A manutenção das regras de financiamento para empreendimentos eólicos
divulgadas nesta segunda-feira, 3 de outubro, pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social foi considerada altamente positiva
pela presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica,
Élbia Gannoum. Segundo ela, embora houvesse certa apreensão do mercado
sobre possíveis mudanças, a presidente do banco, Maria Silvia Marques,
já vinha sinalizando que apoiaria o setor de renováveis.
De acordo com a executiva da associação, o fim do empréstimo-ponte
também foi uma boa medida tomada pelo banco, já que ele se caracterizava
por ser um processo demorado e que trazia um custo alto para os
empreendedores do setor. O banco prometeu mais agilidade daqui para a
frente no desembolso dos recursos. Essa rapidez nos desembolsos era um
pleito do setor eólico que teve a promessa de ser prontamente atendido
pela presidente do banco, uma vez que ela própria pretende dar mais
rapidez ao banco.
Essa manutenção de regras vai manter a competitividade da fonte para o
próximo leilão de eólicas que ainda será realizado este ano. "O
financiamento é um dos fatores que explicam a competitividade da fonte.
Se as condições forem mantidas, se percebe a manutenção da
competitividade", avalia.
Mas se para as eólicas o anúncio do BNDES foi bom, não se pode dizer o
mesmo para as térmicas a carvão. A decisão de não contemplar mais
projetos da fonte não foi bem recebida pelo presidente da Associação
Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan. Ele considerou que a
decisão não está alinhada com a inspiração das políticas públicas, uma
vez que o setor está discutindo com o governo um programa de
modernização de usinas e de térmicas com baixo Custo Variável Unitário
para dar mais garantia ao sistema. "Fica uma situação complicada para
entender qual é o sinal econômico a ser dado aos investidores", avisa.
Zancan classifica a decisão como pior que a tomada no fim da última
década, que dificultou o enquadramento dos projetos a carvão, mas ainda
assim não os excluiu da carteira, como fez a atual. "Precisa haver uma
decisão de política pública", afirma. Segundo ele, está sendo enviado um
sinal que o país está banindo o carvão. Mesmo sem o banco, ele acredita
que é possível viabilizar uma usina sem o banco, dando como exemplo os
investidores chineses.
Questionando se é uma decisão do banco ou do governo, ele já pediu
uma reunião com a presidência do BNDES, adiada devido ao período
eleitoral. A Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral também deve
reagir, uma vez que a decisão traz um forte impacto na região Sul do
país. Para Bárbara Rubim, da campanha de Clima e energia do Greenpeace
Brasil, o anúncio representa um importante sinal de que o país está
entendendo a necessidade de diversificar e limpar a matriz elétrica
brasileira. Ela espera que outras esferas do governo percebam excluam a
fonte de todo o planejamento do setor.
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