A exportação de energia para a
Argentina, que foi noticiada esta semana, expôs a preocupação do
operador com o sistema nacional. Segundo a presidente executiva da
ABEEólica, Élbia Gannoum, em uma conversa que teve com o ONS, a saída
para que haja esse envio seria por meio de térmicas. “Isso demonstra que
temos um problema sério de segurança de fornecimento e esse ano a
previsão dos meteorologistas indica que teremos La Niña, ou seja,
deveremos ter um certo sufoco com a questão da hidrologia”, relatou a
executiva após o 5º Encontro de Negócios ABEEólica, realizado na última
quarta-feira, 25 de maio.
“Estamos batendo em 2 GW de
contratação. No mínimo, 1 GW, já daria um bom sinal de que há
perspectiva de demanda e de investimentos no Brasil, mesmo com o país em
crise. Menos que isso ou nada pode trazer risco de alguma empresa
querer deixar o Brasil. Vai e não volta mais. E esse trabalho de
estruturar toda a cadeia de fornecimento com a competência atual que
fizemos em 5 anos, em tão curto prazo quando comparamos a outros
mercados, a gente joga fora. Mas o MME está ouvindo”, comentou a
presidente executiva da ABEEólica.
De acordo com Élbia, o novo governo já
entendeu que há essa necessidade, a questão agora é ver qual é a
disposição de contratação. E a questão da mudança de cenário político
com o recente afastamento da presidente Dilma Rousseff tem trazido uma
alteração na perspectiva de retomada da economia que começa a dar sinais
de que poderá inverter a curva descendente dos últimos trimestres.
Segundo o ex-presidente do Banco
Central, Gustavo Franco, esses sinais começam a aparecer na demanda por
energia antes da percepção do crescimento econômico. Em sua avaliação o
ambiente ainda é incerto para 2017, mas a tendência é de um movimento
positivo sendo que no mês a mês se perceba a reversão da curva no
decorrer do segundo semestre. Élbia completa a afirmação do economista
ao lembrar que a percepção da melhoria da economia coloca rapidamente a
demanda por energia lá em cima.
A representante da indústria do setor
eólico ainda comentou que a mudança das pessoas em cargos chave do
governo sempre é preocupante, mas que no caso atual tem ocorrido para
melhor. Em sua avaliação, as nomeações políticas em nível ministerial
fazem sentido para que haja a governabilidade do país. Ao mesmo tempo, o
segundo escalão está sendo formado por técnicos de altíssima qualidade e
que conhecem as necessidades do setor. “Esse é o resgate da confiança
com a racionalidade de volta”, resumiu.
A entidade ainda espera concluir um
outro estudo de transmissão de energia para o curto, médio e longo
prazos que está sendo desenvolvido junto à PSR e que possui cinco
volumes. No curto prazo o tema é o critério de escoamento de energia. A
meta é de apresentá-lo ao governo daqui a cerca de 50 dias.
Na última quarta-feira, 25 de maio, a
ABBEólica apresentou o seu boletim anual com os dados consolidados do
setor. Foram 111 novas usinas instaladas, investimentos de US$ 4,93
bilhões que acrescentam 2,75 GW em nova potência instalada e
classificaram o Brasil como o quarto maior país em novos investimentos
elevando a um total de 8,75 GW em capacidade, o décimo maior do mundo.
Contudo, esse número já está em 9,5 GW o que, diz a entidade, muito
provavelmente o Brasil já ultrapassou a Itália e agora deve ocupar o 9º
lugar no ranking global apurado pelo Global Wind Energy Council (GWEC).
A perspectiva é de que ao final de
2019 o Brasil tenha pouco mais de 18,7 GW em capacidade de geração
eólica. Se esse volume fosse visto em 2015, o país estaria no 6º lugar
entre os maiores geradores eólicos do mundo.
Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Planejamento_e_Expansao.asp?id=112097
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