segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Jorge Duro, consultor: China: Vilã ou protagonista no combate às mudanças climáticas?

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse que o conceito de aquecimento global foi criado por chineses para prejudicar a competitividade da indústria americana, mas a China irá alocar 2,5 trilhões de yuans, cerca de 360 bilhões de dólares em projetos de geração de energia renovável até 2020, de acordo com anúncio realizado pela Administração de Energia Nacional (NEA).
Segundo a Forbes, no ano de 2012, a China investiu mais em energias renováveis que todos os países europeus juntos. A tendência de crescimento dos investimentos chineses nessa indústria continuou em 2013, quando a China liderou mundialmente os investimentos em energias renováveis, gastando um total de 56,3 bilhões de dólares. Além disso, entre os países em desenvolvimento, os investimentos chineses significaram, ainda em 2013, 61% do total de investimentos globais nesta indústria. Tais investimentos entre 2011 e 2015 fizeram parte do 12º Plano de Cinco Anos para o Desenvolvimento Econômico e Social do governo chinês, o qual previa um gasto de 473,1 bilhões de dólares em energia limpa até 2015.
A China fez uma afirmação ousada sobre a liderança na indústria de energias renováveis, na qual as empresas nacionais chinesas, impulsionadas pelo enorme mercado doméstico, já figuram entre os principais players do mundo. Os investimentos e a produção chinesa diminuem gradativamente os custos de energias renováveis, como a eólica e a solar, tornando-as cada vez mais competitivas diante de combustíveis fósseis como carvão e gás natural. Os gastos em construções de plantas solares em larga escala, por exemplo, caíram aproximadamente 40% no país desde 2010, transformando a China no maior gerador solar do mundo no ano passado.
Em 2014, o país investiu 90 bilhões de dólares em recursos renováveis, mais que qualquer outro país. E a China tornou-se também o maior produtor de energia eólica do mundo, implantando milhares de turbinas no oeste do país e construindo inúmeras fazendas solares no Deserto de Gobi. Além disso, a China também é a maior produtora mundial de energia hidrelétrica, com suas represas representando metade do total mundial.
O plano anunciado pela Administração Nacional de Energia da China tem por objetivo de alcançar, em 2020, 20% de sua demanda total de energia proveniente de energias renováveis. No ano de 2015, o investimento chinês em recursos renováveis de energia excedeu o total de investimento da Europa e dos Estados Unidos juntos. O Greenpeace estima que a China instalou uma média de mais de uma turbina eólica a cada hora de cada dia em 2015, além de cobrir o equivalente a um campo de futebol a cada hora com painéis solares.
Em termos ambientais, as autoridades chinesas pretendem reduzir as emissões de dióxido de carbono em 1,4 bilhão de toneladas, as de dióxido de enxofre em cerca de 10 milhões e as de óxidos de nitrogênio em 4,3 milhões de toneladas. Esse plano pode, não só remediar as grandes consequências da poluição sobre a população e o meio-ambiente, mas também é capaz de fomentar o domínio chinês na indústria de energias renováveis, aumentando o crescimento econômico nacional e criando novos empregos para o país. A Administração Nacional de Energia da China afirmou que, com a implantação desse plano, o país criaria mais de 13 milhões de empregos no setor de energias renováveis até 2020.
Contudo, segundo Ana Yamashita do China Link, embora os números de investimento chinês em energias renováveis sejam expressivamente impressionantes, o interesse da China em limpar seus ares e reduzir a emissão de gases poluentes de efeito estufa enfrenta uma grande pressão política da indústria de carvão, ainda muito forte politicamente no país. Além disso, nos últimos anos o país construiu muitas usinas de carvão, embora este crescimento tenha desacelerado recentemente juntamente com a economia chinesa. Com muitos desafios pela frente, a China continua investindo massivamente na indústria e em tecnologia de energias renováveis, buscando não só a melhora nas condições ambientais e sociais domésticas, como também o crescimento econômico nacional. Ela também se tornou uma improvável figura na batalha contra as mudanças climáticas.
Esta busca por energia alternativa na China poderá torná-la a nova líder no combate as mudanças climáticas em oposição ao governo de Donald Trump. Ou seja: de vilã a protagonista.
Jorge Alberto Zietlow Duro é graduado em Administração Pública e de Empresas pela UFRGS, Mestre em Administração pela PUC/RJ e Doutor pela PUC Rio. CEO da DataCorp Mercadata do Brasil Ltda. É consultor há mais de vinte anos. Foi gerente de produto e  gestor de marketing em empresas nacionais e multinacionais. Autor dos livros Gestão de Mudanças;  Mitos Corporativos – O que os MBAs Não Ensinam; Marketing para Não Marqueteiros e o livro  Desperte o Empreendedor em Você.

Leia mais em: http://canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Noticiario.asp?id=115863

Nenhum comentário:

Postar um comentário