Com a evolução do jogo político, os investidores já anteciparam
grande parte do cenário de impeachment da presidente Dilma Rousseff. E
alguns ativos já são negociados a preços muito próximos dos que
analistas preveem como os mais adequados em uma situação de mudança de
governo. É o caso do dólar, que terminou a segunda-feira abaixo de R$
3,50, dentro do intervalo projetado por analistas ouvidos pelo Valor para o nível do câmbio numa hipótese de o afastamento da presidente ser confirmado, que vai de R$ 3,20 a R$ 3,50.
O Ibovespa e os juros futuros ainda têm, segundo as previsões, espaço
para melhora. A expectativa dos entrevistados é que, caso o impeachment
se confirme, a bolsa suba dos atuais 50.165 pontos para um intervalo
entre 52 mil e 60 mil pontos. Para o DI de janeiro de 2021, a previsão é
de taxa entre 12% e 13,25%, dos 13,65% atuais.
O que a sondagem demonstra, porém, é que o potencial de deterioração é
muito mais elevado caso Dilma saia vitoriosa da votação. Nessa
hipótese, os ativos voltariam às mínimas observadas este ano - ou até
abaixo delas. Para o Ibovespa, as projeções vão de 35 mil a 46 mil. Já o
dólar poderia subir para uma faixa entre R$ 3,90 e R$ 4,50. E o DI de
janeiro de 2021, poderia alcançar taxa entre 14,70% e 16%.
As estimativas consideram o nível que os ativos podem atingir no
curto prazo nos dois cenários. E têm como premissa que a permanência da
presidente Dilma no Planalto impossibilitará reformas urgentes. Por
outro lado, que um novo governo - provavelmente comandado pelo vice
Michel Temer - tenha um discurso de compromisso fiscal e melhores
condições de negociação com o Congresso."O mercado embute uma aposta em
ganho de governabilidade", explica Luciano Rostagno, estrategista-chefe
do Banco Mizuho.
A sondagem feita pelo Valor inclui pesquisa da XP
Investimentos com participantes do mercado, realizada entre 30 de março
e 4 de abril. Aponta que 95% dos participantes veem o dólar abaixo de
R$ 3,60 com o evento, sendo que 48% acreditam que a moeda americana
cairá para o nível entre R$ 3,20 e 3,40 com a mudança de governo. Para o
Ibovespa, a maioria (53%) acredita que o índice deve ficar entre 55 mil
e 60 mil pontos, sendo que para 25% dos entrevistados o Ibovespa
poderia superar os 60 mil pontos. Para o DI janeiro/2021, 47% veem
espaço para uma queda da taxa para 12,50%. Para 28%, esse recuo poderia
ser até maior, a 12%.
Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4519800/ativos-antecipam-impeachment
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