segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

AES Brasil desenvolve modelo para aprimorar segurança energética

Fontes renováveis de energia como eólica e solar têm ganhado cada vez mais espaço na matriz energética, trazendo à tona a questão da confiabilidade do sistema elétrico. Com a finalidade de minimizar os problemas causados pela intermitência dessas fontes e melhorar a qualidade do abastecimento, a AES Brasil está liderando um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para elaboração de um novo modelo matemático, o Smart-Sen, que vai identificar as incertezas das fontes de energia e modelar corretamente o despacho dessas fontes.

O planejamento energético ficará mais preciso e problemas emergenciais de abastecimento, como blecautes, terão menor chance de acontecer, afirmou Ítalo Freitas, vice-presidente de novos negócios de geração da AES Brasil, em entrevista ao Valor.

Atualmente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) utiliza, principalmente, dois modelos matemáticos computacionais - Newave e Decomp - para determinar o planejamento energético. Isto é, quais usinas devem ser ligadas ou não, obedecendo uma ordem de custo para gerar e garantir a segurança energética do sistema.

O novo modelo em desenvolvimento vai complementar os existentes, explicou Freitas que vai assumir a presidência da AES Tietê a partir de 1º de abril, como parte da reestruturação pela qual passa a companhia no Brasil.

"O Smart-Sen é um modelo matemático que simula impactos que podem ser causados pelo aumento da intermitência no sistema elétrico", disse Freitas. Essa intermitência é causada, basicamente, por variações na incidência de sol e vento nas usinas solares e eólicas.

"Essa intermitência gera uma série de problemas técnicos para o sistema, e você precisa corrigir isso", explicou Freitas.

Planejamento de fontes renováveis ficará mais preciso e problemas no abastecimento poderão ser menos frequentes

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a capacidade instalada da fonte eólica já soma 8,3 gigawatts (GW) de capacidade instalada, ou 5,85% de toda a potência do sistema. A fonte solar ainda está no começo, mas os três leilões realizados até hoje contrataram 3,2 gigawatts-pico (GWp) de energia.

Com o novo modelo, será possível otimizar o despacho das usinas do sistema. Os cálculos vão avaliar, por exemplo, se há restrições de transmissão em algum ponto, ou se a geração de energia eólica na região costuma variar. "Aí você consegue ao menos indicar onde é preciso haver mais linhas de transmissão ou baterias de estocagem de energia", afirmou. O planejamento será de curto, médio e longo prazo.

A AES Corp, holding americana que controla a AES Brasil, é líder mundial na tecnologia das baterias de armazenamento de energia. O novo modelo vai poder aprimorar o seu uso. "Ele vai mostrar onde podemos colocar baterias para melhorar a confiabilidade do sistema, onde estão os problemas, tanto na questão elétrica quanto na de custo", disse Freitas.

Situações como a vista no início deste ano, quando as eólicas geraram menos do que o previsto pelo ONS no Nordeste, serão mitigadas. Nas primeiras semanas do ano, o operador precisou despachar algumas das termelétricas mais caras do sistema, com custo superior a R$ 600 por megawatt-hora (MWh), devido à restrições elétricas, como aumento de carga, geração menor de eólicas e restrições de transmissão. Esse cenário, porém, não foi identificado no planejamento mensal do ONS, e as usinas tiveram que ser despachadas por algumas horas a cada dia.

O uso de geração distribuída de energia também será melhorado com o modelo. "Quando houver uma quantidade imensa de telhados solares, imagina quando vier uma chuva em São Paulo, a quantidade de energia que vai sair do sistema. O que vai segurar isso é o sistema elétrico, e aí terão de calcular como acionar cada usina", afirma Freitas.

Um modelo desenvolvido pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, será incorporado ao Smart-Sen. Além da AES Brasil, também participarão do P&D especialistas de Princeton, outras empresas do setor elétrico, o ONS, a Aneel e a CCEE. A expectativa é de que o desenvolvimento do projeto leve três anos.


Leia mais em:  http://www.valor.com.br/empresas/4458030/aes-brasil-desenvolve-modelo-para-aprimorar-seguranca-energetica

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

CPFL Energia vê demanda maior e investe na ampliação de subestações

Enquanto as distribuidoras de energia sofrem os efeitos da redução da demanda, a CPFL Energia vai investir R$ 174 milhões na construção e ampliação de subestações nas suas áreas de concessão nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Segundo Paulo Ricardo Bombassaro, diretor de engenharia da CPFL Energia, o contrato, fechado com a fabricante de máquinas e equipamentos WEG, envolve a construção de 5 novas subestações e a ampliação de outras 15, totalizando 575 megawatts (MW) adicionais de potência às distribuidoras do grupo. Com isso, a capacidade instalada de distribuição será ampliada em 3,9%.
"A necessidade de ampliar veio do planejamento, que aponta crescimento de demanda nessas regiões específicas", afirma Bombassaro. A previsão da companhia é de expansão de 3% a 5% na demanda nas regiões afetadas pelas obras.
As obras envolveram a RGE, distribuidora localizada no Sul, além das paulistas CPFL Paulista, CPFL Jaguari, CPFL Sul Paulista, CPFL Leste Paulista e CPFL Santa Cruz. O projeto vai beneficiar 17 municípios nas áreas de concessão dessas distribuidoras, atingindo 1,3 milhão de consumidores.
"Algumas são áreas de indústrias exportadoras, favorecidas pelo momento do câmbio", afirma Bombassaro. Dessa forma, apesar da queda generalizada de demanda por energia no país, essas regiões são beneficiadas economicamente e a demanda deve crescer.
Além da ampliação e construção de subestações, o contrato com a WEG também prevê a modernização das instalações, com a instalação de equipamentos digitais, por exemplo. Segundo o diretor da CPFL, isso propicia a ampliação do uso das redes inteligentes ("smart grids"). "As obras começam em ritmo acelerado a partir de março, algumas serão concluídas ainda em 2016 e a última delas será finalizada até junho de 2017", afirma Bombassaro.
A WEG vai tanto fornecer equipamentos fabricados por ela mesma quanto outros adquiridos de fornecedores. A empresa será também responsável pela contratação de serviços para execução e construção das subestações, que serão entregues prontas para operar à CPFL. A fabricante de máquinas e equipamentos conseguiu o contrato ao oferecer as condições mais competitivas na licitação promovida pela CPFL para as obras.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4455062/cpfl-energia-ve-demanda-maior-e-investe-na-ampliacao-de-subestacoes

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

CTG fará leilão de energia de antigas usinas da Cesp

Três meses depois de vencer o leilão das concessões das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à Cesp, a chinesa China Three Gorges (CTG) terá sua primeira prova de fogo no Brasil. A companhia, por meio de sua subsidiária brasileira CTG Brasil, realizará na próxima semana um leilão para a venda da parcela de energia dessas usinas destinada ao mercado livre. O problema é que a deterioração da economia brasileira nos últimos meses afetou ainda mais a demanda e derrubou os preços no mercado livre, representando uma ameaça à rentabilidade dos projetos arrematados pela estatal asiática em novembro do ano passado.
A CTG pode negociar até 30% da energia produzida das duas hidrelétricas, o equivalente a 800 megawatts (MW) médios. Para efeito de comparação, o volume equivale a pouco menos do total de energia descontratada da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, destinada ao mercado livre. Devido à dificuldade da Norte Energia, dona de Belo Monte, em negociar essa energia, o governo alterou a legislação do setor permitindo que esse montante seja ofertado novamente no mercado regulado, no próximo leilão "A-5", marcado para 31 de março.
Com relação ao preço, quando a CTG venceu o leilão das duas hidrelétricas, em novembro, o preço spot de energia no submercado Sudeste/Centro-Oeste estava em R$ 199,57 por megawatt-hora (MWh). Hoje o preço spot está no piso regulatório, de R$ 30,35 o MWh, devido à queda da demanda no mercado e ao aumento das chuvas no verão.
O preço spot baixo tende a pressionar para baixo os valores de contratos de longo prazo. Segundo a consultoria Dcide, o preço da energia em contratos convencionais no mercado livre de 2017 a 2020 está em R$ 121,76 o MWh, com queda de 40,87% em relação a igual período do ano passado.
No leilão da próxima semana, a CTG oferecerá produtos com prazo de fornecimento de três, cinco e 12 anos, a partir de janeiro de 2017 e janeiro de 2018, para o Sudeste /Centro-Oeste. O montante mínimo varia de 1 MW médio, para o produto de três anos, a 20 MW médios, para o contrato de 12 anos. Podem participar como compradoras outras geradoras, comercializadoras e consumidores livres.
A CTG informou, em nota, que espera uma alta demanda no leilão. A companhia acrescentou que o certame é uma oportunidade para fortalecer o relacionamento com geradores, comercializadores e consumidores livres e para firmar a posição da empresa como uma operadora no mercado livre.
Para levar a concessão das duas usinas devolvidas pela Cesp, a CTG se comprometeu a desembolsar R$ 13,8 bilhões em bônus à União. Desse total, 50% foi pago à vista e a outra metade, em seis meses. O preço médio da energia no leilão de novembro, destinado ao mercado regulado, foi de R$ 124,88 por MWh.
Situadas na divisa dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Jupiá e Ilha Solteira somam cerca de 5 mil MW de capacidade. Com a aquisição das usinas, a CTG tornou-se a segunda maior geradora privada do país, com 6 mil MW, atrás apenas da Tractebel, que detém 7,3 mil MW.
Dona da maior hidrelétrica do mundo, Três Gargantas, de 22,4 mil MW, na China, a CTG tem um parque gerador de cerca de 100 mil MW de capacidade no mundo.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4453350/ctg-fara-leilao-de-energia-de-antigas-usinas-da-cesp

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Moody's rebaixa nota do Brasil e tira grau de investimento

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota soberana do Brasil e completou o trio das grandes classificadoras a retirar o grau de investimento - uma espécie de selo de bom pagador - do país. Fitch e Standard & Poor's já tinham efetuado essa ação. 
Pela escala da Moody's, a nota caiu dois degraus. Passou de 'Baa3', último nível dentro da escala de grau de investimento, para 'Ba2'. A perspectiva é negativa - ou seja, com probabilidade de novo rebaixamento no futuro.
Segundo a agência, a decisão foi motivada por duas razões principais. Uma é a previsão de mais deterioração nas métricas da dívida pública em um cenário de baixo crescimento. A mais importante é a deterioração nos indicadores de dívida do Brasil, que resultará em um perfil de crédito “significativamente” mais fraco nos próximos anos. A expectativa é que a dívida do governo continuará aumentando entre 2016 e 2018, provavelmente superando 80% do PIB antes de se estabilizar. “Esperamos que o crescimento do PIB no período 2016-2018 seja equivalente a uma média negativa de 0,5%. Além disso, esperamos que as taxas de juros permaneçam elevadas em termos reais, o que contribuirá com a baixa comportabilidade da dívida – os pagamentos de juros vão consumir mais de 20% das receitas do governo”, informa o comunicado da agência.
A segunda razão é a "dinâmica política desafiadora", que, para os analistas, vai continuar a complicar os esforços do governo quanto ao ajuste fiscal, além de atrasar reformas estruturais. “O governo está trabalhando para obter apoio do Congresso para algumas reformas-chave, incluindo o aumento da idade mínima para aposentadoria e a redução da indexação das receitas. Porém, embora a discussão sobre reformas estruturais seja um elemento positivo, a aprovação dessas reformas pelo Congresso será difícil devido ao limitado apoio do governo no parlamento e aos desafios políticos enfrentados pela presidente”, informa a Moody’s. “O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte de rating”.
Perspectiva negativa
Os ratings do Brasil podem sofrer pressão adicional se a agência de classificação de risco Moody’s concluir que a deterioração nos indicadores fiscais e de dívida ultrapassarão o cenário base. Além disso, o país pode ter um novo corte caso as autoridades brasileiras não sejam capazes de resolver os desequilíbrios fiscais que impedem a reversão do aumento da dívida pública.
Segundo o relatório, um resultado negativo provavelmente seria associado a uma falha coletiva por parte do Congresso e do governo em constituir uma estabilização crível e uma agenda de reformas no próximo ano, levando a uma perda adicional de confiança do investidor, erosão dos colchões de liquidez externos e alto nível de incerteza política.
Na visão da Moody’s, o progresso na consolidação fiscal será lento e o crescimento econômico será “anêmico” nos próximos dois a três anos. A nota “Ba2” incorpora a premissa de que o perfil de crédito se deteriorará nesse período.
A perspectiva negativa reflete a incerteza relacionada à interação entre política, economia e dinâmica financeira no Brasil e, em consequência, o potencial para materialização de choques adicionais, o que exerceria mais pressão negativa sobre o perfil de crédito soberano.
“Choques adicionais podem ter relação com o impacto do sentimento do investidor na recuperação do crescimento, com eventos políticos que reduzem ainda mais a capacidade do governo de progredir nas reformas estruturais e com a cristalização de passivos contingentes no seu balanço patrimonial”, completa a Moody’s em relatório.
Para a Moody’s, uma melhora no rating do Brasil no curto prazo é “muito improvável” devido à perspectiva negativa da nota e à esperada deterioração nos indicadores de dívida. Pressões positivas sobre a nota, contudo, poderiam surgir se o governo for capaz de administrar os “desequilíbrios estruturais que levaram a uma persistente deterioração fiscal e ao aumento da dívida soberana”. Isso ocorreria se reformas estruturais fossem aprovadas, diminuindo a rigidez orçamentária, a indexação das receitas e o crescimento obrigatório das despesas em várias categorias.
Em entrevista concedida em dezembro, o analista-chefe para títulos soberanos da agência, Alastair Wilson, já sinalizava que a Moody's provavelmente seguiria a Standard & Poor's e a Fitch e colocaria a nota do Brasil em grau especulativo.  "É brusca a velocidade com que as projeções de crescimento para o Brasil pioraram... e também os problemas políticos que não foram resolvidos. Há quase uma tempestade perfeita", afirmou Wilson. Na ocasião, porém, ele disse que estava em avaliação o rebaixamento de um degrau apenas. A decisão de hoje cortou a classificação soberana em dois degraus pela escala da agência. 
Outras notas
Além do rebaixamento da nota em moeda estrangeira, a Moody’s cortou o rating em moeda local do Brasil, de Baa3 para Ba2, também retirando o grau de investimento.
Além disso, o teto da dívida de longo prazo em moeda estrangeira foi reduzido de Baa2 para Ba1, enquanto o teto de dívida de curto prazo em moeda estrangeira foi alterado de P-2 para NP.
Houve ainda alteração no teto para depósitos de longo prazo em moeda estrangeira, de Baa3 para Ba3 e no teto para depósitos de curto prazo também em moeda estrangeira de P-3 para NP.

Os tetos para dívidas de longo prazo e depósitos em moeda local foram rebaixados para A3. A perspectiva para as notas do país é negativa.
Outras agências
A Standard & Poor's tinha retirado o grau de investimento do Brasil em setembro de 2015 e, na semana passada, voltou a cortar o rating do país, mantendo a perspectiva negativa. Na visão dessa agência, a qualidade de crédito do Brasil piorou nesse período em função da elevada incerteza política, que afeta os planos de ajuste fiscal, essenciais para avaliar a capacidade de pagamento do governo. A diretora da S&P  Lisa Schineller disse na semana passada, que esse segundo corte na avaliação de crédito do Brasil se deveu a questões domésticas que estão deteriorando o quadro fiscal do país.
Em dezembro, a Fitch Ratings tirou o status de grau de investimento do Brasil, apenas dois meses depois de ter realizado um primeiro corte, ainda dentro da escala de grau de investimento. Na época, a analista de ratings soberanos da agência, Shelly Shetty, citou a incerteza política elevada e as chances de piora na recessão econômica e no quadro fiscal como os principais fatores de risco.  Além da pouca demora nas ações e das menções à incerteza política e ao agravamento da recessão, as três agências têm em comum a perspectiva negativa das notas, sinalizando a probabilidade de novos rebaixamentos.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4452068/moodys-rebaixa-nota-do-brasil-e-tira-grau-de-investimento

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Renova faz reestruturação para poder voltar a crescer

A Renova Energia passa por um ano de "arrumação" depois do fim do acordo bilionário de venda da carteira de projetos para a americana SunEdison.
"Eu chamo 2016 de ano do freio de arrumação. Tínhamos um 'pipeline' de projetos acelerado, houve uma mudança nas condições externas e perdemos a capacidade de reciclar o capital que achávamos que íamos ter", explicou Carlos Waack, presidente da companhia desde janeiro.
A "reciclagem" de capital a que ele se refere era a venda de uma carteira de projetos de 2.204,2 megawatts (MW) em capacidade instalada à SunEdison. Os ativos eram avaliados em R$ 13,4 bilhões, que seriam pagos em ações da TerraForm Global, veículo liderado pela empresa americana que fez sua estreia no mercado em agosto de 2015.
O fim do acordo foi anunciado no início de dezembro e a Renova começou a implementar uma reestruturação para viabilizar seus negócios. Uma parte das mudanças foi anunciada no começo de fevereiro - um aumento de capital de R$ 731,25 milhões. A Cemig, acionista que tem 27,35% das ações da companhia, se comprometeu a subscrever R$ 240 milhões desse aumento de capital.
"A Renova, por ser de capital intensivo, sempre precisa de aumento de capital, é da natureza do negócio. A opção anterior era a reciclagem do capital, tivemos alguns problemas e não funcionou exatamente como o esperado", disse Waack. Segundo o executivo, em um mercado de dívida cara, essa foi a solução encontrada.
"É uma expectativa pessoal, acho que é natural a subscrição total não acontecer", afirmou. Apenas a parcela referente à Cemig já resolve as necessidades da companhia agora. "Os R$ 240 milhões são exatamente o que a gente espera, qualquer coisa acima disso virá no benefício da companhia", afirmou. Se apenas a Cemig subscrever o aumento de capital, sua participação na Renova vai para 33,6% do capital total.
Além dessa medida, a Renova adotou outras ações para ficar com uma estrutura "mais leve" e se adequar ao cenário do mercado, como renegociações de dívidas, antecipação de recursos de contratos de energia e a "reestruturação" do quadro de funcionários.
"Não tenho nada assinado, mas todos os contratos de mercado livre, sem exceção, estamos negociando", disse Waack. A estratégia nesse segmento é aproveitar que os preços do mercado livre estão mais baixos hoje do que quando a Renova firmou seus contratos de longo prazo. A empresa está aproveitando para adiar projetos que foram vendidos no mercado livre a preços mais altos, comprando energia em contratos de médio prazo a um preço menor para cumprir essas vendas. A diferença entre preço da energia vendida e comprada será capturada pela empresa.
"A estrutura atual da Renova tem um potencial de crescimento relativamente limitado. A ideia da reciclagem era conseguir manter um ritmo de crescimento mais acelerado com o mercado de capitais fechado que temos hoje. Já estamos analisando opções para manter o crescimento quando o mercado se normalizar", disse Waack. Para ele, esse "freio de arrumação" tem que acontecer em 2016, para que a companhia equacione os problemas e fique pronta para voltar a expandir as operações quando achar "o vetor de crescimento" desejado.
A paralisação nas obras de transmissão da Abengoa que vão escoar a energia de projetos da Renova no Nordeste deve afetar a companhia. Apesar de apontar que os efeitos no sistema são negativos, Waack reconhece que a Renova pode tirar proveito da situação. "No mercado regulado existe a figura da concatenação. Eu posso ajustar a entrada do meu projeto com o cronograma da linha. Se o atraso não é meu, não tem penalização", explicou.
A companhia foi uma das muitas chamadas pelo governo para conversar sobre uma solução para o problema da Abengoa. Segundo o executivo, as conversas ainda estão acontecendo, há estudos sendo feitos, mas ainda não chegaram a uma conclusão.
Considerando a participação de 11% que a Renova tem na Terraform Global, a empresa tem 653,3 MW de projetos em operação.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4449540/renova-faz-reestruturacao-para-poder-voltar-crescer

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Linhas da Abengoa atraem a Eletrobras

Uma eventual relicitação dos ativos de transmissão do grupo espanhol Abengoa no Brasil pode ser interessante para a Eletrobras, caso as condições dos contratos de concessão sejam mais atrativas dos que a atuais, afirmou uma fonte próxima do comando da estatal. Segundo ela, se a taxa de retorno dos projetos for ampliada e/ou se o prazo de concessão das linhas for postergado, os projetos podem gerar rentabilidade para a companhia.

De acordo com a fonte, um WACC (sigla em inglês para custo médio ponderado de capital, ou a taxa de remuneração) de 9% para esses ativos "seria interessante".

Em reportagem publicada na sexta-feira, o Valor informou que o governo estuda a possibilidade de uma intervenção administrativa pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nas linhas de transmissão da companhia espanhola, que pediu recuperação judicial em janeiro. Tanto a intervenção quanto a relicitação de concessões elétricas estão previstas na lei 12.767/2012, caso seja atestado que o atual concessionário não tem condições de administrar os ativos.

A questão, conforme destacou a reportagem do Valor, é que a Abengoa arrematou as linhas de transmissão com WACC regulatório baixo, e ainda ofereceu deságios agressivos nos leilões. Para alterar essas condições dos contratos em eventual relicitação, a Aneel precisaria do aval do Tribunal de Contas da União (TCU).

O Valor apurou que a Eletrobras seria uma das interessadas na relicitação dos ativos da Abengoa, possivelmente em consórcio com outras empresas. A estatal entraria com a experiência e capacidade de captação de financiamento.

Dona, direta ou indiretamente, de 10 mil quilômetros de linhas de transmissão em operação e construção no país, a Abengoa possui dívidas da ordem de R$ 3,04 bilhões. Entre os projetos da empresa em implantação está o linhão que ligará a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ao Nordeste, de mais de 1,8 mil quilômetros.

Na última sexta-feira, o presidente da Abengoa no Brasil, Luiz Solaro, reuniu-se com o secretário-executivo do ministério de Minas e Energia (MME), Luiz Eduardo Barata, em Brasília. O executivo já havia se encontrado com o ministro Eduardo Braga na terça-feira.

Segundo o MME, não houve nenhuma deliberação na reunião ocorrida na última sexta-feira. "As autoridades do ministério de Minas e Energia continuam recebendo diversos empreendedores interessados nas operações e obras da Abengoa no país, em várias oportunidades. Representantes da Abengoa têm sido recebidos no Ministério para tratar sobre os empreendimentos da empresa no Brasil. O assunto continua em estudo", informou o MME, em nota.

Se a intervenção da Aneel se concretizar, a situação dos credores da Abengoa ainda fica incerta. As linhas de transmissão não entram em recuperação judicial, devido ao mecanismo criado pela lei 12.767. No caso das dívidas tomadas diretamente com a holding, que está em recuperação, a tendência é que os credores sejam mais prejudicados.

Em relação às dívidas tomadas diretamente pelas sociedades de propósito específico (SPEs), os créditos vinculados às concessões podem ser mantidos, sendo repassados aos novos concessionários das linhas de transmissão. Não há, porém, um consenso sobre isso, uma vez que a declaração de caducidade da concessão para posterior relicitação pode extinguir os contratos anteriores.

Para que tenha êxito, a intervenção administrativa precisa durar o menor período possível, para que as obras das linhas de transmissão sejam retomadas o quanto antes. Depois da declaração da intervenção, a Abengoa terá até 60 dias para apresentar um plano de correção de falhas. Apenas depois disso a agência dará prosseguimento à relicitação, se for esse o caso.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4447268/linhas-da-abengoa-atraem-eletrobras

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Britânica Highview Storage estuda parcerias no Brasil

A britânica Highview Power Storage, especializada em tecnologias de armazenamento de energia, está avaliando a possibilidade de desenvolver projetos no Brasil. Segundo o chefe de Desenvolvimento de Negócios da companhia, Matthew Barnett, a ideia é participar de projetos em parceria com o governo e empresas brasileiras.
"[O Brasil] é um mercado onde temos interesse em trabalhar em conjunto. Acredito que haja oportunidades e estamos olhando a possibilidade de desenvolver projetos de armazenamento de energia com ar líquido. Este ano será uma oportunidade para construir canais e parcerias globais, incluindo o Brasil, para explorar essa tecnologia e ajudar a ampliar o uso de fontes renováveis, auxiliando a rede elétrica", afirmou o executivo.
Conforme antecipado pelo Valor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê lançar no segundo semestre um programa de pesquisa e desenvolvimento estratégico sobre tecnologias de armazenamento de energia. No início de fevereiro, representantes da agência, de empresas e centros de pesquisa brasileiros viajaram ao Reino Unido para conhecer estudos e o estágio de projetos sobre o setor na região, em missão organizada pelo consulado britânico.
No Reino Unido, a Highview planeja iniciar a operação neste semestre de uma usina de 5 megawatts (MW) de capacidade instalada, e 15 megawatts-hora (MWh) de energia, nos arredores de Manchester, a partir do armazenamento de ar em forma líquida. Com investimentos de cerca de 8 milhões de libras (equivalente a cerca de R$ 45 milhões), o projeto está sendo implantado com recursos do Departamento de Energia e Mudanças Climáticas do Reino Unido (DECC, na sigla em inglês).
Fora do Reino Unido, a companhia arrematou contrato para estudar a viabilidade da tecnologia para a Marinha americana.
O custo da tecnologia - de 1 mil libras (R$ 6 mil) por quilowatt (kW) instalado - ainda não é competitivo em relação a outras fontes de energia. Barnett, porém, diz que o interesse das empresas sobre o tema está aumentando e que, em futuro próximo, será possível desenvolver projetos sem subsídios.
Um indicativo da viabilidade comercial é a previsão do operador do sistema elétrico britânico de realizar, no segundo semestre, um leilão para a contratação de até 200 MW de capacidade de projetos de armazenamento de energia.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4443848/britanica-highview-storage-estuda-parcerias-no-brasil

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Visão de longo alcance

Juros, inflação, desemprego, instabilidade política. Os esforços necessários para enfrentar o atual cenário deixam pouco espaço para estender o olhar para o futuro. Mas, dedicar tempo e recursos para pensar e, principalmente, estar disposto a construir as próximas décadas é, segundo especialistas que acompanham as tendências mundiais, fundamental. É lá, dizem, que estão os maiores desafios - mas também as grandes oportunidades.
Alguns argumentos: em 2030 estima-se que haverá no mundo uma população de 8,3 bilhões de pessoas, pressionando a demanda por energia, água, alimentos e o uso da terra. Até lá, o total de consumidores da classe média vai aumentar drasticamente, especialmente na Ásia, e seu consumo será quase triplicado, para mais de US$ 55 trilhões.
Em 2050, o PIB dos países emergentes (China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia), terá saltado para US$ 138 trilhões, o que representará o dobro do total esperado para os países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) - uma clara indicação de deslocamento do centro de poder econômico no mundo.
Dados dessa magnitude já seriam suficientes para convencer os mais resistentes a olhar o futuro com atenção redobrada. A lente dos estudiosos, porém, mostra que há muito mais. "Estamos vivendo um momento em que fatores de grande impacto para a natureza, a sociedade e a economia estão interagindo de forma acelerada para criar um futuro totalmente novo", diz Fernando Alves, sócio-presidente da PwC Brasil.
Os radares da PwC, detalhados em estudo sobre megatendências e suas implicações, de 2015, apontam para cinco grandes forças que, segundo o executivo, vão mudar radicalmente o mundo nas próximas décadas: a população mundial vai ter um novo perfil demográfico; a balança do poder econômico penderá para o lado dos emergentes; haverá um drástico aumento da concentração urbana e uma revolução tecnológica tão rápida e intensa quanto o impacto desse novo mundo sobre o meio ambiente. "Descortinar esse mundo por vir significa criar as condições necessárias para se preparar e fazer desse futuro uma oportunidade e não uma ameaça", diz Alves.
O estudo Megatendências 2030 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também de 2015, que sintetiza as expectativas de personalidades e entidades internacionais sobre o futuro mundial, mostra que o novo perfil populacional, com maior peso da classe média, pessoas cada vez mais envelhecidas, conectadas e empoderadas vai exigir muito mais das organizações e dos governos.
"Identificamos tendências fortes, que já estão em andamento e vão gerar um mundo bem diferente do que se vive hoje", afirma Elaine Coutinho Marcial, organizadora do estudo e coordenadora da assessoria de gestão estratégica, informação e documentação do Ipea.
Além das mudanças de perfil populacional, o Ipea aponta a formação de novas e poderosas forças relacionadas ao modelo econômico vigente, ao clima, à geopolítica mundial, à ciência e à tecnologia. O instituto também fez um mapeamento das grandes incertezas - áreas nas quais há sinais que não se consolidaram como tendências. "É nesse ponto que empresas, sociedade e governo podem trabalhar e alterar o curso dos acontecimentos", afirma Elaine.
É também esse o convite que os especialistas fazem às corporações: de se tornarem vetores da mudança. "A analogia extraída do darwinismo, segundo o qual não sobrevive quem é o mais forte, nem o mais rápido, mas o que melhor se adapta, ficou no século XX; o que importa agora vai além da adaptação: é preciso ter capacidade de agir, articular parceiros, atender demandas sociais", observa Luís Guedes, professor de inovação da Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo (USP).
Para Alves, da PwC, muitas organizações identificam megatendências, mas têm dificuldade em decodificá-las. "Quem decodificar isso de maneira mais plena e antes se posicionar vai ser vencedor", diz ele. No caso do deslocamento do poder econômico mundial, por exemplo, o importante é descobrir se a empresa está preparada para explorar negócios nos novos centros globais. "Se os países emergentes serão a economia do amanhã, as empresas precisarão estar nesses mercados", diz o executivo.
Segundo ele, não é por outra razão que, a despeito do desempenho da economia brasileira, o Brasil recebe um investimento estrangeiro anual de US$ 65 bilhões. "Por que isso acontece se a economia está decrescendo? Porque o Brasil é relevante no mundo de amanhã", diz.
Além do monitoramento geográfico, as organizações precisam estar preparadas para atuar no futuro digital - a megatendência apresentada como principal no estudo da Ernst & Young (EY). "Todos os negócios estão evoluindo para plataformas digitais e, para estar alinhada com essa tendência, a empresa tem de repensar os canais de comunicação com seus clientes; capturar e usar os dados de forma eficiente, mas também saber como se proteger das ameaças cibernéticas", diz Miguel Duarte, sócio de consultoria da EY.
Outro ponto que requer atenção, segundo o executivo, é a transformação que o futuro digital vai promover no ambiente de trabalho: 47% das profissões em economias desenvolvidas têm um alto risco de serem automatizadas nos próximos 20 anos.
Do ponto de vista do ambiente físico, os desafios são grandes para sociedade, empresas e governo. O avanço acelerado da urbanização observado nas últimas décadas se intensificará: até 2050, as cidades vão abrigar 72% mais habitantes em relação ao universo de 3,6 bilhões de pessoas de 2011, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). "Esse salto forçará o uso de infraestrutura dos grandes centros e os gargalos nos sistemas de transporte público, saúde, abastecimento de água e alimentos se agravarão", diz o presidente da PwC.
Segundo ele, as cidades terão de estabelecer limites e ter eficiência para assegurar qualidade de vida aos seus habitantes - por exemplo, utilizando modelos de gestão com parâmetros empresariais. "As megalópoles serão mais influenciadoras do que países e haverá um sentimento anti-cidade, porque será difícil viver nelas", afirma.
Mais populoso, rico e urbano, o planeta enfrentará uma intensa pressão por recursos naturais. A previsão é que até 2030 a demanda por água aumente 40%, a de energia, 50%, e a de alimentos, 35%. "Isso significa maior competição por recursos e os CEOs terão de fazer uma avaliação mais crítica dos cenários para se antecipar a possíveis crises", observa Alves. Como mostra o estudo do Ipea, o modelo econômico atual é agressivo ao meio ambiente e, além de levar à escassez de recursos naturais, poderá contribuir para a ocorrência de eventos extremos, ocasionando impactos negativos ao ambiente social e econômico. "Temos de repensar nossa relação com o planeta", diz Elaine.
Duarte, da EY, lembra que é possível observar um crescimento do movimento pró-sustentabilidade entre as empresas - especialmente nas grandes corporações -, impulsionado por consumidores que cobram cada vez mais uma atividade produtiva voltada para a minimização de impactos no meio ambiente. Mas essa guinada tem um alto custo: a projeção é que até 2050 a adaptação a mudanças climáticas exigirá um desembolso de até US$ 100 bilhões por ano.
Assim como a sustentabilidade, a tecnologia, o novo perfil do consumidor e a urbanização acelerada estão no radar de muitos CEOs. Ainda assim, segundo Guedes, muitas empresas preferem ficar de olho no presente a assumir o risco do futuro. "É como numa prova. Se estudar bastante o que vai cair, passa de ano, mas país nenhum avança dessa forma", diz. No setor público, o avanço tem outro ritmo. "O longo prazo ainda não entrou na agenda do Estado", observa Elaine. Além de prover a infraestrutura necessária ao novo mundo, cabe ao Estado atender às demandas por serviços públicos, educação, capacitação e transparência exigidas pela nova era.
Para Guedes, é também tarefa dos governos estimular o avanço do país com uma política que estimule setores econômicos estrategicamente definidos. "Foi o que o Japão fez: estudou o futuro, escolheu a robótica e fez um planejamento de longo prazo." A aposta japonesa avançou tanto que é um robô a protagonista do filme "Sayonara", apresentado no 28º festival de cinema de Tóquio, no ano passado. Além da semelhança com uma pessoa, de conseguir olhar nos olhos e ler a linguagem corporal de seu interlocutor, Geminoid F recebeu tratamento de estrela: aparece nos créditos como atriz principal e participou da coletiva de imprensa. Um sinal de que os novos tempos estão cada vez mais próximos.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/brasil/4441548/visao-de-longo-alcance

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

China reforça estímulo e crédito dispara no país

A China está reforçando a sustentação da economia com a elevação dos gastos e estuda também adotar novas medidas para estimular a concessão de crédito

O principal órgão de planejamento do país está colocando mais dinheiro à disposição dos governos locais para financiar novos projetos de infraestrutura, segundo fontes. Já o Conselho de Estado da China discutiu a possibilidade de diminuir o coeficiente mínimo de provisões que os bancos precisam reservar para cobrir empréstimos não quitados, o que liberaria mais dinheiro para empréstimo.

As autoridades, além disso, estão elevando o tom de sua retórica. O premiê Li Keqiang disse que o governo "ainda têm muitas cartas na manga" para combater a desaceleração da economia chinesa, a segunda maior do mundo.

Para propagar essa mensagem e destacar a sua importância, os maiores órgãos de planejamento econômico do país prometeram ontem reduzir os custos de financiamento, num momento em que tentam controlar o excedente de capacidade. Acrescente-se a tudo isso alta recorde da concessão de empréstimos de janeiro e se terá um quadro de um governo determinado a reforçar o crescimento.

"As autoridades estão se empenhando em evitar uma nova desaceleração, que poderá se exacerbar para um pouso forçado", disse Rajiv Biswas, economista-chefe para a Ásia-Pacífco da IHS Global Insight, de Cingapura. "Essas medidas impulsionarão a liquidez no setor bancário e elevarão os gastos dos governos provinciais em desenvolvimento de infraestrutura."

Os dirigentes comunistas do país tentam manter o crescimento da economia em pelo menos 6,5% ao ano até 2020, para cumprir a promessa de criar "uma sociedade moderadamente próspera".

A China cresceu 6,8% no último trimestre, seu ritmo mais lento desde a crise financeira mundial. A desaceleração coincidiu com o colapso das bolsas chinesas e com a desvalorização do yuan, que fizeram os investidores temer que a economia esteja ainda mais frágil.

Agora surgem sinais de que os seis cortes dos juros promovidos pelo Banco do Povo da China, o BC do país, desde novembro de 2014, juntamente com outras medidas destinadas a impulsionar o crédito, estão começando a dar resultado. Dados divulgados ontem revelaram que o financiamento agregado disparou para US$ 525 bilhões em janeiro. O total dos empréstimos bancários em yuan a setores não financeiros bateu novo recorde no mês passado, somando US$ 390 bilhões.

Analistas advertiram para a possibilidade de o salto do crédito ser um sinal de que os bancos estatais do país estão sendo instruídos a abrir as torneiras do crédito, no momento mesmo em que as autoridades prometem controlar o crescente endividamento do país.

"As perspectivas de curto prazo parecem melhores, mas um crescimento desenfreado do crédito não vai ajudar em nada a atenuar o temor do risco financeiro dos bancos e do superendividamento das empresas", segundo os economistas Tom Orlik e Fielding Chen, da Bloomberg Intelligence.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma pretende oferecer 400 bilhões de yuans neste trimestre para que governos locais financiem obras de infraestrutura, informaram fontes.

O acesso a 400 bilhões de yuans em cada um dos próximos três trimestres significará dobrar o ritmo de financiamento do programa. No ano passado foram oferecidos 800 bilhões de yuans. A Comissão divulgou o programa especial de bônus no ano passado, como parte dos esforços destinados a impulsionar os gastos públicos.

Para os bancos, o nível mais elevado de empréstimos não quitados dos últimos dez anos comprometeu os lucros e reduziu seus coeficientes de cobertura para contratos de crédito problemáticos para níveis próximos do mínimo fixado pelos órgãos reguladores. Isso fez com que bancos como o Industrial & Commercial Bank of China pedissem que os reguladores abrandassem a exigência de provisões para empréstimos não quitados, o que poderá dar aos bancos mais espaço para empréstimos.

"As autoridades parecem determinados a fazer com que a economia cresça acima dos 6,5% estabelecidos por eles", disse Larry Hu, diretor de economia chinesa da Macquarie Securities de Hong Kong. "Embora muitos temam a perspectiva de um pouso forçado na China neste ano, o quadro geral é que a China terá outra transição de poder em 2017. Antes disso, os dirigentes máximos farão o possível para manter um ambiente relativamente estável."

Leia mais em: http://www.valor.com.br/internacional/4439732/china-reforca-estimulo-e-credito-dispara-no-pais

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Sobras de energia serão analisadas

As distribuidoras de energia, que recentemente chegaram a sofrer com a "descontratação involuntária", enfrentam agora o desafio de equalizar a energia contratada com a demanda real, que vem provocando uma sobra chamada de "sobrecontratação". Para mitigar os efeitos desse excedente, as distribuidoras elaboraram várias propostas, como a redução contratual da energia contratada de empreendimentos em atraso na construção.
O cenário atual diverge da exposição involuntária enfrentada pelas distribuidoras em 2013 e 2014 depois da Medida Provisória (MP) 579, convertida na Lei 12.783 de 2013. Hoje, os reajustes tarifários e o desaquecimento da economia tiveram como efeito a redução da demanda, explicando as sobras contratuais.
"As distribuidoras são passivas na contratação de energia", explicou Alexei Vivan, diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE). Elas declaram as estimativas de necessidade de energia no futuro e o governo realiza os leilões. As propostas das distribuidoras passam pela alteração nos contratos feitos no passado com base nessas projeções, pois houve uma queda acentuada na demanda por energia. "Elas vão no sentido de dar condições às distribuidoras de ficarem livres dos contratos", disse Vivan.
Segundo Marco Delgado, diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), uma das ideias é postergar contratos de compra e venda firmados entre distribuidoras com sobrecontratação e geradoras com atraso nas obras. A análise seria caso a caso. "A postergação evita o custo para a distribuidora e o gerador consegue evitar as sanções relacionadas ao atraso, seria uma combinação oportuna em que todos sairiam ganhando", disse.
Outro pedido da Abradee deve ter uma audiência pública aberta hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A proposta é pela realização de alterações em duas normativas estabelecendo mecanismos de abatimento da sobrecontratação "involuntária" causada pela entrada de energia em regime de cotas em excesso nas concessionárias.
A sobrecontratação é involuntária pois o ingresso dos contratos de cotas de garantias físicas é involuntário, diz a Abradee. Em nota técnica publicada em dezembro, a área técnica da Aneel concordou e disse ser "natural e coerente" que as alterações nos montantes alocados a cada distribuidora tenham previsão de neutralização, observado o máximo esforço para alívio da sobrecontratação.
Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4437602/sobras-de-energia-serao-analisadas

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

'Não é de hoje que o BC faz algum tipo de controle do câmbio'

O mundo atravessa um momento de descrédito muito grande em relação à capacidade dos formuladores de política monetária para tratar riscos relacionados a preços e atividade econômica. O que se vê hoje no Brasil - inflação alta em meio a uma profunda recessão - é parte desse contexto geral, apesar de muito influenciado por questões domésticas, segundo a economista Mônica de Bolle, pesquisadora brasileira do Peterson Institute for International Economics e professora da Universidade Johns Hopkins.
"Mas há uma diferença muito clara entre os diversos BCs. O americano, por exemplo, sabe o que quer, sabe onde quer chegar. O brasileiro, não. E isso faz toda diferença", disse a economista em entrevista ao Valor.
Para Mônica, há uma "mão pesada" do Banco Central no câmbio, o que limitaria pressões sobre a inflação, uma vez que o potencial da política monetária está enfraquecido. Ainda segundo a economista, apesar de a função dos bancos públicos ser importante, não existe solução para o país que não passe por uma reavaliação do papel de BNDES, Caixa e Banco do Brasil na economia. Leia os principais trechos da entrevista.
Valor: O governo está adotando novamente uma âncora cambial?
Mônica de Bolle: Acho que é importante frisar que, de um lado, o movimento mais recente de queda do dólar no Brasil esteve muito relacionado ao exterior, especialmente após o banco central do Japão ter adotado taxas de juros negativas. Isso foi muito relevante. Mas acredito que não é de hoje que o Banco Central está fazendo algum tipo de controle do câmbio, algo voltado mais para controlar taxa do que exatamente suavizar oscilações mais bruscas. O BC tem feito continuamente as operações de swap cambial, mesmo em momentos de queda expressiva do dólar. A sensação que isso passa é que há uma mão pesada no câmbio, com o objetivo de evitar uma desancoragem ainda maior da inflação.
Valor: Isso é um sintoma de quais outros problemas do Brasil hoje?
Mônica: Você tem uma situação no Brasil em que não há âncora fiscal e agora uma política monetária comprometida, porque o BC se depara com uma recessão muito forte na economia que faz com que ele relute em subir os juros. E também tem a questão da dominância fiscal.
Valor: O país está em dominância fiscal?
Mônica: Acho que a dominância fiscal, ou pelo menos a dúvida se estamos ou não nela, influenciou a decisão do BC de não subir os juros. Mas ele jamais vai admitir isso. E sem a âncora fiscal, a inflação não encontra nenhum obstáculo. Isso só reforça a ideia de que a luta contra a inflação no Brasil não pode ser baseada em fórmulas contidas em livro-texto.

Valor: Você poderia discorrer mais sobre isso?
Mônica: Os padrões de estudo macroeconômico partem de um princípio básico de que em algum momento os preços, as variáveis, os ativos, vão convergir a um ponto de equilíbrio. Entre essas variáveis, podemos citar taxa natural de desemprego, taxa natural de juros e PIB potencial. Mas chegou-se a um ponto em que não conseguimos mais determinar esses níveis de equilíbrio com base nos princípios de antes. O que seria hoje o PIB potencial do Brasil? É uma pergunta a que poucos arriscam responder. E mesmo quando respondem é com grande incerteza. O mesmo vale para os Estados Unidos. A verdade é que ninguém sabe o que está acontecendo com esses parâmetros estruturais, e isso causa tamanha incerteza que você tem situações improváveis como expectativa de inflação em alta no Brasil mesmo com ambiente recessivo e inflação dormente nos Estados Unidos a despeito da recuperação da economia.
Valor: Como os formuladores de política monetária estão se saindo com essas situações?
Mônica: Existe um descrédito muito grande com a capacidade dos formuladores de lidar com essa nova configuração. Nenhum formulador de política monetária sabe responder às questões que se colocam. E, na tentativa de tentar achar respostas, acabam utilizando os mesmos parâmetros de antes, apesar da mudança pela qual a economia mundial passou. Isso gera uma desconfiança com esses formuladores que não é exclusiva do Brasil. Dessa forma, o que se tem é uma total falta de conexão entre os modelos utilizados e a realidade, já que você não sabe quais os parâmetros. Mas há uma diferença muito clara entre os diversos BCs. O americano, por exemplo, sabe o que quer, sabe onde quer chegar. O brasileiro, não. E isso faz toda diferença.
Valor: Qual a saída para a falta de chão na economia brasileira?
Mônica: Você tem que dar certezas. E essas certezas só se constroem com estratégias corretas de política econômica e agenda de reformas. Só é possível quebrar a dinâmica perversa da inflação no Brasil com um plano crível de ajuste fiscal, que inclua uma revisão mais profunda dos gastos do governo, algo que passe a sensação de que o governo está comprometido em arrumar o Orçamento. É claro que medidas drásticas de ajuste fiscal neste momento são contraproducentes, mas é preciso entender que esse ajuste profundo das contas é necessário porque trata-se de um problema estrutural e não cíclico. Um segundo ponto é uma reforma no sistema financeiro. Regredimos quase 20 anos em termos de funcionamento do sistema financeiro, que hoje é extremamente segmentado, com uma participação dos bancos públicos muito além da desejada. Isso impede que você crie mecanismos de financiamento de longo prazo de que a economia brasileira tanto precisa. Claro que o papel dos bancos públicos é importante, mas a questão é que o foco não pode ser apenas neles. Para mim, não existe solução para o Brasil que não passe por uma reavaliação do papel do BNDES, da Caixa e do Banco do Brasil na economia.
Valor: Como o estrangeiro tem observado o Brasil nesse contexto doméstico e também global?
Mônica: Trabalho mais com empresários aqui nos Estados Unidos e o que percebo é que aqueles que já têm operações no Brasil e tinham planos de ampliação frearam todos os investimentos. Mas é importante dizer que ninguém pensa em sair do Brasil, apesar do sentimento de perplexidade que existe, piorado agora por questões que extrapolam as análises centrais de economia, como a disseminação do vírus zika.

Leia mais em:   http://www.valor.com.br/financas/4435214/nao-e-de-hoje-que-o-bc-faz-algum-tipo-de-controle-do-cambio

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Deflação global pode ajudar Brasil

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu não aumentar a taxa de juros, há três semanas, não foi discutida em todas as dimensões a hipótese de uma crise financeira global. O que parecia estar no horizonte era uma deflação mundial. O que se ouve dentro do BC é que, com a piora dos últimos dias, pode haver tanto uma crise como uma onda deflacionária.
Uma deflação pode, em tese, ajudar os esforços do BC para cumprir a meta de inflação em 2017. Já uma crise financeira, a depender de sua evolução, pode atuar em sentido contrário, uma vez que provocaria desvalorização do real, com impacto nos preços internos.
O melhor cenário para o Brasil seria uma desinflação global que obrigasse as economias avançadas, sobretudo a americana, a adotarem políticas monetárias acomodatícias. Isso provavelmente derrubaria o dólar no mundo todo. Um dólar mais barato não está hoje nas contas de ninguém.

Leia mais em:   http://www.valor.com.br/financas/4432650/deflacao-global-pode-ajudar-brasil

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Projeto 50 telhados instala 369 equipamentos fotovoltaicos

Ao longo de 2014 e 2015, o projeto 50 Telhados, uma iniciativa do Instituto Ideal para a instalação 50 sistemas fotovoltaicos de 2 kWp ou 100 kWp de potência total por cidade participante, registrou a instalação de 369 telhados fotovoltaicos no Brasil. O projeto, realizado em parceria com empresas instaladoras em 22 cidades do país, somou aproximadamente 2,38 MWp de potência instalada com geração estimada de 3,62 GWh por ano. Para o presidente do Instituto Ideal, Mauro Passos, ele gerou uma competição do bem, com resultados que comprovam a disseminação do uso da tecnologia fotovoltaica, urbana por definição. Segundo ele, o projeto foi uma ferramenta de alavancagem e de ajuda na tomada de decisão pelo consumidor.

Das 22 cidades participantes, nove alcançaram a meta estipulada, sendo que a maior parte delas o fez a partir da potência total instalada. Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ) instalaram mais de 50 telhados efetivamente. Outros municípios que alcançaram a meta foram: Florianópolis (SC), Salvador (BA), Santa Cruz do Sul (RS), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Luis Eduardo Magalhães (BA) e Recife (PE). Os três estados com o maior número de telhados instalados foram Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, cada um deles alcançando mais de 60 instalações FV.  Em termos de potência instalada, além desses três estados, vale destacar a Bahia, que ficou em segundo lugar seguido do Ceará.

O Projeto 50 Telhados foi executado localmente nas cidades por 15 instaladores, sendo que as empresas com o maior número de cidades foram Solar Energy do Brasil, participando em cinco cidades de diferentes estados, e Enersol Brasil, em quatro cidades da Bahia.  O maior número de instalações FV em uma única cidade foi realizado pela Satrix, com 63 telhados solares em Fortaleza, seguido da Solar Energy do Brasil, com  37 em Campo Grande e 33 no Rio de Janeiro, Solled Eficiência Energética, com 28 em Santa Cruz do Sul e Araxá Energia Solar, com 22 em Florianópolis.

O Instituto Ideal lançou o projeto em dezembro de 2013 com o intuito de divulgar a geração distribuída a partir da fonte fotovoltaica, dando assim publicidade à Resolução 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica que cria o sistema de compensação. A meta de 50 telhados fotovoltaicos de 2 kWp ou 100 kWp de potência total instalada por cidade, poderia ser alcançada individualmente pela empresa instaladora ou em conjunto com outras, em um prazo de até dois anos. O projeto teve o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=110389

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

BNDES aprovou R$ 7,4 bilhões para projetos eólicos em 2015

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social encerrou o ano passado com R$ 7,42 bilhões em aprovações para 82 novos projetos eólicos, que somam 2.102 MW de potência instalada. O valor representa um aumento de 12,7% em relação ao montante aprovado no ano anterior, de R$ 6,58 bilhões. A quantidade de projetos aprovados mais que dobrou, passando de 40 para 82 — crescimento de 105%.
 
Desde 2003, o apoio do BNDES à geração eólica somou R$ 27,5 bilhões, para 264 projetos, com potência instalada total de 4.975 MW. Além de ampliar a participação da energia limpa na matriz energética brasileira, os projetos contribuem para reduzir as emissões e dinamizar a economia de seus entornos, gerando emprego e renda.
 
No fim de 2015, BNDES aprovou três novos financiamentos, no valor total de R$ 1,4 bilhão, para complexos eólicos em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Ceará. Os três projetos terão 274 aerogeradores, com potência instalada total de 495,6 MW, e devem gerar 1,6 mil empregos diretos e cerca de 3,5 mil indiretos na fase de implantação. Quando estiverem prontos, os empreendimentos devem gerar 133 empregos diretos e 250 indiretos nos três estados. As três operações contemplam também subcréditos de R$ 7,1 milhões no âmbito da linha Investimentos Sociais de Empresas (ISE).
 
A maior operação, de R$ 658,3 milhões, apoia a implantação do Complexo Eólico de São Clemente (PE), da Casa dos Ventos, com capacidade instalada de 216,1 MW. Orçado em R$ 1,1 bilhão, o complexo reunirá oito parques, instalados nos municípios de Caetés, Capoeiras, Pedra e Venturosa, no Agreste Pernambucano. Está prevista a geração de 500 empregos diretos e mil indiretos na fase de construção. Quando entrar em funcionamento, o projeto deverá criar 30 vagas diretas e 50 indiretas. A operação, na modalidade project finance, que prevê o pagamento com os ganhos obtidos na venda da energia, inclui R$ 3,3 milhões para apoiar projetos sociais.
 
A segunda maior operação foi o apoio de R$ 496,5 milhões ao Complexo Eólico de Hermenegildo (RS), nos municípios gaúchos de Santa Vitória do Palmar e Chuí. Orçado em R$ 1,04 bilhão, o complexo — pertencente à Eletrosul e Renobrax — tem capacidade de 180,8 MW, distribuída por 12 parques eólicos. O complexo entrou em operação comercial em novembro de 2015. Em sua construção, foram criados 700 empregos diretos e 1,2 mil indiretos. Em operação são 70 diretos e 100 indiretos. A operação contempla R$ 2,47 milhões para projetos sociais nas áreas de educação, saneamento e turismo sustentável nos dois municípios. Do total financiado pelo BNDES, R$ 346,5 milhões serão desembolsados diretamente pelo banco e os R$ 150 milhões restantes serão repassados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
 
Para o Complexo Eólico de Aracati (CE), do Grupo Alupar, foram aprovados R$ 261,3 milhões. Orçado em R$ 483,15 milhões, o complexo, formado por cinco parques eólicos, terá potência instalada de 98,7 MW. Na construção devem ser criados cerca de 425 empregos diretos e 1,3 mil indiretos. Em operação serão 33 diretos e 100 indiretos. No âmbito da linha ISE, foi aprovado o apoio de R$ 1,3 milhão para projetos sociais.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Investimentos_e_Financas.asp?id=110373

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Hillary e Cruz vencem em Iowa; prévias têm início mais disputado

O resultado das primeiras prévias partidárias para as eleições presidenciais americanas, em Iowa, mostrou que a definição dos candidatos pode se alongar até mais perto das convenções partidárias de junho, tanto no lado democrata quanto no republicano.

Entre os democratas, a prévia de Iowa foi a mais acirrada da história, com Hillary Clinton superando o senador Bernie Sanders por apenas 0,2% dos eleitores. Ela obteve 49,8% dos votos de democratas no Estado, contra 49,6% de Sanders.

A disputa foi tão apertada que, em alguns condados, os delegados democratas foram escolhidos por cara ou coroa, após empate entre os defensores de Hillary e os de Sanders. As regras do partido, em Iowa, permitem o uso da moeda, em caso de empate nos condados, para definir o vencedor e ela foi jogada para o alto em três ocasiões.

Entre os republicanos, o favorito nas pesquisas, o empresário Donald Trump, terminou em segundo lugar, com 24%, quase empatado com o terceiro, o senador Marco Rubio, com 23%. O vencedor foi o senador Ted Cruz, com 28%.

Para as segundas prévias, no Estado de New Hampshire, no próximo dia 9, Sanders é o favorito, com 55% da preferência entre os democratas locais, contra 37% de Hillary. E Trump desponta em primeiro na média das pesquisas no lado republicano, com 33% das intenções de voto locais, contra apenas 11,5% de Cruz. Ou seja, os vencedores em Iowa deverão enfrentar dificuldades em New Hampshire, o que pode embolar um pouco essa fase inicial da corrida presidencial.

"Do ponto de vista formal, é possível que, em junho, ainda não haja o candidato oficializado", afirmou Mauricio Moura, economista e pesquisador brasileiro da Universidade George Washington. "Mas, na prática, entre março e abril, já devemos ter um vencedor de cada lado", advertiu.

O tempo para a definição dos candidatos dos partidos vai depender dos resultados das próximas prévias, em especial na chamada Super-Terça, em que vários Estados farão prévias simultaneamente, em 1º de março.

Moura avalia que o fato de Hillary ter passado pelo teste em Iowa e a expectativa de ela ir bem na Super-Terça poderão alçá-la a candidata democrata antes de abril. "Mas, se Sanders quiser alongar a disputa, ele poderá fazê-lo."

O mesmo pode acontecer com Trump no lado republicano. Ele é visto como um "outsider" pelo "staff" do partido, mas, como financia a sua própria campanha e angariou forte apoio popular com um discurso contra o "establishment" político, pode levar a disputa até o fim.

Alguns observadores acreditam que o acirramento da disputa democrata pode até beneficiar Hillary por lhe dar um adversário interno contra quem deverá lutar e discutir propostas perante os eleitores. "Americanos não gostam de coroações. Nós não gostamos de alguém ser o vencedor quase certo", disse Simon Conway, jornalista da estação de rádio 1040 WHO, a principal de Des Moines, a capital de Iowa. Ele recordou que, em 2014, nas eleições para o Senado no Estado, os democratas tinham um candidato sem oponentes, e os republicanos entraram com seis na disputa. Ao fim, os eleitores não gostaram do democrata por achar que seria "como uma coroação".

Na corrida presidencial atual, há três pré-candidatos democratas, mas Martin O'Malley, ex-governador de Maryland, está muito atrás nas pesquisas, de modo que a polarização será entre Hillary e Sanders. Já entre os republicanos, há 12 pré-candidatos.

Democratas e republicanos estão forçando discursos mais radicais, tanto para a esquerda, no primeiro caso, quanto para a direita, no segundo. Cruz transformou a sua campanha em Iowa numa cruzada cristã de olho nas pesquisas que apontaram que seis entre cada dez pessoas do Estado são evangélicos praticantes. Ele divulgou fotos rezando com a família antes dos comícios, nos quais enfatizou a sua plataforma contrária ao aborto, e panfletos em que se concentrou unicamente na sua crença em Deus, deixando de lado outros temas, como política externa, imigração e a reforma no sistema de assistência à saúde feita pelo presidente Barack Obama, para a qual Cruz foi o líder da oposição no Congresso. Trump divulgou um anúncio no Estado mostrando a Bíblia que ganhou de sua mãe quando criança, e Rubio fez anúncios anti-aborto no Estado.

Do lado democrata, Sanders atraiu muitos eleitores jovens com propostas consideradas radicais nos Estados Unidos. O septuagenário senador obteve 84% dos votos entre os eleitores de 17 a 29 anos de Iowa, enquanto Hillary obteve apenas 14% dos votos nessa faixa etária. Sanders, de 74 anos, se diz socialista, promete uma revolução e quer tornar as universidades gratuitas no país. "As pessoas não devem ser punidas financeiramente porque querem ter uma educação decente", disse o senador. "Eu acredito que as universidades devem ser gratuitas. E como vamos pagar por isso? Vamos propor um imposto sobre a especulação em Wall Street", continuou.

Hillary está reagindo com discursos concentrados em questões econômicas e sociais, para atrair o eleitorado mais à esquerda de seu partido. "O assunto principal desta campanha deve ser a economia. E nós temos de lidar não apenas com a desigualdade econômica, mas com a desigualdade racial, de gênero e as que afetam todas as pessoas", completou.

A organização interna é outro fator que está pesando na campanha. Cruz visitou todos os 99 condados de Iowa, de modo a conseguir a vitória. Rubio focou-se nas cidades maiores do Estado e teve maioria entre aqueles que decidiram o voto na última hora. Já Trump venceu nos grotões do Estado, deixou de ir a um debate e alternou viagens em Iowa com idas a outros estados, o que pode ter fragilizado a sua votação. "O boicote de Trump ao debate talvez tenha me ajudado", disse Rubio.

Hillary mobilizou um exército de apoiadores em Iowa, que bateram em mais de cem mil portas pedindo para as pessoas votarem nela, nos últimos dias. Ela foi vista por 77% dos eleitores democratas locais como a mais capaz de derrotar os republicanos. "Nós temos que nos unir contra a visão republicana. Eles estão rejeitando o progresso que conseguimos", afirmou, referindo-se a programas sociais do governo Obama, como o novo sistema de assistência à saúde.


Leia mais em: http://www.valor.com.br/internacional/4421688/hillary-e-cruz-vencem-em-iowa-previas-tem-inicio-mais-disputado

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Brasil persiste nos erros que levaram à recessão, diz Oxford Economics

O governo brasileiro persiste nos mesmos erros que levaram à perda do grau de investimento e à pior recessão em um século, diz a Oxford Economics. No relatório “Diagnóstico errado, receita errada”, divulgado nesta terça-feira, a consultoria critica o pacote de crédito de R$ 83 bilhões anunciado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
“Outra rodada de subsídios aos bancos públicos fará pouco para estimular o crescimento, mas certamente causará mais danos às finanças públicas, algo que o Brasil não pode mais se dar ao luxo”, diz o texto, assinado por Marcos Casarin, chefe de pesquisa macroeconômica para a América Latina da Oxford. Ele lembra que o país teve em 2015 um déficit nominal, que inclui os gastos com juros, de 10,3% do PIB, só superado entre os principais emergentes pela Arábia Saudita, cujo rombo é causado pelo tombo dos preços do petróleo.
Para ele, a presidente Dilma Rousseff parece crescentemente inclinada a intervir mais na economia, lembrando que os dias da chamada nova matriz econômica (NME) podem não ter acabado. Segundo ele, a NME substituiu a “bem sucedida trindade de políticas” marcada por austeridade fiscal, regime de metas de inflação e câmbio flutuante, que vigorou a partir de 1994.
Segundo Casarin, o novo conjunto de políticas, adotado entre 2011 e 2014, consistiu no estímulo à demanda por crédito subsidiado e desonerações tributárias para setores tidos como estratégicos, combinado com intervenção nos mercados de câmbio e de juros. “Os resultados foram decepcionantes: o investimento privado entrou em colapso, a indústria encolheu e o déficit fiscal disparou”, resume Casarin.
Para esconder os custos fiscais dessas políticas, diz ele, o governo começou a usar os balanços dos bancos públicos para bancar os seus gastos e a atrasar o pagamento do Tesouro para essas instituições – as chamadas pedaladas fiscais. “O uso sistemático de contabilidade criativa deu à oposição a base legal para abrir procedimentos de impeachment contra Dilma no fim do ano passado”, aponta Casarin. Para ele, é preocupante quando um país sem dinheiro e com esse histórico anuncia mais estímulos fiscais.
O economista diz que o principal motivo para preocupação é que o funding para as medidas recém divulgadas vêm das mesmas instituições que foram usadas no deslize fiscal recente. Ele lembra que, no fim de dezembro, o Tesouro transferiu R$ 72 bilhões que devia para os bancos públicos e para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Agora, essas instituições usam o dinheiro para aumentar os empréstimos a juros subsidiados para o setor privado. “Para nós, isso não é nada mais do que outro truque contábil”, afirma Casarin.
“Nós achamos que tanto o diagnóstico quanto a receita estão errados. A economia não está em recessão por que os bancos não querem emprestar, mas porque as empresas não veem nenhum motivo para tomar empréstimos”, diz o relatório, acrescentando que, ainda que as medidas funcionem e os financiamentos aumentem, o Tesouro vai ter que cobrir os custos de equalizar os juros com os bancos públicos. Isso implica, para Casarin, “outro aumento para a já insustentável dívida pública”. Nesse cenário, “as autoridades parecem persistir nos mesmos erros que fizeram a economia perder o status de grau de investimento e experimentar a pior recessão em um século”.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/brasil/4420464/brasil-persiste-nos-erros-que-levaram-recessao-diz-oxford-economics

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Reação desproporcional

O pânico dos mercados no início de 2016 extrapolou a real gravidade de alguns de seus propulsores, como a desaceleração da China. Ainda assim, por mexer com a confiança de empresários, consumidores e investidores, essa turbulência, mesmo que injustificada, pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a pausar momentaneamente o ciclo de alta dos juros. Essa é a leitura de James Sweeney, economista-chefe global do Credit Suisse.
Em uma avaliação da atual conjuntura econômica mundial, Sweeney afirmou que a reação dos mercados sempre é exagerada e que a economia chinesa não está perto de um colapso. "Se o pânico alguma vez é justificado? Os mercados extrapolam os eventos recentes o tempo inteiro", disse ao Valor. O economista esteve no Brasil para participar de conferência de investimentos do Credit Suisse para a América Latina.
A opinião de Sweeney é que o governo chinês ainda tem muitos instrumentos que pode usar para suavizar a desaceleração da economia. Além disso, o novo patamar de crescimento da China - o Credit Suisse projeta expansão de 6,5% este ano - é muito mais sustentável e sadio no médio prazo.
A reação dos mercados, contudo, não é ignorável. Sweeney acredita que, embora o foco do Fed esteja no mercado de trabalho e nas perspectivas de inflação dos EUA, o país não está ileso à onda de aversão ao risco nos mercados financeiros globais e a contínua turbulência pode afetar o ritmo do aperto monetário nos Estados Unidos.
Valor: Este ano começou com grande turbulência nos mercados financeiros. A situação da China justifica esse movimento?
James Sweeney: O ano começou com as pessoas muito preocupadas com os preços das commodities mais baixos, as implicações para os mercados de crédito dessa mudança e o que está acontecendo na China. Acho que o entendimento de que a taxa de crescimento dos investimentos da China não pode se manter nos níveis que vimos antes de 2011 serviu de gatilho para essa grande mudança nos preços dos ativos.
Valor: Mas a reação dos mercados é proporcional ao tamanho dos problemas?
Sweeney: Quando você põe todos esses fatores juntos, você pode criar uma série de narrativas que são suficientes para deixar os mercados financeiros em pânico. Agora, se o pânico alguma vez é justificado? Essa é uma pergunta boba. Os mercados em geral extrapolam os eventos recentes e isso nunca é justificável. Eu acredito que há uma série de razões para o que está acontecendo agora. Mas se sua questão objetiva for se vimos uma deterioração repentina nas perspectivas econômicas e de crescimento dos lucros que justifique uma brusca deterioração nos preços dos ativos, a resposta é não.
Valor: A desaceleração da China deve ser controlada, portanto? As autoridades devem ser capazes de gerenciar a crise?
Sweeney: Não acho que seja provável eles perderem o controle da crise. Eles têm muitas medidas políticas que podem usar. Mas houve muita volatilidade no mercado e a China, como qualquer economia, está sujeita a períodos de aversão ao risco. Eu deixaria claro, contudo, que apesar de a desaceleração atual da China ser o principal propulsor das dificuldades do mercado neste começo de ano, o crescimento da China não parece estar em colapso. O que acontece é que eles estão desacelerando de taxas de crescimento insustentáveis para algo mais sustentável e isso criou uma série de riscos de ajustes de curto prazo. Mas essa não é uma economia que está subitamente se contraindo ou que tem, por exemplo, problemas significativos no mercado de trabalho.
Valor: Quais medidas políticas devem ser tomadas na China?
Sweeney: Podemos ver mais cortes de impostos como medidas de estímulo. E em termos de política monetária, há espaço para reduzir os compulsórios e cortar as taxas de juros. Ao mesmo tempo, a China está muito focada em reformas e não está tentando criar um grande estímulo do lado da demanda para crescer. Isso alimentaria muito a dívida e criaria problemas no futuro. Eles estão tentando encontrar o equilíbrio correto.
Valor: Como o Fed deve reagir a essa turbulência de mercado?
Sweeney: O Fed quer retirar lentamente as condições altamente acomodatícias, mas está sujeito à aversão ao risco e é sensível a eventos globais e aos mercados financeiros. Em um momento de pânico do mercado e com essas crescentes preocupações com o crescimento, o Fed provavelmente será sensível e irá pausar [o ciclo de aperto]. Recentemente mudamos nossa visão e agora esperamos uma pausa na reunião de março, de modo que a próxima alta de juros será em junho. Mas eu também não ficaria surpreso se eles subissem já em março ou abril se os mercados se estabilizarem e os dados da economia americana continuarem fortes. Acho que o Fed quer subir o juro, desde que o mercado de trabalho continue a se estabilizar e a inflação continue onde está. Portanto, nós esperamos três altas este ano, mesmo que não comecem até junho.
Valor: Como as economias emergentes, em especial o Brasil, devem reagir a esse contexto?
Sweeney: O Brasil é sensível às condições globais por sua vulnerabilidade à oscilação nos preços das commodities, mas como o comércio exterior do país é pequeno, isso proporciona certa compensação. A exposição do Brasil a exportações não é tão grande quanto a de outras economias. Em 2008 e até 2012 durante a recessão europeia houve grande desaceleração no crescimento global e o Brasil se deu razoavelmente bem. Acho que o motivo foi que os preços das commodities estavam altos.
Valor: Qual sua projeção para o crescimento global este ano?
Sweeney: Projetamos crescimento modestamente melhor este ano, de 2,7% em 2016, após crescimento de 2,5% em 2015. Esperamos que a fraqueza seja concentrada no primeiro semestre e haja uma melhora na segunda metade do ano.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4417436/fed-provavelmente-vai-pausar-o-ciclo-de-aperto