segunda-feira, 8 de maio de 2017

Indefinição sobre realização de leilões traz expectativa para o setor

A indefinição do governo em realizar leilões de energia em 2017 vem se transformando em uma das maiores expectativas dos agentes do setor. O cenário de sobrecontratação de energia e de baixo crescimento econômico trazem a incerteza. Enquete com leitores disponível no Portal CanalEnergia com a pergunta 'Você acredita que os leilões voltarão ao normal em 2017?', mostra que a maioria, 62%, acredita que a normalização só virá em 2018. Já apenas 21% apostam que esse ano apenas o leilão de reserva se concretizará, enquanto 17% tem crença que todos os tipos de certame se realizarão ainda este ano.
O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde de Castro, vai em linha com o que a maioria dos leitores do CanalEnergia, que responderam a enquete até agora. Ele acredita que os leilões tradicionais só voltarão no ano que vem devido à falta de demanda e a alta capacidade que vai entrar no sistema esse ano. "Seguindo a lógica de planejamento que o Brasil adota, tem que ter projeções de PIB e de demanda que indiquem a necessidade de expansão e hoje esse cenário não está visível", observa.
Castro se mostra preocupado com a possibilidade de o governo marcar leilões após ceder a pressões de agentes. "Isso não é justificativa e é um erro grave na avaliação do Gesel". O governo vem sinalizando com a possibilidade de realização de um leilão em 2017, mas primeiro quer fazer o certame de descontratação para ter uma real ideia das necessidades do sistema. O presidente da EPE, Luiz Barroso, já deixou claro que a descontratação não traz obrigatoriamente uma contratação para repor o montante eliminado.
Já Élbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, também acredita que a normalidade somente virá em 2018, apesar de apostar na realização de dois leilões ainda este ano, um de reserva e outro de energia nova. Ela define o leilão como importante atender a demanda de 2021 e 2023 por conta do fator reservatório, uma vez que os modelos atuais não conseguem refletir a realidade do armazenamento no país em um período de longo prazo.
Leontina Pinto, diretora da Engenho Consultoria, gostaria de leilões já esse ano. Ela lembra que há falhas estruturais no sistema com usinas que não vem gerando a sua garantia física e que grandes geradoras enfrentam problemas graves nas suas usinas. "A gente tem que entender que não consegue a geração que pensamos ter. É fundamental ter energia", avisa. Ela vê o leilão de reserva como alternativa mais consistente, mas preferia um leilão de lastro.
Para ela, em 2018, há a possibilidade de normalização com os leilões tradicionais, mas o resultado da descontratação será importante no processo. A divulgação da revisão das garantias físicas das usinas do SIN, com a redução de 1,3 GW med também é outro fator que motiva a realização de certames. "O balanço entre oferta e demanda é um deficit que já existe nesse momento. Quem vai suprir isso? As mensagens subliminares estão sendo mandadas", aponta.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=116935

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