados que estão com empreendimentos em fase de construção ou contratados, até 2020, serão instalados mais 270 novos parques eólicos. Se isso se confirmar, serão mais 6 GW para o sistema. Conforme as estimativas, a cada megawatt instalado, o segmento cria 15 postos de trabalho. Até agora, no total acumulado há 180 mil empregos diretos e indiretos.

Leia mais em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-08/energia-eolica-atinge-12-gw-de-capacidade-acumulada-no-brasil

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Moeda virtual estimula comércio de energia solar na Austrália

Uma empresa australiana está lançando uma versão própria do bitcoin que permitirá que proprietários de imóveis e empresas vendam energia excedente gerada a partir de painéis solares instalados em seus telhados a vizinhos sem destinar uma fatia a intermediários.

Até esta segunda-feira, a Power Ledger, que tem sede em Perth, havia vendido cerca de 57% de um total de 100 milhões dos chamados “tokens de energia” oferecidos a 8,8 centavos de dólar americano cada desde domingo. Um limite de US$ 25.000 foi fixado para impedir que grandes entidades controlem o mercado.

— Isso tornará os painéis solares mais viáveis financeiramente e melhorará a eficiência do mercado de energia — disse Jemma Green, cofundadora e presidente da empresa, em entrevista. — Isso também permitirá que pequenos investidores que desejam apoiar a energia renovável comprem pequenas participações em projetos solares de grande porte e de propriedade da comunidade.

Segundo relatório de abril da RenewEconomy, a capacidade de energia solar da Austrália “deverá duplicar nos próximos anos porque as famílias continuam investindo em painéis para telhados para reduzir as contas de eletricidade e porque o setor solar de grande escala está decolando após anos de promessa”.

Cerca de 5,6 gigawatts da capacidade solar total do país, de 6 gigawatts, vêm de painéis de telhado, e o restante deriva de projetos de grande porte, segundo a RenewEconomy. Apesar de nesta fase atenderem a apenas cerca de 3,3% da demanda total de energia do país, os painéis estão em 21% dos telhados australianos adequados para eles, maior penetração de painéis solares do mundo, informou.

Os tokens que estão sendo emitidos pela Power Ledger, criada em maio de 2016, também permitirão que parques solares vendam eletricidade a clientes individuais e que edifícios de apartamentos e escritórios comercializem energia de painéis solares instalados em seus telhados, disse Green.

Para facilitar o comércio, a empresa desenvolveu sua própria tecnologia de blockchain, que usa um livro-razão distribuído para facilitar as transações sem intermediários. Os blockchains agora estão sendo usados para tudo, desde vendas de ingressos para shows até distribuição de registros médicos de forma confidencial e emissão de títulos de catástrofes.

— A revolução da internet nos deu muitas formas de compartilhar informações, mas a distribuição dessas informações de forma controlada antes era difícil — observou Jemma. Os blockchains são uma forma de garantir que haja apenas uma única cópia verdadeira que não pode ser alterada e que pode ser transmitida entre pares.

A Power Ledger está vendendo também outra parcela de tokens a um preço ainda não revelado. Cerca de 90 milhões dos 250 milhões de tokens desse lote foram vendidos.

Leia mais em: https://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/moeda-virtual-estimula-comercio-de-energia-solar-na-australia-21757106

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Bandeira tarifária de setembro será amarela, informa Aneel

A bandeira tarifária vai passar de vermelha patamar 1 em agosto para amarela em setembro. A explicação para a mudança no auge do período seco é uma conjunção de fatores, que vai desde as chuvas que caíram no Sul e no Sudeste no mês passado à ampliação da geração eólica no Nordeste, que tem atendido boa parte da carga da região. Foi feita ainda uma revisão que reduziu a previsão de carga do sistema, que trouxe uma pequena redução no consumo. Este mês, o consumidor pagou uma taxa extra nas contas de luz de R$ 3 a cada 100 kWh consumidos. Esse valor cairá no mês que vem para R$ 2 a cada 100 kWh. O anúncio da bandeira de setembro será publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica nesta sexta-feira, 25 de agosto.

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3605-bandeira-tarifaria-de-setembro-sera-amarela-informa-aneel-canal-energia

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Banco Votorantim lança financiamento de energia solar para residências

Um financiamento para aquisição de sistema de energia solar para residências será ofertado pelo Banco Votorantim (BV). A linha de crédito terá prazo de pagamento entre 12 e 60 meses com taxas de 1,56% ao mês. O valor mínimo da operação é de R$ 5 mil.

Serão oferecidas às pessoas físicas que querem instalar placas fotovoltaicas em imóveis. Na primeira versão, o financiamento será pré-fixado e cobrirá apenas o sistema de energia, não englobando a mão-de-obra da instalação. A instituição financeira defende que a falta de financiamento é um dos principais gargalos para o crescimento dessa modalidade de energia no Brasil.

A estimativa é que o investimento de uma casa padrão gire em torno de R$ 24 mil e o retorno desse montante, com a economia de energia, seja feito em cinco anos. A vida útil dos equipamentos é de cerca de 25 anos.

A BV Financeira anuncia a novidade em parceria com o Porto Solar. “O mercado de energia solar residencial está próximo de atingir o ponto de inflexão no Brasil, com potencial superior a 6 milhões de residências. A parceria com o Portal Solar nos dará a escala e expertise necessárias para nos posicionarmos nesse novo segmento”, disse o diretor executivo de Varejo, Marketing e Inovação Digital do Banco Votorantim, Gabriel Ferreira.

O Brasil é um dos países do mundo com maior potencial de crescimento neste setor devido à alta irradiação solar anual que o atinge. No entanto, possui menos de 1 GW de capacidade instalada desse tipo de energia. O mercado de energia fotovoltaica mundial está se expandindo. Em 2016, a China instalou 34,5 GW de painéis solares, seguido de Estados Unidos (14,7 GW) e Japão (8,6 GW).

Leia mais em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2017/08/24/internas_economia,620458/banco-votorantim-lanca-financiamento-de-energia-solar-para-residencias.shtml

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Setor elétrico aprova a proposta de privatização da Eletrobras

Como era esperado, não apenas o mercado financeiro, mas o setor elétrico recebeu bem a decisão do governo de privatizar a Eletrobras. No geral, a interpretação de lideranças empresariais ouvidas pela Agência CanalEnergia é de que a redução da participação do Estado na empresa vai ser benéfica, por trazer maior eficiência e  evitar a interferência política que tem prejudicado o desempenho da estatal ao longo do tempo.
“A impressão que eu estou tendo é que aparentemente é uma boa ideia realmente. É uma ideia interessante”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas, Xisto Vieira Filho. Ele diz que a transferência do controle da estatal vem ao encontro da modernização do setor, na proporção em que mais agentes privados deverão gerenciar ativos extremamente importantes para o Sistema Interligado Nacional. Algumas questões terão de ser tratadas no detalhamento do modelo de privatização. A proposta que o Comitê Executivo do Programa de Parcerias em Investimentos deve aprovar nesta quarta-feira, 23 de agosto, indica, por exemplo, a exclusão das usinas nucleares de Angra e da hidrelétrica binacional de Itaipu do processo.
Xisto Vieira destaca que os papéis principais do governo no setor elétrico devem ser o planejamento de longo e médio prazos, apoiado por pesquisa e desenvolvimento, e a parte de regulação. “É um negócio importante manter essas duas posições como posições de governo, e o resto deixa a iniciativa privada tocar”, diz. A leitura é reforçada pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, Mário Miranda, para quem a privatização é um grande sinal, porque o efeito da politização da Eletrobras só fez a empresa perder valor. “Quando o governo cede sua participação e chama a iniciativa privada, ele tem de chamar com segurança, sobretudo, e tem que demonstrar que é um parceiro empresarial, e não um parceiro com vertente política”, afirma Miranda.
Para o presidente da Abrate, a proposta do governo traduz a busca da sustentação para uma empresa que teve seu valor de mercado afetado ao longo do tempo pela falta de visão empresarial. “Não tenho os números, mas a perda de valor da Eletrobras [com a quebra de receita provocada pela Medida Provisória 579] foi muito rigorosa”, afirma o executivo. Ele lembra também que ao ser obrigada a assumir nos anos 1990 as distribuidoras das regiões Norte e Nordeste, uma atividade que nunca foi a vocação dela, a estatal perdeu fôlego realizar investimentos.
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica, diz que a notícia foi surpreendente e inesperada, mas concorda com a avaliação do governo de que a Eletrobras não tem mais condições de continuar aportando recursos em suas subsidiárias. Para o executivo, a decisão é uma medida extrema, mas necessária, diante da situação em que a empresa se encontra, e da própria situação de caixa do governo. “É muito mais uma constatação da realidade, um ato corajoso de admitir a necessidade de vender o controle para que a empresa continue existindo e tendo e importância que tem”, afirma o executivo.  Ele atribui à MP 579 um papel importante na solução proposta agora pelo governo, por ter  tirado bilhões de reais do valor da empresa a partir de 2012, e afetado a  geração de  caixa da  Eletrobras na mesma proporção.
O presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia, Mário Menel, disse que vê “com excelentes olhos” a privatização, que considera boa para o setor e a sociedade por assegurar o papel estratégico da Eletrobras. Há muitos pontos a serem detalhados, como, por exemplo, como vai ser feita a retirada da energia de 14 usinas hidrelétricas do sistema de cotas para o mercado regulado, e com será a apropriação pelas empresas Eletrobras de um parte dos recursos resultantes disso. “Para aumentar o valor da empresa você tem que resolver o GSF (fator que reflete o déficit de geração das usinas) e a descotização, dois problemas que afetam bastante o valor de mercado da Eletrobras.”
No primeiro momento, prevê o executivo, o consumidor perde com isso, porque não há mágica a fazer. Ele compra energia a R$ 60/MWh mais o risco hidrológico, e vai passar a comprar a R$ 180, R$ 190/MWh, o que daria os 7% de impacto nas tarifas previsto. “Aí é que o governo vai ter que balancear isso, para incluir alguma coisa na Conta de Desenvolvimento Energético e amortizar o impacto tarifário.”
O presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Edvaldo Santana, classifica o anúncio do governo como uma “das melhores notícias dos últimos tempos.” Santana destaca que ainda não se sabe os detalhes de como vai ser a retirada de energia do sistema de cotas. “Em princípio, a gente está entendendo, da análise das notas do próprio governo, que o dinheiro vai todo para o Tesouro. Se for assim, a gente acha que a privatização é uma ótima notícia, mas o efeito imediato é o aumento de tarifas.” A sugestão da indústria na consulta pública do MME sobre o modelo do setor elétrico é de que a descotização seja revertida integralmente para o consumidor.
Ao mesmo tempo em que aponta alguma incerteza, com relação à modelagem de venda, o executivo da Abrace acredita que o detalhamento não vai demorar muito. “Para a gente eles não poderiam dizer o que já esta feito, mas ninguém faria o que eles fizeram ontem sem que tudo isso já não estivesse pronto”, afirma Edvaldo. Ele cita como um indicativo o fato relevante e a nota publicada pelo Ministério de Minas e Energia na noite de segunda-feira, 21 de agosto, nos quais o governo  anunciou a  privatização e deu algumas indicações de como será o processo.
Para o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite, a Eletrobras privatizada ficará livre das amarras de uma empresa estatal e poderá, com isso, ser  mais eficiente. O resultado será a redução na tarifa no médio e longo prazos. “Eu acho que a sociedade vai acabar ganhando com isso.” Leite prevê que no primeiro momento haverá necessidade de investimentos, mas o setor privado terá capacidade de captar recursos a taxas menores que uma empresa pública. Para garantir o equilíbrio da empresa, esses investimentos terão de ser compensados nas tarifas.

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3598-setor-eletrico-aprova-a-proposta-de-privatizacao-da-eletrobras-canal-energia

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

IGUALDADE DE OPORTUNIDADES É UM DESAFIO NO SETOR ELÉTRICO

Ser minoria na atividade em que atua dentro de uma organização parece ser a regra quando se trata de mulheres em áreas tradicionalmente ligadas à engenharia, como o setor elétrico. Essa aparente solidão não é necessariamente uma coisa negativa para mulheres em posição de liderança, mas estudos mostram que apesar do esforço para alcançar a equidade de gênero, a igualdade de oportunidade para profissionais do sexo masculino e feminino ainda não é uma realidade no ambiente corporativo.

Advogada de formação, Ticiana Freitas de Souza está há um ano como superintendente de Fiscalização Econômico e Financeira da Agência Nacional de Energia Elétrica. O cargo já foi ocupado por dois contadores (um deles o atual diretor-geral da autarquia, Romeu Rufino) e um advogado, e uma presença feminina rompe de certa forma com a barreira de gênero. O padrão que inclui as mulheres em cargos gerenciais ou de direção como minoria também se repete na agência reguladora. “O que é muito comum é estar numa reunião, ter dez, 15 pessoas, e você ser a única mulher. Isso a gente vê. Se a gente está falando aqui da Aneel, que tem poucas mulheres, isso se replica também nas empresas do setor. É muito difícil você ver uma diretora, ou uma diretora presidente”, admite Ticiana.

O próprio ministério teve Dilma Rousseff como única ministra, e tem a tradição em reservar todos os cargos de segundo escalão para profissionais do sexo masculino. Vinda de uma área de atuação em que há certo equilíbrio entre homens e mulheres, a superintendente da Aneel garante, porém, que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito ou discriminação por questão de gênero, nem na autarquia, nem em sua passagem pelo setor privado e pelo setor público. “Eu nunca tive nenhuma experiência negativa em função de gênero. Minha experiência mais negativa foi em função de idade” relata, lembrando de ter enfrentado certo estranhamento pelo fato de ocupar cargos mais altos ainda muito jovem.

Ticiana começou no departamento jurídico da Coelce (hoje Enel Ceará) em Fortaleza em 1998. Já em Brasília, trabalhou como advogada na Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial (estatal criada no racionamento de 2001/2002 e já extinta); trabalhou na Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético e foi consultora jurídica do Ministério de Minas e Energia a partir de 2005. Nesse meio tempo, passou no concurso da Aneel como especialista em geração, onde começou a trabalhar em meados do ano passado, já como superintendente.

A história da chefe de gabinete do diretor-geral da Aneel, Nara Rúbia de Souza, se confunde com a própria criação da agência reguladora. Estudante de engenharia civil na Universidade de Brasília, ela começou como estagiária no antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica em 1995, foi contratada no ano seguinte pela DNAEE, onde trabalhou com o grupo que pensou a lei de criação da Aneel. Quando a autarquia substituiu o departamento em 1997, continuou na agência com contrato temporário, onde ocupou a função de assessora de superintendência e na sequência dos ex-diretores Isaac Averbuch e Edvaldo Santana até ser chamada para a chefia de gabinete por Romeu Rufino. Nara é servidora efetiva da agência desde 2005, quando passou em concurso público.

 “Para ser sincera, não tive dificuldades. Foi uma trajetória de sucesso mesmo. Acho que foi questão de muita oportunidade”, avalia a engenheira. Ela admite não ter parâmetro para dizer se o fato de trabalhar no setor público teria influenciado sua trajetória profissional, por nunca ter passado por empresas privadas. Mas acredita que o fato de ter menos mulheres em cargos de liderança no setor elétrico é consequência da quantidade maior de profissionais do sexo masculino no mercado. “Na minha turma, quando eu entrei em 1991 na UnB na engenharia civil, por incrível que pareça minha turma tinha bastante mulher”, conta a técnica da Aneel. Ela lembra que de 35 vagas umas 15 foram ocupadas por alunas, o que foi atípico para o período, mas a quantidade de mulheres que terminou o curso foi bem foi bem menor do que as que entraram pelo vestibular. Nara afirma que é comum em reuniões estar sozinha com 15, 20 homens, ou com uma ou duas mulheres, no máximo, mas afirma não ver nenhum problema em razão disso.

Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, a presença da mulher aumentou principalmente nos últimos cinco anos, em razão de mudanças profundas que ocorreram no modelo do setor nas décadas de 1990 e 2000. Essa evolução abriu o mercado para a entrada de profissionais de outras áreas e provocou certo receio com relação à mudança, muito mais pelas novas carreiras que estavam surgindo do que pela discussão de gênero. “Até porque veio tudo junto. As novas carreiras abriram espaço para as mulheres. E as mulheres hoje estão fazendo engenharia mais do que no passado. E tem muitas mulheres engenheiras, economistas, advogadas, administradoras, analistas de sistema. Eu acho que cresceu e tem muito mais a crescer” acredita Elbia.

Ela destaca que a partir de 2010 houve aumento da participação feminina no setor, principalmente em cargos de che×a de alto escalão. E esse crescimento tem a ver também com a diversidade. “Na verdade, houve uma revolução. Aquele engenheiro clássico está cada dia mais raro. Mesmo os engenheiros do setor já têm algum viés de formação na área administrativa, de economia, escrevem bem em geral. No passado, a gente tinha aquela coisa de engenheiro que não conseguia escrever”.

Com 17 anos de experiência, a economista com projetos de mestrado e doutorado voltados para mercado, concorrência e governança começou a estudar o setor elétrico em 1997, no auge do modelo Reseb, a primeira grande reforma do setor. O trabalho rendeu um convite para a área de estudos de mercado do Aneel, passagem pelos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda e participação no Comitê de Gestão da Crise, coordenado por Pedro Parente durante o racionamento de 2001. A convite de Dilma Rousseff, então ministra do MME, Elbia voltou ao ministério para participar das discussões do novo modelo de comercialização implantado em 2004. ,

Antes de assumir na Abeeólica como a primeira presidente de uma associação do setor elétrico, ela já havia ocupado o posto de primeira economista-chefe do MME e o de primeira conselheira da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. “De uma forma geral, o setor elétrico me aceitou muito bem. Eu nunca tive que enfrentar grandes problemas pelo fato de ser mulher. Tem aquele impacto inicial, mas, com o trabalho, rapidamente você já supera isso”.

“Nas empresas do setor elétrico não sei se existe uma politica explicita de barrar, mas são muito poucas mulheres que até hoje assumiram cargos de direção. Eu fui a primeira diretora de Furnas. Em 60 anos, fui a primeira mulher a ocupar um cargo de direção”, relata a presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Olga Simbalista. Engenheira elétrica formada pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1970, ela conta que foi para o setor nuclear porque era o único onde não existiam preconceito contra as mulheres. Apesar disso, até dez anos atrás o espaço de controle da usina de Angra 1 não tinha toalete feminino.

 A executiva afirma que o setor elétrico evoluiu em relação à época em que ela se formou, em razão das políticas de gênero e pelo aumento no número de mulheres nas escolas de engenharia. Ainda assim, observa, elas não chegam a 30% dos formandos. “É um mundo assim do saber, do conhecimento, e nunca tive restrição pelo fato de ser mulher, exceto para a indicação de cargos de direção. Todas as vezes em que eu concorri eu era excluída e colocavam um homem. Até que em 2011 fui indicada [pela presidente Dilma Rousseff] para a diretoria de novos negócios e participação de Furnas, e lá estive durante cinco anos”, conta a presidente da Aben.

Ela conta que as restrições existem e são veladas, e se a mulher concorre em igualdade de condições, ela certamente vai ser preterida na escolha. Um exemplo disso é que a própria Eletrobras teve uma única diretora em 50 anos. “É o famoso teto de vidro. Ele é transparente. Você não vê, mas quando a mulher sobe, ela bate a cabeça e volta”.

As mesmas dificuldades são relatadas pela professora Leontina Pinto, fundadora da Engenho consultoria. “Tinha 20 anos quando fui para o Cepel (Centro de Pesquisa em Energia Elétrica da Eletrobras). E já apresentava trabalhos com 22, já ia a congressos. Eu ouvia coisas desde ‘very smart for a woman’ (muito esperta para uma mulher) até coisas do tipo ‘nossa, aquela menina magrinha até fala’. Além disso, nasci em Portugal e ouvi coisas do tipo ‘olha , mulher cientista e portuguesa não existe’. Então, a gente ouviu muita coisa. Algumas delas de brincadeira, outras não”, comenta bem-humorada. Então, a gente ouviu muita coisa.

Engenheira elétrica formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Leontina começou como estagiária no Cepel, fez mestrado e doutorado e deu aulas na Coppe/UFRJ e na PUC Rio, antes de abrir a própria consultoria para ter tempo de cuidar dos filhos. Também foi fundadora da PSR ao lado do consultor Mário Veiga, iniciativa da qual abriu mão para seguir em carreira solo. O saldo, no fim das contas é positivo. “Vou dizer que saboreei cada pedaço da carreira. Uma mulher, seja lá de que carreira for, e na carreia de exatas mais ainda, contribui mais do que os homens”, analisa.

A avaliação do setor é que houve avanços, mas ainda falta aos homens a mudança da percepção de que as mulheres são boas organizadoras, mas não boas diretoras. Formada em economia não inicio da década de 1990, com mestrado na PUC em Engenharia Industrial, a diretora presidente da Energisa Comercializadora, Alessandra Amaral, passou por grandes empresas como a Vale e a Coca-Cola antes de assumir a gerência de previsão de mercado na Light no fim do racionamento em 2002, onde também assumiu a área de gestão. Em 2004, foi convidada para assumir a diretoria de mercado da Energisa, na época grupo Cataguases Leopoldina, durante a implantação do novo modelo de comercialização de energia. A comercializadora do grupo foi criada dois anos depois.

Alessandra conta que a experiência por diferentes empresas exigiu uma grande capacidade de adaptação. “Nessa trajetória, um ponto realmente importante foi entender qual é a cultura de cada organização e usar as minhas características e o que eu tinha aprendido em outros setores, de modo a agregar valor”, diz a executiva. O convívio com uma maioria de homens é tratado com naturalidade por Alessandra. Ela destaca que desde a graduação em economia essa diferença numérica já existia.

Com formação eclética, que inclui graduações em história, educação e direito e mestrado e doutorado em engenharia elétrica, a vice-presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Solange David, destaca a dedicação como uma ferramenta importante na construção da carreira. O raciocínio se aplica às mulheres de modo geral. “Eu acho que essas conquistas das mulheres decorrem da dedicação delas, da busca do conhecimento, que é essencial; a partir daí que você encontra o caminho para depois ocupar uma posição de destaque”, afirma. Segundo a executiva, dentro da CCEE, as mulheres têm ampliado a participação como gestoras em áreas técnicas, fruto de um investimento da instituição em prepara as pessoas. A área de operação do mercado, por exemplo, é composta por três homens e três mulheres. O quadro funcional diversificado é outro ponto positivo da Câmara.

 A diretora da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Camila Schoti, construiu uma trajetória dentro da própria instituição. Com graduação e mestrado em economia, ela destaca a preocupação em se qualificar, mas também reforça que sempre gostou muito da parte do diálogo, e na Abrace foi possível casar os dois aspectos. “Nossa interlocução é muito ampla, a gente tem 53 associados, com quem temos contato frequente. Tem a interface com as instituições do setor elétrico e do setor de gás, a interface com os estados por causa da regulação estadual da distribuição, e com as empresas do setor, não só indústria, mas setor de energia, além das outras associações”. Ela diz que sempre foi bem recebida em todos os fóruns que frequentou e não tem dificuldade em expor suas duvidas, traço que atribui à formação familiar. Camila ressalva, porém, que sua experiência positiva no setor não invalida experiências negativas de outras colegas do setor, e a discussão sobre as questões de gênero e a integração da mulher são relevantes e tem se dado em todo o mundo.

Para Karin Luchesi, vice-presidente de geração da CPFL Energia, a entrada no setor começou em agosto de 2000, na antiga Asmae, e o conhecimento em relação ao modelo de comercialização do setor entrou como um diferencial na carreira. Recém-formada em 2001, a engenheira de produção entrou na empresa já com o status de especialista do setor elétrico. “Eu diria que isso me trouxe uma vantagem competitiva e talvez tenha me ajudado muito a romper algumas barreiras que eu pudesse ter por ser jovem ou por ser mulher”, acredita a executiva.

Ela lembra que sempre estudou e se dedicou muito ao setor e que a oportunidade de discutir com o governo as regras do racionamento permitiu uma visibilidade inesperada na empresa. “Vim para o setor elétrico muito mais como engenheira da produção que como engenheira eletricista, e as mudanças pelas quais a gente estava passando naquele momento eram mudanças de processo mesmo”. Única mulher em uma equipe de 20 gestores de obras da ISA CTEEP, Camila Neves é um exemplo de profissional jovem que assumiu uma função de responsabilidade em uma empresa do setor elétrico como consequência do desempenho durante o período de estágio.

Graduada em engenharia com MBA em gestão de projetos, ela entrou em 2011 como estagiária na subsidiária Interligação Pinheiros. A pouca experiência não impediu Camila de a assumir uma função de gerenciamento, desde a fase de projeto até a implementação da obra. Os desa×os são muitos, e ela cita três pontos de atenção que são o prazo, o escopo do projeto, para que ele saia da forma como planejado, e o custo.

Leia mais em: http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3591-igualdade-de-oportunidades-e-um-desafio-no-setor-eletrico-canal-energia-especial

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Eclipse é o primeiro grande teste da era da energia solar

O eclipse solar total desta segunda-feira será visto como um espetáculo para milhões de americanos, mas no setor elétrico, o raro fenômeno celeste — o primeiro a cortar os EUA de costa a costa em 99 anos — gera preocupação. Geradoras e distribuidoras irão monitorar o desempenho do sistema, no que é considerado o primeiro grande teste da era da energia renovável, informa a Reuters.

Hoje, a energia solar reponde por mais de 42.600 megawatts, cerca de 5% da produção energética americana nos horários de pico. Em 2000, eram apenas 5 megawatts, segundo o grupo North American Electric Reliability Council, formado para aprimorar o sistema elétrico americano após o blackout de 1964. Por isso, as respostas ao evento estão sendo planejadas a anos, com cálculos sobre os horários e as quedas na geração, simulações sobre possíveis impactos na oferta e preparação de fontes de emergência.

Trata-se de um teste crítico para o gerenciamento do sistema elétrico americano, num momento de substituição de antigas fontes poluidoras pela energia renovável. Quando o próximo eclipse total acontecer nos EUA, em 2023, a energia solar responderá por 14% da demanda nacional. Para John Moura, diretor da North American Electric Reliability Corporation, o evento desta segunda-feira vai mostrar como os sistemas podem responder a uma grande alteração no fornecimento, e quão preparados estão os sistemas.

— Eles já foram testados antes, mas não nesta magnitude — completou Steven Greenlee, porta-voz do Sistema Operador Independente da Califórnia (Ciso, na sigla em inglês), que controla o sistema energético no estado americano mais populoso.

As projeções do Ciso indicam que a geração habitual, de aproximadamente 8.800 megawatts, será reduzida para 3.100 megawatts durante o eclipse, retornando para mais de 9.000 megawatts com o retorno do Sol. Por isso, o sistema adicionou 200 megawatts às reservas normais de 250 megawatts.

As companhias informam que o foco será no gerenciamento da rápida queda na geração e no aumento logo após o eclipse. Não são esperadas interrupções no fornecimento, mas as empresas estão preparadas para dar apoio aos consumidores caso ocorra algum problema.

— Nós queremos garantir aos nossos consumidores que asseguramos recursos suficientes para atender a demanda energética, mesmo com a geração solar significativamente menor — disse Caroline Winn, diretora de operações na San Diego Gas & Electric.

Leia mais em: https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/eclipse-o-primeiro-grande-teste-da-era-da-energia-solar-21728396

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A reforma do setor elétrico brasileiro: o Brasil na contramão do desenvolvimento sustentável

Há tempos tem-se discutido a necessidade de se realizar uma reforma da organização do Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Por repetidas vezes, nesses últimos anos, houve risco elevado de ruptura de abastecimento e um aumento muito expressivo do nível de preços do sistema. A estruturação das atividades do SEB em torno de um planejamento centralizado e comandado pelo poder concedente, na figura do MME, tem sido incapaz de garantir a contento a expansão da oferta e a modicidade tarifária.

Além disso, também fracassou no objetivo de aumentar a participação das renováveis na matriz elétrica. Como mostra a figura abaixo, o País é dos poucos países onde a matriz elétrica tem se carbonizado, indo na contramão da evolução tecnológica e da preocupação pelas mudanças climáticas, associadas às emissões poluentes, em que se destacam as emissões provenientes da produção e do consumo de energia. Em um cenário de crescente urbanização e eletrificação, a evolução da composição da matriz de geração do setor elétrico deve receber atenção especial.

As reformas e reestruturações dos setores elétricos ao redor do mundo têm sido realizadas com o objetivo duplo de promover a difusão de fontes renováveis de energia (respeitando os compromissos assumidos em Paris – COP 21 e combatendo a dependência por combustíveis fósseis) e de se adaptar às novas tecnologias que impactam o uso e o consumo de eletricidade. A descarbonização e modernização dos sistemas energéticos tem sido tratada como a transição energética e traz consigo diversos desafios.

As inovações tecnológicas vieram para ficar. Não se pode colocar limites à evolução tecnológica nem se saber exatamente o alcance das mudanças a partir de sua integração. Não se trata mais de extrapolar o passado, pois as inovações recentes possuem potencial disruptivo, capazes de desestruturar o sistema elétrico. Destaca-se aqui o surgimento dos prosumers, que eventualmente poderão prescindir das distribuidoras e da rede; as novas tecnologias de estocagem; a transformação da rede, que se torna inteligente (digitalizada), permitindo melhor gestão da demanda, mas que pede nova arquitetura, com redes mais descentralizadas (mini redes e maiores possibilidades de ilhamento); o avanço acelerado das fontes intermitentes no parque gerador, entre outros.

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O relatório do WEF (2017) sobre o futuro da energia destaca 4 pontos básicos para a integração a contento das novas tecnologias no setor elétrico: (i) reforma do paradigma regulatório para melhor acomodar a difusão da geração distribuída; (ii) difusão de infraestrutura que permita o desenvolvimento de novos modelos de negócio e a construção do futuro sistema energético; (iii) a redefinição do papel do consumidor, empoderado, inserido em um sistema elétrico digital e interativo e (iv) incorporação de novos modelos de negócio para atividades inovadoras de distribuição e comercialização varejista, capazes de se adaptar à chamada 4ª Revolução Industrial – marcada pela integração dos avanços em diversas áreas do conhecimento, o avanço da biotecnologia, a automação de diversas atividades e a intensificação de processos.

A simples citação dessas inovações nos permite apreender a complexidade da transição energética. Os 4 pontos citados englobam aspectos tecnológicos, institucionais e organizacionais. Desse modo, a transição pede agenda de longo prazo, que, de forma estruturada, conduza o setor à harmonização de suas necessidades e superação de seus desafios. Somente novas formas de coordenação poderão garantir que a transição energética não seja acompanhada de perda de segurança de abastecimento.

A complexidade das questões envolvidas – inovações tecnológicas com potencial disruptivo, inovações organizacionais e de modelos de negócios, e institucionais – já discutidas em diversas postagens anteriores, traz consigo uma grande necessidade de coordenação. Essa, por sua vez, não se dá de forma espontânea. Assim, nos países em que a transição energética avança, quem a assegura e a lidera, é o Estado. Ele é figura essencial do processo, responsável por nortear a transição e zelar pela segurança de abastecimento em seu território. É o estado quem define e delimita o “terreno de jogo” aonde as transações irão se passar, além de formular políticas públicas destinadas à eliminação de barreiras à transição energética.

O atual momento de crise política que desarticula as instituições brasileiras tem causado graves impactos no SEB. O Brasil não evolui nessa discussão em um momento crucial para a saúde do sistema elétrico e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico e social do País. Quando se trata de reforma atualmente, se está somente pensando em corrigir alguma fonte de desequilíbrio pontual e não repensar o setor de modo a se criar uma trajetória sustentável para a transição energética do País. Veículos de comunicação que tratam da agenda setorial revelam que o governo cogitou impor uma reforma por medida provisória.

Assim, em vez de avançarmos na direção da transição energética, enfrentando os desafios impostos pela integração das novas tecnologias e novas formas de organização que elas impõem, estamos possivelmente caminhando para uma nova crise energética, tal como vivenciada em 2000. É preciso ter cuidado. À época, o setor sofreu da má implantação da abertura do setor à concorrência. Foi promovida uma série de privatizações para melhorar a situação das contas públicas, antes de se adotar sua nova forma de organização institucional e organizacional. Ora, apesar de cada reforma ser um caso único – é preciso que ela seja feita sob medida, de acordo com as dotações de recurso naturais, tecnológicos e econômicos, além da organização política e das necessidades de carga – sabe-se que somente após a mudança e consolidação das novas regras do jogo é que se deve mudar a propriedade dos ativos, se isso for considerado benéfico ao setor.

O Brasil foi o único país a fazer caminho inverso e pagou caro por isso. A reforma mal implantada, com má definição e instabilidade do marco regulatório adotado, não criou ambiente favorável ao investimento e, mesmo tendo ativos sendo vendidos a preços reduzidos, o programa de privatizações teve resultados ruins. Os ativos mais problemáticos permaneceram nas mãos do governo. Seguiu-se ao fracasso da reforma um dos maiores racionamentos já vivenciados no setor elétrico. Os impactos da crise de abastecimento trouxeram importantes prejuízos econômicos e sociais. A imposição do racionamento infligiu redução do nível de atividade econômica afetando o negativamente o PIB e o quotidiano das pessoas, que já não podiam contar com o abastecimento garantido para satisfazer suas necessidades de consumo de eletricidade. Os consumidores finais foram os menos contemplados em todo o processo.

Infelizmente, o País repete seus erros. Se olharmos para os objetivos anunciados da reforma atual, vemos que não se está priorizando a adequação da organização do setor aos desafios enunciados ao longo do texto. Matéria do jornal O Estado de São Paulo, do dia 24 de junho, revela que “nova onda de “privatização” começa a ser colocada em curso no setor elétrico brasileiro, num movimento que pode atrair quase R$ 30 bilhões”. Novamente, não são os interesses do sistema elétrico a prioridade. “A venda dos ativos estatais virou a única alternativa para as empresas – ou Estados – sanearem suas contas”. De acordo com um advogado entrevistado, apesar do momento turbulento que o País atravessa há investidores interessados nos ativos, pois esses estão baratos (Pereira e Scaramuzzo, 2017).

A postergação da reforma de que necessita o setor tem sido substituída por uma série de ajustes, não coordenados entre si, que têm trazido novos desequilíbrios. Devido às barreiras regulatórias, a expansão das novas renováveis se dá, sobretudo, através do mesmo mecanismo utilizado para a construção empreendimentos de grande porte a serem despachados de forma centralizada. Assim, vimos o avanço dessas fontes através da realização de leilões específicos, em detrimento da descentralização que deveria ocorrer. Dentro do arcabouço atual do setor elétrico, as novas renováveis podem ser consideradas nichos, fruto de objetivos difusos de política industrial e política energética, mal coordenados entre si. Como se sabe, o nicho não pode ser muito grande por pena de desequilibrar o sistema, como o que tem ocorrido. Essa modalidade de inserção das renováveis onera todo o sistema, pois ainda impõe investimentos nas redes de distribuição e transmissão para que sua geração possa ser integrada.

O aumento de preços no mercado regulado foi agravado por uma série de outros fatores e trouxe diversas implicações negativas. Entretanto, em vez de realmente repensar o setor, sob pressão de consumidores elegíveis e outros agentes do SEB, como os comercializadores, o governo decidiu facilitar a migração do ambiente de comercialização entre os ambientes regulado e livre. Os pequenos consumidores cativos novamente não foram contemplados e tiveram que assumir novos custos e riscos. Devido à redução da demanda (crise econômica) houve grande migração de consumidores para o mercado livre, onde os preços se encontravam mais vantajosos. Com efeito, de acordo com estudo realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), ao longo de 2016, o mercado de energia elétrica registrou uma migração recorde de consumidores do mercado cativo para o mercado livre. A análise do perfil de carga da maioria desses novos agentes do mercado livre revela pequenos consumidores, nomeados consumidores especiais, aos quais somente cabe a compra de energia incentivada – novas energias renováveis que gozam de importantes descontos nas tarifas de distribuição e transmissão, quando essa se aplica.

Somente em 2016, foram registradas 4.096 novas cargas de consumidores especiais, das quais 91% são de pequeno porte, consumindo até 1 MW médio. Esta tendência se manteve no primeiro mês de 2017, que recebeu 516 novas cargas, sendo 93% com o mesmo patamar de consumo baixo. O estudo revela que não há registro de sobra de lastro para 2017, sendo necessárias algumas iniciativas de comercialização. A figura abaixo expõe o desequilíbrio. Como se vê, os ajustes realizados ao modelo, em poucos meses, já se mostraram incapazes de lidar com as novas necessidades de carga e expansão da oferta de eletricidade proveniente de novas renováveis dentro do mercado livre.

Como se esperava, a falta de oferta de contratos de energia incentivada no mercado livre também levou a um aumento de seus preços nesse ambiente de contração. Assim, o atual modelo previne a geração descentralizada e se mostra ineficiente na gestão dos distintos ambientes de contratação de eletricidade. Os novos agentes do mercado livre são consumidores de pequena carga elegíveis para serem micro e minigeradores de eletricidade. Caso adotassem essa modalidade, além de se protegerem das oscilações de preços do mercado livre, teriam onerado menos o sistema e aumentado sua eficiência energética.

Como exemplo das ineficiências que o modelo obsoleto tem gerado, a evolução da participação da fonte solar fotovoltaica é emblemática. Iniciada graças à paridade tarifária, reforçada pela contínua queda de preços dos sistemas de geração fotovoltaica e pelo aumento das tarifas para os consumidores cativos, ela não conheceu o ritmo de expansão que se esperava. Apesar de suas vantagens, maximizadas nas modalidades de micro e minigeração, a nova tecnologia e os modelos de negócio que são adequados ao seu perfil não encontraram espaço para avançar dentro do atual paradigma do setor elétrico. Como resultado, foi na modalidade de geração centralizada que a fonte avançou, através dos leilões, encarecendo os custos do sistema e reduzindo sua eficiência energética do sistema. A dinâmica é ilustrada na figura a seguir.

A descentralização da geração, considerada chave na transição energética, é limitada, ao invés de ser promovida. Em maio, a Aneel reduziu as projeções de micro e minigeração em 2024. De acordo com os cálculos da Aneel, 886.000 consumidores receberão créditos de sistemas de geração distribuída até 2024. Até 2015, a projeção da agência era de que esse número atingiria 1,23 milhão de consumidores. Vale ressaltar que devido a problemas financeiros, as projeções de entrada de nova geração centralizada têm sido revistas para baixo. Para esse ano de 2017, estima-se que 1/3 dos empreendimentos esteja em atraso. Para o ano seguinte, a projeção é ainda pior, pois somente 1/3 dos empreendimentos começou a ser desenvolvido.

Assim, é fundamental que reforma do SEB seja realmente estruturante. É preciso contemplar a complexidade da transição energética e se dotar de mecanismos de coordenação adequados para sua realização. Diante da instabilidade político-institucional vigente e da falta de legitimidade do atual governo, as mudanças deverão ser amplamente discutidas e implantadas seguindo as melhores práticas em vigor.

Referências:

CCEE, GEMPI/GAIM, 2017, “Lastro de Energia Incentivada – Informações ao Mercado”,
disponível em : https://www.ccee.org.br/ccee/documentos/CCEE_388518

Pereira, R., Scaramuzzo, M. , “Nova onda de privatização de ativos de empresas como Cesp, CEB, Cemig e CEEE mobiliza investidores nacionais e estrangeiros”, O Estado de S. Paulo, 24 Junho 2017, disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,estatais-de-energia-podem-atrair-r-30-bi,70001860621

World Economic Forum, 2017, “The Future of Electricity, New Technologies Transforming the Grid Edge”, disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Electricity_2017.pdf



Fonte: Infopetro

Leia mais em: https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2017/08/artigo-reforma-setor-eletrico-brasileiro-o-brasil-na-contramao-desenvolvimento-sustentavel/32079

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Furnas tem lucro fabuloso – mas só no papel

A estatal de energia Furnas, um braço da Eletrobras, bateu um recorde no ano passado: o lucro, de 2,9 bilhões de dólares, foi o mais alto de sua história e pôs fim a quatro anos seguidos de prejuízo. Pena que o resultado é mais bonito no papel do que na vida real.

Explica-se: as receitas de Furnas dispararam em 2016 porque a empresa reconheceu no balanço 14 bilhões de reais em indenizações pela renovação antecipada de algumas de suas concessões de linhas de transmissão, num programa criado pelo governo Dilma Rousseff em 2012.

Furnas foi uma das empresas que aceitaram substituir contratos antigos por novos, que asseguravam as concessões por mais 30 anos — mas previam uma remuneração menor paga pelo governo federal. Para compensar, foi prometida uma indenização, só agora reconhecida.

O detalhe é que, embora Furnas tenha podido incluir o valor da indenização no balanço de 2016, o acerto prevê que o dinheiro comece a ser efetivamente pago apenas neste ano — e diluído em prestações nos próximos oito anos. “O resultado claramente está inflado”, diz Fernando Bresciani, analista da consultoria WhatsCall Research. Procurada, Furnas não quis comentar.

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usinas compõem o parque gerador de Furnas, somando uma potência instalada de 17 300 megawatts. Com essas usinas, a estatal responde por quase 10% da energia produzida no país. A empresa tem também mais de 25 500 quilômetros de linhas de transmissão.

77%
foi quanto o segmento de transmissão representou na receita operacional de Furnas em 2016 — historicamente, era a geração que respondia pela maior parte do faturamento. A indenização pela renovação das concessões causou um aumento de 721% nas receitas de transmissão.

2,6 milhões
de reais foi o valor abatido do lucro de Furnas em 2016 por supostos pagamentos fraudulentos nas subsidiárias do sistema Eletrobras. A companhia é alvo da Operação Lava-Jato e contratou um escritório americano para realizar uma investigação independente.

leia mais em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/lucro-fabuloso-mas-so-no-papel/

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Negociações na plataforma BBCE atingem volume de 1,4 GW em julho

A BBCE informou nesta quarta-feira, 16 de agosto, os resultados das negociações de sua plataforma no mês de julho. Foram registrados 823 contratos, num total de 1.465 MW e com volume financeiro de R$ 278 milhões. No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, a empresa atingiu o nível recorde de 3,2 mil contratos registrados, num montante de R$ 1,48 bilhão e 8.781 MW.
O recorde histórico de negociações está vinculado principalmente à estratégia comercial da empresa voltada ao aumento de participantes na plataforma, principalmente de geradores de energia, utilizada como um mecanismo de compliance (conformidade e transparência).
“O crescimento das negociações na plataforma indica que a formação livre de preços, a agilidade e a segurança nas transações são valorizadas no mercado”, avaliou o presidente da BBCE, Victor Kodja. Pensando no futuro, a perspectiva da plataforma é ampliar o leque de produtos cujas negociações são registradas, incluindo gás natural e biomassa.


Leia mais em: https://www.canalenergia.com.br/noticias/53030629/negociacoes-na-plataforma-bbce-atingem-volume-de-14-gw-em-julho

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Petroleiras se unem ao Vale do Silício e apoiam energia verde

As grandes empresas petroleiras estão se unindo ao Vale do Silício e apoiando startups de tecnologia energética, um sinal de que os atores com mais recursos financeiros do setor estão apostando em uma nova estratégia.

Royal Dutch Shell, Total e Exxon Mobil, as maiores empresas de petróleo pertencentes a investidores, estão injetando capital em empreendimentos que pesquisam as vantagens das tecnologias energéticas. Os investimentos vão além da energia eólica e solar, em projetos que melhoram as redes elétricas e produzem novos combustíveis a partir de recursos renováveis.

Embora a quantia de dinheiro envolvida seja pequena — uma fração dos US$ 7,5 bilhões que o capital de risco e o capital privado injetaram no setor de energia limpa no ano passado —, os fundos apoiam trabalhos que podem evoluir e se transformar em grandes fluxos de renda nas próximas décadas em um momento em que os governos se empenham para limitar a poluição gerada pelos combustíveis fósseis e o aquecimento global.

— No setor de energia, as pequenas empresas têm muito poder disruptivo — disse Geert van de Wouw, diretor-gerente da Shell Technology Ventures, em entrevista. — Nós sempre temos que estar alertas para garantir que permaneceremos em vantagem.

A seguir, uma lista dos projetos que as maiores empresas petroleiras estão apoiando:

Shell Technology Ventures

Kite Power Systems, fabricante de uma pipa que voa em correntes de vento para gerar eletricidade renovável; Glasspoint Solar, uma empresa que desenvolveu uma forma de produzir vapor para uma melhor recuperação do petróleo com energia solar; Sense, uma startup que cria dispositivos que monitoram o consumo de energia de uma casa.

Total Energy Ventures International

AutoGrid, uma empresa com sede na Califórnia que projeta softwares para redes inteligentes; United Wind, uma empresa que aluga turbinas eólicas para clientes no varejo e pequenas empresas; Off Grid Electric, uma instaladora de painéis solares para telhado com sede na Tanzânia que opera em áreas de pouco acesso à energia na África Subsaariana.

BP Ventures

Tricoya Technologies, fabricante de uma tecnologia que altera a estrutura química de resíduos de madeira para criar um material de construção mais durável e eficiente do ponto de vista energético; Fulcrum, uma produtora de biocombustível para jatos feito de resíduos urbanos, que captou US$ 30 milhões da BP; Solidia, uma empresa que está trabalhando na redução da pegada de carbono do concreto.

Exxon Mobil

Synthetic Genomics, que estuda como produzir biocombustíveis a partir de algas; FuelCell Energy, que está desenvolvendo células de combustível de carbonato para capturar emissões de CO2 de usinas de gás natural enquanto também produzem eletricidade.

Chevron

Acumentrics, uma empresa de células de combustível que pode fabricar produtos a partir da cerâmica; Ensyn, que fabrica combustíveis e produtos químicos a partir de resíduos de florestas e da agricultura; Inventys, uma desenvolvedora de tecnologia de captura de carbono que armazena CO2 de fluxos de gás industriais.

Statoil Energy Ventures

ChargePoint, uma operadora de pontos de recarga de veículos elétricos com sede na Califórnia; Oxford Photovoltaics, uma empresa de tecnologia solar que está desenvolvendo painéis com perovskita, substância que poderia tornar os painéis fotovoltaicos tradicionais até 30 por cento mais eficientes; Convergent, uma desenvolvedora de armazenamento de energia em grande escala que trabalha em projetos com baterias chumbo-ácido, íons de lítio e do tipo flywheel nos EUA e no Canadá.



Leia mais em: https://oglobo.globo.com/economia/petroleiras-se-unem-ao-vale-do-silicio-apoiam-energia-verde-21711801

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Instituto AES e Artemisia aunciam apoio ao empreendedorismo social focado em energia

O Instituto AES e a Artemisia, anunciaram na última quinta-feira, 10 de agosto, uma parceria ao fomento e apoio a negócios de impacto social no país. Essa aliança tem como objetivo elaborar uma Tese de Impacto Social em Energia – um levantamento inédito a ser lançado em novembro, e que reunirá os desafios enfrentados pela população de baixa renda no Brasil, relacionados à energia. O estudo também apontará as possíveis oportunidades para negócios de impacto social, e também foi informado que haverá a seleção de um negócio a ser elaborado neste segundo semestre, e que está com inscrições estão abertas até 18 de agosto no site da Artemisia.
O apoio do Instituto AES ao programa Aceleradora da Artemisia permitirá potencializar um negócio de impacto que tenha uma solução inovadora e que possa crescer e beneficiar um grande número de pessoas. A AES Brasil ainda contribuirá com acesso à experiência, conhecimento e outros ativos da empresa. “Acreditamos na força do empreendedorismo para criar oportunidades de desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ao investir na identificação e apoio a um negócio com solução eficaz em energia, queremos ampliar a capacidade de impacto social dessa solução”, afirma Luiz Rielli, diretor do Instituto AES.
Através do apoio ao desenvolvimento da Tese, o Instituto AES busca gerar conhecimento e indicar caminhos sobre como os negócios de impacto social, relacionados à energia, poderão contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda no país. Com o estudo concluído, a proposta é disseminar a análise, a fim de estimular empreendedores, empresas, institutos/fundações empresariais e investidores, entre outros atores, a apostarem em negócios de impacto social. Na prática, o levantamento apoiará a seleção de um negócio para a fase de aceleração e será um marco para o surgimento de novos negócios de impacto social.
Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, a organização buscará ativamente estudoempreendedores com genuína intenção de gerar impacto social positivo dentro da temática energia, por meio de startups inovadoras com propostas voltadas às necessidades da baixa renda. “Buscamos soluções acessíveis, de baixo impacto ambiental, que visem à eficiência energética, consumo consciente, geração distribuída e fontes alternativas de energia, entre outras. Além disso, nosso olhar está direcionado para empresas que possam proporcionar maior autonomia a indivíduos e comunidades, com modelos adequados às demandas, que geram benefícios à qualidade de vida e melhoram indicadores socioeconômicos locais para, ao final, selecionarmos um negócio que será acelerado ainda este ano”, afirmou a executiva.
Com a parceria, o Instituto AES marca uma nova etapa do investimento social privado da AES Brasil, que traz a inovação social como tema transversal das iniciativas. “Escolhemos a Artemisia como parceira nesse momento por termos um forte alinhamento de estratégias e o compromisso de buscar soluções inovadoras de alto impacto social”, afirma Rielli. A parceria com a Artemisia se encaixa no pilar de Inovação para Desenvolvimento Social, cuja proposta é focar em negócios de impacto social relacionados à energia

Leia mais em:  http://www.abradee.com.br/imprensa/noticias/3587-instituto-aes-e-artemisia-aunciam-apoio-ao-empreendedorismo-social-focado-em-energia-agencia-canal-energia

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Risco de déficit de energia em 2017 é igual a 0,1%

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontou, que risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,1% para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste considerando a configuração do sistema de agosto de 2017.

Em julho, entraram em operação comercial 797,9 MW de capacidade instalada de geração, 67 km de linhas de transmissão e conexões de usinas na Rede Básica e 2.399 MVA de transformação na Rede Básica. Assim, a expansão do sistema no ano 2017, até o mês de julho, totalizou 3.708,5 MW de capacidade instalada de geração, 1.139,7 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 8.039 MVA de transformação na Rede Básica. Destaque para a entrada em operação comercial da sexta unidade geradora da UHE Belo Monte, com 611 MW de capacidade instalada.

Veja a íntegra da Nota Informativa emitida pelo colegiado:

comissao energia

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)

Nota Informativa – 3 de agosto de 2017

O CMSE esteve reunido nesta quinta-feira, 3 de agosto de 2017, com o objetivo de analisar as condições de suprimento eletroenergético em todo o território nacional, e divulga, de forma preliminar, os principais pontos tratados pelo colegiado:

Plano da Operação Elétrica – PEL 2017: O Operador Nacional do Sistema Nacional Elétrico – ONS apresentou a síntese dos resultados do PEL 2017, que avalia o desempenho dos sistemas elétricos do Sistema Interligado Nacional no horizonte de janeiro de 2018 a abril de 2019, tendo por referência os critérios e padrões estabelecidos nos Procedimentos de Rede. Os principais objetivos do estudo foram avaliar e identificar ações relacionadas: (i) à evolução da capacidade das interligações existentes; (ii) à geração térmica decorrente de restrições na transmissão e os impactos da geração eólica; e (iii) às obras prioritárias a serem implantadas ou necessárias no horizonte do estudo.

Condições Hidrometeorológicas e Energia Armazenada: O ONS informou que, com base na última reunião do Grupo de Trabalho MCTIC/MME sobre Previsão Meteorológica Estendida, a temperatura superficial do Oceano Pacífico Equatorial, na atualidade, indica uma situação de neutralidade, o que não deve interferir significativamente no regime pluviométrico nos próximos meses. As previsões recentes indicam com maior probabilidade a continuação de uma situação de neutralidade ao longo de 2017.

O ONS apresentou também que, em termos de Energia Natural Afluente – ENA bruta, foram verificados no mês de julho de 2017 os valores de 79% no Sudeste/Centro-Oeste, 38% no Sul, 31% no Nordeste e 60% no Norte, referenciados às respectivas médias de longo termo – MLT.

Ao final do mês de julho de 2017, foi verificada Energia Armazenada – EAR de 38,4%, 71,1%, 15,3% e 59,4% nos reservatórios equivalentes dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente, referenciados às respectivas EAR máximas. Os valores esperados de armazenamentos equivalentes ao final do mês de agosto são: 32,6% no Sudeste/Centro-Oeste, 60,5% no Sul, 11,5% no Nordeste e 50,0% no Norte.

Análise de Risco: O risco de qualquer déficit de energia em 2017 é igual a 0,1%[1] para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste considerando a configuração do sistema do PMO de agosto de 2017.

Operação Hidráulica do Rio São Francisco: O ONS informou que foi emitida autorização pela Agência Nacional de Águas – ANA para a redução das vazões defluentes de Sobradinho e Xingó para o valor médio diário de 550m³/s, através da Resolução nº 1.291, de 17 de julho de 2017. No entanto, para que os testes com essa vazão sejam iniciados, é necessário que o IBAMA também emita sua autorização, o que está sendo aguardado.

O ONS apresentou as simulações atualizadas de expectativa de armazenamento nas UHEs Três Marias, Sobradinho e Itaparica ao longo do período seco, utilizando os piores cenários de afluências verificados no histórico, que têm se aproximado da realidade vivenciada atualmente. Estas simulações têm sido apresentadas semanalmente no âmbito do grupo de acompanhamento da operação dos reservatórios do rio São Francisco, sob a coordenação da ANA, e que conta com ampla participação de representantes do Poder Público, usuários e sociedade civil. Os últimos resultados apontam para o atingimento dos níveis de armazenamento de 4,1% e de -1,0% dos volumes úteis dos reservatórios de Três Marias e de Sobradinho, respectivamente, ao final do período seco, em novembro de 2017, sendo que, caso a vazão defluente de Xingó seja reduzida para 550m³/s a partir do mês de setembro, o reservatório de Sobradinho conseguirá se manter acima de seu nível mínimo operativo, com 0,3% do volume útil ao final do período. Assim, diante do atual quadro de escassez hídrica na bacia do rio São Francisco, é necessário o permanente acompanhamento da evolução das condições hidrometeorológicas da bacia e do armazenamento dos reservatórios de Três Marias e Sobradinho, visando identificar a necessidade de implementação de medidas adicionais.

Expansão da Geração e Transmissão: A Secretaria de Energia Elétrica – SEE/MME relatou que, em julho, entraram em operação comercial 797,9 MW de capacidade instalada de geração, 67 km de linhas de transmissão e conexões de usinas na Rede Básica e 2.399 MVA de transformação na Rede Básica. Assim, a expansão do sistema no ano 2017, até o mês de julho, totalizou 3.708,5 MW de capacidade instalada de geração, 1.139,7 km de linhas de transmissão de Rede Básica e conexões de usinas e 8.039 MVA de transformação na Rede Básica. Destaque para a entrada em operação comercial da sexta unidade geradora da UHE Belo Monte, com 611 MW de capacidade instalada.

O CMSE, na sua competência legal, continuará monitorando, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do País. As definições finais sobre a reunião do CMSE de hoje serão consolidadas em ata devidamente aprovada por todos os participantes do colegiado e divulgada conforme o regimento.

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

[1] Estes resultados são obtidos nas simulações do modelo Newave utilizando séries sintéticas, com tendência hidrológica, considerando em seus parâmetros que não há racionamento preventivo, térmicas por mérito e um patamar de déficit. Para séries históricas, o valor do risco de qualquer déficit é igual a 0,0%, para os subsistemas SE/CO e NE.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

País lidera investimento direto

A pesquisa apontou que os motivos da falta de investimentos de países estrangeiros na América Latina se dão pelos preços baixos das matérias-primas, o lento crescimento econômico e o cenário global de sofisticação tecnológica e expansão da economia digital, que tende a uma concentração dos investimentos multinacionais nas economias desenvolvidas. “As elevadas diferenças de produtividade da região e os novos cenários tecnológicos, que propõem a quarta revolução industrial, exigem novas políticas para aproveitar os benefícios do IED”, afirmou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Na contramão dos outros países, o Brasil se manteve como principal receptor da região, com 47% do IED total da América Latina, equivalente a um fluxo de US$ 78,9 bilhões. Segundo o coordenador do grupo de análise da conjuntura internacional da USP, Alberto Pfeifer, o país é um grande atrativo para investidores chineses, por colocá-los numa boa posição estratégica. A análise da Cepal mostrou que, no último ano e no primeiro semestre de 2017, das seis operações econômicas chinesas na região, cinco foram no Brasil, principalmente na área de energia elétrica. “O Brasil é um grande mercado democrático, com livre concorrência e ambiente econômico sólido, maduro e com boas perspectivas futuras”, explicou.

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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

SP adota novas medidas de licenciamento ambiental para solar fotovoltaicas

Desde o último dia 5 de agosto, o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica por fonte solar fotovoltaica no estado de São Paulo conta com novo regramento. A Resolução 74, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, determina que empreendimentos com potência maior que 90 MW tenham procedimento de licenciamento prévio por meio de Relatório Ambiental Preliminar – RAP, enquanto projetos entre 5 MW e 90 MW sejam submetidos ao Estudo Ambiental Simplificado – EAS. Para instalações menores que 5 MW, incluindo geração distribuída, serão exigidas apenas autorização para supressão de vegetação nativa ou para instalação em áreas de proteção de manancial.
De acordo com a nova legislação, o empreendimento como um todo será considerado no licenciamento ambiental, incluindo a infraestrutura associada como sistemas elétricos, subestações, linhas de transmissão ou distribuição, acessos de serviços e demais sistemas associados, vias, obras ou equipamentos, entre outros. Em caso de supressão de vegetação nativa primária ou secundária em estágio médio ou avançado de regeneração poderá ser aplicado procedimento de licenciamento ambiental mais restritivo.
As medidas fazem parte do esforço do Governo do Estado de São Paulo no incentivo ao uso de energias renováveis, que considera a necessidade de aumentar a participação das fontes renováveis e mitigar a emissão de carbono fóssil na matriz energética. A construção da Resolução 74 contou com contribuições apresentadas pela Subsecretaria de Energias Renováveis da Secretaria Estadual de Energia e Mineração, pela Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Leilões: Agentes ressaltam sinalização de retomada dos projetos de expansão no país

A portaria do Ministério de Minas e Energia que estabeleceu as diretrizes para os leilões de energia nova em 2017 é interpretada pelo lideranças ouvidas pela Agência CanalEnergia como uma sinalização  de retomada dos investimentos em geração no país. Há, porém, quem acredite que serão necessários ajustes pontuais no decorrer do processo. Publicada nesta segunda-feira, 7 de agosto, a Portaria 293/2017 prevê leilões do tipo A-4 e A-6 em dezembro desse ano.
“Aparentemente, eles chegaram a conclusão que haverá  demanda para esses leilões. O lado positivo é que vai fomentar o investimento em geração, por se tratar de energia nova. Acho isso muito importante”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Companhias de Energia Elétrica, Alexei Vivan. O executivo lembra que o governo vinha tentando encontrar alternativas para retomar os leilões de expansão, mas precisava confirmar se haveria mercado para essa energia.
Além da retomada dos investimentos em geração, acrescenta Vivan, os certames serão um termômetro em relação à atual situação do setor elétrico, às novas regras em discussão e à própria visão que os empreendedores têm do governo. “Vejo com bons olhos. Acho que vai ser importante para se medir o apetite [dos investidores] por novas usinas”, diz. O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite, diz que a perspectiva é de que haja demanda por energia nova já a partir de 2021. No dia 26 de julho, o MME publicou a Portaria 281, que trata da apresentação de declarações de necessidade pelas distribuidoras de 2018 a 2023, com o objetivo de definir a programação dos leilões de compra de energia nova e de energia existente desse ano.
Para o executivo da Abradee, a definição dos leilões de dezembro é positiva, pois dá previsibilidade ao suprimento. Leite acredita que o governo quer sondar o mercado para ver o que existe de disponibilidade de projetos de geração, e o que há em termos de demanda do mercado de distribuição, mesmo que a declaração prevista na Portaria 281 não seja irretratável e irrevogável como a que é feita pelas empresas a cada leilão do mercado regulado.
O superintendente adjunto da área de projetos de geração da Empresa de Pesquisa Energética, Bernardo Aguiar, lembra que as contratações de energia com prazos de início de entrega maiores que os tradicionais leilões A-3 e A-5 dão mais flexibilidade ao poder concedente e ao planejador de poder contratar da melhor forma possível. “Simplesmente você diversifica os horizontes. Quanto a isso, acho que não tem muito segredo. Coloca-se um ano à frente do A-3 e do A-5 e você consegue trabalhar em  horizontes distintos de três, quatro, seis anos.”
Com esse modelo, o investidor vai ter, de fato,  pelo menos três anos para instalar o empreendimento. A tendência é  que leilões de expansão programados para o fim do ano sempre sejam A-4 ou A-6. “Nos leilões do início do ano a gente pode ter, sem problema nenhum, um A-3 e um A-5”, afirma Aguiar. Pela primeira vez , uma portaria publicada pelo MME definiu o mês mas não estabeleceu data especifica para o leilão, lembra o técnico. A grande novidade, porém, do processo é que EPE dispensou a apresentação de documentação física para o cadastramento de empreendimentos que pretendem se habilitar para o certame. No primeiro momento, o investidor interessado em participar do leilão deverá apresentar documentos digitalizados, o que tem um impacto positivo. A documentação em papel só será exigida na habilitação dos vencedores.
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, a sinalização mais importante da portaria foi a retomada dos eventos, já que o setor ficou praticamente um ano e meio sem certames. “Nossa disposição de vender é muito superior à disposição que o mercado tem de comprar. A gente tem muito projeto em carteira”, destaca a executiva. Esses projetos somariam 20 GW, que estariam disponíveis para a venda.
“É uma portaria que cria regra gerais de energia nova desse ano, fundamentada na declaração das distribuidoras. Provavelmente devem soltar em setembro uma nova portaria com um detalhamento maior”, prevê a executiva. Para Élbia, é preciso esperar para ver os próximos passos, já que a equipe atual do ministério e da EPE tem falado desde que assumiu que pretende publicar todo ano uma portaria com as diretrizes gerais que será detalhada em seguida.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar, Rodrigo Sauaia, diz que a entidade vai solicitar ao ministério a inclusão  da fonte – que está prevista somente no leilão A-4 – no leilão A-6.  Sauaia diz que os investidores foram surpreendidos pela decisão do MME, e que ficaram “fortemente descontentes com a medida”, que prejudica os empreendimentos fotovoltaicos. “Não consideramos nem justo nem isonômico proibir a fonte de participar, uma vez que ela está em processo de inserção no mercado”, diz.
O executivo lembra que o cancelamento de dois leilões previstos para o ano passado afetou o crescimento dos empreendimentos solares, que não tem contratação em leilão desde 2015, quando os projetos somavam praticamente 20 GW. A Absolar também vai reivindicar do ministério a inclusão dos empreendimentos fotovoltaicos em dois leilões anunciados pelo MME para o ano que vem. No ano passado, havia em torno de 13 GW em projetos cadastrados para os certames.
Para o presidente da Associação Brasileira das Geradoras Termelétrica, Xisto Vieira Filho, há espaço para aprimoramento na proposta do governo. Ele defende que os leilões de contratação de energia tem que considerar usinas térmicas existentes que ficarão descontratadas daqui há alguns anos, e afirma que esses empreendimentos tem todo os atributos de uma usina nova e a vantagem de estarem com toda a infraestruturas preparada e em operação. “Não vemos porque elas deveriam ficar fora desses leilões.” Vieira Filho também defende um leilão especifico de térmicas inflexíveis.
Em relação aos leilões A-4 e A-6  ele considera que foi “uma ótima sacada”. “Me parece que eles estão preparando esse leilão para ser por tipo de fonte, que é  fundamental. Não vi como ele vai preparar isso por submercado, mas seria fundamental também fazer isso por submercado. Outra coisa importante é energia existente descontratada e as UTEs inflexíveis, que a gente acha que merecia um leilão especifico.”

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