terça-feira, 15 de março de 2016

Nova Superterça pode dar vantagem decisiva a Trump

Sob clima de tensão e de protestos contra o pré-candidato Donald Trump, os Estados Unidos realizam hoje a terceira terça-feira seguida de prévias partidárias em vários Estados com vistas à eleição presidencial de novembro próximo. E esta pode ser decisiva para a disputa no Partido Republicano.
Se vencer as prévias em Ohio e na Flórida, Trump terá o caminho aberto para obter o número mínimo de delegados necessários, 1.237, para ser confirmado como o candidato do partido na convenção republicano, em julho.
A tendência inicial é que ele ganhe na Flórida, onde está com 43%, na média das pesquisas, contra 26% do senador Marco Rubio, que é daquele Estado. Já em Ohio, Trump está em empate técnico com o governador local, John Kasich. O empresário tem 34,3%, na média das pesquisas, contra 38% do governador.
Por isso, os membros do Partido Republicano que querem barrar Trump estão dando apoio maciço a Kasich. John Boehner, ex-presidente da Câmara dos Deputados, aderiu à campanha do governador, e Mitt Romney, que foi candidato do partido à Presidência nas últimas eleições, esteve num ato de apoio a ele. Até Rubio pediu aos eleitores republicanos de Ohio que votem em Kasich.
Caso não consiga vencer nos dois Estados, será mais difícil para Trump atingir a cota de 1.237 delegados. Com isso, o partido caminharia para uma convenção dividida. Se ninguém atingir a cota, os delegados poderão fazer uma nova votação na convenção e alguns Estados poderão liberá-los para votar no candidato que acharem melhor. Nessa hipótese, Trump pode perder a candidatura, mesmo tendo conquistado a maioria dos votos dos eleitores republicanos nas prévias.
Nos 25 Estados em que foram feitas votações até agora, o empresário venceu em 15 e conquistou 460 delegados, contra 369 do senador Ted Cruz (Texas), que tem sete vitórias, 163 de Rubio, com três vitórias, e 63 de Kasich, que não ganhou em nenhum Estado.
A Flórida dará 99 delegados ao vencedor e Ohio dará 66. Nesta nova Superterça também haverá prévias na Carolina do Norte (72 delegados), Missouri (52), Illinois (69) e nas Ilhas Marianas do Norte (9). Apenas na Carolina do Norte e no Missouri, o vencedor não leva todos os delegados. No primeiro Estado, os delegados são distribuídos proporcionalmente à votação; no segundo, o vencedor leva a maioria.
"Parece que Trump vai vencer na Flórida e isso fará com que Rubio não seja mais um candidato viável", afirmou o professor Allan Lichtman, da American University, de Washington. O mesmo acontecerá com Kasich, segundo o professor, se ele perder em Ohio. Já se Kasich vencer em seu Estado, seria a sua única vitória até aqui.
Por isso, Lichtman prevê uma disputa entre Trump e Cruz dentro do partido após essa terça. "Cruz é repugnante para a maioria das grandes figuras republicanas, mas eles estão tampando o nariz e vão apoiá-lo contra Trump", disse o professor, ressaltando que o establishment do partido não aprova o empresário, pois o considera "incontrolável e imprevisível". "Eles não têm ideia de como seria a sua Presidência."
As propostas de Trump de cancelar acordos comerciais do país, de aumentar o militarismo americano, as suas críticas a mexicanos e muçulmanos e a sua hesitação em condenar o racismo estão levando à realização de protestos em seus comícios. Alguns foram interrompidos e outros cancelados por causa de ativistas. Um ativista quase subiu no palco onde estava o empresário, em Ohio, mas foi contido por agentes do serviço secreto.
"Eu queria tirar o microfone dele e falar que ele é racista", justificou Thomas Dimassino, manifestante expulso do comício de Ohio. "Nós protestamos contra a cultura que ele leva aos seus comícios, com bandeiras confederadas [representando Estados do Sul que eram a favor da escravidão na década de 1860], e que nos ameaça", disse Jaymal Green, ativista negro que esteve na mobilização em Chicago que interrompeu o comício do empresário. "Estou encorajando pessoas em outras cidades a protestar contra Trump. Ele é contra hispânicos e muçulmanos. Ele tem apoiadores racistas", completou.
Os democratas acusam Trump de incitar a violência em seus comícios. "Ele é um mentiroso patológico, não para de insultar as pessoas e está dizendo que, se você bater em alguém, está tudo bem" disse o senador Bernie Sanders (de Vermont), pré-candidato democrata. "Ele é um incendiário politico", afirmou a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Trump negou responsabilidade pela violência, mas, num comício, respondeu que teria acertado um soco no manifestante que tentou invadir o seu palanque. O empresário também disse estar disposto a pagar pelas despesas legais de um sujeito com chapéu de cowboy que deu um soco num ativista negro que protestou e foi retirado de um comício. Ele ainda ironizou os democratas. "Hillary e Sanders não têm multidões inspiradas. Eles gostariam de ter a excitação dos meus comícios, mas não têm."
Na disputa democrata, Hillary está com 766 delegados, contra 551 de Sanders, e haverá prévias em cinco Estados hoje, que vão distribuir mais 792 delegados. Hillary lidera, na média das pesquisas, em Ohio, na Flórida, na Carolina do Norte e está em empate técnico em Illinois. Mas, como essas prévias não serão no sistema em que o vencedor leva todos os delegados, a disputa com Sanders poderá se estender mais um pouco.
De todo o modo, Hillary continua favorita. Ela deverá contar ainda com o apoio de 465 superdelegados - entre governadores, congressistas e membros honorários democratas - contra 25 de Sanders. Isso lhe dá uma vantagem de 1.231 delegados contra 576 do senador. São necessários 2383 delegados para obter a indicação do partido.
"Eu sou a única candidata que teve mais votos que Trump", comemorou Hillary, dizendo ter obtido 600 mil votos a mais nas primárias até aqui. "Eu ainda nem comecei com ela", retrucou o empresário.

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