Os números podem variar, mas a tendência é clara: a 'era de ouro' de
crescimento dos smartphones parece ter chegado ao fim. Com o aumento no
uso dos aparelhos e as incertezas com relação à economia, o que começa a
se desenhar é uma era "pós-smartphone", em que os telefones perderão o
protagonismo dos últimos anos nos resultados dos fabricantes.
O cenário ficou claro com o resultado da Apple, que registrou a
primeira queda na venda de iPhones desde o lançamento do primeiro
modelo, em 2007. Foram 51,19 milhões de unidades vendidas, queda de
16,3% em comparação com 61,17 milhões um ano antes. O iPhone representa
quase sete de cada dez dólares vendidos pela Apple. Por isso, a queda
tem gerado tensão entre investidores.
O desempenho fraco também foi registrado por LG e Sony. Até a chinesa
Xiaomi, que vinha registrando crescimentos estelares nos últimos anos,
desacelerou. No caso Sony, particularmente, o impacto foi duplo. Além de
vender menos os seus próprios smartphones, a empresa sofreu com a menor
demanda pelos sensores para câmeras digitais que ela vende para outros
fabricantes. "O mercado de smartphones já não é uma fonte de crescimento
acelerado", disse o principal executivo de finanças da Xiaomi,
Kenichiro Yoshida.
Os smartphones começaram a ser vendidos há 20 anos com os primeiros
modelos avançados da Nokia. Mas foi só a partir de 2007, com o iPhone,
que o segmento realmente deslanchou. Desde então, as vendas vinham
crescendo a cada trimestre, chegando a 1,4 bilhão de unidades
globalmente em 2015, segundo a empresa de pesquisa IDC.
Mas em relatórios divulgados ontem, IDC, Strategy Analytics e Juniper
Research reportaram números para o 1º trimestre considerados os mais
fracos da história. O pior desempenho foi o da Juniper , com recuo de
6%, para 320 milhões de unidades vendidas. De acordo com a Strategy, a
queda foi de 3%, para 334,6 milhões de unidades, puxadas pela queda nas
vendas da Apple e da Samsung, que respondem por quase 40% do mercado.
Para a IDC, o que se mostra é estabilidade, com 334,3 milhões de
unidades entre janeiro e março, ante 334,9 milhões um ano antes. A
empresa destacou o amadurecimento do mercado chinês como um dos fatores
para o resultado. "O apetite por smartphones diminuiu dramaticamente na
medida em que a explosão de adoção já passou de seu auge", relatou a
companhia.
Em valores absolutos, o número de smartphones vendidos ao redor do
mundo continuará a crescer. Segundo a IDC, serão 1,9 bilhão de unidades
em 2020. Mas outras categorias de dispositivos é que passarão a ser as
grandes estrelas dos resultados daqui em diante. Na lista estão produtos
inteligentes como pulseiras, relógios, drones, etc.
A Sony, por exemplo, tem dado mais foco no console de videogame
PlayStation. Até o fim do ano, óculos de realidade virtual serão
lançados para complementar a experiência do usuário, o que pode acelerar
ainda mais o avanço da empresa. A Apple já começou a explorar outras
categorias com o lançamento de seu relógio inteligente. Mesmo longe de
ser um sucesso de vendas, o Watch representa uma nova possibilidade.
Especialistas dizem que, no futuro, a dona do iPhone também lançará uma
TV e até um carro sem motorista.
Maior vendedora de smartphones do mundo, a Samsung sofreu com o
mercado de smartphones ao longo dos últimos dois anos, mas parece estar
colocando a casa em ordem. O Galaxy S7, o mais novo aparelho top de
linha da marca, lançado em fevereiro, está com demanda acima de seus
antecessores nos primeiros meses de venda. Resta saber se o desempenho
se repete ao longo do ano.
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