quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Reforços de transmissão autorizados acrescentariam 1,5 GW em capacidade ao LER, avalia ABEEólica

Foi por uma questão de dias que as margens de escoamento para o Leilão de Energia de Reserva não aumentaram nos estados da Bahia e do Rio Grande do Norte. Em função de prazos para a elaboração de Nota Técnica, o ONS e a EPE não puderam rodar o sistema que define o volume de espaço para conexão com autorizações de reforços autorizadas pela Aneel. Com essa medida, esses dois estados, que concentram grande parte da capacidade de geração eólica no país poderiam agregar 1,5 GW em novos projetos, que agora ficaram para 2017.
A ABEEólica trabalha para que o governo realize um novo leilão já no início do ano que vem para que os investidores realmente tenham cerca de três anos para a conclusão dos projetos. Na avaliação do presidente do Conselho de Administração da entidade, Lauro Fiuza, esse certame que ocorrerá em 19 de dezembro deverá ter a participação de grandes grupos com dinheiro em caixa para a realização dos aportes independente de financiamentos, até porque o prazo está apertado.
“A perspectiva de leilão indica para grandes grupos com recursos em caixa, principalmente nesse período de dificuldades de financiamento, se esses agentes com capital em caixa devem participar ativamente, não dá tempo para esperar o BNDES, tem que estar tudo agendado e equacionado para assim que sair o leilão pegar o telefone e mandar produzir”, disse.
Apesar disso ele afirmou durante o evento de comemoração de 2 GW da CPFL Renováveis que o importante para o país é ter leilão, pois esses eventos sinalizam que o processo de expansão da fonte continua no Brasil. “Temos os melhores fabricantes de aerogeradores no Brasil. E se eles, dentro do pragmatismo empresarial não tiverem a sinalização de leilão, vão embora...nossa preocupação é de indicar, por menor que seja, que o jogo continua e a busca por mais investimentos da fonte não terminou”, enfatizou. Outro impacto que pode existir com a retração dos investimentos é a redução da cadeia de subfornecimento que possui cerca de 1 mil empresas, muitas dessas que atendiam ao setor de óleo e gás que deixou de investir como no passado.
Sobre o aumento da margem de escoamento ainda, Fiuza destacou que essa elevação é o resultado do trabalho que a entidade vem desenvolvendo por meio da PSR que indicou ajustes de premissas que indicaram mais espaço nos estados. Inclusive, lembrou que esse trabalho está em fase de fechamento e que será discutido com o MME. “Tudo está convergindo para um caminho positivo”, comentou o executivo de forma otimista.
A restrição de escoamento, avaliou Fiúza, foi acentuada com os casos da Abengoa e da Eletrosul. Não foram esses os temas preponderantes para o problema. Ele relembra o início da implantação da eólica no país que chegou ao ponto que está porque em primeiro lugar, essa é uma indústria jovem e que viu um crescimento vertiginoso. No modelo comercial, implantado com os leilões são apenas sete anos. Além disso, a estrutura de linhas de transmissão no Brasil não estava preparada para esse crescimento. Além disso, vários projetos de transmissão foram arrematados por empresas públicas que possuem uma dinâmica diferente do setor privado.
“Então, o que ocorreu, tivemos parques prontos e as linhas não. Agora a EPE e a União se organizaram para planejar melhor e por isso encontrou gargalos que levariam a um novo problema de atrasos de energia. Vemos isso como positivo em termos de planejamento, mas toda vez que a sistemática muda pega o investidor desprevenido”, avaliou.
Mas, segundo o representante do setor, o resultado do último leilão de transmissão traz esperança ao setor. Tanto que as mudanças implementadas levaram a uma melhoria no volume de lotes arrematados. Para o executivo, não adiantaria espremer os retornos dos leilões para aventureiros entrarem no mercado e no meio do caminho desistirem do projeto. Sobre a questão da decisão judicial favorável à Abengoa, Fiúza lamentou o fato e se mostrou resignado, pois o magistrado que atendeu ao pedido da empresa, não está vendo o prejuízo que a demora em relicitar esses projetos traz ao país.
 

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