quinta-feira, 24 de março de 2016

Setor financeiro busca mais profissionais temporários

Mudanças regulatórias em diversos países irão gerar demandas por profissionais que entendam de compliance e possam contribuir com esse conhecimento em departamentos financeiros. Para responder a essas necessidades relevantes mas, muitas vezes, pontuais, as empresas vão fazer cada vez mais uso de profissionais temporários.
A opinião é de Clive Davis, diretor da empresa de recrutamento Robert Half para a América Latina e Reino Unido, que conversou com o Valor quando esteve no Brasil no início do mês.
"Em todo o mundo, há mais exigências de compliance e regulação, e as empresas precisam garantir que estão do lado certo. Para responder a todas essas demandas, elas precisam se assegurar que têm os profissionais corretos", diz Davis. Na opinião do executivo, essa preocupação é especialmente importante para multinacionais, que precisam considerar o mundo uma extensão da matriz e seguir padrões tanto do país de origem quanto das localidades onde possuem subsidiárias.
Segundo dados de pesquisa da Robert Half com mais de 2 mil diretores financeiros (CFOs) de 16 países, sendo 100 executivos do Brasil, essa preocupação com novas regulações e regras de compliance está entre as prioridades de pelo menos 50% dos CFOs respondentes. No Brasil, mais da metade dos entrevistados também considera essa uma das duas iniciativas mais importante da área até 2017. A preocupação com o ritmo das mudanças tecnológicas também foi citada como preocupação relevante no período.
Na visão de Davis, além do apoio de empresas globais de auditoria, as companhias estão atuando com projetos para responder a demandas pontuais quando surge uma nova regra ou recomendação. "Vemos as empresas usando profissionais temporários com mais frequência. Eles contribuem por seis ou nove meses em uma iniciativa de compliance", diz.
O uso mais frequente de temporários com alta qualificação ou especialização é uma tendência que Davis considera forte no mundo e no Brasil. De acordo com a pesquisa da consultoria, a maioria dos CFOs brasileiros vai usar profissionais interinos ao longo deste ano. "Há executivos que atuam dessa forma, pulando de um projeto para o outro. Em outros casos, um candidato que não tem certeza de qual será seu próximo passo na carreira aproveita para usar uma oportunidade temporária", diz.
Apesar do desaquecimento do mercado de trabalho no Brasil, os diretores financeiros daqui ainda apontam para a dificuldade de encontrar profissionais qualificados, na esteira do que acontece no resto do mundo. "Sempre que falamos com CFOs, nos últimos dois anos, eles estão preocupados em ter a equipe certa", diz Davis. No Brasil, 31% dos diretores consideram a falta de expertise o maior obstáculo para atingir objetivos até o ano que vem. Mais do que a média mundial (19%), o volume é seguido da falta de investimento na área (28%). "O momento atual exige que o departamento financeiro apoie a empresa em muitas áreas diferentes. Hoje eles são muito mais centrais para o negócio", diz.
Na opinião de Davis, o cenário exige de empresas de recrutamento como a Robert Half uma capacidade maior de atuar de forma consultiva, na oferta de soluções diferentes e no entendimento do contexto. "Houve uma evolução. Nós precisamos oferecer mais informações às companhias sobre tendências de mercado e o que os candidatos buscam", diz. A preocupação não existe apenas na hora da contratação, mas na retenção dos profissionais - e cabe às empresas de recrutamento oferecerem esse apoio contínuo. "As companhias trabalharam duro para garantir os talentos, portanto elas querem ter certeza de que vão mantê-los", diz.

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