A equação econômica da geração de eletricidade a partir de
combustíveis fósseis está se deteriorando rapidamente diante da queda de
custos das tecnologias de energia renovável.
É esta a conclusão
de um relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) sobre o
nivelamento dos custos de energia, que contempla despesas com compras de
equipamentos, pagamento de dívidas e operação de usinas com cada
tecnologia. Na maioria dos lugares, sistemas de energia solar e eólica
vão funcionar com menos recursos do que os sistemas a carvão até 2023,
afirmou o grupo de pesquisa nesta quarta-feira.
"Algumas estações
elétricas existentes movidas a carvão e gás, com custos de capital já
amortizados, continuarão funcionando por muitos anos", disse Elena
Giannakopoulou, chefe da área de economia energética da BNEF. "Mas a
justificativa econômica para construção de mais capacidade com carvão e
gás está ruindo."
O estudo de 104 páginas contextualizou os
fatores que entram nos cálculos para definir a melhor forma de gerar
eletricidade nos próximos anos. A BNEF examinou o setor em locais como
China, EUA, Índia e Austrália e as principais tecnologias renováveis.
Um
fator novo é que o custo das baterias de íon-lítio diminuiu 79 por
cento desde 2010, de forma que a armazenagem de energia pode virar
possibilidade nos próximos anos. O preço por megawatt-hora para geração
de eletricidade em parques eólicos construídos em terra caiu 18 por
cento neste início de 2018 para US$ 55, enquanto o custo com tecnologia
fotovoltaica recuou 18 por cento para US$ 70.
Os sistemas solares e
eólicos mais baratos agora se encontram na China e Índia, também
campeãs em poluição. Os custos dessas duas fontes continuarão caindo no
mundo todo pelo menos até 2040 e ficarão mais baratos do que carvão e
gás em cinco anos, de acordo com o relatório.
Carvão e gás geram
mais de um terço da eletricidade no planeta. Por ora, são as fontes mais
baratas de eletricidade, mesmo após o recuo significativo dos custos de
energia solar e eólica.
O custo das baterias também começa a
mudar a forma de pensar das geradoras. No momento, sai caro armazenar
eletricidade em grande escala. A armazenagem costuma ser usada por
usinas hidrelétricas, que bombeiam água para a represa quando a
eletricidade está barata e depois abrem as comportas para que a água
movimente as turbinas quando aumenta a demanda por eletricidade.
Com
baterias mais baratas, pode ser possível armazenar eletricidade gerada
durante o dia por usinas solares para uso noturno ou por parques eólicos
em dias de muito vento para uso quando o ar está parado.
A
instalação de uma bateria em uma usina eólica ou solar pode dar acesso a
horas de maior valor. Até 2025, o armazenamento de energia em bateria
por quatro horas entrará em concorrência com usinas movidas a gás, mesmo
em países onde o gás é barato, como os EUA, segundo a BNEF.
A
geração a partir de carvão responde por quase 40 por cento da matriz
energética global, de acordo com a Agência Internacional de Energia, que
prevê redução dessa parcela para 33 por cento até 2040.
"Estamos
vendo os menores preços históricos para projetos eólicos e solares",
disse Seb Henbest, responsável por Europa, Oriente Médio e África da
BNEF. "Isso está causando um efeito poderoso. Está mudando percepções."
Leia mais em: https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2018/03/28/custo-menor-da-energia-renovavel-desbanca-combustiveis-fosseis.htm
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