Na reunião de 23 de setembro, como adiantado pela Agência CanalEnergia,
ficou decidido que a aversão ao risco de 2017 ficaria com a atualização
dos parâmetros do CVaR e que esses passariam a valer a partir de maio
de 2017. E ainda, nesse encontro ficou decidido que a Comissão iria
propor a unificação entre os critérios de planejamento e operação,
igualando as funções de custo de déficit com a utilização de um único
patamar. Essa alteração valendo a partir de janeiro do próximo ano.
Aprimoramentos que irão a consulta pública a partir de outubro. Ao mesmo
tempo a nova metodologia que se avalia, a Superfície de Aversão ao
Risco (SAR) será avaliada e, conforme o plano original, pode ser
implantada apenas em 2018.
Apesar dessa perspectiva ter sido
revelada com antecedência, ainda há incertezas quanto a operação do ano
que vem, isso porque a dúvida que fica é: quais serão as propostas de
ajuste de parâmetros que serão colocados para avaliação do mercado?
Na avaliação do sócio-diretor da
Compass, Marcelo Parodi, a previsibilidade é importante para qualquer
mercado. Segundo ele, os agentes precisam de prazos para realizar
ajustes em suas posições contratuais. O executivo lembra que é preciso
que se tenha prazos para os agentes se prepararem, principalmente no
final do ano com a sazonalização de contratos ou a cobertura de posições
no mercado, dependendo do segmento onde a empresa atua. “Mudar regras
não tem problema desde que tenhamos previsibilidade e que seja
comunicada com transparência e prazo coerente com as posições comerciais
dos agentes”, avaliou.
Mesmo com essa indicação do Cpamp, a
decisão não escapou de críticas. Uma delas é do presidente da Thymos
Energia, João Carlos Mello, que considera deixar a definição dos novos
parâmetros do CVaR muito tímida. Até porque, comentou o executivo, a
alteração do alfa e lambda é relativamente simples quando comparado à
adoção da SAR no modelo. Para ele, os três meses que temos para chegar a
janeiro seriam suficientes para que o mercado pudesse discutir os
indicadores e se preparar para sua adoção já em janeiro.
“Essa decisão foi tímida demais, o
CVaR, apesar de não ser o ideal, tem uma necessidade de pelo menos
começar a indicar o despacho térmico mais próximo da realidade a partir
do primeiro mês do ano. Esse modelo não está respondendo bem ainda mais
quando olhando para o Nordeste que está em situação preocupante”,
comentou. “A nossa preferência é pela SAR do ponto de vista técnico,
desde que bem ajustada, e para isso precisa rodar, fazer testes, seria
prematuro para 2017”, indicou.
Na avaliação do diretor da PSR,
Bernardo Bezerra, essa decisão do Cpamp dá a indicação dessa
previsibilidade e estabilidade em relação às metodologias que teremos no
mercado em 2017 e 2018. Mas, ressaltou, o nível de incerteza foi
retirado parcialmente, pois ainda ficou a dúvida acerca do aperto que
será dado nos parâmetros. E isso ainda gera uma relativa redução da
liquidez, pois ainda não se tem ideia de qual será o caminho dos preços
para o ano que vem. O lado bom, lembrou, é que essa discussão é feita
por meio de audiência pública, o que traz um processo participativo em
parceria com o mercado.
Quanto à postergação da SAR ele se
mostrou favorável. “A discussão acerca da superfície de aversão a risco é
longa e profunda, apesar de ser da PSR, tem seus parâmetros e que
precisa ser calibrados. Essa calibragem é mais fácil, mas precisa ser
estudada e avaliada com os agentes, pois afeta toda a operação do
setor”, comentou Bezerra. Contudo, ele alerta que mesmo classificando a
sinalização de cronograma do Cpamp como positiva, a definição de alfa e
lambda não pode demorar para ser oficializada. O prazo máximo, em sua
opinião, seria no final de outubro ou início de novembro, para que o
mercado ficasse em uma posição confortável para tomar suas decisões
comerciais.
Essa questão da liquidez é notada pela
BBCE. Segundo o presidente da empresa, que reúne 16 comercializadoras,
Victor Kodja, a decisão do Cpamp não ajudou a alterar o cenário de baixa
liquidez que ele relatou no mês passado. Segundo o executivo, a empresa
estaria registrando os mais baixos volumes de negociação de sua
história em setembro. E mesmo com a indicação do grupo em Brasília não
ajudou a alterar o cenário, pois ainda há incertezas sobre os caminhos
que serão seguidos.
Essa avaliação de que ainda não se
sabe para onde o mercado irá é compartilhada pelo professor e ex-diretor
da Aneel, Edvaldo Santana. Apesar disso, comentou, o melhor mesmo é
deixar a aplicação dos novos parâmetros para maio do ano que vem. Como
estamos próximos ao período úmido, o aumento do alfa, que hoje está em
50% e lambda a 25%, para, por exemplo, 55% e 30%, talvez apenas
aumentasse os custos se fosse implementado agora. “Muito mais térmicas
seriam acionadas, aumentando o PLD, mas como já estamos próximos ao
período úmido, talvez representasse uma economia de dois pontos
porcentuais de água nos reservatórios. Ou seja, muito custo por nada”,
opinou.
Santana se mostra cético quanto à
eficácia tanto de uma quanto outra modelagem de risco. Em sua opinião
seriam apenas remendos. Na realidade, assim como já defendeu Mello, da
Thymos Energia, o sinal devera ser o de propor um novo modelo de preços
para o setor elétrico. “Mas, enquanto não temos a proposta faremos
pequenos consertos”, apontou o acadêmico que finalizou ao dizer que
autoridades do governo sabem qual deveria ser esse novo modelo, porém, o
problema não passa apenas pela parte técnica e sim pela política.
Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=114114
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