O grupo chinês CEE Power quer expandir a atuação no setor elétrico do
Brasil, onde arrematou em 2016 uma concessão para construir um lote de
linhas de transmissão, e os investimentos previstos devem incluir a
implementação de uma fábrica local de equipamentos, disse à Reuters um
executivo da companhia no país.
O interesse do grupo segue-se a
negócios bilionários fechados nos últimos anos por empresas chinesas na
área de energia do Brasil, como as gigantes State Grid, China Three
Gorges, State Power Investment Corp (SPIC) e Shanghai Electric.
"A
ideia é viabilizar uma fábrica de equipamentos no Brasil, dos
principais equipamentos utilizados em transmissão e geração. E enquanto
isso vamos construindo uma carteira de ativos... estamos constantemente
monitorando o mercado", disse o diretor comercial da CEE Power no
Brasil, Marcio Coelho, referindo-se a uma possível participação em
projetos novos.
Após
a estreia em 2016, a companhia e seu braço internacional Real You Group
chegaram a participar de leilões no Brasil no final de 2017 que
ofereceram concessões para novos projetos de transmissão e para a
construção de usinas solares, mas a forte competição nas disputas levou a
empresa a recuar.
O leilão de projetos de transmissão teve um
deságio médio de mais de 40 por cento, enquanto os certames de geração
registraram os menores preços da história do país para a contratação de
novas usinas eólicas e solares, em meio a um forte interesse de
investidores estrangeiros por ativos de energia no Brasil.
"Apesar
de sermos chineses, somos uma empresa privada na China, e somos menores
que uma State Grid... nossos passos são mais cautelosos, os projetos
têm que ter retorno financeiro", disse o diretor da CEE Power no Brasil.
Ele
afirmou que o grupo irá avaliar os próximos leilões de concessões de
transmissão, mas provavelmente arquivará por ora os planos de entrar
também no setor de geração no país, devido à queda dos retornos com a
intensa disputa.
"Está muito pressionado... neste momento, vamos
focar no projeto que temos em transmissão, um projeto muito bom, que
vamos colocar em operação rapidamente, e continuaremos sondando o
mercado", disse Coelho.
As linhas de transmissão em construção
pelo grupo, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, devem receber mais
de 200 milhões de reais em investimento --e a empresa quer antecipar as
operações, previstas para junho de 2020, em pelo menos seis meses.
A expectativa é de novos leilões de projetos de transmissão neste ano, mas ainda não há previsão de datas.
O
diretor afirmou que o empreendimento utilizará capital próprio da CEE
Power e financiamentos internacionais. A empresa também avalia emitir
debêntures de infraestrutura no Brasil para financiar o projeto, mas no
momento não há intenção de utilizar recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os planos da CEE
Power evidenciam a atratividade dos negócios em energia elétrica no
Brasil para os chineses, que têm se movimentado para expandir a atuação
no país em busca também de fomentar importações de equipamentos e
serviços de empresas orientais.
O presidente da Câmara de
Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, disse à Reuters
recentemente que o setor de energia deve seguir como um dos principais
interesses dos chineses no Brasil, com ainda mais investimentos no
radar.
"Há pelo menos mais uma meia dúzia de outras grandes elétricas chinesas avaliando negócios no país neste momento", afirmou.
FÁBRICA
Enquanto
avalia novas oportunidades de negócio, a CEE Power quer montar uma
fábrica no Brasil para produzir equipamentos de média tensão.
O
empreendimento deve receber um investimento de 20 milhões de reais e ser
erguido em Santa Catarina, em parceria com uma empresa local, afirmou o
diretor comercial da CEE Power no Brasil.
"O plano inicialmente é
montar uma pequena operação, um investimento de 20 milhões de reais... a
gente deve colocar para rodar este ano ainda, em parceria com uma
empresa brasileira. Vamos produzir para-raios, chaves fusível,
isoladores e religadores", disse.
O grupo oriental ainda quer no
futuro fazer um investimento próximo a 50 milhões de dólares, para
montar uma unidade maior no país, provavelmente por meio de uma joint
venture com outra companhia chinesa, afirmou Coelho, sem detalhar os
prazos estimados para o movimento.
Leia mais em: https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/02/06/entrevista-chinesa-cee-quer-expandir-negocios-em-energia-no-brasil-e-preve-fabrica.htm
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