Os mercados se animaram até agora com a perspectiva de dinheiro
barato dos Bancos Centrais. Porém, a S&P Global Ratings fez um
alerta sobre os efeitos colaterais desta injeção de liquidez nos
mercados mundiais, com uma crise podendo eclodir por conta disso, numa
verdadeira "bomba relógio", como ressalta o o portal americano CNBC.
De acordo com as projeções da agência, o montante da dívida
corporativa vai subir dos atuais US$ 51 trilhões para US$ 75 trilhões.
"Em condições normais, isso não seria um grande problema, desde que a
qualidade do crédito permanecesse elevada, enquanto as taxas de juros e
de inflação permanecem baixas e o crescimento econômico continua,
conforme destaca a CNBC.
Contudo, ressalta o portal, a alternativa não é tão positiva uma vez
que essas condições não devem persistir. Caso as taxas de juros subam e
as condições econômicas piorem, a dívida corporativa norte-americana
pode enfrentar um grande problema para ser gerida. A rolagem de títulos
se tornaria mais difícil com alta da inflação e alta dos juros, enquanto
uma desaceleração da economia poderia piorar as condições de negócios e
fazer com que o pagamento da dívida fique mais difícil.
Neste caso, poderia acontecer o chamado "Crexit", ou a saída dos
credores dos mercados de crédito, levando a uma piora repentina nas
condições que podem desencadear outro susto financeiro. "O pior
cenário seria uma série de grandes surpresas negativas provocando uma
crise de confiança em todo o mundo", afirmou a S&P no relatório.
"Estes acontecimentos imprevistos poderiam rapidamente desestabilizar o
mercado, levando os investidores e credores a saírem de posições mais
arriscadas. Se mal utilizado, isso poderia resultar em um colapso do
crescimento do crédito, como o ocorrido durante a crise financeira
global", completa.
Na verdade, a S&P considera que uma correção nos mercados de crédito parece ser "inevitável". A única questão é o grau. A
agência mostra preocupação pelas indicações de que os investidores
estão excessivamente dispostos em sua busca por rendimento comprando
dívida corporativa de grau especulativo. Isto tem sido verdade não só
nos Estados Unidos mas também na China, que tem usado empréstimos para
estimular o crescimento, mas agora se encontra em uma encruzilhada
econômica.
Apesar do crescimento da dívida, os bancos centrais têm sido avessos a colocar os freios. "Os
bancos centrais permanecem com ideia de que o crescimento alimentado
pelo crédito é saudável para a economia global. De fato, nossa pesquisa
destaca que a flexibilização da política monetária tem, até agora,
contribuído para o aumento do risco financeiro, com o crescimento dos
empréstimos às empresas superando até o para economia global", diz a
S&P.
Entre agora e 2020, é esperado que o fluxo da dívida cresça US$ 62
trilhões - US$ 38 trilhões em refinanciamento e US$ 24 trilhões em novas
dívidas, incluindo títulos, empréstimos e outras formas.
A S&P Global Ratings ressalta que perto de
metade das empresas pertencentes ao setor financeiro são consideradas
"altamente alavancadas" e até 5% desse grupo tem resultados negativos ou
fluxos de caixa. Já houve 100 defaults em 2016, o maior número desde a
crise financeira.
A China deve dar conta da maior parte do crescimento do fluxo de
crédito, US$ 28 trilhões ou 45% dos US$ 62 trilhões esperados
globalmente. Os EUA devem adicionar US$ 14 trilhões na conta, ou 22% e a
Europa US$ 9 trilhões, ou 15%.
Leia mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/5341783/crexit-bomba-relogio-trilhoes-que-pode-desencadear-uma-nova-crise
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