quinta-feira, 31 de março de 2016

BC projeta inflação de 6,6% em 2016 e de 4,9% em 2017

A inflação anual medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2016 em 6,6%, recuar para 4,9% em 2017 e chegar a 4,5% no primeiro trimestre de 2018. Essa é a trajetória da inflação no cenário de referência do Banco Central (BC), que considera a taxa básica de juros em 14,25% ao ano e câmbio de R$ 3,70 ao longo do período analisado.

As projeções constam do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que tem data de corte em 18 de março. A taxa de 6,6% é 0,4 ponto percentual acima daquela prevista para o mesmo período observada no documento anterior, de dezembro de 2015.

Para 2017, a projeção de 4,9% está levemente acima dos 4,8% apontados no relatório de dezembro. A queda é gradual, com inflação marcando 5,6% no primeiro trimestre do ano que vem, 5,2% no segundo e 5,2% no terceiro. Em dezembro, as projeções eram de 5,5%, 5,4% e 5,3%, respectivamente.

Para o primeiro trimestre de 2018, é a primeira vez que o BC apresenta projeção, que está em 4,5%.

A trajetória de recuo da inflação projetada pelo BC para 2016 é de 9,5% no primeiro trimestre, 8,7% no segundo, 8% no terceiro e, finalmente, 6,6% no encerramento de 2016.

No cenário de mercado, a previsão é de uma alta de 6,9% no IPCA no fim de 2016, recuando para 5,4% no encerramento de 2017. Para o primeiro trimestre de 2018, a inflação estimada é de 5%.

Este cenário contempla câmbio de R$ 4,15 para o último trimestre de 2016 e de R$ 4,20 para o último trimestre de 2017 e juros de 14,25% no último trimestre de 2016, de 12,5% no último trimestre de 2017 e de 11,5% para o fim de 2018.

Em dezembro de 2015, as projeções eram de IPCA de 6,3% no fim de 2016, recuando para 4,9% no fim de 2017. O BC considerou, na ocasião, que as projeções dos agentes econômicos indicavam uma taxa de câmbio média de R$ 4,2 no fim de 2016 e 2017, com juro de médio de 15,08% em 2016 e de 12,25% para 2017.

Estouro da meta

Considerando o cenário de referência do BC, a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta de 6,5% neste ano é de 55% e de 22% no próximo calendário. Já no cenário de mercado, a probabilidade de o IPCA estourar o teto da meta em 2016 é de 65% e de 33% um ano depois.

Pelo regime de metas para a inflação, o BC tem de perseguir uma inflação de 4,5%, mas conta um uma banda de tolerância. Em 2016, ela é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Em 2017, a banda é menor, de 1,5 ponto percentual. Quando há estouro da meta, o presidente do BC é obrigado a escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, explicando os motivos que levaram ao não cumprimento da meta.

Impactos nas expectativas de inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC voltou a apontar que um dos principais riscos para as expectativas de inflação reside nas “incertezas quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição”.

Outros fatores com impacto nas expectativas foram a dispersão dos aumentos de preços e efeitos residuais do processo de ajuste de preços relativos observado em 2015.

No texto do RTI, a autoridade monetária afirmou que as projeções para 2017 e 2018 também foram afetadas, ainda que em menor grau, por esses mesmos fatores.

“Esses fatos constituem claro e importante sinal sobre a deterioração recente do balanço de riscos da economia, e demandam monitoramento para definição dos próximos passos na estratégia de política monetária”, afirmou o Copom.


Leia mais em: http://www.valor.com.br/brasil/4505326/bc-projeta-inflacao-de-66-em-2016-e-de-49-em-2017

quarta-feira, 30 de março de 2016

Reino Unido testa aumento real do salário mínimo

"Sinto-me como se tivesse morrido e ido para o céu", disse o ministro de Negócios, Inovação e Capacitação do Reino Unido em recente discurso, enquanto se prepara para comandar o mais rápido aumento do salário mínimo na história do país.
Pela nova política, que entra em vigor nesta sexta-feira, os salários dos trabalhadores de baixa renda subirão quatro vezes mais rápido que o salário médio neste ano.
O mundo estará observando. Governos em muitos países desenvolvidos estão recorrendo a políticas de salário mínimo para tentar atacar a desigualdade e o crescimento anêmico dos salários.
A estagnação dos salários nos últimos anos tem sido atribuída ao aumento da concorrência mundial, ao declínio nas negociações coletivas, a uma desaceleração do crescimento da produtividade e à maneira pela qual a tecnologia tem "esvaziado" algumas atividades de qualificação mediana.
Em resposta, a Alemanha introduziu, em 2015, seu primeiro salário mínimo na história; o premiê japonês, Shinzo Abe, defendeu aumentos de 3% ao ano para o salário mínimo num futuro próximo; e algumas cidades dos EUA, como Seattle, estão aumentando seus pisos salariais para US$ 15 por hora.
Países em desenvolvimento, como a Malásia, também estão usando salário mínimo para tentar redistribuir o crescimento de forma mais justa e incentivar as empresas a ascender na cadeia de valor.
"Os salários mínimos nunca foram tão populares. A próxima pergunta é: até onde poderemos elevá-los?", questiona Richard Dickens, professor de economia na Universidade de Sussex.
Essa é a pergunta que o novo salário mínimo britânico - que começa em 7,20 libras (cerca de R$ 37) por hora e chegará 9 l/h hora em 2020 - terá de responder.
Nick Boles, o ministro de Negócios, disse que será "um dos maiores aumentos no salário mínimo legal já dado por qualquer governo no mundo ocidental".
Mas os conservadores nem sempre se sentiram dessa forma em relação ao salário mínimo. De fato, o partido se opôs à introdução dessa política no Reino Unido, em 1998, argumentando que destruiria empregos. "Nós trazemos ao nosso credo o fervor dos convertidos", admite agora Boles.
Muitos economistas também mudaram de opinião. Manuais de economia costumavam dizer que, se os salários subirem acima do valor que criam para os empregadores, isso reduziria a demanda por mão de obra. Ou seja, que os salários mínimos custam empregos.
Mas as opiniões dos economistas estão agora mais variadas, em boa parte devido à experiência de países como o Reino Unido, que têm mantido aumentos ininterruptos do salário mínimo sem que isso tenha gerado prejuízo perceptível ao nível de emprego.
Os primeiros sinais na Alemanha também são positivos. Apesar do nervosismo de empresas quando da introdução do salário mínimo de 8,50 euros (cerca de R$ 30) por hora no ano passado, a taxa de desemprego continuou a cair e está agora num mínimo recorde.
"Minha opinião sobre a história do salário mínimo é que sempre ficamos surpresos sobre como parece ser possível empurrá-lo para cima sem prejudicar as perspectivas de emprego", disse Alan Manning, professor na London School of Economics. "É claro que deve haver um ponto além do qual, se elevarmos demais o mínimo, surgirão efeitos adversos graves. Mas simplesmente não sabemos onde fica esse ponto".
Em termos de cobertura, dados da OCDE analisados pela Comissão de Baixa Remuneração (LPC, órgão do governo britânico) mostra que cerca de 9% dos trabalhadores no Reino Unido ganham atualmente em torno de 5% do salário mínimo - uma proporção relativamente alta, em comparação com países similares, como Austrália, EUA e Canadá. Em 2020, sugere a análise do LPC, esse número aumentará para cerca de 18% -substancialmente maior do que em qualquer outro país da OCDE para os quais há dados.
"Nós estamos entrando em águas desconhecidas e simplesmente não sabemos [o que acontecerá]. Em alguns aspectos, é um experimento social", diz o professor Dickens, também membro da Comissão de Baixa Remuneração, responsável por recomendar valores de salário mínimo ao governo.
A grande questão é saber se o Reino Unido conseguirá manter seu vigoroso histórico de empregos, especialmente para os trabalhadores menos qualificados, cuja contratação está prestes a ficar mais cara. Andrew Hilton, diretor do Centro para Estudos de Inovação Financeira, acredita que a política será "devastadora" para os empregos que exigem pouca ou nenhuma qualificação.
Este debate veio à tona recentemente também na Alemanha, devido ao temor de que o salário mínimo esteja alto demais para permitir que os refugiados recém-chegados encontrem emprego. Alguns políticos alemães pediram exceções ao salário mínimo para os refugiados com baixa qualificação.
No entanto, o professor Manning destaca que a modelagem elaborada para testar os experimentos com salário mínimo em cidades americanas como Seattle é animadora. Essas análises sugerem que os trabalhadores com baixos salários gastarão mais dinheiro na economia local, aumentando a demanda local e criando um círculo virtuoso para empregadores e empregados.
Ele diz que o Reino Unido está certo em experimentar - e contesta a ideia de que o país está "avançando aos tropeços rumo à borda de um precipício".
"Podemos estar no escuro, mas nossa posição é muito mais parecida com estar no topo de uma colina arredondada e, se formos um pouco longe demais para baixo, podemos simplesmente retornar", diz ele. "Nada aqui é irreversível".

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/internacional/4503294/reino-unido-testa-aumento-real-do-salario-minimo

terça-feira, 29 de março de 2016

Gestores reduzem fatia aplicada em dólar no portfólio

Os dois mais renomados gestores de multimercados brasileiros, Verde e SPX, reduziram de forma significativa a posição em dólar em relação ao real nas últimas semanas. O Verde, que tinha 25% do patrimônio na moeda americana no começo do ano e chegou a ter mais de 50% em 2015, acaba de levar essa fatia a 20%. O Valor apurou que também a SPX, que chegou a dedicar 40% do risco do fundo às posições que ganhavam com a alta do dólar, reduziu a cerca de 15%, e não opera mais contra o real, somente nos negócios de dólar versus outras moedas.
As duas gestoras - Verde Asset com R$ 23,5 bilhões e SPX com R$ 8,5 bilhões em multimercados - carregavam desde 2013 posições expressivas na moeda americana, fundamentadas em um pessimismo profundo sobre a economia brasileira. A convicção rendeu altos ganhos. Foi a valorização do dólar a principal fonte do retorno de 28,67% do Verde e de 31,5% do Nimitz, da SPX, em 2015, ante 13,23% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), referência para aplicações conservadoras.
"Nossa postura de reduzir alocações foi no sentido de refletir e reconhecer a mudança de cenário político", afirma Luiz Parreiras, estrategista do fundo Verde. "Obviamente, a probabilidade de ter uma mudança política aumentou consideravelmente. Até algumas semanas atrás, trabalhávamos em um cenário-base de manutenção do governo, embora reconhecêssemos a probabilidade de mudança. Agora, a probabilidade cresceu a ponto de passar a ser o cenário-base", diz Parreiras, que é braço direito do gestor Luis Stuhlberger. Era preciso reduzir as posições, afirma, ainda que se saiba que o processo político vai ser bastante complexo daqui em diante.
Também a SPX, segundo fontes, tomou a decisão de reduzir a posição em dólar com base em uma perspectiva mais concreta de impeachment, que, juntamente com os juros altos tornaram o custo de carregamento muito alto. A taxa de juro é o custo de oportunidade do gestor. É preciso acreditar que o dólar vai subir mais de 14,25% em um ano para fazer sentido montar uma posição em dólar em vez de repousar em títulos públicos.
Restam motivos, entretanto, para manter dólar no portfólio, na opinião da equipe do Verde. Entre eles, está a expectativa de que o Banco Central faça uma redução importante no estoque de swaps cambiais, instrumento por meio do qual modera a desvalorização da moeda. "É uma das principais razões pelas quais ainda temos conforto de manter a posição comprada [apostando na alta]", diz Parreiras. "E, no médio prazo, olhando os fundamentos, o real não é uma moeda barata, mesmo a R$ 3,60". Ele destaca que a inflação tem corroído o valor do real e considera que, em caso de uma recuperação da economia, o déficit em conta corrente voltará a crescer.
No cenário internacional, Parreiras aponta que, além da postura mais cautelosa do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), a acomodação dos preços das commodities em níveis mais altos pesa contra um real mais fraco. Para ele, entretanto, os vetores globais tendem a se reverter ao longo do tempo, com os preços das commodities voltando a desaquecer e os Estados Unidos prevalecendo como a economia mais pujante.
Assim como na Verde Asset e na SPX, o dólar deixou de dar o tom em grande parte dos multimercados macro, fundos que buscam ganhar com uma tendência para os ativos e reúnem R$ 55,9 bilhões. George Wachsmann, que seleciona gestores para clientes de alto patrimônio na GPS, conta que muitas das casas que conseguiram surfar o cenário de deterioração brasileira têm abandonado neste ano a posição de dólar contra o real.
Há, segundo Wachsmann, os gestores que simplesmente deixaram de operar as duas moedas, mas também os que preferiram escolher entre uma das duas. Os que acham que o jogo político vai culminar na troca de governo posicionam-se em uma valorização do real contra a moeda de outros emergentes. Os que acreditam na força da economia americana preferem fugir das questões locais e se posicionar em dólar contra uma cesta de moedas de emergentes que não inclua o real.
A Ibiuna Investimentos, que gere R$ 2,7 bilhões em multimercados, está no grupo dos que reduziram a posição em dólar contra o real na virada de fevereiro para março, segundo fontes, e zerou totalmente nas últimas semanas, também com base na evolução dos eventos políticos.
Os multimercados macro da Mauá Capital, do ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, também não têm posições relevantes em dólar contra real há algum tempo. O retorno de dois dígitos de janeiro a março foi obtido com posições em juros, segundo o Valor apurou.
Na gestora carioca Flag Asset Management, outro ex-BC, Sérgio Goldenstein, cujo fundo acumula ganhos de 9,4% de janeiro a março com juros, moedas e bolsa, chegou a montar uma posição pequena contra o dólar, ou seja, para ganhar com a desvalorização da moeda americana. Já no ano passado, o ex-chefe de Operações de Mercado Aberto do BC conta ter começado a avaliar como um ajuste no balanço de pagamentos mudaria o cenário para o real. "O câmbio estava muito apreciado nos anos anteriores, mas chegou a um ponto em que começamos a avaliar que as pressões seriam mitigadas", afirma.
Os desdobramentos da Lava-Jato e o crescimento da possibilidade de impeachment foi a deixa, segundo o sócio-diretor da Flag, para se posicionar contra o dólar. O fluxo cambial mais positivo para o real de fato ocorreu e, em seguida, a gestora zerou a posição na moeda americana. Caso o processo político siga no sentido da troca de governo, até há espaço para uma maior apreciação do real, diz Goldenstein, ressalvando que o BC dispõe de instrumentos para conter a velocidade do movimento, o que aponta para posições em outros mercados, como em juros e na bolsa brasileira.
Aumentar a posição em juros foi o caminho escolhido pela Verde Asset em paralelo à redução do câmbio no portfólio. A gestora ampliou a exposição em NTN-Bs, títulos públicos indexados à inflação. O entendimento é que se desenha um cenário favorável a um novo movimento do BC, com ajuda do real menos depreciado. "Achamos que a janela de corte de juros se abre mais ainda", diz Parreiras.
Com a escolha de vencimentos entre cinco e seis anos, a Verde Asset alongou um pouco o prazo de sua posição em renda fixa. Se o câmbio ficar estável por volta de R$ 3,65, estima o estrategista da casa, o juro real deve cair bastante, de 6,5% para algo mais perto de 5,5%, principalmente em um contexto de mudança política.
Também os clientes de alto patrimônio da GPS têm visto a posição em dólar cair, por meio dos multimercados em que aplicam, enquanto a renda fixa atrelada à inflação cresce. "Achamos que é uma boa forma de aproveitar os movimentos que têm acontecido de forma um pouco mais protegida", diz Wachsmann.

Leia mais em:   http://www.valor.com.br/financas/4501210/gestores-reduzem-fatia-aplicada-em-dolar-no-portfolio

segunda-feira, 28 de março de 2016

Leilões de reserva são a esperança das renováveis em 2016

A portaria que definiu a realização de dois leilões de energia de reserva no segundo semestre deste ano é avaliada como positiva pelas duas fontes protagonistas dessa modalidade de certame, a eólica e a solar. De acordo com os representantes do setor, a medida poderá atender as necessidades de cada uma de acordo com o seu estágio de desenvolvimento no país. A eólica com problemas de transmissão e a solar fotovoltaica que procura se firmar como geração competitiva.
 
De acordo com a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum, a portaria com a participação da fonte em apenas um dos dois leilões de reserva já era esperada. Segundo ela, não havia sentido da eólica participar dos dois certames quando o governo já tem o volume que ele quer contratar e, ao mesmo tempo, o setor passa por um gargalo de transmissão. “Esse ano estamos no ápice da escassez de transmissão, então o MME estava preocupado em realizar um LER para a eólica porque está sem capacidade de escoamento. Concordamos que tecnicamente estamos com dificuldades, mas que precisamos de solução de curtíssimo, médio e longo prazo para resolver a situação”, afirmou Élbia.
 
Segundo a executiva, o governo está preparando uma consulta pública para discutir os critérios do ONS para os cálculos da margem de escoamento. Essa modificação de critério indicará os parques e outras fontes que não vão entrar por diversas razões, o que daria liberação de transmissão para o ano de 2016. Ela informou que esse cálculo não ficará pronto antes de julho. O primeiro leilão será realizado em 29 de julho. Por estes motivos, disse Élbia, o setor não foi surpreendido por ter sido incluída apenas no segundo certame de outubro. “Ficamos contentes com a portaria e com o diálogo com o governo que entenderam a importância da eólica no LER a despeito do A-3 e A-5 deste ano. Apesar de estarmos inscritos, para nós esse ano está no leilão de reserva”, disse.
 
Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, destacou que a manutenção da fonte nos dois leilões passa a sinalização para a indústria de que o processo de inserção na matriz continua. Ele ressaltou o fato do certame ser disputado por fonte o que atribui mais competitividade porque a fonte ainda precisa de aprimoramentos para a melhoria de sua competitividade. A expectativa dele é de que nos certames já programados o volume de contratação seja semelhante ao que ocorreu em 2015, com cerca de 2 GWp de capacidade instalada. Contudo, avalia que a disputa no segundo certame deverá ser mais acirrada do que no evento de julho em decorrência do maior prazo para a entrega da energia.
 
“O setor tem percebido que esse prazo [de 2 anos], por motivos processuais, com licenças ambientais e outorgas e pedidos e pareceres de conexão é desafiador, não pela construção da usina que é de um ano, mas por causa de processos junto a EPE, ONS, CCEE, Aneel e MME, fora os órgãos estaduais ou municipais de licenciamento ambiental a depender da situação. Por conta disso a gente antevê que provavelmente a participação dos empreendedores será mais intensa, consequência de um prazo mais adequado”, comentou ele.
 
No geral, ele se mostrou satisfeito com a medida, pois o leilão de julho complementará o volume de pedidos para a indústria de fornecimento de componentes para o ano de 2018 que já é de 1,1 GW. Já o de outubro reforça o compromisso de estimular a indústria, pois representará a primeira onda de pedidos para o ano seguinte. Mas, ressaltou, ainda é preciso a adoção de uma política industrial firme, que passa necessariamente pela alteração do Padis, uma bandeira que a associação vem defendendo há mais de um ano.
 
O LER de 28 de julho será o primeiro leilão do governo a permitir a participação das Centrais de Geração Hidrelétrica (CGH). Esse tipo de usina tem potência entre 1 e 3 MW. O diretor de CGH da Abrapch, Paulo Arbex, explicou que existe um potencial entre 30MW e 50MW de projetos aptos a participarem do certame. Contudo, ele teme que o prazo para habilitação, que termina em 20 de abril, não seja suficiente para que os agentes consigam reunir a documentação necessária, até pelo ineditismo do leilão. "Acho que vai ter muito empresário que não vai conseguir cumprir as exigências para cadastramento", disse o executivo que vai sugerir ao Ministério de Minas e Energia a extensão do cronograma.
 
Arbex avaliou que - com os preços baixos do mercado livre e os rumores de que no leilão A-5, marcado para 29 de abril, só Belo Monte conseguirá vender energia - o leilão de reserva pode ser a melhor oportunidade das PCHs e CGHs conseguirem um contrato a longo prazo e se viabilizarem neste ano. "Esse leilão é essencial para o setor. Nós estamos lutando desde maio de 2015 quando tivemos nossa 1ª reunião com ministro Eduardo Braga e o secretário executivo do MME Luiz Eduardo Barata, pela formalização do direito das CGHs participarem dos leilões no ambiente regulado e pela realização dos leilões de reserva para CGHs e PCHs neste ano e tivemos nosso pleito atendido. Tanto o ministro como o secretário foram receptivos, concordaram com nossos argumentos de que a fonte hídrica tem um importante papel a desempenhar para o setor elétrico atingir suas metas de modicidade tarifária, e para o fornecimento de energia limpa, renovável, barata e segura para todos os brasileiros."
 
"Agora é lutar por preços-teto que viabilizem os empreendimentos e acreditamos que as hidrelétricas fazem jus aos preços-teto solicitados pela Abrapch de R$280/MWh e de R$290/MWh solicitados pela Abragel, uma vez que são as únicas fontes que, após 30-35 anos devolvem suas usinas a sociedade brasileira com vida útil remanescente de séculos", disse. A expectativa é que os 78 projetos de PCHs que se cadastraram para o A-5, que somam pouco mais de 1GW, estejam presente no LER. Arbex ainda vai conversar com MME para que as pequenas usinas tenham ainda outra oportunidade de vender energia esse ano.
Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Planejamento_e_Expansao.asp?id=111038

quinta-feira, 24 de março de 2016

Setor financeiro busca mais profissionais temporários

Mudanças regulatórias em diversos países irão gerar demandas por profissionais que entendam de compliance e possam contribuir com esse conhecimento em departamentos financeiros. Para responder a essas necessidades relevantes mas, muitas vezes, pontuais, as empresas vão fazer cada vez mais uso de profissionais temporários.
A opinião é de Clive Davis, diretor da empresa de recrutamento Robert Half para a América Latina e Reino Unido, que conversou com o Valor quando esteve no Brasil no início do mês.
"Em todo o mundo, há mais exigências de compliance e regulação, e as empresas precisam garantir que estão do lado certo. Para responder a todas essas demandas, elas precisam se assegurar que têm os profissionais corretos", diz Davis. Na opinião do executivo, essa preocupação é especialmente importante para multinacionais, que precisam considerar o mundo uma extensão da matriz e seguir padrões tanto do país de origem quanto das localidades onde possuem subsidiárias.
Segundo dados de pesquisa da Robert Half com mais de 2 mil diretores financeiros (CFOs) de 16 países, sendo 100 executivos do Brasil, essa preocupação com novas regulações e regras de compliance está entre as prioridades de pelo menos 50% dos CFOs respondentes. No Brasil, mais da metade dos entrevistados também considera essa uma das duas iniciativas mais importante da área até 2017. A preocupação com o ritmo das mudanças tecnológicas também foi citada como preocupação relevante no período.
Na visão de Davis, além do apoio de empresas globais de auditoria, as companhias estão atuando com projetos para responder a demandas pontuais quando surge uma nova regra ou recomendação. "Vemos as empresas usando profissionais temporários com mais frequência. Eles contribuem por seis ou nove meses em uma iniciativa de compliance", diz.
O uso mais frequente de temporários com alta qualificação ou especialização é uma tendência que Davis considera forte no mundo e no Brasil. De acordo com a pesquisa da consultoria, a maioria dos CFOs brasileiros vai usar profissionais interinos ao longo deste ano. "Há executivos que atuam dessa forma, pulando de um projeto para o outro. Em outros casos, um candidato que não tem certeza de qual será seu próximo passo na carreira aproveita para usar uma oportunidade temporária", diz.
Apesar do desaquecimento do mercado de trabalho no Brasil, os diretores financeiros daqui ainda apontam para a dificuldade de encontrar profissionais qualificados, na esteira do que acontece no resto do mundo. "Sempre que falamos com CFOs, nos últimos dois anos, eles estão preocupados em ter a equipe certa", diz Davis. No Brasil, 31% dos diretores consideram a falta de expertise o maior obstáculo para atingir objetivos até o ano que vem. Mais do que a média mundial (19%), o volume é seguido da falta de investimento na área (28%). "O momento atual exige que o departamento financeiro apoie a empresa em muitas áreas diferentes. Hoje eles são muito mais centrais para o negócio", diz.
Na opinião de Davis, o cenário exige de empresas de recrutamento como a Robert Half uma capacidade maior de atuar de forma consultiva, na oferta de soluções diferentes e no entendimento do contexto. "Houve uma evolução. Nós precisamos oferecer mais informações às companhias sobre tendências de mercado e o que os candidatos buscam", diz. A preocupação não existe apenas na hora da contratação, mas na retenção dos profissionais - e cabe às empresas de recrutamento oferecerem esse apoio contínuo. "As companhias trabalharam duro para garantir os talentos, portanto elas querem ter certeza de que vão mantê-los", diz.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/carreira/4496404/setor-financeiro-busca-mais-profissionais-temporarios

quarta-feira, 23 de março de 2016

Trump e Hillary vencem as primárias de seus partidos no Arizona

O pré-candidato republicano à Casa Branca que lidera as pesquisas, Donald Trump, venceu as primárias do Estado do Arizona nesta terça-feira. Segundo projeções da agência Associated Press (AP), o empresário deverá ter 46,5% dos votos, contra 21% do senador texano Ted Cruz e 10,2% do governador de Ohio, John Kasich. Arizona dará seus 58 delegados a Trump, caso seja confirmada sua vitória.
Pelo lado democrata, a vencedora em Arizona foi a favorita Hillary. De acordo com as projeções, ela ficará com 60,3% dos votos, ante 37,1% do rival Bernie Sanders, que fica cada vez mais longe da indicação democrata à Casa Branca. Hillary ficará com a maior parte dos 78 delegados democratas do Arizona se tiver sua vitória confirmada.
(Dow Jones Newswires)


Leia mais em:  http://www.valor.com.br/internacional/4494618/trump-e-hillary-vencem-primarias-de-seus-partidos-no-arizona

terça-feira, 22 de março de 2016

BC mais atuante no câmbio traz dúvidas sobre sua estratégia

O dólar subiu em relação ao real ontem diante da ação inédita do Banco Central de ofertar contratos de swap cambial reverso, que equivalem a uma compra futura da moeda americana, ao mesmo tempo em que ainda são feitas rolagens parciais dos contratos tradicionais, normalmente usados como instrumentos de proteção contra as variações do dólar.
Os agentes enxergam que essa stratégia é uma forma de o BC oferecer saída para quem carrega amplas posições compradas (apostando na alta) em dólar, sem provocar pressão extra de queda para a moeda. Ao mesmo tempo, o BC aproveita a chance para reduzir o estoque de swap, que representa um custo fiscal relevante.
O que não está claro para o mercado, porém, é se essa atuação configura uma nova política ou trata-se de uma ação pontual, com objetivo de atender a uma necessidade específica de agentes posicionados na moeda americana e que tiveram perdas com a recente valorização do real. Há dúvidas também se a oferta de swaps reversos representa um reforço à estratégia de aproveitar o cenário externo para reduzir posições em derivativos cambiais ou se o BC pretende atuar para limitar uma apreciação rápida do câmbio - preocupado com os efeitos do dólar fraco sobre o ajuste da conta corrente.
Ao anunciar que ofertará hoje os 14.500 contratos de swap cambial reverso que não foram colocados no leilão de ontem, a autoridade monetária reforça a disposição em retirar US$ 1 bilhão do mercado. A ação, no entanto, ainda deixa dúvidas se o BC manterá essas ofertas paralelas à rolagem parcial dos contratos a vencer e acelerará a redução desse estoque que soma US$ 108,113 bilhões.
O BC reduziu o volume de rolagem dos swaps cambiais tradicionais. Se mantiver o mesmo ritmo, vai substituir 75,31% do lote de US$ 10,092 bilhões que vence em abril.
Ontem, o dólar subiu 0,87% e fechou a R$ 3,61, após negociar a R$ 3,6479 na máxima do dia.
A moeda americana chegou a reduzir a alta após o BC ter vendido apenas 5.500 contratos de um volume de 20 mil contratos de swap cambial reverso ofertados no leilão. Segundo o especialista em câmbio da Icap, Italo Abucater, o BC provavelmente não colocou todo o lote porque não ofereceu um prêmio interessante. "Fica difícil decifrar se o BC quer recomprar estoque ou se está querendo conter uma alta exagerada do real."
Para Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas, o que surpreendeu foi o fato de o BC anunciar a operação de swap cambial reverso sem interromper as rolagens dos contratos de swap tradicionais que estão vencendo, o que reforçaria a leitura de que a ação poderia ser provisória. "Talvez o BC tenha percebido que há algum 'player' que estava posicionado em contratos de swap cambial [tradicional] que não iriam vencer neste mês e quis atender a essa demanda."
Segundo Abucater, o fato de o início dos contratos ofertados ontem ser para 1º de abril (operação a termo) pode ter dificultado a colocação do lote, uma vez que há muita incerteza e volatilidade no câmbio em função do cenário político.
Na operação que será realizada hoje, o BC alterou a data do início dos contratos de swap cambial reverso para 23 de março e vencimento em 1º de julho de 2016, o que poderá ter um efeito maior no câmbio à vista, lembra um gestor.
O BC não fazia um leilão de swap cambial reverso desde março de 2013. Naquela época, o dólar valia menos de R$ 2, e o Fed ainda não havia indicado o fim dos estímulos monetários à economia americana.
Nas mesas de operações, comenta-se que investidores institucionais locais têm se desfeito posições compradas em dólar via derivativos. Na semana passada, esses agentes venderam, em termos líquidos, US$ 2,3 bilhões em contratos futuros de dólar e cupom cambial. No ano, a venda de dólar alcança US$ 5,6 bilhões.
Para o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves Melo, o uso dos swaps cambiais reversos indica que o BC está disposto a aproveitar o atual momento de alívio do dólar para acelerar a redução de suas posições cambiais e suavizar o impacto dessas operações nas contas públicas.
A venda de swap reverso provoca um efeito contábil de redução do estoque de swaps cambiais tradicionais. Em 2015, o ajuste dos swaps cambiais vendidos pelo BC gerou prejuízo de R$ 89,66 bilhões, impactando diretamente a conta de juros nominais, que saltou de R$ 311,38 bilhões em 2014 para R$ 501,79 bilhões. Os juros nominais apropriados entram na conta do resultado nominal, indicador monitorado pelas agências de classificação de risco.
Segundo Melo, o BC está aproveitando para desmontar o estoque de swaps em um momento em que o viés do dólar tem sido de queda tanto pelo cenário externo quanto pelas notícias políticas domésticas. Mas ele também considera possível que o BC esteja monitorando o nível do câmbio. De acordo com ele, a R$ 3,60 "pode ser" que o dólar já não "ajude tanto" no ajuste das transações correntes, o que ficou notório no ano passado.
Na visão do operador de câmbio da Hencorp Commcor Cleber Alessie, o foco do BC ao usar o swap reverso é controlar a volatilidade cambial. "O dólar caiu muito em pouco tempo, e isso também é reflexo de mais volatilidade."
A volatilidade histórica de 14 dias do dólar comercial subiu ontem para 25,5% ao ano, maior nível desde outubro do ano passado.
De acordo com Alessie, o mais provável é que o BC mantenha reduzida a oferta de swaps para rolagem e, de acordo com as condições de mercado, acelere o desmonte do estoque desses contratos via swaps reversos. "Acho que o fato de o BC não ter zerado a rolagem mostra que ele [BC] ainda está tateando o mercado e basicamente aproveitando janelas de oportunidade para diminuir o estoque."
A leitura de que o BC pretende limitar uma valorização rápida do câmbio sustentou a alta dos juros futuros de curto prazo. A percepção é que isso reduz o espaço para uma antecipação do corte da Selic neste ano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 subiu de 13,76% para 13,78%. "Se o BC não aumentasse a atuação no câmbio, o real poderia se apreciar mais rápido, o que seria um incentivo a mais para o BC cortar juros ", afirma Rogério Braga, da Quantitas.
Por enquanto, a mediana das projeções para a Selic neste ano na pesquisa Focus continua apontando para estabilidade da taxa básica de juros em 14,25%.
Já os juros futuros embutem a probabilidade de uma queda de 0,74 ponto até o fim de 2016.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4492152/bc-mais-atuante-no-cambio-traz-duvidas-sobre-sua-estrategia

segunda-feira, 21 de março de 2016

Fundador do Uber replica o negócio para caminhões

Um dos três fundadores do Uber, o mexicano Oscar Salazar tem aplicado os mesmos princípios do aplicativo a outras atividades, desde que deixou a companhia, em 2011, dois anos depois de sua criação. "O coração do negócio é ligar oferta e demanda", diz ele ao Valor, de Nova York, por telefone. Entre as empresas abertas nos últimos anos está o Ride, um aplicativo que conecta colegas de trabalho em busca de carona, e o Pager, pelo qual um paciente pode marcar e pagar uma consulta médica, a preços pré-fixados. Salazar ainda não conhece o Brasil - que pretende visitar nos próximos meses - mas o país é o alvo inicial de seu mais novo empreendimento, a CargoX, um "uber para caminhões".
"O potencial é de consolidar todo o mercado de transporte [de carga] feito por caminhões em um ponto de atendimento único", diz Salazar. "É um mercado bilionário e que oferece a chance de expansão pela América Latina."
O Brasil tem uma frota de 2,5 milhões caminhões, uma das maiores do mundo, mas o cálculo é que 350 mil deles são excedentes. Isso significa veículos rodando abaixo de sua capacidade, com custo maior para os donos das mercadorias e remuneração insuficiente para os caminhoneiros. A ociosidade é de cerca de 40%. No ano passado, segundo estatísticas da CargoX, cerca de 12 bilhões de quilômetros foram percorridos por caminhões vazios no país, o suficiente para dar a volta ao mundo 300 mil vezes.
A CargoX quer interligar caminhoneiros autônomos, que são donos de seus próprios veículos, a empresas comerciais e industriais que tenham cargas para movimentar. Desde que começou a operar, há três meses, a empresa já aprovou cerca de 100 mil profissionais. É o equivalente a 10% do total de caminhoneiros autônomos existentes no país, segundo a companhia. "Em um único dia, chegamos a registrar cinco mil downloads", diz o argentino Federico Vega, presidente da CargoX.
O funcionamento lembra o Uber. Primeiro, o caminhoneiro baixa o aplicativo da internet. O software está disponível para o sistema Android, do Google. Em seguida, a CargoX entra em contato com o candidato para os procedimentos de aprovação. Há exigências como a data de fabricação do veículo, que não pode ultrapassar dez anos. Duas gerenciadoras de risco foram contratadas para avaliar os profissionais, incluindo habilitação, histórico nas estradas, incidentes com roubos de carga etc. Os aprovados vão para os treinamentos.
Na outra ponta do modelo estão os donos das cargas. Quando o cliente acessa o sistema da CargoX, a companhia verifica a disponibilidade de caminhões para aquela rota e prazo de entrega. Depois, entra em contato com os caminheiros e negocia o frete. A partir daí, assume a responsabilidade pela carga.
O mexicano Oscar Salazar, um dos três fundadores do Uber, é um dos investidores da nova empresa
Os veículos precisam ter capacidade para carregar entre 12,5 e 45 toneladas. Se as mercadorias de um cliente só preenchem uma fração do espaço, são identificadas cargas de outras empresas para completar a capacidade. Dependendo do caso, tem de haver algum rearranjo. Pode ser que em vez de três dias, o prazo de entrega se estenda para quatro ou cinco, o que é negociado com o cliente, diz Alan Rubio, diretor de transporte da CargoX.
A vantagem, afirma o executivo, é que o modelo proporciona uma economia de cerca de 30%. Isso é possível porque os motoristas não são funcionários diretos, o que representa custos trabalhistas menores. Além disso, não tem de arcar com as despesas de manutenção dos veículos. É como se fosse uma transportadora sem frota.
Os caminhoneiros, além de viajarem lotados, têm carga garantida na viagem de volta. No local de destino, não precisam bater de porta em porta para antes de retornar, diz Rubio. Tudo é arranjado pela CargoX.
Vega trabalhava no banco J.P. Morgan, em Londres, antes de começar a formatar o negócio. Como tinha muitos clientes na área de logística e fazia viagens constantes ao Brasil, ele começou a discutir a ideia com Rubio, um veterano do setor de transporte de carga no país. O passo seguinte foi encontrar os sócios para dar sustentação financeira à empresa. Três grupos entraram na operação - o fundo de investimento Valor Capital Group, de Clifford Sobel, ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil; a Lumia Capital, de Chris Rogers, cofundador da Nextel; e a Agility Logistics, uma empresa de logística com faturamento de US$ 4,5 bilhões ao ano. O projeto também atraiu investidores individuais como Salazar; Hans Hickler, que passou por cargos de comando na DHL, e Eddie Leshin, que dirigiu as operações da Coyote Logistics, outra gigante do setor.
A empresa, que tem sede em São Paulo, será anunciada formalmente hoje nos Estados Unidos. A projeção, diz Vega, é encerrar o ano com faturamento de R$ 100 milhões. Além dos caminhoneiros autônomos, a companhia pretende fechar acordos com grandes transportadoras para aproveitar a ociosidade dessas frotas também. "Não queremos ser vistos como inimigos de ninguém", diz Rubio.
É um problema que o Uber continua enfrentando em várias cidades do mundo, onde o serviço é visto como um adversário ilegal por motoristas de táxi. Salazar diz que o problema não é exclusivo do Uber, no qual permanece como acionista. "Toda companhia que pensa fora da caixa e provoca um rompimento [com os padrões estabelecidos] é controversa", afirma. "Há irritação no início, mas depois as coisas se acalmam e as pessoas aceitam as mudanças."

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/empresas/4489816/fundador-do-uber-replica-o-negocio-para-caminhoes

sexta-feira, 18 de março de 2016

GE crescerá no Brasil neste ano, apesar da crise, diz CEO

A americana GE, um dos maiores produtores mundiais de equipamentos industriais, continua a considerar o Brasil como um mercado prioritário, apesar do difícil ciclo pelo qual passa o país, marcado pela polarização política e pela volatilidade financeira. "Esperamos crescer no Brasil este ano mesmo em um ambiente desafiador", disse Jeff Immelt, presidente global da GE. A manutenção da aposta no mercado brasileiro se dá em um momento de mudança para a GE. A empresa vendeu a maior parte dos serviços financeiros e focou-se no crescimento do negócio industrial. Em 2015, fechou a maior compra de sua história, a divisão de energia da Alstom. Nessa transição, surge uma "nova" GE, que vai disputar a liderança da chamada "quarta revolução industrial".
Esse conceito de "quarta revolução ou indústria digital" vem sendo usado para definir fábricas "inteligentes" que usam informações e tecnologias de comunicação em seus processos de produção. O objetivo da GE é entregar maior produtividade aos clientes. De acordo com Immelt, a produtividade industrial, em termos globais, cresceu em média 4% por ano entre 1990 e 2010. A partir de então, a taxa caiu para apenas 1%. Por meio do avanço industrial digital, a GE espera retomar e impulsionar o crescimento da produtividade. "Estamos preparados para aumentar a produtividade do Brasil. E será desta maneira que a GE manterá a agenda de crescimento no país."
A internet ligada à indústria deve representar US$ 20 bilhoes em receitas, com a venda de aplicativos e softwares, para a GE, em 2020 (este ano esse número deve ser de cerca de US$ 7 bilhões). Essa receita com o negócio digital, se confirmada, fará da GE uma das dez maiores empresas de software do mundo, disse Immelt. Em 2015, a GE faturou US$ 117 bilhões no seu negócio industrial e registrou lucro de US$ 15,9 bilhões. Immelt completa este ano 15 anos como presidente da GE. "Vivemos em um tempo de grande volatilidade e onde a polarização política tornou-se uma verdade em todos os países do mundo, é parte do jogo."
Quando se tornou presidente da GE, a companhia tinha 70% das vendas nos Estados Unidos. Este ano 70% da receita virá de fora do mercado americano. No processo de transição, a GE vendeu os serviços financeiros da GE Capital, com exceção daqueles prestados ao negócio industrial do grupo, em uma transação que permitirá à empresa receber US$ 36 bilhões. Isso dá à GE capacidade de recomprar ações no mercado e de fazer aquisições de empresas, embora o foco seja o crescimento "orgânico".
Parte da transformação pela qual passa a GE ocorreu em 2015, quando a companhia concluiu a compra da divisão de energia da Alstom por US$ 10,6 bilhões. São esperados ganhos a partir da combinação das linhas de produtos das duas companhias. "Há muita complementariedade [com a Alstom], em termos de tecnologia, com o que a GE tem", disse Immelt.
No Brasil, onde está há 96 anos (desde 1919), a GE tem 21 fábricas. Nessas unidades, todas as linhas de negócios da GE estão representadas (energia, gerenciamento de energia, energia renovável, óleo e gás, transporte, iluminação, saúde e aviação). Mas a diferença hoje é que fábricas que antes funcionavam com uma única linha de produto agora são multidisciplinares (produzem três, quatro tipos de produto). "Reconhecemos que o momento é mais difícil do que há um ano, há mais riscos, então é preciso trabalhar mais forte para trazer soluções financeiras que viabilizem projetos. Nossa agenda é de crescimento para 2016", disse Rafael Santana, presidente da GE para a América Latina.
Immelt, que tenta visitar o Brasil pelo menos uma vez por ano, reconhece que existe mau-humor com o Brasil no mercado internacional. Ele não citou números sobre o crescimento no mercado brasileiro este ano, mas indicou que deve ser na casa de um dígito, na mesma linha da meta fixada para as operações globais, que prevê expansão entre 2% e 4% este ano. "Nós ainda vemos oportunidades para a companhia [no mercado brasileiro]." E acrescentou: "Eu olho mais o micro do que o macro. Se olhar de um ponto de vista macro, [a situação] é bastante deprimente. Mas se olhar do ponto de vista micro, verá muitas oportunidades", disse Immelt.
As perspectivas de negócios da GE no país incluem os segmentos de energia e de transportes (locomotivas). A empresa também tem atuação forte na aviação e em equipamentos para a saúde. O setor de óleo e gás, apesar das dificuldades, também está no radar: "A Petrobras é um grande cliente e precisamos estar preparados para atender suas necessidades." A desvalorização do real, afirmou, torna mais competitiva a exportação de produtos manufaturados a partir do mercado brasileiro. Apontou como fatores positivos o fato de o Brasil ter "massivos" recursos naturais, crescimento populacional e um setor agrícola forte, além de grandes necessidades em áreas como eletricidade e saúde, segmentos atendidos pela GE. "Minha crença no setor privado continua. Existe no Brasil uma grande classe empresarial", disse.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/empresas/4487230/ge-crescera-no-brasil-neste-ano-apesar-da-crise-diz-ceo

quinta-feira, 17 de março de 2016

CPFL Renováveis prevê investir R$ 1,5 bi no ano

A CPFL Renováveis vai investir R$ 1,5 bilhão neste ano, com foco nas obras dos cinco projetos em construção e que vão acrescentar 329,8 megawatts (MW) à capacidade instalada da companhia até 2020, afirmou André Dorf, presidente da companhia, em entrevista ao Valor. A companhia terminou o ano com 1,8 mil megawatts (MW) de capacidade instalada em operação, divididos em 81 projetos de energia eólica, solar, térmicas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Apenas para 2016, a previsão é de incremento demais de 20% da capacidade instalada, com 255 MW provenientes dos complexos eólicos Campo dos Ventos e São Benedito, ambos com 115,5 MW e localizados no município de João Câmara, no Rio Grande do Norte (RN). Há também a entrada da PCH Mata Velha, em Unaí, em Minas Gerais, com 24 MW.
Os outros projetos em construção são o complexo eólico Pedra Cheirosa, em Itarema, no Ceará, com 48,3 MW e entrada prevista em 2018, além da PCH Boa Vista II, localizada em Varginha, Minas Gerais, com 26,5 MW e entrada em operação prevista para 2020.
Até 2020, os investimentos devem ser da ordem de R$ 2 bilhões. Segundo Dorf, os investimentos deste ano devem ser viabilizados com financiamentos e caixa. Recentemente, a companhia fez uma captação de R$ 764 milhões com o BNDES para os projetos, afirmou Dorf.
A situação de sobreoferta de energia vista hoje no sistema não afeta os planos da companhia, segundo Dorf. "Pode durar um certo tempo, dependendo do reaquecimento da economia, mas nosso setor necessariamente olha para o longo prazo. Se olharmos num horizonte maior, seguimos com tendência de crescimento na matriz", afirmou.
Para ele, as fontes renováveis seguem com "a mesma importância e o mesmo prognóstico positivo" para os próximos anos.
O foco da companhia continua no crescimento das suas operações, por meio de aquisições ou participação em leilões, caso as condições sejam atrativas.
A CPFL Renováveis terminou o quarto trimestre do ano passado com lucro de R$ 82,6 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 65,2 milhões apurado nos últimos três meses de 2014. A receita líquida cresceu 18,4% no trimestre, para R$ 437,4 milhões, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 77,7%, para R$ 372 milhões.
No ano, porém, a CPFL Renováveis teve prejuízo de R$ 48,7 milhões, queda de 70,9% na comparação com o resultado de 2014, de R$ 167,3 milhões. Segundo Dorf, o resultado negativo refletiu efeitos não recorrentes, como as despesas com o risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) e a falha em uma usina a biomassa.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4485464/cpfl-renovaveis-preve-investir-r-15-bi-no-ano

quarta-feira, 16 de março de 2016

Tombini, presidente do BC, deve deixar o cargo

Cansado, depois de mais de cinco anos no cargo, o presidente do banco Central, Alexandre Tombini, tem dado sinais de que pedirá para sair na mexida ministerial que está sendo desenhada, para adequar o governo a um novo perfil administrativo, conforme o Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.
A eventual confirmação do ex-presidente Lula no cargo de ministro forte do governo Dilma aponta para mudanças profundas na política econômica.
Mudanças com repercussões na área monetária e cambial.
A discussão sobre uso de reservas cambiais, liberação de compulsório e a clara intenção de reduzir a taxa de juros seriam algumas “guinadas” preconizadas para esse novo momento.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4483736/exclusivo-tombini-presidente-do-bc-deve-deixar-o-cargo

terça-feira, 15 de março de 2016

Nova Superterça pode dar vantagem decisiva a Trump

Sob clima de tensão e de protestos contra o pré-candidato Donald Trump, os Estados Unidos realizam hoje a terceira terça-feira seguida de prévias partidárias em vários Estados com vistas à eleição presidencial de novembro próximo. E esta pode ser decisiva para a disputa no Partido Republicano.
Se vencer as prévias em Ohio e na Flórida, Trump terá o caminho aberto para obter o número mínimo de delegados necessários, 1.237, para ser confirmado como o candidato do partido na convenção republicano, em julho.
A tendência inicial é que ele ganhe na Flórida, onde está com 43%, na média das pesquisas, contra 26% do senador Marco Rubio, que é daquele Estado. Já em Ohio, Trump está em empate técnico com o governador local, John Kasich. O empresário tem 34,3%, na média das pesquisas, contra 38% do governador.
Por isso, os membros do Partido Republicano que querem barrar Trump estão dando apoio maciço a Kasich. John Boehner, ex-presidente da Câmara dos Deputados, aderiu à campanha do governador, e Mitt Romney, que foi candidato do partido à Presidência nas últimas eleições, esteve num ato de apoio a ele. Até Rubio pediu aos eleitores republicanos de Ohio que votem em Kasich.
Caso não consiga vencer nos dois Estados, será mais difícil para Trump atingir a cota de 1.237 delegados. Com isso, o partido caminharia para uma convenção dividida. Se ninguém atingir a cota, os delegados poderão fazer uma nova votação na convenção e alguns Estados poderão liberá-los para votar no candidato que acharem melhor. Nessa hipótese, Trump pode perder a candidatura, mesmo tendo conquistado a maioria dos votos dos eleitores republicanos nas prévias.
Nos 25 Estados em que foram feitas votações até agora, o empresário venceu em 15 e conquistou 460 delegados, contra 369 do senador Ted Cruz (Texas), que tem sete vitórias, 163 de Rubio, com três vitórias, e 63 de Kasich, que não ganhou em nenhum Estado.
A Flórida dará 99 delegados ao vencedor e Ohio dará 66. Nesta nova Superterça também haverá prévias na Carolina do Norte (72 delegados), Missouri (52), Illinois (69) e nas Ilhas Marianas do Norte (9). Apenas na Carolina do Norte e no Missouri, o vencedor não leva todos os delegados. No primeiro Estado, os delegados são distribuídos proporcionalmente à votação; no segundo, o vencedor leva a maioria.
"Parece que Trump vai vencer na Flórida e isso fará com que Rubio não seja mais um candidato viável", afirmou o professor Allan Lichtman, da American University, de Washington. O mesmo acontecerá com Kasich, segundo o professor, se ele perder em Ohio. Já se Kasich vencer em seu Estado, seria a sua única vitória até aqui.
Por isso, Lichtman prevê uma disputa entre Trump e Cruz dentro do partido após essa terça. "Cruz é repugnante para a maioria das grandes figuras republicanas, mas eles estão tampando o nariz e vão apoiá-lo contra Trump", disse o professor, ressaltando que o establishment do partido não aprova o empresário, pois o considera "incontrolável e imprevisível". "Eles não têm ideia de como seria a sua Presidência."
As propostas de Trump de cancelar acordos comerciais do país, de aumentar o militarismo americano, as suas críticas a mexicanos e muçulmanos e a sua hesitação em condenar o racismo estão levando à realização de protestos em seus comícios. Alguns foram interrompidos e outros cancelados por causa de ativistas. Um ativista quase subiu no palco onde estava o empresário, em Ohio, mas foi contido por agentes do serviço secreto.
"Eu queria tirar o microfone dele e falar que ele é racista", justificou Thomas Dimassino, manifestante expulso do comício de Ohio. "Nós protestamos contra a cultura que ele leva aos seus comícios, com bandeiras confederadas [representando Estados do Sul que eram a favor da escravidão na década de 1860], e que nos ameaça", disse Jaymal Green, ativista negro que esteve na mobilização em Chicago que interrompeu o comício do empresário. "Estou encorajando pessoas em outras cidades a protestar contra Trump. Ele é contra hispânicos e muçulmanos. Ele tem apoiadores racistas", completou.
Os democratas acusam Trump de incitar a violência em seus comícios. "Ele é um mentiroso patológico, não para de insultar as pessoas e está dizendo que, se você bater em alguém, está tudo bem" disse o senador Bernie Sanders (de Vermont), pré-candidato democrata. "Ele é um incendiário politico", afirmou a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Trump negou responsabilidade pela violência, mas, num comício, respondeu que teria acertado um soco no manifestante que tentou invadir o seu palanque. O empresário também disse estar disposto a pagar pelas despesas legais de um sujeito com chapéu de cowboy que deu um soco num ativista negro que protestou e foi retirado de um comício. Ele ainda ironizou os democratas. "Hillary e Sanders não têm multidões inspiradas. Eles gostariam de ter a excitação dos meus comícios, mas não têm."
Na disputa democrata, Hillary está com 766 delegados, contra 551 de Sanders, e haverá prévias em cinco Estados hoje, que vão distribuir mais 792 delegados. Hillary lidera, na média das pesquisas, em Ohio, na Flórida, na Carolina do Norte e está em empate técnico em Illinois. Mas, como essas prévias não serão no sistema em que o vencedor leva todos os delegados, a disputa com Sanders poderá se estender mais um pouco.
De todo o modo, Hillary continua favorita. Ela deverá contar ainda com o apoio de 465 superdelegados - entre governadores, congressistas e membros honorários democratas - contra 25 de Sanders. Isso lhe dá uma vantagem de 1.231 delegados contra 576 do senador. São necessários 2383 delegados para obter a indicação do partido.
"Eu sou a única candidata que teve mais votos que Trump", comemorou Hillary, dizendo ter obtido 600 mil votos a mais nas primárias até aqui. "Eu ainda nem comecei com ela", retrucou o empresário.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/internacional/4481118/nova-superterca-pode-dar-vantagem-decisiva-trump

segunda-feira, 14 de março de 2016

ONS eleva previsão de alta de consumo de energia em março para 2,3%

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou, de 1,3% para 2,3%, a previsão de aumento do consumo de energia no sistema brasileiro em março, ante igual período do ano passado, de acordo com informe divulgado pelo órgão nesta sexta-feira.

Ainda segundo o documento, o operador espera que o nível dos reservatórios hidrelétricos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, alcance 61,6% no fim deste mês. A previsão anterior, feita na última semana, era de 59,3%.

Os lagos das usinas do Sudeste/Centro-Oeste estão com 53,6% de armazenamento, com alta acumulada de 2,7 pontos percentuais em março.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4477384/ons-eleva-previsao-de-alta-de-consumo-de-energia-em-marco-para-23

sexta-feira, 11 de março de 2016

Brasil paga mais caro para captar US$ 1,5 bi no mercado externo

Depois de um ano e meio fora do mercado global de dívida, o governo brasileiro voltou ontem a fazer uma emissão externa de bônus. A República captou US$ 1,5 bilhão em bônus com vencimento em dez anos, a uma taxa considerada boa, diante da recente perda do grau de investimento do Brasil pelos critérios das três principais agências de risco. Os papéis pagarão taxa de retorno ("yield") de 6,125% ao ano. Trata-se, porém, do custo mais alto desde janeiro de 2009.
O sucesso da emissão do governo poderá abrir espaço para que grandes empresas brasileiras também voltem ao mercado nos próximos dias e semanas, segundo executivos de bancos ouvidos pelo Valor. Algumas instituições financeiras já procuram companhias para ver se há interesse em captar.
A oportunidade de fazer a operação se abriu de forma inesperada. Nas últimas semanas, os mercados globais experimentaram uma virada em relação ao pessimismo que marcou o início de 2016 e os investidores passaram a demonstrar apetite renovado por risco. Ironicamente, o Tesouro também acabou se aproveitando de uma melhora da percepção de risco do país a partir da leitura de que cresceram as chances de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
A decisão de emitir os bônus foi tomada pelo Tesouro na terça-feira e a escolha da data teve também como objetivo se antecipar à aguardada emissão soberana da vizinha Argentina, que deve movimentar US$ 12 bilhões. Além disso, o momento da operação aproveitou a melhora no custo do Credit Default Swap (CDS, uma espécie de seguro contra calote) do Brasil, com prazo de cinco anos, que recuou oito pontos e foi para 393 pontos, rompendo a barreira dos 400 pontos, segundo a Markit.
Inicialmente, o yield pretendido na captação era de 6,5% e, com essa taxa, houve demanda de US$ 6 bilhões. Para o Tesouro, porém, era mais importante estabelecer uma taxa mais baixa para ser usada como parâmetro de novas emissões da República e de empresas, do que levantar um volume maior. Assim, optou-se por reduzir a taxa aos investidores, o que levou à retirada de algumas ordens de compra.
O governo brasileiro estava acompanhando diariamente as condições de mercado e percebeu no último mês que o yield dos bônus de referência do Brasil em dólares ("benchmark bonds") recuaram e atingiram os níveis de outubro e novembro, de acordo com Max Volkov, responsável por mercado de capital de dívida para América Latina do Bank of America Merrill Lynch (BofA), banco que estruturou a operação ao lado do J.P. Morgan. Os indicadores mostravam que, apesar dos recentes cortes de rating, o mercado começou a olhar para a frente e esperar um cenário melhor para a economia do país, afirma.
"A República decidiu rapidamente captar nessa ótima janela e demonstrou que tem acesso ao mercado a um bom custo financeiro, com demanda para seus papéis, e que há espaço para outros emissores nas próximas semanas", diz Volkov. O executivo afirma ainda que mais de 200 investidores fizeram ordem de compra para os bônus, incluindo todas as grandes instituições globais. A expectativa é que companhias brasileiras sigam o Tesouro e captem no mercado global.
A última emissão soberana foi em setembro de 2014, com reabertura do título de referência ("benchmark") de dez anos em dólar, o bônus Global 2025, no valor de US$ 1,05 bilhão. Na ocasião, os papéis saíram com yield de 3,888%. Após essa emissão, o Brasil perdeu o grau de investimento pelas principais agências de classificação de risco. A primeira delas foi a Standard & Poor's, com o rebaixamento em setembro do ano passado. A decisão foi seguida pela Fitch, que cortou o rating em dezembro, e pela Moody's, em fevereiro.
O Tesouro escolheu um ótimo momento e os investidores internacionais estão mais receptivos para papéis de economias emergentes, diz Cid Oliveira, diretor de renda fixa da XP Advisory, braço de administração de fortunas da XP Gestão. "Tivemos nas últimas semanas uma virada no mercado de commodities e alguns gestores aumentando o apetite pelos mercados emergentes. Com isso, o Tesouro resolveu testar o mercado", afirma o especialista.
Os estímulos anunciados ontem pelo Banco Central Europeu (BCE) também contribuíram para a composição do cenário. A instituição europeia cortou as taxas de empréstimo e de refinanciamento e também reduziu a taxa de depósito. Além disso, expandiu seu programa de compra de ativos para incluir dívida corporativa. "Com o anúncio do BCE, vemos que cada vez menos o investidor deve ter retorno positivo em posições seguras. Com isso, vemos tentativas de aumentar a escala de risco para se ter maior remuneração no capital", diz Oliveira, da XP. (Colaborou Edna Simão, de Brasília)

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4475948/brasil-paga-mais-caro-para-captar-us-15-bi-no-mercado-externo

quinta-feira, 10 de março de 2016

Paulo Ludmer, consultor: Setor Elétrico no marco zero, em regressão

Não resta margem de manobra: o setor elétrico brasileiro está aos pedaços. Ele demanda uma profunda refundação. E o Brasil dispõe de recursos humanos em todas as esferas (blindadas dos vieses de 30 inexplicáveis partidos políticos) para a tarefa de recomeçar tudo de novo, refazer a atual modelagem que produz absurdos risíveis e debocháveis aqui e alhures.
Os agentes dialogam hoje no judiciário. Comercializadores, geradores térmicos, grandes consumidores, distribuidores, transportadores...todos vivem nos contenciosos. Ações de inconstitucionalidade habitam as escrivaninhas dos tribunais superiores da Nação.
Usinas geradoras ficam prontas e as linhas não. O inverso também é verdadeiro. E todos honestos pagam (porque gatos atingem marcas ridículas de até 40% do consumo, como na Light RJ). Pagam usinas eólicas paradas, mas contratadas e assim por diante.
Pagam por 5% de risco de déficit, mais riscos de bandeiras, mais anomalias de programas permanentemente questionáveis como o Newave que, quando não falham, recebem alimentação de dados discutíveis. Programas que aqui promovem uma geração térmica a RS$ 800/MWh, várias vezes mais caras do que na Europa quase totalmente suprida por térmicas.
Aqui pagamos nas faturas de energia encargos inexplicáveis. Entre eles os que sustentam a ANEEL, boa parte do que o Tesouro se apropria para reduzir o déficit público. Pagamos encargos para indenizar municípios banhados por lagos hidrelétricos, que nada descontam pelos benefícios que auferem. E assim por diante.
Quando chove abundantemente, os geradores hidráulicos vendem seus kWh a preços irrisórios no mercado livre. Quando estia, os geradores pagam bilhões de reais pela geração inferior à sua garantia física, fixada em nível que ninguém mais acredita. Meses de sobras não geram recursos para indenizar térmicas por um mês de falta.
Por outro lado, as termelétricas nas vacas gordas, compram a preço de banana no mercado spot e cobram bastante pela energia que entregam, mas evitam produzir nesses períodos. Pior, as térmicas não conseguem receber na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica sequer as despesas com combustíveis para sua produção. O mercado livre está travado por liminares que impedem a liquidação de contratos.
Um governador do Estado no Norte despreza e pune os milhões de usuários do Sistema Interligado Nacional e atrasa impunemente sua conexão ao grid, mantendo vantagens paroquiais e a caríssima (além de subsidiada) geração a hidrocarbonetos, sem que a galera emita um grito de revolta. Antes a Nação, por anos a fio, suportou com recursos públicos o linhão Tucurui-Manaus-Macapá. Em vão. Não há comandos legais para coibir tais governadores ou as causas que os levam a isso.
Fecham as fábricas de alumínio em lingotes. Paralisam-se as ferro ligas e outras eletrólises de não ferrosos. Passamos de exportadores a importadores desses bens intermediários, na base da indústria nacional. E nada acontece nas políticas públicas do país que detenha as sucessivas aberrações.
Divulga-se que a energia eólica é competitiva (mas nada se conscientizou da enorme quantidade de incentivos e renúncias fiscais para que esta política se efetivasse). Repete-se o feito agora com a energia solar. Observe-se que a ajuda oficial às eólicas afogou, durante anos, as pequenas centrais hidrelétricas e as usinas a biomassa. Porém isso não conta porque grupos bem organizados ganharam muito com a operação financeira subsidiada por bancos oficiais que asseguravam (com recursos públicos servidos muitas vezes pelos erários públicos) tais empreendimentos.
Dezenas de resoluções e portarias criaram, semanalmente, uma impossível degustação dos comandos legais no setor. Puxadinhos saiam de cada audiência pública da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), fazendo de um emaranhado a complexidade de entendimento sistêmico para esse bosque doente, além de cada árvore.
A insegurança não era de estranhar: cada Ministério tornou-se um feudo que não conversa com os demais, por falta de uma bússola nacional. As entidades de classe perderam sua interlocução coerente e integrada. Lutam por migalhas em cada quintal político.
O preço da energia foi para o espaço, roubando a competitividade da economia brasileira como um todo, afundando ainda mais o poder de compra dos extratos de renda mais baixos na sociedade.
Cerca de 10 GW só na geração estão à venda. Um profundo desânimo se dissemina enquanto a encenação continua com a miragem (sempre cara) da armazenagem de kW em baterias de lítio (do Afeganistão e da Bolívia), metais pesados (chumbo e que tais), e vai se destruindo mais de 100 GW em potenciais aproveitamentos hidrelétricos em nome de lobbies eurocêntricos. O ícone indígena precisa ser filtrado de manipulações.
Este texto poderia se estender por milhares de bytes. Por isso  conclamo o setor a voltarmos ao marco zero. O que está aí não dá para remendar. E piora a cada dia.

Leia mais em:   http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=110808

quarta-feira, 9 de março de 2016

Publicidade digital vai superar anúncio de TV nos EUA em 2017

Os gastos com publicidade no meio digital podem superar os anúncios em TV nos Estados Unidos pela primeira vez na história em 2017, segundo a empresa americana de pesquisa eMarketer. A estimativa é que os anúncios na TV cheguem a US$ 72 bilhões, ou 35,8% do mercado, enquanto as verbas para anúncios on-line atingirão a marca de US$ 77,37 bilhões, ou 38,4% do total.
Segundo a eMarketer, a publicidade em TV deve crescer 2,5% em 2016, abaixo da previsão anterior, de 4,5%. "Ainda esperamos crescimento puxado pela propaganda política e pela Olimpíada de verão", disse o analista Martín Utreras, da eMarketer, em relatório. "No entanto, vemos os dólares em anúncios fluindo para o digital como forma de otimizar os gastos em um ano que pode ser desafiador."
A projeção de investimentos em anúncios digitais nos EUA em 2016 é de US$ 68,82 bilhões, uma alta equivalente a 15,4%, impulsionada pelo aumento de uso de smartphones e tablets.
No Brasil, o Internet Advertising Bureau (IAB) estima que os gastos em publicidade digital tenham um avanço nominal (sem descontar a inflação) de 12%, para R$ 10,4 bilhões, neste ano. O percentual é o mesmo que o registrado pelo setor em 2015.
Ano passado, o mercado brasileiro movimentou R$ 9,3 bilhões, um pouco abaixo da projeção inicial do IAB, de R$ 9,5 bilhões. Na avaliação de André Izay, presidente do Yahoo e do IAB, o resultado foi positivo, uma vez que ficou acima do desempenho do mercado publicitário como um todo.
A comparação entre os dois mundos da publicidade no Brasil é difícil de ser feita por não existirem números amplamente aceitos pelo mercado. Até meados do ano passado, a pesquisa de referência era feita pelo Projeto Intermeios, do grupo Meio & Mensagem. Mas a iniciativa foi interrompida depois que algumas entidades deixaram de apoiá-lo. A justificativa foi a falta dos números do Google e do Facebook, o que distorcia os números da publicidade digital.
Atualmente, a Kantar Ibope Media é a principal referência. De acordo com a empresa, o mercado publicitário brasileiro movimentou R$ 132 bilhões em 2015, um crescimento nominal de 9%. Excluindo a inflação do período, houve um recuo de 0,9%. A crítica que se faz é que o número leva em consideração o preço cheio, praticado pelas empresas de mídia, sem considerar os descontos oferecidos nas compras - uma prática comum no mercado.
Pelos números de publicidade na internet do IAB - que incluem Google e Facebook -, a maior fatia do mercado em 2015 ficou com os anúncios exibidos em mecanismos de buscas e classificados: R$ 5,16 bilhões. Esse segmento é liderado pelo Google, que responde por mais de 80% das buscas na internet feitas pelos brasileiros. Na sequência, ficaram as redes sociais e os anúncios em "banners" (também conhecidos como "display ads"), com R$ 3,14 bilhões. Aqui, o principal nome é o Facebook, que também é dono do aplicativo de fotos Instagram. Já a publicidade em vídeo ficou com R$ 1,03 bilhão. Neste segmento, o Google também domina, com o YouTube.
De acordo com Izay, ao longo de 2016, tendências que impulsionaram o mercado em 2015 como a publicidade nos dispositivos móveis e no formato de vídeo continuarão fortes. Em sua avaliação, a Olimpíada não terá um impacto tão forte, por se tratar de um evento que não impacta tantos anunciantes quanto a Copa.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/empresas/4472140/publicidade-digital-vai-superar-anuncio-de-tv-nos-eua-em-2017

terça-feira, 8 de março de 2016

Capacidade instalada de usinas eólicas cresce 45% em 2015

A capacidade instalada de usinas eólicas creceu 45% ao longo de 2015 na comparação com 2014, saltando de 5.710 MW para 8.277 MW. Entre janeiro e dezembro do ano passado, entraram em operação 102 novos empreendimentos, somando um total de 325 geradoras eólicas em 2015. O balanço foi divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica nesta segunda-feira, 7 de março.
 
Segundo a CCEE, as usinas eólicas produziram 2.971 MW médios, crescimento de 52% em relação ao mesmo período de 2014. Vale destacar o desempenho da fonte no mês de agosto, quando a produção alcançou seu auge e entregou ao Sistema Interligado Nacional de 3.199 MW médios.

Na análise por estado, o Rio Grande do Norte fechou 2015 com a maior capacidade instalada em usinas eólicas, um total de 2.493 MW, aumento de 28,3%. Em seguida, aparecem Ceará com 1.573,5 MW (+22,8%), Rio Grande do Sul com 1.514 MW (+30,6%) e Bahia com 1.441 MW (+41,6%). Veja o ranking completo abaixo.
 
Os dados consolidados do boletim InfoMercado Mensal referentes à dezembro mostram ainda uma variação positiva no consumo e geração de energia do SIN. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento de 0,5% no consumo (61.795 MW médios ante 61.479 MW médios) e de 0,4% na geração de energia (61.826 MW médios frente aos 61.559 MW médios).
 
Ranking – Os 10 maiores estados  em capacidade instalada de energia eólica
Posição             Estado               MW
1º             Rio Grande do Norte  2.493
2º             Ceará                         1.573,5
3º             Rio Grande do Sul     1.514
4º             Bahia                         1.441
5º             Piauí                           705
6º             Santa Catarina           224
7º             Pernambuco              192
8º             Paraíba                      59,5
9º             Sergipe                      34,5
10º           Rio de Janeiro           28
 
 
Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=110775

segunda-feira, 7 de março de 2016

Apesar de recuperação, rumo de ativos é incerto

A recente mudança de maré no cenário político, que pegou investidores desprevenidos, provocou uma forte e surpreendente recuperação nos preços dos ativos financeiros brasileiros na semana passada. Mas tudo o que se viu até aqui é fruto apenas de uma correção. Posições pessimistas foram zeradas diante da percepção de que o equilíbrio de probabilidades mudou: uma troca de governo, hipótese que parecia enterrada até o começo deste ano, voltou a ganhar espaço nos cenários e impôs um reposicionamento dos mercados.
"Política é fundamento na veia. E com a mudança no quadro político, houve uma corrida dos investidores para se reposicionarem", diz o diretor de uma grande gestora de São Paulo.
Esse movimento explica a queda forte do custo do "Credit Default Swap" (CDS, uma espécie de seguro contra calote), que foi de cerca de 450 pontos-base para 400 pontos na semana passada. Para especialistas, a queda pode ser ainda mais expressiva, caso esse cenário de mudança política se concretize. "Faria sentido o CDS ser negociado ao redor de 360 pontos, que é o custo pago pelos pares do Brasil, como África do Sul e Turquia", diz o gestor de um grande fundo de São Paulo.
O mesmo vale para o juro do título NTN-B 2050, importante termômetro de risco de longo prazo, que cedeu de 7,50% para 7% ao ano e, na visão desse profissional, poderia ceder para baixo de 6,50%. "O que se discute agora é qual será o tamanho do prêmio de risco do Brasil", afirma.
Na semana passada, o Ibovespa acumulou valorização de 18%, terminando aos 49.085 pontos. Essa foi a maior variação semanal desde a última semana de outubro de 2008. Já o dólar comercial fechou a sexta-feira a R$ 3,759, com depreciação de 5,96% na semana. As taxas de juros também registraram recuo.
O primeiro sinal de que o jogo político poderia mudar foi quando o marqueteiro João Santana, responsável pela campanha que elegeu Dilma Rousseff, foi preso. Naquele momento, alguns relatórios de instituições financeiras já indicavam que o cerco ao governo se fechava, ampliando as chances de um impeachment. Mas foi quando o conteúdo da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) veio a público, pela revista "IstoÉ", na quinta, acusando a presidente de tentar interferir na Lava-Jato, é que o mercado entendeu que os preços poderiam mudar. O movimento que se exacerbou na sexta, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sendo levado para depor na Polícia Federal.
"Eu bobeei quando vi a prisão do Santana e não mudei minha posição", afirma o gestor de um fundo do Rio, que carregava boa parte de seus recursos aplicados em dólar. Até então, diz, o cenário que ele enxergava era de que a permanência de Dilma no cargo até 2018 agravaria a crise fiscal, diante da falta de capacidade do governo de implementar as reformas, com consequências para a sustentabilidade da dívida pública. "Se cresce a chance desse quadro mudar, então essas posições não faziam mais sentido", diz o gestor, que zerou posições em dólar e aplicou os recursos em NTN-B, numa posição mais defensiva. "Quem apostou pensando no fundamento foi 'pego de calça curta' e teve que se render a essa nova cena."
É muito cedo para confiar que o mercado ingressou em uma trajetória firme. Mas a simples dúvida de que os preços podem mudar já justifica uma espiral de ajustes. Se o dólar se acomodar perto de R$ 3,70 e não acima de R$ 4, por exemplo, pode haver uma contribuição importante à inflação, o que levaria a uma redução do prêmio exigido em títulos públicos, como a NTN-B, indexada ao IPCA. Juros mais baixos, por sua vez, beneficiam as ações, em um momento em que o alto endividamento das empresas é um problema importante nas análises de risco.
Essa mudança de percepção faz posições mais pessimistas "queimarem" nas mãos dos investidores e detonou ordens de "stop loss", quando o investidor sai da posição a qualquer preço, apenas para interromper uma perda. "Zeradas as posições, aí o investidor vai avaliar qual a chance firme de haver um impeachment", explica o sócio de um grande fundo em São Paulo. "Ainda não estamos no estágio em que o investidor está apostando numa troca de governo. Isso ainda depende do fluxo de notícias."
Analistas e profissionais de mercado atribuem diferentes níveis de probabilidade ao cenário de impeachment. Para o sociólogo e coordenador do Instituto Análise, Alberto Almeida, o noticiário da última semana elevou de 10% para 25% as chances de impedimento de Dilma. Para ele, o cenário básico ainda é a permanência da presidente até 2018 e, o que é pior, sem força política para aprovar reformas importantes. "A probabilidade era muito baixa e, de fato, cresceu. Mas ainda considero que os recentes eventos são 'soluços midiáticos', insuficientes para garantir um impeachment", afirma. Já a consultoria de risco político Eurasia Group considera que, pela primeira vez, a queda de Dilma é "provável", com mais de 50% de chance de ocorrer, ante 40% atribuídos anteriormente.
Outra dúvida é o quão melhor estará o cenário, de fato, numa situação de impeachment. Heinz Ruettimann, estrategista em mercados emergentes do banco Julius Baer, diz que o movimento do Ibovespa é um "forte rali de alívio". "Mas, francamente, como investidor, essas novidades não mudam minha visão sobre o mercado brasileiro de ações", diz. Ele afirma que, entre os emergentes, o Brasil ainda pertence aos mercados de maior risco.
"Minha visão só vai mudar se eu puder ver que as deficiências estruturais da economia estão ativamente endereçadas e resolvidas. Não é apenas sobre uma pessoa ou outra. É sobre o sistema político, como o sistema político funciona hoje e sua dinâmica", afirma.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4467936/apesar-de-recuperacao-rumo-de-ativos-e-incerto

sexta-feira, 4 de março de 2016

Mercado livre atrai novos investidores

A migração em massa de consumidores de energia para o mercado livre tem despertado o interesse de empresas estrangeiras e de companhias de outros segmentos, principalmente financeiro, para investir no setor elétrico brasileiro. Segundo especialistas, um grupo de empresas está avaliando a aquisição de comercializadoras ou a criação de suas próprias companhias para vender energia no mercado livre, que tem potencial para praticamente dobrar de tamanho.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foram negociados 115,3 mil gigawatts-hora (GWh) no mercado livre no ano passado, volume correspondente a 24,8% de todo o mercado de energia brasileiro. Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), existem ainda 14 mil consumidores com condições legais de migrarem para o ambiente livre, o que pode elevar essa parcela do mercado para 46%, ou 213,7 mil GWh.

Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), existem hoje pouco mais de 1,8 mil consumidores livres. Desse total, um terço é composto por grandes consumidores industriais de energia e o restante por consumidores chamados de "especiais" - pequenas e médias empresas comerciais e industriais com demanda a partir de 500 megawatts (MW) e que compram energia de fontes renováveis.

Pelo lado das comercializadoras, empresas responsáveis pelo atendimento a esses consumidores no mercado livre, o número de companhias cresceu de 154, em novembro de 2014, para 171, em igual período do ano passado, um crescimento de 11%.

"Vejo novos entrantes nesse negócio. O mercado financeiro particularmente está muito interessado. A inteligência de mercado está na comercialização de energia", afirma o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.

A opinião é compartilhada por Guilherme Schmidt, advogado especialista em energia do escritório L.O. Baptista. "Grandes empresas estrangeiras também estão olhando para esse mercado".

Há ainda quem enxergue possibilidade de consolidação no setor. "Em um mercado maior, as pequenas e médias comercializadoras vão ter mais dificuldade para competir. A tendência que estamos detectando é de consolidação de mercado, uma associação entre essas comercializadores para ter mais porte e conquistar mais clientes", diz Alexandre Pinto, advogado do Trench, Rossi e Watanabe.

Além de novos participantes, tradicionais comercializadoras também estão investindo para atender o aumento do mercado. A Comerc, uma das mais antigas empresas do setor, inaugurou escritório em Bento Gonçalves (RS) e está ampliando as unidades de São Paulo e Florianópolis. A companhia, que possuía 100 colaboradores no ano passado, prevê fechar 2016 com 180 empregados.

Segundo o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, os consumidores estão obtendo em média 30% de diminuição no custo total da energia, após migrarem para o mercado livre.

Outra empresa do setor, a Ecom Energia, também está expandindo os negócios. A comercializadora planeja inaugurar um escritório na capital do Amazonas e abriu recentemente um escritório em Florianópolis. No último trimestre, a Ecom aumentou em 46% o número de clientes e está registrando 12 novos pedidos de migração para o mercado livre por semana. A expectativa do grupo é ampliar em 25% o faturamento da área de gestão de energia este ano, ante 2015.

Outro segmento otimista com o "boom" do mercado livre é o das plataformas de comercialização de energia. É o caso do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), plataforma eletrônica de leilão contínuo para comercialização de energia, administrada por 18 comercializadoras. A BBCE fechou 2015 com a movimentação de R$ 700 milhões em negócios realizados, a partir da consolidação de 2.045 contratos, somando 3.618 megawatts (MW).

Para este ano, a empresa prevê um crescimento de 10% a 20% do volume de energia negociada, alcançando pelo menos 4 mil MW, a partir da consolidação de 2.200 a 2.300 contratos. No total, 155 empresas estão inscritas para negociar contratos na BBCE.

"Em 2015, tivemos um lucro pequeno, mas importante. Para uma startup com três anos de operação, isso é significativo, em um negócio que pouca gente acreditava", diz Victor Kodja, presidente da BBCE.

O objetivo do executivo, no longo prazo, é tornar a BBCE uma bolsa de energia. "Queremos trazer coisas novas, como derivativos financeiros. Nosso crescimento é sólido. Não estamos aqui para queimar etapas", completou.

Um ponto, no entanto, ainda preocupa a expansão do mercado livre: o travamento das liquidações do mercado de curto prazo, que está gerando uma inadimplência da ordem de 60% na liquidação desses contratos na CCEE. "Há insegurança no mercado, por causa da liquidação. Isso tem que ser decidido rapidamente, porque está afetando terceiros de boa fé", diz Schmidt, do L.O. Baptista.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/empresas/4465866/mercado-livre-atrai-novos-investidores

quinta-feira, 3 de março de 2016

Geração eólica atrai financiamentos de bancos privados

Os financiamentos de projetos no segmento de energia devem chegar ao fim de 2016 representando 50% da carteira do Santander Brasil, afirmou Diogo Berger, chefe do setor de "project finance" do banco. Dentro dos esforços na área de energia, a fonte eólica é "o foco do foco" do banco, e deve chegar a 70% a 75% dos financiamentos previstos para o ano.

Só a Casa dos Ventos, desenvolvedora de projetos de energia eólica pertencente à família do empresário cearense Mário Araripe, deve fazer três emissões de debêntures de infraestrutura neste ano, somando R$ 500 milhões, disse Ivan Hong, diretor financeiro da empresa.

As declarações foram feitas em uma conversa com a imprensa no contexto do 2º Encontro de Energia Eólica do Santander.

"É uma fonte muito segura. O Brasil tem inclusive características melhores do que outros países, e, mesmo quando comparamos com outros negócios de infraestrutura ou outras matrizes de energia no país, vemos o risco muito mitigado na matriz eólica", disse Berger. "É uma composição que nos faz crer que é um negócio muito bom", completou.

De acordo com Lucas Araripe, diretor de novos negócios da Casa dos Ventos e filho de Mário, a empresa fez duas emissões desse tipo no ano passado, que somaram cerca de R$ 200 milhões.

Desde o fim de 2014, quando foram viabilizadas as emissões desse tipo, foram realizadas apenas quatro delas, incluindo as duas feitas pela Casa dos Ventos.

"É um mercado importante, o BNDES tem reduzido as garantias, então essa é uma fonte adicional", afirmou Berger, se referindo às emissões, que contam com benefícios como isenções fiscais.

O banco estatal de desenvolvimento reduziu o volume de crédito concedido para essas operações ao mesmo tempo em que houve um aumento do custo das emissões, afirmou Hong.

"O custo flutuou pra cima, as emissões acabaram custando mais", disse. Segundo Hong, outro fator que aumentou o preço é o interesse do mercado, pois os investidores estão mais conservadores, demandando spreads maiores. "São duas componentes que têm feito o custo das debêntures subir", afirmou Hong.

A avaliação se vale ou não a pena fazer as emissões cabe a cada projeto, disse ele. A Casa dos Ventos emitiu no volume esperado no ano passado, o que, de acordo com Araripe, aconteceu pelo fato de os projetos serem "robustos", reduzindo o risco.

Hoje, as debêntures de infraestrutura estão compondo um total de 10% a 15% do total dos investimentos da Casa dos Ventos. "De um tempo pra cá, houve uma redução do BNDES, então isso ajuda a complementar", explicou.

A questão da transmissão de energia e dos projetos em atraso é um risco para o interesse dos investidores no setor de energia eólica. "Há alguns parques eólicos afetados e tem potencial efeito nos próximos leilões", disse Berger.

Para ele, a Casa dos Ventos, por ter um volume grande de projetos, pode ser beneficiada pelo cenário. "Eventualmente os parques deles podem ter um valor ainda maior do que teriam num contexto de normalidade", disse.

"Temos projetos que conectaríamos em pontos já existentes da rede, isso foi critério para o lance. Isso também vale para o futuro, como temos opções de projetos em diferentes áreas, vamos escolher projetos que tenham esse risco mitigado", disse Araripe.


Leia mais em:  http://www.valor.com.br/empresas/4463754/geracao-eolica-atrai-financiamentos-de-bancos-privados

quarta-feira, 2 de março de 2016

Seleção darwinista

Em meio a um ambiente econômico de recessão, com impactos relevantes para os negócios das empresas, evocar a teoria evolucionista tem sido o caminho de boa parte dos analistas na hora de selecionar ações. Em lugar de focar, principalmente, no potencial de valorização, as corretoras participantes da Carteira Valor escolheram para março companhias com gestão reconhecida e resultados sólidos, considerados fatores-chave para resistir às turbulências.
"As empresas que queremos estar num momento de dificuldade como agora são aquelas com boa gestão, em primeiro lugar", afirma Ricardo Kim, chefe da área de análise da XP. Diante dessa premissa, papéis vistos como defensivos ganharam ainda mais peso nas indicações da carteira. BB Seguridade, por exemplo, "com perfil de risco baixo e alto potencial de crescimento [de resultados]", conforme avaliação de Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos, desponta como grande nome da carteira, com oito votos, entre dez possíveis. Já Itaú Unibanco, Ultrapar e Klabin, que também apresentaram balanços sólidos no quarto trimestre, foram apontados por quatro casas cada.
Os quatro papéis já faziam parte do portfólio de fevereiro e ganharam reforço em número de indicações, com exceção de Itaú que manteve quatro votos. A carteira de março se completa com São Martinho, BRF, Itaúsa, Suzano Papel, Fibria e Telefônica/Vivo. Na virada do mês, saíram Cielo, Weg, Ambev e Cetip - todas com desempenho fraco em fevereiro.
Mês passado, a carteira, com alta de 0,23%, perdeu para o Ibovespa, que subiu 5,91% em meio a um rali ocasionado pela alta do petróleo e melhora do cenário externo. Em 12 meses, o portfólio ainda mantém dianteira, com recuo de 5,06% ante queda de 17,04% do principal índice da bolsa.
A estrela do portfólio de março, BB Seguridade, é vista como um papel que, além de geração de receita diversificada e distribuição atrativa de dividendos, beneficia-se, em termos de resultados, das taxas de juros elevadas. "Uma das virtudes da companhia é sua capacidade de adaptação aos diferentes cenários", afirma Ohmachi, da Guide.
Os analistas Daniel Altman, Bruno Arruda e Rafael Frade, do Bradesco, classificam, em relatório, o braço de seguros do BB como um "caso único". Conforme o trio, a empresa combina diversas características atrativas, como geração de caixa substancial, alto "dividend yield", lucros recorrentes, alto crescimento e receitas baseadas em tarifas. Kim, da XP, acrescenta ainda que o 'valuation' atual da ação, com P/L (múltiplo preço da ação sobre lucro por ação, que indica o tempo em anos necessário para se obter o retorno do investimento) de 11 vezes, abaixo da média histórica entre 14 e 16 vezes.
Para o analista da XP, o valuation de Itaú também confere "margem de segurança" para o papel. Kim destaca que a PN do banco, após as quedas recentes, alcançou um P/L de 7 vezes, ou seja, abaixo da média dos últimos cinco anos entre 8 e 10 vezes. "Itaú é um papel interessante, pois sofreu bastante no curto prazo, devido às projeções para o crédito e a inadimplência. Mas, olhando de uma maneira prática, o banco tem 'management' de alto nível e é uma empresa que queremos estar num momento de cenário desafiador."
Outro destaque do portfólio de março, Ultrapar apresentou um balanço forte no último trimestre de 2015. De acordo com a Guide, o destaque foi a divisão dos postos Ipiranga, que reportou Ebitda de R$ 13 milhões, acima do esperado pelo mercado. O chefe de análise da XP acrescenta que, embora o cenário macro seja desfavorável, a tendência de bons resultados deve se manter nos próximos trimestres. "A companhia importa derivados e está vendendo combustível com prêmio em relação aos preços internacionais. Além disso, tem 'management' reconhecido e valuation interessante", diz Kim.
Ver também: Câmbio motiva quase metade das indicações em março

Leia mais em:http://www.valor.com.br/financas/4461552/selecao-darwinista

terça-feira, 1 de março de 2016

Na Superterça, adversários tentam desconstruir Trump

Os pré-candidatos democratas e republicanos às eleições presidenciais nos EUA vão entrar em duas disputas distintas hoje, na Superterça, dia em que serão realizadas prévias em 13 Estados no país. Enquanto a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders vão travar o que está sendo chamado de "a batalha do Sul", os republicanos terão no Texas o confronto mais importante.
Entre os democratas são necessários 2.383 dos 4.765 delegados para obter a indicação. Ao todo, a Superterça vai decidir o destino de 865 delegados democratas. Desses, 514 ficam em seis Estados no Sul (Alabama, Arkansas, Geórgia, Tennessee, Oklahoma e Texas), onde Hillary é favorita pelo apoio das comunidades negra e latina. Apenas no Texas, onde serão definidos 222 delegados democratas à convenção de julho, 51% dos eleitores do partido são negros ou hispânicos. Na Geórgia (102 delegados), esse percentual chega a 54%, e no Alabama (53 delegados) são 52%.
Sanders é senador do pequeno Estado de Vermont, no Nordeste do país. Seus estrategistas concentraram a campanha no Colorado, Massachusetts e Minnesota para tentar garantir chances de ele continuar na disputa. O senador surpreendeu ao obter 65 delegados nas quatro primeiras prévias contra os 91 de Hillary. Mas Sanders está muito atrás da ex-secretária de Estado entre os superdelegados (deputados, senadores, governadores, membros regulares e honorários do partido, que podem escolher o candidato que preferirem).
A tendência é que Hillary se consolide como candidata democrata ainda em março. Por isso, já está concentrando forças contra o empresário Donald Trump, que lidera a corrida entre os republicanos. Ela está atacando regularmente a proposta de Trump de construir um muro na fronteira com o México.
"Não precisamos de muros, mas de pontes no nosso país", disse Hillary em comício ontem, quando pesquisas mostraram Trump com 32 pontos de vantagem em Massachusetts (47% contra 15% dos senadores Marco Rubio e Ted Cruz), 23 pontos no Alabama (42% contra 19% de Rubio e 16% de Cruz) e 12 pontos em Oklahoma (35% contra 13% de Cruz e 12% de Rubio).
O desafio mais importante dos republicanos, no entanto, será no Texas, Estado de Cruz, onde ele lidera, na média das pesquisas, com 39%, contra 26% de Trump e 16% de Rubio, e onde há o maior número de delegados republicanos em jogo hoje - 155 dos 595. "As chances de Cruz ganhar são muito fortes no Texas", avaliou Tom Mechler, presidente do Partido Republicano no Estado. "Eu apoio Cruz", disse Dan Patrick, presidente do Comitê do Partido Republicano no Texas. "É o candidato ideal."
Mesmo atrás nas pesquisas no Texas, Trump não desistiu do Estado. "Como eu gostaria de vencer no Texas! Acho que o resultado será uma surpresa no Estado", disse.
Na tentativa de conter o avanço de Trump, Cruz fez ontem um comício em seu Estado em que acusou o empresário de contratar estrangeiros ilegais em suas empresa porque são mais baratos. O senador tenta apontar contradição no discurso do Trump de que ele defende o trabalhador americano.
Rubio também atacou contradições de Trump, dizendo que o empresário se recusa a criticar a Ku Klux Klan e movimentos que defendem a supremacia branca. O senador respondeu ofensas. Trump declarou, na Virgínia, que Rubio sua muito e, por isso, não seria capaz de negociar com líderes estrangeiros, o senador acusou o empresário de ter mãos pequenas, sugerindo que ele seria ladrão. "Vocês já viram que Trump tem mãos pequenas?", perguntou Rubio num comício no Tennessee. "E vocês sabem o que pessoas com mãos pequenas fazem?", continuou.
"Acabo de receber uma pesquisa onde apareço com 49%, enquanto o pequeno Marco Rubio tem 16% e o mentiroso Cruz tem 15%", disse Trump. "As pessoas ficarão surpresas, pois teremos resultado formidável com os afro-americanos."
"Trump tem essa imagem de ser invencível e ambos [Cruz e Rubio] estão tentando desconstruir isso", disse Brit Hume, analista político, à TV Fox. Os resultados das prévias de hoje vão mostrar se essa estratégia está dando certo ou não.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/internacional/4459934/na-superterca-adversarios-tentam-desconstruir-trump