Empresas de comercialização de eletricidade, que atuam no chamado
"mercado livre" de energia e fecham contratos de compra e venda junto a
geradores e grandes clientes, como indústrias, tiveram no ano passado um
dos melhores desempenhos da história, o que tem impulsionado o
crescimento dos negócios no setor.
Em meio aos bons resultados, o
número de comercializadoras no mercado pode ter em 2018 o maior salto
em anos, com 36 processos para a abertura de novas empresas no ramo já
em andamento, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
Ao longo de 2017, o quadro de comercializadoras ganhou
28 companhias, uma expansão de 15 por cento, a maior registrada desde
2012. Atualmente, são 222 empresas em operação no segmento.
"Acho
que, se a gente for classificar, foi o melhor ano para as
comercializadoras... A grande maioria delas aproveitou essa tendência e
acabou tendo um resultado muito bom", disse à Reuters o presidente da
Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.
A empresa viu uma alta de 32 por cento no faturamento em 2017, para 1,8 bilhão de reais.
Segundo
o executivo, esse bom desempenho da Comerc e de outras
comercializadoras foi ajudado por mudanças regulatórias que tornaram
mais previsível a evolução dos preços no mercado livre de eletricidade
ao longo de 2017.
Essas alterações, que entraram em vigor em maio
passado, tinham como objetivo tornar mais realistas os preços no
mercado, por meio de uma nova metodologia de cálculo que dá maior peso a
cenários pessimistas de chuvas na região das hidrelétricas.
Mas
essa nova metodologia teve na prática um impacto altista nos preços, que
foi largamente antecipado pelos agentes de mercado de comercialização,
os quais conseguiram realizar operações no mercado para ganhar com a
aposta em uma alta das cotações.
"Foi realmente um ano muito bom
para nós, em linha com o mercado em geral... Houve uma certa
previsibilidade, e as casas que tem uma área de preço, de estudo, de
inteligência, conseguiram (acertar a aposta)... De fato, os faturamentos
estão bem expressivos", disse Danilo Marchesi, sócio da
comercializadora Compass.
Ele não citou números de faturamento porque a Compass ainda não fechou o balanço financeiro de 2017.
Mas
grandes elétricas que já divulgaram os resultados de 2017 também
mostraram números amplamente favoráveis nas operações de
comercialização.
A francesa Engie Brasil Energia viu uma alta de
88 por cento na receita de venda de energia a comercializadoras em
2017, para cerca de 600 milhões de reais.
A EDP Brasil teve uma
expansão de 37 por cento no volume de energia transacionado por sua
unidade de comercialização na comparação com 2016, enquanto o preço
médio praticado subiu 34 por cento entre um ano e outro.
SETOR EM ALTA
O
bom momento das comercializadoras no ano passado também foi
impulsionado por um grande crescimento no número de clientes visto desde
2016, após uma alta de mais de 50 por cento nas tarifas cobradas pelas
distribuidoras em 2015 aumentar a economia para as empresas que decidem
comprar eletricidade no chamado mercado livre.
Esse movimento tem
feito cada vez mais investidores olharem para negócios nesse mercado,
disse à Reuters o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos
Mello.
"A gente vê grandes empresas focadas nisso, bancos entrando no jogo. É um mercado que vai amadurecer bastante", afirmou.
Ele
apostou, no entanto, que novas mudanças previstas na regulamentação
--como um cálculo realizado a cada hora para os preços a partir de 2019,
ante a cada semana atualmente-- irão "afunilar" o setor, ao tornar as
operações mais complexas, o que poderá favorecer um movimento de
consolidação no segmento.
"Imagino que vai ter um pouco de fusões, e uma redução no número de comercializadoras... Provavelmente em 2019 e 2020", afirmou.
Enquanto
isso, as comercializadoras também aproveitam para expandir a atuação
para outras atividades, como consultoria e serviços, mercados que também
estão bastante aquecidos, conforme a recessão força empresas e
indústrias a buscar meios de economizar os custos com eletricidade.
"A
perspectiva para este ano também é muito boa, até em termos de novos
negócios. Estamos crescendo bastante na área de eficiência energética,
de energia solar", disse Vlavianos, da Comerc.
As
comercializadoras também apostam que o número de clientes no mercado
livre de eletricidade terá um bom crescimento no próximo ano, uma vez
que fortes reajustes nas tarifas de distribuidoras ao longo de 2018
deverão impulsionar clientes a buscar preços mais baixos.
A
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou recentemente
reajustes de mais de 10 por cento para as tarifas de diversas
distribuidoras, como Light, Enel Rio e Cemig, entre outras.
Leia mais em: https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/03/19/comercializadoras-de-energia-tem-fortes-ganhos-em-2017-e-setor-acelera-expansao.htm
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