segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Emergentes começam a reduzir dívidas de US$ 5 tri

Os tomadores de dívida nos mercados emergentes começaram a lidar com uma montanha de US$ 5 trilhões em bônus e empréstimos denominados em dólares e diminuíram suas obrigações pela primeira vez em sete anos, uma medida que ameaça interromper um rali incipiente nas moedas de vários países, do Brasil à Malásia.
As empresas dos países em desenvolvimento pagaram US$ 38 bilhões em dívidas em dólares no trimestre passado, US$ 3 bilhões a mais do que tomaram emprestado no período. Foi a primeira redução na emissão líquida desde 2008, segundo dados compilados pela "Bloomberg". A demanda por dólares entre os emissores que precisam da moeda para pagar dívidas tem contribuído para os maiores fluxos de saída de capital em quase três décadas.
É possível que a sequência desenfreada de ofertas de títulos de dívida, que alçou voo após a crise financeira global quando as taxas de juros despencaram, agora esteja sendo revertida. O movimento se consolida à medida que o crescimento econômico desacelera, os preços das commodities caem e os investidores exigem retornos mais altos. Embora as moedas de países em desenvolvimento estejam se recuperando das suas mínimas recordes, os analistas preveem que a tendência à depreciação voltará porque os pagamentos de dívidas em dólares estão acelerando.
"É um acontecimento enorme", disse Stephen Jen, um dos fundadores do hedge fund SLJ Macro Partners, com sede em Londres, e ex-economista do FMI, cuja previsão baixista sobre os mercados emergentes desde 2012 foi presciente. "Eles querem pagar seus empréstimos em dólares. Estamos em uma etapa inicial, há uma pressão bastante intensa sobre os mercados emergentes".


Após caírem durante grande parte deste ano, os ativos dos mercados emergentes ganharam uma trégua nas últimas semanas, porque dados econômicos mais fracos do que o previsto alimentam a especulação de que o Federal Reserve (Fed) possa adiar seu primeiro aumento de juros desde 2006 para o ano que vem. A rupia da Indonésia liderou o rali, ganhando 8% neste mês, seguida pelo avanço de 7% do peso colombiano.
A maioria dos analistas se mantém baixista. As 23 principais moedas dos mercados emergentes se enfraquecerão em relação ao dólar até o terceiro trimestre do ano que vem e o forint húngaro e o rublo russo declinarão mais de 10%, segundo estrategistas consultados pela "Bloomberg".
Os bancos estrangeiros vêm outorgando menos créditos aos países em desenvolvimento desde meados de 2013 e o montante de empréstimos de suas carteiras diminuiu em US$ 299 bilhões, para US$ 3,4 trilhões nos nove meses encerrados no dia 31 de março, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (B IS).
No mercado de dívida corporativa, de US$ 1,4 trilhão, as vendas de bônus novos caíram para US$ 35 bilhões, seu valor mais baixo em quatro anos, no trimestre passado, na comparação com o pico de US$ 121 bilhões em junho de 2014, mostram dados compilados pela "Bloomberg".
No Brasil, os resgates estão contribuindo para as saídas de capital. Pelo menos três bancos brasileiros pequenos e médios, dentre eles o Banrisul e o BMG, ofereceram recomprar seus bônus externos nos últimos 30 dias em meio a uma corrida para venda dos ativos de mercados em desenvolvimento.
O Institute of International Finance (IIF) previu em 1º de outubro que cerca de US$ 540 bilhões sairão dos mercados emergentes neste ano, o primeiro fluxo líquido de saída de capital desde 1988.
O pagamento dos empréstimos tomados em dólares é mais do que um fenômeno passageiro, o que contribuirá para o enfraquecimento das moedas dos mercados emergentes em relação ao dólar, segundo Pierre Lapointe, diretor de estratégia global e pesquisa da Pavilion Global Markets , em Montreal. A medição ampla do Fed do dólar versus seus principais parceiros comerciais dos EUA teve um rali de 16% desde meados de 2014 e atingiu seu maior valor em 12 anos no mês passado.
"Prevemos que a temática de desalavancagem externa dos mercados emergentes continuará conosco durante muito tempo", disse Lapointe em uma nota em 9 de outubro. "Historicamente, esse processo tende a durar muitos anos. Nesse contexto, nós provavelmente estamos na metade do caminho da atual tendência estrutural ascendente do dólar".

Leia mais em: http://www.valor.com.br/financas/4275012/emergentes-comecam-reduzir-dividas-de-us-5-tri

Nenhum comentário:

Postar um comentário