quinta-feira, 7 de abril de 2016

FMI tende a revisar PIB brasileiro para baixo

O Brasil deverá sofrer nova redução nas projeções para a sua economia pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e a expectativa é de que isso ocorra às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
As novas projeções serão divulgadas no início da semana que vem, e o impeachment deverá ser votado pela Câmara dos Deputados no fim da semana.
A expectativa é que elas indiquem uma queda no PIB em torno de 4% em 2016. Alguns especialistas apostam que o FMI poderia rebaixar a estimativa para 3,8% negativos, mas gestores de bancos de investimento e analistas acham que pode surgir um número ainda pior.
A perspectiva anterior do Fundo, divulgada em janeiro, indicou forte redução, de 3,5%. Dilma disse ter ficado estarrecida com trechos daquele relatório, que apontou não apenas fatores externos - caso da desaceleração da atividade econômica na China e da queda no preço das commodities - como provocadores de dificuldades para países emergentes como o Brasil. O FMI apontou a incerteza política vivida no país e o prolongamento das investigações na Petrobras como motivos para a recessão.
Esses fatores internos que dificultam o desenvolvimento da economia nacional se intensificaram, nos últimos meses, com novas revelações nas investigações da Operação Lava-Jato e o aumento da crise política que levou à retomada do processo de impeachment.
O Brasil ainda será avaliado num relatório específico, que deve ser divulgado em breve. Trata-se do comunicado sobre o artigo IV do país - uma avaliação que o Fundo faz sobre os países membros. A última avaliação foi em 10 de abril de 2015 e a nova está prestes a ser publicada.
Os fluxos de capital para as economias emergentes seguem contidos e em desaceleração, de acordo com os dados obtidos no quarto trimestre de 2015, após cinco anos de queda sustentada. De acordo com o capítulo 2 do relatório "Panorama Econômico Mundial", do FMI, as menores entradas brutas de capital e as maiores saídas em relação ao PIB dos emergentes contribuem para a desaceleração nesse grupo de países, de que o Brasil faz parte, entre de 2010 a 2015.
A principal explicação é a deterioração das perspectivas de crescimento nas economias emergentes. Essa situação traz preocupações por duas razões, segundo o FMI. A primeira é que os fluxos de capital poderiam ajudar os investimentos e o crescimento das economias. A segunda é que os períodos de quedas prolongadas, nos ciclos de fluxos nas décadas de 1980 e de 1990, estiveram vinculados a um elevado número de crises de dívidas.
Por causa dessa segunda preocupação, o FMI fez uma análise para compreender os fatores que determinaram a desaceleração dos fluxos de capitais desde 2010, de maneira a verificar as diferenças com o período em que houve crises de dívida nas décadas anteriores.
O relatório diz que boa parte da desaceleração pode ser atribuída à contração do diferencial de crescimento entre as economias emergentes e as avançadas. Os efeitos macroeconômicos menos adversos na situação atual podem ser atribuídos aos reforços na melhoria da estrutura de políticas desses países, como mais reservas cambiais, menos dívida em moeda estrangeira e maior flexibilidade na taxa de câmbio.
Segundo o FMI, os países que apresentam maior flexibilidade cambial conseguiram se proteger no atual ciclo de fluxos de capitais do que em outros períodos de desaceleração. O Fundo enumera as crises em cada país de acordo com os anos em que ocorreram. O Brasil aparece em gráficos de 1983, 1999 e 2001.
O relatório diz que a depreciação do câmbio, se ordenada, pode amortecer de forma mais eficaz o impacto no consumo e no emprego, o que reduz as desacelerações do crescimento e os riscos de crise da dívida. E sugere a adoção de políticas fiscais que ajudem a reduzir a dívida pública, bem como políticas macroprudenciais, flexibilidade na taxa de câmbio e gestão prudente das reservas.
A instituição conclui que a desaceleração atual afeta de maneira menos drástica os emergentes do que o observado nas últimas décadas do século 20, mas adverte que esses países devem fortalecer as suas políticas para atrair mais capitais, o que auxiliaria o crescimento.

Leia mais em:  http://www.valor.com.br/financas/4514138/fmi-tende-revisar-pib-brasileiro-para-baixo

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