quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

China reforça estímulo e crédito dispara no país

A China está reforçando a sustentação da economia com a elevação dos gastos e estuda também adotar novas medidas para estimular a concessão de crédito

O principal órgão de planejamento do país está colocando mais dinheiro à disposição dos governos locais para financiar novos projetos de infraestrutura, segundo fontes. Já o Conselho de Estado da China discutiu a possibilidade de diminuir o coeficiente mínimo de provisões que os bancos precisam reservar para cobrir empréstimos não quitados, o que liberaria mais dinheiro para empréstimo.

As autoridades, além disso, estão elevando o tom de sua retórica. O premiê Li Keqiang disse que o governo "ainda têm muitas cartas na manga" para combater a desaceleração da economia chinesa, a segunda maior do mundo.

Para propagar essa mensagem e destacar a sua importância, os maiores órgãos de planejamento econômico do país prometeram ontem reduzir os custos de financiamento, num momento em que tentam controlar o excedente de capacidade. Acrescente-se a tudo isso alta recorde da concessão de empréstimos de janeiro e se terá um quadro de um governo determinado a reforçar o crescimento.

"As autoridades estão se empenhando em evitar uma nova desaceleração, que poderá se exacerbar para um pouso forçado", disse Rajiv Biswas, economista-chefe para a Ásia-Pacífco da IHS Global Insight, de Cingapura. "Essas medidas impulsionarão a liquidez no setor bancário e elevarão os gastos dos governos provinciais em desenvolvimento de infraestrutura."

Os dirigentes comunistas do país tentam manter o crescimento da economia em pelo menos 6,5% ao ano até 2020, para cumprir a promessa de criar "uma sociedade moderadamente próspera".

A China cresceu 6,8% no último trimestre, seu ritmo mais lento desde a crise financeira mundial. A desaceleração coincidiu com o colapso das bolsas chinesas e com a desvalorização do yuan, que fizeram os investidores temer que a economia esteja ainda mais frágil.

Agora surgem sinais de que os seis cortes dos juros promovidos pelo Banco do Povo da China, o BC do país, desde novembro de 2014, juntamente com outras medidas destinadas a impulsionar o crédito, estão começando a dar resultado. Dados divulgados ontem revelaram que o financiamento agregado disparou para US$ 525 bilhões em janeiro. O total dos empréstimos bancários em yuan a setores não financeiros bateu novo recorde no mês passado, somando US$ 390 bilhões.

Analistas advertiram para a possibilidade de o salto do crédito ser um sinal de que os bancos estatais do país estão sendo instruídos a abrir as torneiras do crédito, no momento mesmo em que as autoridades prometem controlar o crescente endividamento do país.

"As perspectivas de curto prazo parecem melhores, mas um crescimento desenfreado do crédito não vai ajudar em nada a atenuar o temor do risco financeiro dos bancos e do superendividamento das empresas", segundo os economistas Tom Orlik e Fielding Chen, da Bloomberg Intelligence.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma pretende oferecer 400 bilhões de yuans neste trimestre para que governos locais financiem obras de infraestrutura, informaram fontes.

O acesso a 400 bilhões de yuans em cada um dos próximos três trimestres significará dobrar o ritmo de financiamento do programa. No ano passado foram oferecidos 800 bilhões de yuans. A Comissão divulgou o programa especial de bônus no ano passado, como parte dos esforços destinados a impulsionar os gastos públicos.

Para os bancos, o nível mais elevado de empréstimos não quitados dos últimos dez anos comprometeu os lucros e reduziu seus coeficientes de cobertura para contratos de crédito problemáticos para níveis próximos do mínimo fixado pelos órgãos reguladores. Isso fez com que bancos como o Industrial & Commercial Bank of China pedissem que os reguladores abrandassem a exigência de provisões para empréstimos não quitados, o que poderá dar aos bancos mais espaço para empréstimos.

"As autoridades parecem determinados a fazer com que a economia cresça acima dos 6,5% estabelecidos por eles", disse Larry Hu, diretor de economia chinesa da Macquarie Securities de Hong Kong. "Embora muitos temam a perspectiva de um pouso forçado na China neste ano, o quadro geral é que a China terá outra transição de poder em 2017. Antes disso, os dirigentes máximos farão o possível para manter um ambiente relativamente estável."

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