quarta-feira, 20 de abril de 2016

BC se ausenta do mercado e dólar tem queda de quase 2%

Depois de uma rodada de intervenção agressiva no câmbio, em que comprou apenas neste mês US$ 32,293 bilhões via contratos de swap cambial reverso (que equivalem a aquisições no mercado futuro), o Banco Central alterou a sua forma de atuação. Após ter ficado fora do mercado ontem, a autoridade monetária anunciou a venda de 20 mil contratos de swap cambial reverso para hoje, que equivalem a uma compra futura de US$ 1 bilhão.
Sem a atuação do BC no mercado, o dólar caiu 1,96% ontem, para R$ 3,5269, acompanhando o movimento no exterior, sustentado pelo alívio da aversão a ativos de risco e recuperação d das commodities. Essa foi a primeira vez, desde o dia 1º, que a autoridade monetária deixou de ofertar contratos de swap cambial reverso.
O BC já reduziu em US$ 27,803 bilhões o estoque de swaps cambiais tradicionais a vencer no curto prazo, por meio das vendas de swaps reversos desde 21 de março. Na prática, os contratos de swap reverso representam a operação inversa dos contratos tradicionais e têm um efeito de anular o estoque desses papéis.
Com isso, a autoridade monetária renovará apenas 17,81% do lote de US$ 10,385 bilhões em contratos de swap cambial tradicional que vence em maio. Além disso, ele zerou os lotes de US$ 10,152 bilhões e US$ 11,057 bilhões que vencem em junho e julho e não precisará fazer os leilões de rolagem nos próximos dois meses, considerando a liquidação dos contratos de swap reverso que foram vendidos até 18 de abril.
A autoridade monetária tem aproveitado a disposição dos investidores em reduzir as posições compradas na moeda americana para acelerar a redução do estoque em contratos de swap cambial tradicional. Incluindo na conta os papéis cujos vencimentos já foram liquidados, o BC já reduziu o estoque nesses instrumentos cambiais de US$ 108,113 bilhões em 1º de março para US$ 76,095 bilhões no dia 18 de abril.
Segundo analistas, o fato de o real não ter descolado de seus pares no exterior teria levado o BC a ficar fora do mercado ontem. Além disso, o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater, chama a atenção para a questão da moeda americana não ter rompido o piso dos R$ 3,50. Embora ressalte que não há piso para o dólar, o BC tem intensificado a atuação no mercado quando a moeda americana cai abaixo desse nível.
Para alguns agentes do mercado, o fato de o BC não ter vendido o lote integral de 80 mil contratos no leilão de segunda-feira e o dólar não ter cedido mostra que o apetite para venda de dólares para prazos maiores pode ter diminuído. Investidores anteciparam a redução das posições compradas em dólar antes da aprovação do impeachment da presidente, Dilma Rousseff, na Câmara no domingo.
O BC deve regular o tamanho do estoque de acordo com a demanda do mercado e, por isso, reduziu a venda inicial de contratos de swap cambial reverso hoje de 80 mil para 20 mil contratos.
O avanço no processo de impeachment da presidente e a expectativa de que uma mudança de governo abriria espaço para a implementação de reformas econômicas e fiscais têm sustentado o desmonte de posições compradas em dólar e sustentado a queda dos juros.
Ontem os investidores ajustaram as posições no mercado de juros após a forte queda verificada na segunda-feira. Com a curva de juros refletindo a probabilidade de corte da taxa Selic de 1,5 ponto neste ano, quedas adicionais das taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo dependem de uma definição em relação ao cenário político e sobre qual será a equipe econômica nos próximos meses. O DI para janeiro de 2017 subiu de 13,48% para 13,52%, enquanto o DI para janeiro de 2021 subiu de 12,86% para 12,9%.

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