A Eletrobras ainda não tem a decisão sobre o plano de negócios para
os próximos cinco anos mas já começa a ter uma ideia do caminho a ser
trilhado pela companhia. A tendência aparente é de que a empresa deverá
focar em eficiência e não em crescimento de capacidade. A prioridade da
estatal é de ajustar a empresa e a sua situação financeira por meio de
redução de custos e desmobilização de ativos no sentido de reduzir a
alavancagem da companhia para menos da metade do que apresenta
atualmente.
De acordo com o presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior,
atualmente a alavancagem da Eletrobras está em um nível de 8,96 vezes a
relação entre a divida líquida ante o ebitda. O normal para o setor, em
uma companhia que tem ativos no perfil da Eletrobras, é de 4 vezes. “A
nossa prioridade é ajustar o consolidado do grupo e as companhias todas
estão em situação mais pressionada e devemos pensar em reduzir custos e,
eventualmente, desmobilizar ativos não operacionais e operacionais do
que pensar em crescer”, afirmou ele antes de sua participação do Exame
Fórum, evento realizado em São Paulo.
“O momento atual é de focar em eficiência e disciplina financeira. No
que diz respeito a investimentos deveremos adequar nosso apetite de
acordo com a capacidade financeira até porque os recursos disponíveis no
mercado para empresa com a nossa alavacangem são caros”, acrescentou.
O executivo da Eletrobras ainda não descartou a participação da
empresa tanto no leilão de transmissão bem como no de geração futuros,
inclusive na relicitação de usinas inseridas no PPI. Mas, destacou que
não seria hora da Eletrobras pensar em crescimento e sim buscar
eficiência para suas operações. Essa eficiência, comentou ele, passa
pela redução de custos da empresa com corte de despesas, redução de mão
de obra por meio de programas de incentivo à demissão voluntária e
racionalidade de gastos, por exemplo, com a centralização das unidades
administrativas, que, por exemplo, no Rio de Janeiro, estão espalhadas
por seis diferentes prédios. A meta com isso é aumentar a produtividade
da empresa que não apresente indicadores tão diferentes do setor
privado, apesar de considerar que naturalmente, as estatais são menos
eficientes que as suas pares privadas.
“Entendo que a empresa tem que levar sua alavancagem rapidamente para
a casa de quatro vezes a relação entre a divida líquida e o ebitda, se
será exato esse indicador, ou próximo a esse é um tipo de ajuste que
estamos estudando e queremos uma empresa sustentável”, declarou ele.
Ainda passa por essa medida a venda de ativos que será uma segunda fase
desse reequilíbrio da nova Eletrobras. Mas, para definir o que será
vendido além das distribuidoras a empresa precisará conhecer qual é a
estrutura de capital que será desejado, quanto será possível de obter em
ganhos com eficiência e aí verificar as oportunidades de vender ativos.
A base de cálculo que é levada em consideração é o resultado ebitda
recorrente, que desconsidera eventos extraordinários como o
reconhecimento das indenizações da RBSE no balanço da empresa. Seguindo
esse conceito a empresa apresenta R$ 2 bilhões de resultado. E a
primeira medida que deverá contribuir com o indicador é a venda da
Celg-D, que ao preço mínimo renderia quase R$ 1 bilhão à estatal.
“A partir de quando soubermos a estrutura ótima de capital, a
alavancagem e a nossa ambição em termos de eficiência operacional, é que
poderemos ver qual o sentido de desmobilização de ativos”, concluiu.
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