O mercado livre de energia (formado por
grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a
eletricidade) é visto como uma área promissora pela CPFL Brasil, a
comercializadora de energia do Grupo CPFL. A empresa faturou cerca de R$
2 bilhões em 2016 e deve fechar este ano com um resultado um pouco
superior. O presidente da CPFL Brasil, Daniel Marrocos, aponta as
pequenas e médias companhias como a "bola da vez" na migração do
ambiente cativo do fornecimento de energia para o livre. Para tomar essa
direção, o cliente precisa ter mais de 0,5 MW de demanda. Até 3 MW, a
empresa é considerada como consumidor especial, podendo adquirir
gerações provenientes de fontes incentivadas (renováveis). Quem possui
uma demanda ainda maior pode comprar energia oriunda de qualquer fonte.
Jornal do Comércio - Qual a perspectiva para o mercado livre de energia no Brasil?
Daniel Marrocos - O
mercado tem um limite regulatório para atender clientes e, dentro do
atual, já seria possível crescer 40% a 50%. Essa regra de limites, de
quem pode atuar no mercado livre, possivelmente vai passar por mudanças e
esse mercado tem potencial para pelo menos dobrar de tamanho (em volume
de energia) nos próximos cinco a 10 anos. No momento, o mercado livre
total é de 15 mil MW médios, com cerca de 5 mil consumidores.
JC - Onde está agora a maior oportunidade de crescimento?
Marrocos - O movimento
inicial do mercado livre era formado por indústrias de grande porte.
Esse segmento não está totalmente saturado, mas tem um crescimento bem
menor do que o potencial das pequenas e médias empresas. Esses são
clientes que ainda não entendem do mundo da energia, precisam de uma
gestão mais próxima para explicar o que é esse mercado e os benefícios.
JC - E quais são esses clientes de menor porte?
Marrocos - São redes de
varejo, lojas, supermercados, hospitais, edifícios de escritórios
comerciais, universidades. Essa é a bola da vez do mercado livre.
JC - Hoje, ainda está atrativa para as empresas a migração para o mercado livre?
Marrocos - O preço de
curto prazo, neste momento específico, ficou alto e acabou segurando a
migração. Mas, se olharmos no último um ano e meio, tivemos um movimento
de migração de praticamente 2,5 mil empresas. Hoje, o preço de curto
prazo está elevado, por conta de uma hidrologia um pouco ruim, mas isso
logo volta ao normal e quando o preço da energia retornar a patamares
mais tranquilos, a migração automaticamente fica atrativa. Trabalhamos
com uma média de economia (no custo com a energia), com a migração, na
casa de 15% a 20%.
JC - A CPFL Energia tem quantos clientes no Estado?
Marrocos - Atualmente,
em termos de volume de energia, estamos próximo de 100 MW médios e são
em torno de 130 clientes. No Brasil, são cerca de 1 mil unidades
consumidoras, o que corresponde a aproximadamente 1,1 mil MW médios.
JC - Que outras soluções em energia a empresa pretende apresentar?
Marrocos - Trabalhamos
com eficiência energética, fazendo diagnósticos dentro das empresas, com
relação ao consumo de energia, observando onde podem ser mais
eficientes. Recentemente, estabelecemos uma companhia que trabalha com
geração distribuída (produção de eletricidade no local de consumo), a
partir de placas fotovoltaicas. Temos um trabalho de gestão do consumo
de energia.
JC - O serviço da comercializadora não compete com as próprias concessionárias do grupo CPFL, como a RGE e a RGE Sul?
Marrocos - A filosofia e
o conceito do mercado livre é de não impactar os negócios de
distribuição de energia. Quando olhamos para uma distribuidora, e isso
serve para qualquer uma, essa concessionária tem, na composição da sua
tarifa, três parcelas: a compra da energia, o transporte e os tributos e
encargos que recaem sobre o consumidor. Quando o cliente migra para o
mercado livre, ele não altera a parcela referente ao transporte da
energia e a remuneração da distribuidora vem dessa parcela. E a
concessionária deixa de gastar com a compra de energia que será
fornecida dentro do mercado livre.
Leia mais em: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/09/economia/585170-cpfl-brasil-preve-expansao-do-mercado-livre-de-energia.html
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